Se pela manhã o tom otimista era predominante entre os ativos domésticos, a etapa da tarde foi marcada pela volatilidade, derivada de um noticiário com amplas frentes. O mercado aguarda com ansiedade a apresentação do arcabouço fiscal, em busca de um parecer sobre se a regra será crível e conseguirá reverter a trajetória de crescimento da dívida pública. Há expectativa de que o texto venha a público entre hoje e amanhã, a depender da deliberação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da apresentação dele a congressistas. Neste ambiente, apurações de bastidores movimentaram o noticiário. De um lado, questões como a vinculação do crescimento das despesas à expansão do PIB per capita incomodaram os agentes, enquanto a intenção de zeragem do déficit em 2024 animaram. Nesta linha tênue, os juros futuros de prazo mais longo tiveram alta moderada. Em meio a este já agitado ambiente, a decisão do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) sobre uma alíquota única de R$ 1,4527 por litro de ICMS para combustíveis a partir de 1º de julho pegou em cheio os contratos de prazo mais curto. Diversas casas revisaram para cima projeções de IPCA para este ano, por volta de 0,5 ponto porcentual, o que dificulta ainda mais o trabalho do Banco Central no processo de desinflação. Na Bolsa, a instabilidade se impôs no meio da tarde, em linha com o desarranjo na curva de juros. Só que ao fim o bom humor prevaleceu e o Ibovespa subiu aos 101.792,52 pontos (+0,60%), com ajuda de bancos e da Petrobras (ON +1,06% e PN +1,31%). No caso da estatal, o Broadcast apurou, e a companhia confirmou na sequência, que as vendas de ativos com contratos já assinados à espera do fechamento (closing) serão respeitadas e mantidas. A entrada de recursos para Bolsa e a manutenção de um alto diferencial de juros fez o dólar à vista cair a R$ 5,1353 (-0,57%), o menor valor de fechamento desde 2 de fevereiro. No exterior, o dia foi de otimismo nas bolsas, ancorado nas apostas de que o Federal Reserve manterá os juros na próxima reunião e cortará em setembro, segundo a precificação majoritária apurada pela CME. O Nasdaq avançou 1,79%, o S&P 500 ganhou 1,42% e o Dow Jones subiu 1,00%.
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JUROS
Após passarem a manhã oscilando perto dos ajustes de ontem, os juros futuros engataram trajetória de alta forte ao longo da tarde, computando um conjunto de dados da seara econômica e acerca do arcabouço fiscal que acabaram por fortalecer a mensagem da ata do Copom publicada ontem, considerada hawkish. Os ruídos em torno da proposta e a demora do governo em divulgá-la pressionaram especialmente a parte longa da curva, enquanto o saldo do Caged muito acima da mediana das estimativas e a mudança da cobrança do ICMS sobre combustíveis fizeram bastante preço até o trecho intermediário.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,21%, de 13,15% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 12,00% para 12,15%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 12,29%, de 12,16% ontem, e o DI para janeiro de 2029 com taxa de 12,71%, de 12,63%.
Após a reação negativa de ontem à ata, a curva esteve relativamente bem comportada pela manhã, com o ambiente externo ameno e o recuo do dólar ancorando as taxas perto da estabilidade, com a ajuda da nota de crédito do Banco Central. A redução dos estoques, a alta dos juros e a queda das concessões em fevereiro alimentaram o debate que apareceu no documento sobre os efeitos na atividade econômica de uma possível contração de crédito mais intensa que a projetada, e se o Copom não teria exagerado na sinalização dura da sua comunicação, avisando que pode voltar a subir os juros caso não haja convergência da inflação para as metas.
"Os dados de hoje dão razão aos membros do Copom que defenderam que o mercado de crédito está tendo uma reação negativa além do esperado dado o aperto monetário", escreveu, no Twitter, o ex-diretor do Banco Central Tony Volpon. Segundo ele, a desancoragem das expectativas acabou tendo mais peso, mas nos prazos mais longos isso não tem nada a ver com o estado da economia neste momento, que está em claro processo de desaceleração. "É explicada por temores de um descontrole fiscal futuro, o eterno fantasma da 'dominância fiscal'", explica.
Por isso, o mercado tem estado cada vez mais sensível ao noticiário em torno do novo arcabouço, apreensivo com as idas e vindas diárias sobre quando será conhecido. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostrou confiança de que poderia ser concluído hoje após reunião com o presidente Lula nesta tarde, mas deixou claro que a definição sobre quando será divulgado cabe ao presidente. Já a ministra do Planejamento, Simone Tebet, declarou que deve ser apresentado pelo governo na sexta-feira, 31.
"Quanto mais tempo demorar a vir a público, mais preocupação vai gerar, pela sinalização de que Lula não quer dar aval ao que a equipe econômica está propondo. Até agora, a regra esteve nas mãos dos técnicos. Agora vem o filtro político", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Além de Haddad e Lula, participaram da reunião líderes do governo no Congresso, os secretários Gabriel Galípolo (executivo), Rogério Ceron (Tesouro Nacional) e Guilherme Mello (Política Econômica), além da presidente do PT, Gleisi Hoffman. O texto deverá ser apresentado aos presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco, hoje e amanhã.
Depois da ata falar em arcabouço fiscal "sólido e crível", o mercado redobrou a atenção no noticiário sobre o que poderão ser as premissas da nova regra. As taxas longas foram às máximas à tarde com a informação, apurada pelo Valor Pro junto a fontes, de que a norma deverá estabelecer que as despesas evoluirão, no mínimo, segundo o crescimento do PIB per capita. No fim da tarde, o movimento sobre a curva era suavizado após o colunista da GloboNews, Valdo Cruz, afirmar que o arcabouço propõe zerar o déficit em 2024 e prever superávit em 2025.
O economista-chefe da Warren Rena, Felipe Salto, defendeu que o governo precisa acelerar o anúncio para neutralizar "boatos e vazamentos" que começam a fazer preço nos ativos. "O anúncio do arcabouço fiscal precisa ser acelerado, sobretudo diante de notícias como esta, que acabam turvando as análises e prejudicando o andamento dos mercados e da economia", escreve o analista, em referência à informação do Valor Pro.
Já os vértices intermediários foram afetados por dados macroeconômicos com impacto direto sobre a percepção para a política monetária. Várias casas promoveram revisões nas suas expectativas de IPCA este ano depois que o Confaz determinou mudança da tributação do ICMS sobre a gasolina e o etanol, que passará a ser ad rem (valor fixo) de R$ 1,45 por litro a partir de julho. O impacto na inflação em 2023 é estimado em 0,50 ponto porcentual. Na agenda, o saldo do Caged, de 241.785 vagas em fevereiro, superou em larga medida a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de 156,5 mil postos, com intervalo entre 124,70 mil a 261,430 mil vagas.
A curva mantém praticamente zerada a precificação de cortes para a Selic no Copom de maio, com apenas 2 pontos-base. A aposta de queda é mais firme para a reunião de junho (-13 pontos) que seria o meio do caminho entre a estabilidade e redução de 25 pontos. No fim de 2023, a curva aponta Selic de 12,40% e no fim de 2024, 11,40%. Os cálculos são do Banco Mizuho. (Denise Abarca - [email protected])
BOLSA
A princípio à distância e à medida que a tarde avançava, em direção contrária ao sinal emitido pelas bolsas de fora, o Ibovespa, colado nesta quarta-feira ao noticiário doméstico, acompanhou de perto a indicação da curva de juros neste meio de semana. Assim, perdeu força e virou ao negativo ainda no começo da tarde, quando os DIs iniciavam movimento de renovação de máximas da sessão desta quarta-feira. Na mínima, recuou aos 100.247,89 pontos, mas com a desaceleração da alta na curva de juros, mudou de sinal e foi às máximas da sessão perto do fechamento, bem perto de retomar os 102 mil pontos também no encerramento - o que obteve no intradia.
Perto do fim, o Ibovespa chegou a mostrar alta de 1,02%, aos 102.213,27 pontos. Fechou um pouco mais acomodado, aos 101.792,52, em alta de 0,60%, emendando hoje o quarto dia de recuperação, a mais longa série positiva do índice desde os seis ganhos entre 4 e 11 de janeiro, após ter aberto o ano com dois tombos.
Até o começo da tarde, em alta moderada que o fazia conservar a linha dos 101 mil pontos, recuperada e mantida no fechamento de ontem, a referência da B3, favorecida pelo apetite por risco que moveu os índices de Nova York (Dow Jones +1,00%, S&P 500 +1,42%, Nasdaq +1,79%) e da Europa (Londres +1,07%, Frankfurt +1,23%, Paris +1,39%), a referência da B3 parecia endereçada à sua mais longa série positiva desde o começo de janeiro, o que ao final se confirmou após muita volatilidade à tarde.
O Ibovespa saiu hoje de abertura aos 101.185,19 pontos. O giro se manteve moderado nesta quarta-feira, mas um pouco melhor, a R$ 23,8 bilhões. Na semana, o Ibovespa sobe 3,00%, com perda no mês a 2,99% - no ano, o índice cai 7,24%.
"O mercado de juros ficou bastante nervoso ao longo do dia, com a expectativa para o anúncio do arcabouço fiscal, e também com a confirmação à tarde, pelo Confaz, de aumento da alíquota de ICMS a partir de julho para os combustíveis, o que terá impacto não desprezível para a gasolina nas bombas, equivalente a 10% do preço, com a mudança da alíquota, e meio ponto a mais para o IPCA. Boa parte do mercado não esperava um impacto desse, o que resultou em pressão nos juros, com elevação das projeções para o IPCA", diz Luciano Costa, economista-chefe e sócio da Monte Bravo Investimentos.
Após passar boa parte da tarde em renovação de mínimas da sessão, acompanhando a pressão vista na curva de juros, o Ibovespa se reaproximou aos poucos e ao fim retomou o sinal positivo na sessão, com o suporte proporcionado desde mais cedo por Vale (ON +1,44%), favorecida pela alta do minério de ferro na China (+1,54% em Dalian), e também por Petrobras, que oscilou para o positivo rumo ao fim da sessão (ON +1,06%, PN +1,31%), mesmo com o sinal negativo do petróleo nesta quarta-feira.
O Conselho de Administração da Petrobras decidiu, em reunião hoje, que as vendas de ativos com contratos já assinados à espera do fechamento serão respeitadas e mantidas, apurou o Broadcast, em notícia confirmada depois pela própria estatal. A decisão vai em linha com o que o presidente da empresa, Jean Paul Prates, havia dito na semana passada, em evento no Rio.
Mais cedo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enviou ofícios para a diretoria executiva da Petrobras e para o Conselho de Administração solicitando que todas as vendas de ativos, inclusive as assinadas, fossem reavaliadas pela nova diretoria e o assunto devolvido ao Conselho para apreciação - o que contribuiu para alguma volatilidade nos papéis da empresa ao longo da sessão.
Na ponta do Ibovespa, Hapvida (+4,94%), São Martinho (+4,07%) e Raízen (+3,77%). No canto oposto, Qualicorp (-5,97%), Lojas Renner (-4,87%) e Via (-4,12%). Os grandes bancos, que operavam em baixa mais cedo, mudaram de sinal e encerraram o dia na maioria em alta, com destaque para BB (ON +1,16%) e Bradesco (ON +1,13%).
"A Bolsa começou a sessão de forma positiva, com a expectativa de que o arcabouço fiscal pudesse ser anunciado ainda hoje. Com o passar do dia, o mercado foi se deteriorando, especialmente no período da tarde, com notícia negativa para a taxa de juros, a decisão do Confaz sobre a alíquota de combustíveis, com efeito para a inflação do ano. O DI abriu, afetando em especial ações de setores como os de construção civil e consumo discricionário, mais dependentes de crédito para vender [seus produtos]", diz Luiz Adriano Martinez, sócio e gestor de renda variável da Kilima Asset.
Assim, com foco ainda no arcabouço fiscal enquanto os mercados de fora passam por descompressão após os recentes temores em torno de crise bancária, os ativos brasileiros reagiram mal à notícia de que o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) estabeleceu cobrança única do ICMS em operações envolvendo combustíveis. O Confaz definiu que a cobrança sobre gasolina e etanol passará a ser "ad rem", com alíquota de R$ 1,4527 por litro com efeito a partir de 1º de julho.
A Warren Rena, a BlueLine e a Garde Asset calcularam que a nova alíquota de ICMS adiciona 0,50 ponto porcentual ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023. A Necton elevou de 5,85% a 6,36% a projeção para o indicador este ano, reporta Mateus Fagundes, jornalista do Broadcast.
Adicionalmente, os juros aceleraram alta com o relato de que, de fato, o novo arcabouço fiscal, ainda não anunciado oficialmente, estabelecerá que as despesas evoluirão, no mínimo, segundo o crescimento do PIB per capita, notícia que havia sido antecipada pelo Estadão/Broadcast, ontem.
"Há muita instabilidade ainda, na Bolsa como no câmbio e nos juros futuros, por conta também da expectativa para o arcabouço fiscal. É o principal 'driver' no momento e [se vier a contento] pode levar o mercado a destravar valor, em modo 'risk on' [com apetite por risco], quem sabe, nos próximos dias", diz Matheus Willrich, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos. Ele reconhece, contudo, que a formatação final da proposta a ser apresentada pelo governo permanece como algo "muito incerto", ao mencionar a contradição, dentro do governo, entre o compromisso de zerar o déficit a partir do próximo ano e a inclinação por ampliar gastos públicos.
Em outro desdobramento do dia, negativo para a percepção sobre a situação do crédito no País, ao menos quatro fundos de investimento imobiliário publicaram comunicados nesta quarta-feira, para informar a ausência de recebimento dos valores devidos pelo investimento em certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) - um sinal de que crise derivada dos juros altos pode estar se espalhando por diferentes setores produtivos, reporta Circe Bonatelli, jornalista do Broadcast.
A Selic a 13,75% ao ano trouxe uma nova voz do governo para a discussão sobre o nível de juros no país, no dia em que o Caged de fevereiro, com geração de 241 mil vagas de trabalho, embora acima da mediana das estimativas para o mês (156 mil), veio, conforme esperado, bem abaixo do mesmo mês do ano passado (353 mil), confirmando tendência de desaceleração, como observam instituições como o Santander. "Esperamos que a criação de empregos fique em níveis baixos à frente, especialmente considerando os efeitos de uma política monetária mais apertada", aponta em nota Gabriel Couto, economista do Santander.
Hoje, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, comentou que a "insanidade monetária" do Banco Central é o grande problema do País. "Se o Banco Central colaborar, a economia vai voar", afirmou Marinho a jornalistas, após divulgação dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:32
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 101792.52 0.60032
Máxima 102213.27 +1.02
Mínima 100247.89 -0.93
Volume (R$ Bilhões) 2.38B
Volume (US$ Bilhões) 4.62B
18:01
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 102360 0.47607
Máxima 102665 +0.78
Mínima 100565 -1.29
CÂMBIO
Com trocas de sinal pela manhã e alta bem pontual e limitada ao longo da tarde, o dólar conseguiu emendar nesta quarta-feira, 29, o quarto pregão seguido de queda no mercado doméstico de câmbio, período em que acumulou desvalorização de 2,92%. No fim do dia, com aceleração dos ganhos do Ibovespa, que tocou os 102 mil pontos, o dólar acelerou a baixa e, após registrar mínima a R$ 5,1268 (-0,68%), terminou o dia com recuo de 0,57%, cotado a R$ 5,1353 - menor valor de fechamento desde 2 de fevereiro (R$ 5,0454).
Segundo operadores, investidores operaram em compasso de espera pela divulgação do novo arcabouço fiscal, assimilando sinais vindos de Brasília ao longo do dia sobre as características e objetivos da regra. Lá fora, embora tenha subido em relação a moedas fortes, o dólar caiu na comparação com divisas latino-americanas pares do real, como peso mexicano e chileno. Esse grupo de moedas, que havia sofrido mais que outras divisas emergentes durante a onda de aversão ao risco provocada pela crise bancária nos EUA e na Europa, agora se recupera com diminuição das tensões no setor financeiro e a alta de commodities metálicas diante de otimismo com a economia chinesa.
Analistas observam que a perspectiva de manutenção da taxa Selic em 13,75% por mais tempo, após a divulgação da ata do Copom ontem, torna o real atrativo como moeda de carregamento e desestimula manutenção de posições em dólar. Nos EUA, cresce a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) possa interromper o aperto monetário. Ferramenta de monitoramento CME mostra que as apostas em manutenção dos Fed Funds na faixa entre 4,75% e 5,00 em maio superaram 60% hoje.
"O mercado ainda aguarda a apresentação do novo arcabouço fiscal. Se for crível, o dólar pode até buscar os R$ 5,00 no médio prazo, ainda mais depois da sinalização do BC de que não pensa ainda em reduzir os juros", afirma o analista de câmbio da corretora Ourominas Elson Gusmão.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acompanhando de integrantes da equipe econômica, foi ao encontro com Lula hoje à tarde na expectativa de bater o martelo sobre o novo arcabouço fiscal. Participam da reunião, além da equipe econômica, a presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR) e os líderes do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), e na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
Após o encontro com Lula, Haddad tem reunião com líderes partidários na Câmara dos Deputados, convocada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Amanhã, o ministro se reúne com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse que acredita no anuncio da nova regra fiscal até sexta-feira.
"O dia foi de muitos boatos sobre o arcabouço, o que provocou mais volatilidade na bolsa e nos juros. O real se sustenta porque, no fim das contas, os sinais são de que juros vão continuar altos. Parece que teremos um modelo de fiscal mais frouxo e monetário apertado", afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, que vê o investidor estrangeiro ainda sem grande apetite por ativos locais.
À tarde, o Banco Central informou que o fluxo cambial total foi positivo em US$ 688 milhões na semana passada (de 20 a 24 de março), graças à entrada de US$ 1,357 bilhão pelo comércio exterior, uma vez que houve saída líquida de US$ 668 milhões no canal financeiro. Em março (até dia 24), o saldo é positivo em US$ 6,009 bilhões, apesar de resultado negativo de US$ 366 milhões do lado financeiro. (Antonio Perez - [email protected])
18:01
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.13530 -0.5712 5.18400 5.12680
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL 5139.500 -0.58994 5185.000 5128.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5156.500 -0.67418 5206.000 5151.000
MERCADOS INTERNACIONAIS
Com o arrefecimento dos temores com o setor bancário, as bolsas de Nova York encontraram espaço para uma alta robusta, assim como os rendimentos dos Treasuries também foram impulsionados pelo maior apetite ao risco. No pano de fundo, investidores ajustam expectativas sobre os próximos passos do Federal Reserve (Fed), à medida que cresce a perspectiva de que a entidade deverá cortar juros ainda este ano, apesar de analistas fazerem ponderações sobre a resiliência do BC americano em manter as taxas em um nível alto. Na contramão desses ativos, o petróleo registrou perdas no mercado futuro, impactado por temores com a demanda e pelo fortalecimento do dólar ante rivais.
O Citi analisa que os mercados estão relativamente estáveis pelo terceiro dia consecutivo. "Nenhuma surpresa negativa significa que as preocupações do setor bancário estão desaparecendo como a narrativa dominante do mercado", aponta o banco. O jornal Washington Post reportou hoje que o governo americano pretende pedir a reguladores federais do setor bancário novas regras para bancos médios, após a recente quebra do Silicon Valley Bank (SVB), segundo fontes ligadas ao assunto.
Ademais, cresce entre investidores a perspectiva de que o BC americano pode ser menos agressivo. "Durante esse período de estresse financeiro, os mercados precificaram mais cortes nas taxas de juros", disse a estrategista-chefe europeu do Barings Investment Institute, Agnès Belaisch, ao Wall Street Journal. "Ainda vejo [o Fed] tendo de aumentar as taxas - nada mudou lá. Mas os mercados não estão completamente convencidos", completa.
Monitoramento do CME Group mostrava 61,1% possibilidade de manutenção dos juros pelo BC americano na faixa entre 4,75% e 5,00% em sua próxima decisão de maio. Já a chance de uma alta de 25 pontos-base estava em 38,9%. Ontem, elas estavam em 52,8% e 47,2%, respectivamente. Além disso, em setembro, a perspectiva majoritária já é de corte de juros. Vice-presidente de Supervisão do Fed, Michael Barr disse hoje que a instituição vai avaliar os próximos dados e as mudanças nas condições financeiras e tomar decisões de política monetária "de reunião em reunião".
Este ambiente contribuiu para um maior apetite ao risco. Assim, o Dow Jones fechou com ganho de 1,00%, em 32.717,60 pontos, o S&P 500 subiu 1,42%, a 4.027,81 pontos, e o Nasdaq teve alta de 1,79%, a 11.926,24 pontos.
Entre ações de bancos importantes, Goldman Sachs fechou em alta de 0,72%, JPMorgan avançou 0,20% e Citigroup, 1,61%, com Wells Fargo em alta de 2,12%. Na renda fixa, no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos tinha alta a 4,080%, o da T-note de 10 anos subia a 3,569% e o do T-bond de 30 anos avançava a 3,774%.
O BMO analisa que, inquestionavelmente, contribuiu para o nível geral de volatilidade no mercado de renda fixa americana a reavaliação dramática das expectativas terminais, que oscilaram da probabilidade de um aumento de 50 pontos-base para o ceticismo de que o Fed estaria disposto a entregar um movimento de 0,25 ponto porcentual na semana passada.
No câmbio, o dólar subia a 132,82 ienes, o euro caía a US$ 1,0842 e a libra tinha baixa a US$ 1,2315. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou ganho de 0,21%, a 102,640 pontos.
Para o BBH, os mercados estão superestimando a capacidade de flexibilização do Fed e, portanto, o dólar deve eventualmente se recuperar quando as expectativas forem reavaliadas. "Esperamos que o rali do dólar seja retomado depois que esse atual surto de turbulência do mercado desaparecer e os mercados puderem novamente se concentrar nos fundamentos", analisa.
Já o MUFG Bank destaca que os ganhos do euro em relação ao dólar podem ser limitados à medida que é improvável que atual divergência na zona do euro com os EUA com relação às expectativas de taxas de juros sejam sustentadas, se os dados econômicos dos EUA permanecerem resilientes.
Com o fortalecimento do dólar, o petróleo recuou nesta quarta-feira. Além disso, preocupações do lado da demanda continuam. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI para maio fechou em queda de 0,31% (US$ 0,23), a US$ 72,97, enquanto o do Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), registrou recuo de 0,70% (US$ 0,55), a US$ 77,59. (Letícia Simionato - [email protected])