TENSÃO ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA CRESCE, BOLSA VOLTA A 111 MIL PTS E PASSA A CAIR NO MÊS

Blog, Cenário

Se a crise entre Rússia e Ucrânia continuou despertando forte aversão ao risco, batendo diretamente nos mercados acionários europeus e brasileiro num dia de feriados nos EUA, o real continuou ganhando terreno ante o dólar, amparado pela perspectiva de juro mais alto no Brasil. O Ibovespa, que cedeu 1,02%, aos 111.725,30 pontos, engatou o terceiro pregão consecutivo de perdas, mesmo com a alta de Vale e Petrobras, em linha com a forte valorização do minério e do petróleo. No caso da commodity energética, as cotações foram puxadas justamente pelo aumento das incertezas no Leste Europeu. Apesar de, mais cedo, indicações de uma possível conversa entre os presidentes dos EUA, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, terem trazido algum alívio aos investidores, o efeito foi passageiro. Até porque, à tarde, Moscou reconheceu a independência de regiões na Ucrânia e acusou Kiev de bombardear civis em outra região. Logo depois, a União Europeia acusou a Rússia de violar a lei internacional e prometeu sanções, amplificando a fuga do risco. Estados Unidos e Reino Unido fizeram o mesmo. No caso do câmbio, no entanto, essa piora de cenário apenas limitou a queda do dólar a 0,64%, para R$ 5,1070, depois de tocar mínima de R$ 5,0754 pela manhã. Operadores relatam a continuidade da desmontagem de posições contra o real, diante da oportunidade de carry trade que o juro brasileiro, possivelmente acima de 12% no fim do ciclo de aperto monetário, tem oferecido. A descompressão da moeda dos EUA num dia de liquidez reduzida puxou as taxas dos DIs de médio e longo prazos para baixo, enquanto os curtos ficaram perto da estabilidade.

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MERCADOS INTERNACIONAIS

A escalada de tensões na Ucrânia direcionou os mercados no exterior hoje, com a liquidez sendo reduzida devido ao feriado de Dia do Presidente nos Estados Unidos. As bolsas europeias registraram forte baixa e Moscou despencou mais de 10%, enquanto o petróleo foi para cima. Em pronunciamento à nação, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu a soberania de regiões separatistas no leste ucraniano, chamando a Ucrânia de "colônia" com um "governo fantoche" que planeja construir armas nucleares. Mais uma vez, EUA e União Europeia ameaçaram impor sanções contra a Rússia, que incluiriam o gasoduto Nord Stream 2.

Em uma decisão histórica, Putin reconheceu a independência de Donetsk e Luhansk, sinalizando estar disposto a entrar em conflito com o Ocidente para ampliar sua área de dominação. Em seu discurso, ele acusou Kiev de bombardear civis da região de Donbass, onde ficam as duas cidades. Segundo Putin, a Ucrânia planeja construir armas nucleares com os EUA, o que "mudaria drasticamente a situação" na região. O líder russo também aproveitou a oportunidade para criticar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e afirmou que sua expansão no leste europeu, com adesão da Ucrânia, seria uma ameaça direta à segurança russa.

A União Europeia prometeu que irá responder diretamente à decisão russa. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e o alto representante da diplomacia europeia Josep Borrell afirmaram que o reconhecimento da independência de territórios ucranianos é "uma violação flagrante do direito internacional, da integridade territorial da Ucrânia e dos acordos de Minsk". As autoridades garantiram uma reação conjuntamente com aliados. Hoje, cinco representantes legislativos russos foram alvos de novas sanções da União Europeia, acusados de envolvimento nas eleições da Crimeia - região cuja anexação é considerada ilegal pela EU.

Em Washington, a Casa Branca disse ter antecipado um movimento como esse pela Rússia e que irá responder "imediatamente". O presidente Joe Biden deve emitir uma ordem para proibir novos investimentos, negociações comerciais e financiamentos entre os EUA e as regiões separatistas. Outras medidas devem ser anunciadas ainda hoje pelos Departamentos do Estado e do Tesouro americanos. Em nota, a Casa Branca esclareceu que tais medidas são separadas e adicionais às "severas medidas econômicas" que já vinham sendo preparadas pelos EUA e seus aliados caso houvesse invasão pela Rússia.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse estar em contato com Biden e o premiê britânico, Boris Johnson, e que mais cedo conversou com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente francês, Emmanuel Macron. A Otan, por sua vez, reforçou o pedido para que a Rússia escolha um caminho diplomático e reverta a militarização na Ucrânia.

Em apoio à Rússia, na semana passada, a China havia criticado os EUA como o verdadeiro causador de problemas à comunidade internacional. O país asiático ainda criticou a "cortina de fumaça" que estaria se formando sobre o potencial conflito.

O petróleo operou pressionado pelas tensões envolvendo a Ucrânia e fechou antes de Putin reconhecer a independência de Donetsk e Luhansk. O barril do Brent para abril subiu 1,98% (US$ 1,85), a US$ 95,39, na London Metal Exchange (LME), mas chegou a avançar mais de 3% no pregão eletrônico, movimento acompanhado pelo WTI, que só operou no pregão eletrônico hoje devido ao feriado nos EUA.

Já no mercado cambial, em meio à baixa liquidez nas negociações, o dólar ficou misto ante suas principais rivais. No horário citado, a divisa americana caía a 114,77 ienes, enquanto o euro cedia a US$ 1,1315 e a libra subia levemente a US$ 1,3602. Já a moeda russa ampliou suas perdas ao longo da sessão, conforme o desenrolar das decisões do Kremlin: o dólar subia a 79,775 rublos russos, ante 77,382 no fim da tarde de sexta-feira.

Antes mesmo do pronunciamento de Putin, as bolsas europeias já haviam fechado no vermelho, com o Moex em Moscou com queda de 10,50%. No horário citado, os futuros dos principais índices acionários europeus passaram a registrar queda superior a 3%, após as declarações do líder russo. Já o Moex registrava tombo de 17%. (Ilana Cardial - [email protected])

BOLSA

Em sessão com volume financeiro (R$ 22,2 bilhões) muito enfraquecido pelo feriado em Nova York e de desempenho francamente negativo nas maiores praças da Europa (Londres -0,39%; Frankfurt -2,07%, Paris -2,04%), o Ibovespa estendeu pelo terceiro dia a série de perdas ao fechar hoje em baixa de 1,02%, aos 111.725,30 pontos, acentuando queda após as 16h, entre mínima de 111.607,59 (-1,13%) e máxima de 113.404,77, saindo de abertura aos 112.880,28 pontos. No mês, passa agora ao negativo, cedendo 0,37% no período - no ano, avança 6,59%. Foi o menor nível de fechamento para o Ibovespa desde 3 de fevereiro, quando encerrou aos 111.695,94 pontos. No intradia, foi ao menor nível desde o dia 8 (110.943,24).

O desempenho de Petrobras (ON +2,70%, PN +2,58%) era o contraponto ao dia negativo para as ações dos grandes bancos, com perdas que chegaram a 2,45% (Itaú PN) no fechamento. A acentuação da queda na B3 no fim da tarde coincidiu com menor fôlego no setor de mineração (Vale ON +0,08%) e siderurgia (CSN ON +0,41%, Usiminas PNA -1,83%, Gerdau PN -1,17%), que ombreava mais cedo com Petrobras para mitigar as perdas do Ibovespa. Com o prosseguimento das tensões entre Rússia e Ucrânia, o petróleo voltou a subir, beneficiando outras ações de energia listadas na B3, como 3R Petroleum (+3,87%) e PetroRio (+3,65%), na ponta do Ibovespa ao lado de Sabesp (+3,54%), logo à frente de Petrobras. No lado oposto, Qualicorp (-8,64%), Positivo (-7,11%) e Americanas ON (-6,61%).

Em Dalian, na China, o minério de ferro teve alta de 4,74% e em Qingdao, de 5,04%, apoiando o desempenho das ações do setor de mineração e siderurgia até o meio da tarde, e o dia também começou de forma positiva nos mercados da Europa, com a expectativa, então, de uma possível cúpula entre Estados Unidos e Rússia, mediada pela França, observa em nota a Nova Futura Investimentos, o que melhorava a “percepção dos investidores em relação aos próximos episódios da questão”, mantendo solução diplomática sobre a mesa.

Os desdobramentos ao longo do dia, contudo, não foram tão favoráveis. O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, conversou hoje com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o homólogo francês, Emmanuel Macron, sobre os recentes desdobramentos da crise que envolve seu país e a Rússia. Pelo Twitter, o ucraniano escreveu que teve os contatos "urgentes" após as "declarações feitas na reunião do Conselho de Segurança da Federação Russa". Segundo Zelensky, o Conselho Nacional de Segurança e Defesa de seu país foi convocado.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também teve conversas telefônicas com o presidente da França e o chanceler da Alemanha. Putin informou que irá assinar um decreto reconhecendo a independência das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia. A assinatura, segundo o Kremlin, ocorrerá "em um futuro próximo".

Por sua vez, o alto representante da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que caso haja uma anexação pela Rússia de regiões separatistas no leste da Ucrânia, "certamente" sanções serão impostas ao país. Em coletiva de imprensa antes de reunião com os ministros das relações exteriores do bloco, o diplomata disse ainda que "caso haja reconhecimento" da independência das áreas separatistas, colocará "sanções" à mesa para serem discutidas pelos representantes dos estados membros.

“Ajudou a aumentar a tensão dos investidores a afirmação de Moscou de que tropas russas destruíram dois veículos militares ucranianos que atravessaram a fronteira - algo que a Ucrânia negou. Isso fez com que as bolsas europeias fechassem em queda, apesar de dados de atividade acima das expectativas: o PMI (índice de gerentes de compras) composto da zona do euro atingiu 55,8 em fevereiro, maior valor em cinco meses e bem acima da expectativa, de 52,7”, diz Paula Zogbi, analista de investimentos da Rico Investimentos.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, condenou a decisão da Rússia de estender o reconhecimento às autoproclamadas "República Popular de Donetsk" e "República Popular de Luhansk". Em comunicado, o líder disse que a ação" prejudica ainda mais a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, corrói os esforços para a resolução do conflito e viola os Acordos de Minsk, dos quais a Rússia é parte".

Em Brasília, o relator do pacote do combustível no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), rejeitou a inclusão de uma proposta para zerar a cobrança de impostos federais sobre o diesel e o gás de cozinha. Com isso, o projeto continua tratando apenas de mudanças na cobrança do ICMS, imposto arrecadado pelos Estados. O texto está pautado para quarta-feira, 23, no plenário da Casa, mas a votação pode ser adiada para março.

Os planos do Ministério da Economia foram frustrados com a rejeição da proposta para zerar a cobrança de impostos federais sobre o diesel e o gás de cozinha pelo relator. Segundo fontes da pasta, a ideia era introduzir a questão no projeto do Senado via emenda apresentada pela senadora Soraya Thronicke (PSL-MS), aliada do governo.

Depois de ter os planos frustrados, o Ministério da Economia insistirá para incluir num projeto de lei do Senado a proposta de zerar a cobrança de impostos federais sobre o diesel e o gás de cozinha, sem necessidade de compensação com cortes de despesas ou aumento de outros tributos. De acordo com fontes da pasta, a medida representa uma renúncia de R$ 19,5 bilhões por ano, incluindo a retirada dos impostos para o diesel e o botijão de cozinha de até 13 quilos, relatam os repórteres Lorenna Rodrigues e Daniel Weterman, do Broadcast em Brasília.

"A preocupação é o fiscal, então, a depender de qual vai ser a decisão sobre a desoneração do combustível, pode impactar a arrecadação fiscal e trazer mais uma pressão negativa para as contas públicas", observa Pietra Guerra, especialista de ações da Clear Corretora.

Além do baixo volume de negócios no Ibovespa, a incerteza geopolítica e a atenção sobre Brasília para questões com peso sobre as contas públicas e os preços dos combustíveis, a temporada de resultados trimestrais pressionou nesta segunda-feira não só os ativos ligados ao varejo mas também a construção. "Varejo (está) com expectativas bem ruins", diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Amélia Alves)

18:20

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 111725.30 -1.02281

Máxima 113404.77 +0.47

Mínima 111607.59 -1.13

Volume (R$ Bilhões) 2.21B

Volume (US$ Bilhões) 4.31B

18:26

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112980 -1.02063

Máxima 114850 +0.62

Mínima 112980 -1.02

CÂMBIO

Apesar do clima de cautela no exterior em meio às incertezas sobre o desfecho da crise envolvendo Rússia e Ucrânia, o dólar abriu a semana em queda firme no mercado doméstico de câmbio. Mais uma vez, operadores relataram entrada de capital externo para ativos locais, redução de posições compradas em dólar (que ganham com a alta da moeda) por estrangeiros no mercado futuro e fechamento de câmbio por parte de exportadores.

Entre o fim da manhã e início da tarde, a divisa rompeu o piso de R$ 5,10 e desceu até a mínima de R$ 5,0754 (-1,26%). Ao longo da etapa vespertina, com o dólar passando a ganhar terreno frente a divisas emergentes e a virada do Ibovespa para o campo negativo, a moeda diminuiu o ritmo de queda por aqui. No fim da sessão, recuava 0,64%, a R$ 5,1070 - menor valor desde 29 de julho. Em dia de ausência da referência dos mercados americanos, fechados por conta de feriado nos Estados Unidos, a liquidez no mercado futuro foi mais reduzida, com o contrato de dólar futuro mais líquido, para março, girando cerca de US$ 10 bilhões.

No exterior, o índice DXY - que mede a variação do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - exibia leve alta, acima dos 96,100 pontos. A moeda americana subiu frente à maioria de divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com ganhos de mais de 3% ante o rublo, abalado pela crise geopolítica.

Em meio a tentativas de líderes do Ocidente de encontrar uma saída diplomática para a crise geopolítica, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu as regiões separatistas de Donetsk e Luhansk na Ucrânia como independentes. A União Europeia reagiu com a promessa de imposição de sanções à Rússia.

Como tem sido habitual, o real figurou com a divisa de melhor desempenho global, fenômeno atribuído por operadores e economistas à taxa de juros básica elevada (10,75%) e ao apetite dos estrangeiros por ativos ligados a commodities, preferidos na rotação global de portfólio diante da expectativa de alta de juros nos Estados Unidos a partir de março. Os contratos futuros do petróleo subiram quase 3%, ao passo que a cotação do minério de ferro negociado em Qingdao, na China, avançou 5%.

Segundo o sócio da Valor Investimentos Davi Lelis, os preços elevados das commodities e o patamar atual das ações brasileiras tornam o Brasil muito atraente para o estrangeiros. Em 2022, o saldo do capital externo na B3 já ultrapassa US$ 53 bilhões. "Além disso, a Selic em patamares de dois dígitos atrai investidores para a renda fixa. O juro real positivo é o melhor produto de exportação do Brasil neste momento mais conturbado da economia mundial", afirma Lelis. "O real foi uma das piores moedas no ano passado. E agora está no topo da lista".

As expectativas de inflação seguem pressionadas e ratificam as projeções de taxa Selic perto de 13% ao ano. A mediana do boletim Focus trouxe aumento da expectativa para o IPCA deste ano de 5,50% para 5,56%, ao passo que a estimativa para 2023 ficou estacionada em 3,50%. A projeção para taxa Selic no fim de 2022 permaneceu em 12,25%. As atenções do mercado estão voltadas para a divulgação nesta semana do IPCA-15 de fevereiro, na quarta-feira (23).

Em evento hoje à tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o BC brasileiro teve um diagnóstico rápido e certeiro sobre a inflação e que saiu na frente no processo de aperto monetário, embora outros países emergentes, como Chile, Colômbia e México estejam surpreendendo com ações mais fortes que o esperado. Segundo Campos Neto, o Brasil seria, ao lado da Rússia, o único país do mundo a ter taxa de juros acima da neutra.

"Não se pode descartar até mesmo um juro superior até à 13% (não é o nosso cenário referencial), pois, por enquanto, as medianas das expectativas de inflação ainda não estabilizaram. Como não estamos ainda passado por dominância fiscal, a elasticidade dos juros ainda beneficia o ingresso no fluxo cambial", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, para quem o IPCA-15 deve mostrar "grau elevado de disseminação de reajustes".

Para a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, o real se beneficia da "rotação de carteiras de investidores globais em contexto de melhores ventos sobre a China e commodities". Além dos mais de R$ 50 bilhões de ingresso estrangeiro na Bolsa (que não implicam, necessariamente, fluxo de divisas), é "factível que o estrangeiro esteja entrando em renda fixa", dado o diferencial entre juros externos. "A grande questão é a perenidade desses investimentos em portfólio, pois tendem a ser muito voláteis. Ainda mais em momentos de tantos desafios internos com a recessão, inflação elevada, eleição polarizada e incertezas sobre o regime e regras fiscais", afirma Damico, em relatório.

Segundo operadores ouvidos pelo Broadcast, por ora, os projetos ligados a preços de combustíveis que tramitam no Congresso, embora gerem desconforto, não têm peso relevante na formação da taxa de câmbio. (Antonio Perez - [email protected])

18:26

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.10700 -0.642 5.15500 5.07540

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5110.000 -0.69957 5162.500 5082.000

DOLAR COMERCIAL 5162.500 -0.64473 5162.500 5150.000

JUROS

Os juros futuros fecharam em queda nos vencimentos de médio e longo prazos, enquanto as taxas curtas ficaram estáveis nesta segunda-feira de agenda esvaziada e liquidez comprometida pelo feriado nos Estados Unidos, onde não houve negócios com ações nem títulos. A perspectiva de entrada de fluxo externo amparada na previsão de Selic acima de 12% continuou sustentando tanto a melhora do câmbio quanto a dos juros, a despeito da manutenção do clima de cautela no cenário internacional com a crise entre a Rússia e o Ocidente.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,375% (regular) e 12,365% (estendida), de 12,388% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,401% para 11,34% (regular) e 11,35% (estendida). O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 11,21% (regular) e 11,225% (estendida), de 11,311%. Para se ter ideia do quão fraco foi o volume, o DI janeiro de 2023, que tem média diária nos últimos 30 dias de 571,8 mil contratos, hoje girou 180 mil.

A curva a termo acompanhou de perto o movimento do câmbio, batendo mínimas quando o dólar também chegava ao piso do dia, na casa dos R$ 5,08. O real foi novamente destaque absoluto entre as moedas emergentes, que na maioria caíram ante o dólar. "O Brasil tem dado saída para todo mundo, pagando um juro muito acima de seus pares, 55% maior do que o México, por exemplo", destaca o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito.

Nesta tarde, em palestra sobre cenário econômico promovida pelo Canal Agro+, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que apenas no Brasil e na Rússia os juros básicos já estão acima da taxa neutra. "Chile, Colômbia e México têm surpreendo nos últimos tempos, com ações muitas vezes mais (fortes) do que o esperado", disse. Ainda, admitiu que o movimento de aperto junto com a expectativa de menor crescimento econômico fará com que o Brasil entre em uma "trajetória fiscal pior". "A questão fiscal não foi só inflação, como alguns apregoam, mas também não foi só estrutural. Foi um misto", explicou.

A atração de fluxo tende a se "agudizar" a depender do IPCA-15 de fevereiro, na quarta (24). "O índice ainda deve vir alto", afirma Perfeito. Na pesquisa do Projeções Broadcast, a mediana das estimativas é de taxa em 0,87%, ante 0,58% em janeiro. Em 12 meses, a mediana é de 10,63%, de 10,20% até janeiro.

Para o economista, há uma espécie de curto-circuito em andamento, uma vez que a piora nas estimativas de inflação alimenta apostas de Selic elevada, que atraem fluxo, mas mesmo com a melhora do câmbio há uma certa rigidez nas previsões para a inflação, como se viu hoje no Boletim Focus. A mediana das previsões para 2022 subiu de 5,50% para 5,56%, acima do teto da meta de 5%, e para 2023 manteve-se em 3,5%, acima do centro da meta (3,25%).

A percepção é de que o impacto da queda do dólar acaba sendo, de certo modo, neutralizado pelo avanço das commodities. Em meio à piora da tensão geopolítica, os preços do petróleo subiram entre 2% e 3%. O dólar à vista fechou em R$ 5,1070 (-0,64%). À tarde, o câmbio não conseguiu manter-se abaixo de R$ 5,10, mas ainda assim o patamar de hoje é considerado surpreendente vis a vis os fundamentos da economia.

Com a expectativa de fluxo prevalecendo, a movimentação em Brasília sobre o pacote de medidas para redução dos preço dos combustíveis, que é nocivo aos cofres públicos, tem feito menos preço. A falta de acordo entre os líderes vai fortalecendo a ideia de que uma solução de curto prazo ainda está distante e a previsão de votação na quarta-feira no Senado já subiu no telhado, podendo ficar para depois do Carnaval. (Denise Abarca - [email protected])

18:26

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 11.05

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

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