TOMADA GLOBAL DE RISCO FAZ BOLSA TER 1ª ALTA EM 6 SEMANAS E LEVA DÓLAR A R$ 5,05

Blog, Cenário

Uma onda de recuperação de ativos de risco no exterior levou a uma valorização da Bolsa brasileira e do real nesta sessão, ajudando ambos a computarem ganhos na semana. A razão para essa retomada de fôlego se pareceu mais com um ajuste de posições após sequenciais perdas do que uma mudança de cenário-base, que é de enxugamento global de liquidez. Mesmo porque, nesta mesma sexta-feira, dois dirigentes do Federal Reserve de tendências opostas - Neel Kashkari, dovish, e Loretta Mester, hawkish - fizeram discursos afinados sobre a necessidade de combate à inflação. Neste contexto, lá fora, as bolsas de Nova York só operaram hoje no azul. Índice mais penalizado nos últimos dias, o Nasdaq teve a maior alta hoje (3,82%), seguido pelo S&P 500 (2,39%) e o Dow Jones (1,47%). Ainda assim, na semana, os três tiveram baixas - respectivamente, de 2,80%, 2,41% e 2,14%. Aqui no Brasil, embalado pelo otimismo externo, o Ibovespa saltou aos 106.924,18 pontos no fechamento, valorização de 1,17% hoje e 1,70% na semana. Desde a última semana de março o índice brasileiro não computava ganhos. No ano, agora, a alta é de 2,01%. Com o fluxo de recursos para a Bolsa, o dólar perdeu terreno para real mais uma vez. A moeda brasileira, aliás, liderou os ganhos entre as divisas emergentes e países exportadores de commodities. Ao fim da sessão, o dólar à vista recuou a R$ 5,0575, queda diária de 1,61% e semanal de 0,35%. A fraqueza mundial do dólar hoje deu impulso às cotações do petróleo, ajudadas ainda pela melhora do cenário de covid-19 na China e por preocupações com a oferta de países da Opep. Mas o óleo em alta acabou por levar para cima os rendimentos das taxas curtas e médias dos DIs, já que a commodity consta em peso relevante nos cenários do Banco Central dado o seu poder de espraiamento pela inflação. Aliás, a pesquisa que o Projeções Broadcast faz enquanto a Focus segue suspensa pelo BC mostrou que a mediana para o IPCA subiu entre a semana passada e esta tanto em 2022 quanto em 2023 - passou de 8,0% para 8,4% este ano e de 4,1% a 4,3% no próximo.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Depois de sessões em baixa, Wall Street encerra a sexta-feira em território azul, com o Nasdaq liderando os ganhos, mas perdas semanais de mais de 2%. Os dirigentes do Federal Reserve Neel Kaskhari e Loretta Mester reforçaram o comprometimento do banco central americano em controlar a alta inflação nos Estados Unidos. Na renda fixa, os juros dos Treasuries subiram, com a menor cautela entre os investidores. O dólar ficou misto ante suas principais rivais e o índice DXY registrou queda, apoiando avanço do petróleo, enquanto operadores de energia seguem avaliando restrições de oferta. Ainda no mercado da commodity, foi reportado que a União Europeia poderia recuar da intenção de banir o petróleo russo, diante da opinião contrária da Hungria, enquanto a Ucrânia pressionava por esse veto.

Os mercados acionários de Nova York trazem um tom positivo ao fim da semana, à medida que investidores se confortam com uma rodada de discursos do Fed que sugerem que os mercados financeiros não precisarão precificar um aperto monetário ainda maior, avalia o analista da Oanda Edward Moya. "As ações estavam prontas para se recuperar, já que alguns investidores continuam esperançosos de que o Fed fará um pouso suave, enquanto outros estão prontos para comprar a queda, e com otimismo de que a situação da covid na China não está piorando".

Ações ligadas à tecnologia e comunicação, que tiveram perdas consideráveis ao longo da semana, subiram nesta sessão, como Meta (+3,86%), Tesla (+5,71%), Amazon (+5,73%), Apple (+3,19%) e Microsoft (+2,26%). O índice Dow Jones fechou em alta de 1,47%, a 32.196,66 pontos, o S&P 500 avançou 2,39%, a 4.023,89 pontos, e o Nasdaq ganhou 3,82%, a 11.805,00 pontos.

Entre dirigentes do Fed, a presidente da distrital de Cleveland, Loretta Mester (vota), defendeu hoje aumento de 50 pontos-base nos juros básicos nas próximas duas decisões monetárias, em junho e julho. Ela apontou que na reunião de setembro será importante avaliar as evidências sobre comportamento da inflação para decidir acelerar ou não o ritmo de aperto monetário pelo banco central americano. Durante evento, Mester afirmou que o passo atual da retirada de estímulos à economia tem se dado em ritmo com o qual o mercado consegue lidar. Já o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari (não vota), garantiu que a instituição fará o que for necessário para controlar a inflação e disse ter esperanças de que o aperto monetário não precise ser tão agressivo. Na renda fixa, no fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 2,565%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 2,932% e o do T-bond de 30 anos avançava a 3,098%.

No câmbio, o dólar ficou sem sinal único em comparação às moedas competitivas: a divisa americana subia a 129,32 ienes, o euro avançava a US$ 1,0402 e a libra tinha alta a US$ 1,2242. O índice DXY, por sua vez, caiu 0,27%, a 104,563 pontos, com alta de 0,87% na comparação semanal, depois de ter atingido as máximas em 20 anos na sessão de ontem. A estabilidade nas expectativas de inflação americana, monitoradas pela Universidade de Michigan, pressionou a moeda.

O maior apetite por risco apoiou o avanço do petróleo no mercado futuro nesta sexta-feira. A queda do dólar e o alívio da situação da covid-19 na China impulsionaram as commodities. Quanto ao embargo pela UE, diplomatas do bloco estudam pausar o plano de proibição de importações do petróleo russo, diante da objeção da Hungria, reportou o Politico. Já em reunião do G7, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, se encontrou com o Alto Representante da União Europeia, Josep Borrell, e reforçou o pedido para que a restrição seja imposta, de acordo com publicação em seu Twitter. Diante das incertezas, na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para junho subiu 4,10% (US$ 4,36), a US$ 110,49, na sessão e acumulou ganho de 0,65% na semana. Já o do Brent avançou 3,82% (US$ 4,10), a US$ 111,55, na Intercontinental Exchange (ICE), com queda semanal de 0,75%. (Ilana Cardial - [email protected])

BOLSA

Em alta entre a última quarta e esta sexta-feira, as três sessões de recuperação do Ibovespa levaram a referência da B3 a acumular ganho de 1,70% na semana, após cinco intervalos de queda, entre todo o mês de abril e a primeira semana de maio. Com o ganho de 1,17% na sessão desta sexta-feira, aos 106.924,18 pontos, vindo de altas superiores a 1% nos dias anteriores, o índice limita a perda acumulada no mês a 0,88%, após correção de 10,10% em abril, a maior perda mensal desde o mergulho de 29,90% em março de 2020, no auge da aversão a risco em torno da pandemia.

Hoje, com giro a R$ 31,8 bilhões, o Ibovespa oscilou entre mínima de 105.690,55, da abertura, e máxima de 107.772,82 pontos, do começo da tarde, tendo encerrado abril a 107.876,16 pontos. Nesta sexta-feira de recuperação, embora menos vigorosa perto do fim da sessão, os ganhos se distribuíram pelos setores e empresas de maior peso no índice, desde parte dos bancos (Itaú PN +1,18%) até commodities (Petrobras PN +1,30%), em dia de forte alta para o petróleo, com Brent a US$ 111 por barril, e siderurgia (CSN ON +3,94%), após avanço de 1,24% para o minério na China (Qingdao). Na ponta do Ibovespa, Yduqs (+12,11%), Gol (+11,79%) e Azul (+10,65%). No lado oposto, B3 (-3,61%), Cogna (-2,30%) e Raia Drogasil (-1,91%).

Perto do fim da sessão, algumas ações de maior liquidez oscilaram e se firmaram em leve baixa, como Vale ON (-0,12%) e Banco do Brasil (ON -0,14%), o que contribuiu para que o Ibovespa aparasse os ganhos do dia e a recuperação na semana, tendo se mantido acima dos 107 mil pontos ao longo da tarde, chegando a limitar as perdas do mês a menos de 0,2% no melhor momento da sessão.

“Na correção que houve desde abril, muita coisa já foi para o preço. No Brasil, essa correção veio com o fechamento, o lockdown na China, que resultou em grande ajuste nas commodities - e também com a inflação em alta nos Estados Unidos, que lança incerteza sobre a extensão e o grau do ciclo de ajuste de juros americanos”, diz Cesar Mikail, gestor de renda variável na Western Asset.

Ele observa também que, enquanto a inflação não der sinais de estabilização nos EUA, tal incerteza deve persistir, mesmo com a recente sinalização do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que a opção na mesa para as próximas reuniões é de alta mantida ao ritmo de 0,50 ponto porcentual, e não de 0,75 ponto como se chegou a temer, com o mercado ainda manifestando alguma preocupação quanto à chance de recessão no país em meio ao enxugamento e restrição da liquidez.

“Vimos nesta semana uma cobertura de 'shorts' ['vendidos', os que se posicionavam para quedas], uma correção técnica, também perceptível lá fora. Os 'valuations' [precificação dos ativos] continuam muito descontados. Algo parecido também se vê na moeda: com juros próximos a 13%, o carrego do câmbio não é brincadeira, dói”, diz o gestor.

“O trabalho de casa com relação à Selic está em final de ciclo (de elevação), foi feito em boa parte de 2021, se considerarmos onde os juros estavam no início daquele ano e onde estão agora. Estamos bem adiantados em relação a outras economias, inclusive as grandes, como as de Estados Unidos e Europa. Se a inflação se estabilizar no segundo semestre, ali por setembro ou outubro a discussão no mercado passa a ser de quando os juros começarão a cair em 2023”, aponta Mikail, para quem a volatilidade pré-eleitoral tende a ser menor do que em pleitos passados, na medida em que Lula e Bolsonaro, os virtuais finalistas, são conhecidos do mercado, inclusive no exercício do cargo.

Assim, observa o gestor, o principal fator de risco, daqui até lá, permanecerá fora do país: a inflação e a reação dos juros nos Estados Unidos. “A China deve reabrir aos poucos”, flexibilizando a tolerância zero à Covid, o que contribui para uma volatilidade menor nas commodities, em momento no qual o setor de bancos - segmento de maior peso no Ibovespa -, muito descontado nos últimos anos, é favorecido por uma boa temporada de balanços e pelo cenário de elevação de juros.

Nos Estados Unidos, ontem, “Powell foi bastante enfático com relação à trajetória dos juros, com mais duas altas de meio (ponto porcentual), numa entrevista que causou grande repercussão ainda hoje, com os mercados mais calmos neste fim da semana”, observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. “Vai doer um pouco, não dá para controlar a inflação sem desacelerar a demanda, mas ele (Powell) considera possível um 'soft landing' [aterrissagem suave], mesmo com o 'mea culpa' de que o Fed deveria ter considerado subir, antes, os juros”, acrescenta.

Contudo, a expectativa de ganho para as ações no curtíssimo prazo continuou perdendo espaço no Termômetro Broadcast Bolsa, atingindo o patamar mais baixo em um mês. A pesquisa desta sexta-feira mostra que a parcela dos que acreditam que a próxima semana será de alta para o Ibovespa caiu a 41,67%, o menor nível desde a semana de 11 de abril, quando foi de 27,27%. No Termômetro anterior, a fatia era de 50,00%. Os que esperam variação neutra são também 41,67%, de 25,00% na pesquisa da semana passada, enquanto a previsão de baixa representa 16,67% dos participantes, de 25,00% no último Termômetro. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 106924.18 1.16999

Máxima 107772.82 +1.97

Mínima 105690.55 0.00

Volume (R$ Bilhões) 3.18B

Volume (US$ Bilhões) 6.24B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 107925 0.93523

Máxima 108810 +1.76

Mínima 107080 +0.14

CÂMBIO

A recuperação de ativos de risco mundo afora, atribuída à percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) não vai acelerar o passo do ajuste monetário, abriu espaço para uma queda firme do dólar no mercado doméstico de câmbio nesta sexta-feira (13). Operadores relataram fluxo de recursos estrangeiros para a Bolsa brasileira, em dia marcado por valorização das commodities agrícolas e metálicas, e para renda fixa local, dado o diferencial de juros interno e externo.

Afora uma alta pontual na primeira hora de negócios, quando cravou R$ 5,15 na máxima, o dólar operou em queda por todo pregão. Em uma sequência de mínimas ao longo da tarde, chegou a romper o piso de R$ 5,05 e desceu até R$ 5,0475 (-1,81%). No fim do dia, o dólar era cotado a R$ 5,0575, em baixa de 1,61% - o que levou a moeda a encerrar esta semana em leve queda (-0,35%), após ter subido 2,86% na semana passada. Com isso, os ganhos do dólar em maio agora são de 2,32%. Em 2022, a divisa acumula perdas de 9,30%.

Retomando dinâmica vista no primeiro trimestre, o real, que vinha apanhando mais que seus pares nos surtos de aversão ao risco, hoje liderou os ganhos entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Profissionais do mercado afirmam que, após a forte reprecificação do real em abril, a divisa começa a encontrar dificuldades para se manter acima de R$ 5,10, dado o alto custo de manter posições compradas em dólar em razão da taxa de juros doméstica elevada.

O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de divisas fortes - trabalhou em queda, na casa dos 104,500 pontos. O tombo poderia ter sido até maior não fosse a derrocada do iene, após o Banco do Japão sinalizar que vai manter a política monetária expansiva para tentar trazer a inflação para cerca de 2% no curto prazo.

Ontem, o presidente do Banco Central americano, Jerome Powell, reiterou que o plano de voo da instituição é promover altas de 50 pontos-base na taxa básica dos EUA nas próximas duas reuniões, embora tenha ressaltado que pode "fazer mais ou menos" dependendo do desempenho da economia.

Hoje, o presidente do Federal Reserve (Fed) de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que o BC americano vai fazer tudo que for necessário para controlar a inflação, mas que tem esperança de que o aperto monetário não precise ser tão agressivo. A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, que na terça-feira (10) causou bulício no mercado ao dizer que uma elevação da taxa americana em 75 pontos base não estava descartada, defendeu hoje altas de 50 pontos-base na reunião do Fed em junho e julho. A decisão de acelerar ou diminuir o passo ficaria para setembro.

"Não nos parece essencialmente relevante essa discussão [50 pontos base versus 0,75 pontos base], mas o mercado tem essa tendência de se apegar a pontos focais", afirmam, em relatório, economistas do Banco Original, ressaltando que o índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA em abril, acima das expectativas, "conversa com mais juros" e que a velocidade do aperto passa pelo ajuste fino do Fed. "Olhando para nossa moeda e demais exportadores de commodities, podemos credenciar à desvalorização do yuan (moeda chinesa) boa parte da desvalorização [do real e de seus pares] nas últimas semanas. Notícias positivas por lá deveriam repercutir positivamente por aqui", afirmam os economistas do Original.

Para o gestor e sócio da Galapagos Capital, Sergio Zanini, o debate em torno de uma alta dos Fed Funds em 75 pontos base "deve voltar à mesa", dada a necessidade de desinflacionar a economia americana. "Vai ser uma pedra no sapato do mercado e impedir uma melhora mais substancial dos ativos", diz Zanini, que pinta um quadro de desaceleração da atividade global em ambiente de inflação ainda em níveis elevados nos próximos meses.

Além da perda de fôlego da economia americana, Zanini mostra preocupação com a China, em razão da política de tolerância zero com a covid-19, e com a Europa. Países da região, como a Itália, apresentam fragilidade fiscal e devem sofrer com a provável alta de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) neste ano. "Os apertos monetários nos países desenvolvidos retiram liquidez global em um ambiente de desaceleração da economia, o que é muito negativo para ativos de risco", diz Zanini. "O ambiente é de dólar forte no mundo. O euro pode vir abaixo da paridade [com o dólar] nos próximos 12 meses."

Apesar do cenário global conturbado e da provável volta da questão fiscal doméstica ao radar dos mercados com a proximidade das eleições, Zanini acredita que o real não deve enfrentar uma rodada forte de depreciação. A moeda local conta com dois trunfos: perspectiva de manutenção de preços de commodities ainda em nível elevados, em razão de gargalos específicos de oferta, e taxa real de juros robusta, quando se compara a taxa Selic com a inflação projetada doze meses à frente.

"O risco maior para o real vai ser o segundo semestre, até a eleição e no pós-eleição, porque não se sabe qual vai ser o regime fiscal. Mas o Brasil deve se beneficiar da questão estrutural das commodities e do juro alto. O dólar deve ficar nesse patamar de R$ 5", diz Zanini, que também aponta o fato da China ter depreciado o yuan como motivo principal para a derrocada do real em abril e na primeira semana de maio. (Antonio Perez - [email protected])

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.05750 -1.6146 5.15000 5.04660

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5080.500 -1.56931 5176.000 5071.500

DOLAR COMERCIAL 5225.407 02/05    

JUROS

O mercado de juros fechou sem tendência definida, com os trechos curto e intermediário da curva em leve alta e o longo, com viés de baixa. As taxas percorreram toda a sessão alternando sinais, mas de forma moderada, amarradas por um jogo de forças envolvendo o avanço do rendimento dos Treasuries e dos preços do petróleo, com a fraqueza do dólar na contraparte. O noticiário e a agenda estiveram esvaziados, abrindo espaço para que o mercado olhasse mais o exterior, mas ao mesmo tempo desconfiando do apetite ao risco que impulsionou as bolsas, uma vez que o cenário de inflação e atividade global segue cheio de incertezas. Na semana de surpresas com o IPCA, varejo e serviços, a ponta curta se deslocou para cima e a longa, levemente para baixo, configurando perda de inclinação.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou a sessão regular em 13,44%, de 13,405% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 13,161% para 13,20%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 12,57%, de 12,52% ontem, e a do DI para janeiro de 2027, em 12,33%, de 12,36%. Na semana, o spread entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro de 2024 fechou em -87 pontos-base, ampliando a inclinação negativa ante a última sexta-feira (-66,5 pontos).

Assim como ontem, as taxas tentaram se firmar em baixa pela manhã, em ajuste ao acúmulo de prêmios promovido principalmente depois do IPCA de abril acima do consenso, mas, sem um respaldo consistente, o movimento perdeu força já no fim da primeira etapa. O apetite pelo risco no exterior não conseguiu estimular a tomada de risco prefixado, o que se nota até pelo volume abaixo do padrão. Lá fora, o que animou os investidores foram as declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ontem, voltando a defender altas de 50 pontos no juro americano e sinais de melhora no quadro de casos de Covid na China. Os juros dos Treasuries subiram, com o fluxo direcionado às Bolsas, que tiveram ganho expressivo.

Paulo Nepomuceno, operador de renda fixa da Mirae Asset, diz que o mercado está muito sensível ao que vai acontecer com o juro nos Estados Unidos, e, ao mesmo tempo, pessimista em relação à convergência da inflação para as metas. "Não vejo nada no curto prazo que possa trazer a inflação substancialmente para baixo. O Copom até saiu na frente, mas ficou subindo a Selic a conta gotas e agora a política monetária está demorando a ter efeito", avalia. Para ele, se o BC tivesse promovido um "minichoque" de juros, as expectativas poderiam já estar mais ancoradas.

A perspectiva de melhora no sentimento dos agentes fica ainda mais distante considerando-se que o câmbio não deve mais voltar a ficar abaixo de R$ 5 e que a eleição em breve deve começar a fazer preço nos ativos. "Daqui a pouco, com os ataques e questionamentos, a curva vai começar a incorporar prêmio de risco eleitoral", disse Nepomuceno.

Com a divulgação da pesquisa Focus suspensa por causa da greve dos funcionários do Banco Central, o Projeções Broadcast apurou que a estimativa mediana do mercado para o IPCA de 2022 avançou de 8,0% para 8,40% esta semana e a de 2023 foi a 4,30%, de 4,10%. Nas implícitas das NTN-B, porém, a taxa para 2023 há tempos já deixou o teto da meta de 4,75% para trás. A do papel para maio de 2023 projetava 7,85% no fechamento de ontem.

"A maior persistência e intensidade dos choques de oferta e a elevada inflação corrente acarretaram uma significativa elevação das implícitas, notadamente após o início da guerra na Ucrânia, com impacto maior nos prazos mais curtos", afirmam os estrategistas da Renascença Sérgio Goldenstein e Emmanuel Moura, lembrando ainda que, na semana, as implícitas vinham revertendo parte da alta, mas a divulgação do IPCA de abril, com composição ruim, voltou a pressioná-las. (Denise Abarca - [email protected])

17:28

 Operação   Último 

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 12.76

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 12.65

Over Selic (%a.a) 12.65

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