TENSÃO BANCÁRIA PESA EM NY E NOS JUROS, MAS IBOVESPA DESCOLA E FECHA EM ALTA

Blog, Cenário

O temor de que a crise nos bancos regionais dos Estados Unidos se espalhe pelo sistema financeiro guiou o sentimento do mercado internacional nesta quinta-feira, resultado em pressão de baixa nos juros aqui no Brasil. As ações do PacWest Bancorp tombaram 50,62%, do Western Alliance mergulharam 38,45% e do First Horizon recuaram 33,16% em meio a dúvidas quanto à capacidade de solvência dessas instituições. O investidor teme que outros bancos quebrem nos Estados Unidos, que contabilizam três bancarrotas financeiras em dois meses, e arrastem a economia americana para uma recessão. Essa situação ampliou as apostas de que o Federal Reserve cortará juros já a partir de julho, em um movimento que pesou sobre os rendimentos dos Treasuries de curto prazo - embora, vale lembrar, não encontre respaldo na comunicação do BC americano. Assim, o índice Dow Jones recuou 0,86%, o S&P 500 cedeu 0,72% e o Nasdaq caiu 0,49%. O juro da T-note de 2 anos chegou ao fim da tarde com queda, a 3,780%. Aqui no Brasil, o mercado de renda fixa ficou atrelado ao americano, à medida que também seguiu digerindo o comunicado do Banco Central. Apesar de uma parcela do mercado ter lido o texto como hawkish, a curva do DI passou a precificar mais cortes da Selic este ano. A taxa na virada do ano passou de 12,40% ontem a 12,33% hoje. Houve baixa também nos contratos de médio e longo prazo. A perspectiva de redução dos juros básicos aqui apoiou setores como consumo e imobiliário no Ibovespa, que terminou o dia aos 102.174,34 pontos (+0,37%). Quem andou de lado das tendências externas e internas foi o câmbio. O dólar à vista terminou o dia em R$ 4,9928 (+0,02%), em meio a relatos pontuais de saída de capital externo.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

MERCADOS INTERNACIONAIS

O tombo nas ações de PacWest, Western Alliance e First Horizon em Nova York manteve vivas as incertezas relativas ao sistema bancário nos Estados Unidos, o que pintou um quadro de cautela nos mercados internacionais nesta quinta-feira. As bolsas de Nova York fecharam em queda e o Dow Jones voltou a acumular perda no ano, com o setor financeiro duramente penalizado. O cenário ampliou as apostas de que o Federal Reserve (Fed) cortará juros já a partir de julho, em um movimento que pesou sobre os rendimentos dos Treasuries de curto prazo, embora a ponta longa tenha se recuperado ao longo da tarde. O dólar não conseguiu firmar direção única ante outras divisas, à medida que a aversão ao risco beneficiou o iene, mas o euro ficou sob pressão após decisão do Banco Central Europeu (BCE) de subir juros em 25 pontos-base. O petróleo também fechou a sessão misto. Ainda, um leilão de US$ 50 bilhões em T-bills de quatro semanas registrou juro recorde, em ambiente de impasse com relação ao teto da dívida americana.

O Pacwest Bancorp caiu 50,62% no pregão regular, ampliando movimento de perda apontado pelas negociações estendidas de Nova York ontem, após notícias de que o banco estaria avaliando opções estratégicas, incluindo uma venda. Western Alliance (-38,45%) deu sequência ao tombo, também sob especulações de possível venda que foram negadas pela própria instituição, seguido pelo First Horizon (-33,16%), que sofreu impacto da desistência da fusão com o banco canadense TD Bank. Ainda entre bancos regionais, os Zion e Metropolitan Bank recuaram 12,05% e 6,41% , respectivamente. Entre os bancos de grande porte, Bank of America cedeu 3,12%, Morgan Stanley caiu 2,53%, Citigroup perdeu 1,69% e o JPMorgan teve queda de 1,37%.

Investigações em andamento da Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana) relativas à turbulência bancária também chamaram atenção no noticiário internacional, entre elas a de um suposto envolvimento do Goldman Sachs (-2,25%) na quebra do Silicon Valley Bank (SVB). Segundo documento protocolado hoje, o SVB buscou assessoria do Goldman enquanto enfrentava uma forte pressão por liquidez, que, por sua vez, recomendou a venda de US$ 21 bilhões em títulos para levantar capital, gerando a perda de ativos subvalorizados. Além disso, a SEC também reforçou o compromisso da agência reguladora em apurar ameaças à segurança dos mercados, incluindo a identificação de "qualquer forma de má conduta" que possa prejudicar investidores, formação de capital ou mercados. A declaração aconteceu horas depois da Reuters noticiar que o órgão avalia possível manipulação nas ações de bancos.

Este cenário levou cautela para as bolsas de Nova York, com os índices encerrando em baixa. No final da tarde, o Dow Jones recuou 0,86%, o S&P perdeu 0,72% e o Nasdaq cedeu 0,49%. Durante o pregão regular, a ação da Apple caiu 0,99%, em compasso de espera pelo balanço corporativo da empresa, e saltou 1,79% no after hours logo após informar lucro líquido de US$ 24,16 bilhões.

O clima generalizado de cautela sobre o setor bancário também ampliou as apostas por cortes nos juros básicos do Fed até o final deste ano. Segundo a plataforma de monitoramento do CME Group, a chance de cortes já em julho superou 50%, enquanto as expectativas para a próxima reunião, em junho, projetam 95,6% de possibilidade de manutenção na faixa atual, entre 5,00% e 5,25%.

A perspectiva pesou sobre os juros dos Treasuries na ponta curta, levando a T-note de 2 anos a recuar a 3,780%, no horário citado. Já o da T-note de 10 anos avançava a 3,365% e o do T-bond de 30 anos subia a 3,729%. Para o BMO, os rendimentos dos Treasuries devem sofrer mais pressão nos próximos meses. O banco projeta que a T-note de 10 anos pode cair abaixo de 3%, diante de maiores evidências de que o aperto monetário cumulativo do Fed está inevitavelmente afetando a demanda e diminuindo pressões inflacionárias, reduzindo por consequência as expectativas de inflação e projeções para as taxas no longo prazo.

Ponderações entre o clima de cautela e expectativas de cortes nos juros do Fed levaram o dólar a fechar sem direção única. Entre moedas fortes, o euro foi prejudicado pela decisão do Banco Central Europeu (BCE) de elevar os juros em apenas 25 pontos-base, analisou o TD Securities. Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar caía a 134,14 ienes, com a moeda japonesa apoiada pela busca por segurança. O euro recuava a US$ 1,1019 e a libra tinha alta a US$ 1,2576. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,06%, a 101,399 pontos.

Entre as commodities, o petróleo WTI para junho caiu 0,06% (-US$ 0,04), a US$ 68,56 por barril, enquanto o Brent para julho avançou 0,23% (+US$ 0,17), a US$ 72,50 por barril. Em relatório, a Oanda aponta que os preços da commodity continuam pressionados pelo enfraquecimento da demanda da Ásia e pelas turbulências bancárias dos EUA, projetando que os contratos devem sofrer para encontrar suporte no nível de US$ 60.

Ainda no radar, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou que um leilão de US$ 50 bilhões em T-bills de quatro semanas registrou juro recorde, de 5,840%, em meio ao impasse relativo ao teto da dívida americana. Hoje, a Casa Branca revelou que estuda alternativas ao aumento do teto da dívida, durante coletiva de imprensa. O governo ainda informou que três meses de default poderiam causar perda de 8 milhões de empregos no país e que já sente o estresse da ameaça.(Laís Adriana - [email protected])

JUROS

Os contratos de DI caíram em toda a curva nesta quinta-feira, 4. Nos trechos médios e longos, o recuo chegou a superar os 13 pontos-base, refletindo o temor de uma crise bancária nos Estados Unidos. A ponta curta mostrou queda menor, em torno de 2 pontos-base, após o Comitê de Política Monetária (Copom) ter sugerido, ontem, 3, pouco espaço para corte da Selic no curto prazo.

Na comparação com o ajuste de ontem, a taxa do DI para janeiro de 2027 caiu 12,7 pontos-base, de 11,647% para 11,520%, a maior queda entre os contratos mais líquidos. O DI para janeiro de 2029 recuou de 11,956% para 11,890%, enquanto o contrato para janeiro de 2025 caiu de 11,884% para 11,780%. Na ponta curta, o DI para janeiro de 2024 recuou de 13,239% para 13,215%.

Profissionais do mercado ouvidos atribuem a queda contida das taxas curtas ao tom do comunicado do Copom de maio, que manteve a taxa Selic em 13,75% pela sexta reunião consecutiva. No texto, o Banco Central destacou que terá "paciência e serenidade" na condução da política monetária, o que sugeriu aos agentes de mercado que não há espaço para corte dos juros nos próximos meses.

Após a decisão, instituições do mercado como Bank of America (BofA) e G5 Partners postergaram a expectativa de início do ciclo de cortes - de maio e junho, respectivamente - para agosto. Pesquisa do Projeções Broadcast mostra que 49 de 52 casas esperam manutenção da Selic em 13,75% na próxima reunião do Copom, em junho. A mediana do levantamento continua indicando queda dos juros a 12,5% no fim de 2023.

"As mudanças foram menores na parte curta da curva de DI, porque não houve grandes novidades no comunicado do Copom", avalia o economista-chefe da Terra Investimentos, João Maurício de Lemos Rosal. "O BC basicamente reforçou a ideia de que, independente do que aconteça, não tem razão para mudar a estratégia de política monetária se a desancoragem das expectativas de inflação não se reverter."

Apesar da avaliação dos economistas, os DIs passaram a precificar mais cortes da Selic este ano. Nas contas do estrategista-chefe do Banco Mizuho no Brasil, Luciano Rostagno, a curva de juros embutia, por volta de 17 horas, redução da Selic a 12,33% no fim de 2023, 7 pontos-base abaixo da precificação de ontem (12,40%). As probabilidades de redução dos juros subiram nas reuniões de junho (24% para 28%) e agosto (72% para 76%).

Mesmo as críticas do ministro Fernando Haddad ao Copom não foram suficientes para estressar o mercado. Durante a tarde, o chefe da Fazenda se disse "bastante preocupado" com a decisão do BC e voltou a defender a "harmonização" das políticas fiscal e monetária. "Como a decisão e o tom do documento, no geral, estão muito longe do almejado pelo governo, era inevitável que houvesse críticas", explica Rostagno.

Nos trechos intermediário e longo da curva, o temor de recessão e de uma crise bancária nos Estados Unidos puxou as baixas dos contratos de DI. Após o desfecho do First Republic Bank, vendido ao JPMorgan no início da semana, especulações sobre o futuro de Western Alliance, PacWest e First Horizon reforçaram os temores de novas quebras no setor financeiro.

A essas incertezas se somou o pivô dovish do Banco Central Europeu (BCE), que anunciou hoje aumento de 25 pontos-base dos juros, em desaceleração na comparação com março, quando havia elevado as taxas em 50 pontos. Analistas do mercado estavam divididos sobre a magnitude do aumento, um dia após o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizar uma pausa no ciclo de aperto monetário no país.

"Lá fora, a preocupação com os bancos de países desenvolvidos acabou levando a uma queda das commodities, e a diminuição de ritmo pelo BCE acabou sendo interpretada como um chancelamento da visão de que esses problemas estão piorando a perspectiva de crescimento dos países desenvolvidos. Isso acabou fazendo os juros recuarem aqui, apesar de um tom ainda hawkish do BC", avalia Rostagno. (Cícero Cotrim - [email protected])

BOLSA

Descolado de Nova York nesta quinta-feira pós-Fed e pós-Copom, o Ibovespa recuperou a linha dos 102 mil pontos, obtendo o primeiro ganho em três sessões neste começo de maio. Em moderação ao longo da tarde, a referência da B3 encerrou o dia em leve alta de 0,37%, aos 102.174,34 pontos, vindo de perdas de 0,13% e de 2,40% na abertura do mês. Hoje, oscilou entre 101.063,49 e 103.320,81, saindo de abertura aos 101.797,91 pontos. Ao final, mostrava giro financeiro a R$ 26,4 bilhões, um pouco acima da média recente. Na semana e no mês, o Ibovespa ainda cede 2,16%, com recuo de 6,89% no ano.

O bom desempenho de Petrobras (ON +1,46%, PN +1,59%) e dos grandes bancos (Bradesco PN +2,33%, Unit do Santander +1,73%) foi mais do que suficiente para compensar as perdas concentradas no setor metálico, espelhando as preocupações quanto à demanda chinesa que têm se refletido nos preços do minério de ferro - hoje, abaixo de US$ 100 por tonelada nos contratos negociados em Cingapura, pela primeira vez desde novembro passado. Assim, Vale ON fechou a sessão em queda de 3,10%, enquanto a retração no setor de siderurgia chegou a 6,22% (CSN ON, mínima do dia no fechamento), refletindo também a recepção ao balanço da fabricante de aço.

Na ponta do Ibovespa, destaque para Ultrapar (+11,81%), Dexco (+7,28%), Magazine Luiza (+6,89%), Pão de Açúcar (+6,67%), Renner (+6,11%) e MRV (+5,42%), com Embraer (-9,71%), CSN (-6,22%), Carrefour Brasil (-4,86%), Gerdau (-4,13%) e Prio (-4,11%) no canto oposto.

"Com eventos importantes no dia anterior, e volatilidade na sessão de hoje, o descolamento do Ibovespa refletiu leitura 'hawkish' do Fed, ao não sinalizar com clareza o fim do ciclo de elevação de juros nos Estados Unidos, e um comunicado de certa forma mais ameno, 'dovish', do Copom, quando se olha para as entrelinhas. Assim, a curva de juros fechou, o que ajudou hoje o desempenho de setores como os de varejo, tecnologia e construção na B3, mais expostos a juros, ao custo de crédito", diz Lucca Ramos, assessor de renda variável da One Investimentos.

Dessa forma o Ibovespa, mesmo com a moderação do meio para o fim da tarde, conseguiu resistir ao sinal negativo do exterior nesta penúltima sessão da semana. Em Nova York, rumores sobre a condição dos bancos médios americanos resultaram em pressão sobre todo o setor financeiro nesta quinta-feira, em que as perdas, no fechamento, ficaram entre 0,49% (Nasdaq) e 0,86% (Dow Jones) - em sessão de quedas acentuadas para instituições como PacWest (-50,62%), Western Alliance (-38,55%) e First Horizon (-33,55%). Ainda no início da tarde, o Western Alliance negou que estuda "opções estratégicas", entre as quais uma potencial venda.

As bolsas da Europa, por sua vez, também fecharam na maioria em baixa, no dia em que, conforme esperado, o Banco Central Europeu (BCE) elevou a taxa de juros de referência da zona do euro em 25 pontos-base. Em coletiva após a decisão, a presidente do BCE, Christine Lagarde, deixou espaço aberto para novas elevações da taxa de referência para o bloco da moeda única, apontaram analistas.

Aqui, por outro lado, "a Bolsa já abriu em alta, com os juros longos fechando, algo bom para o ambiente econômico, beneficiando os setores que dependem de crédito de longo prazo", diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos. Desde a manhã, o dia foi de queda para os juros futuros com vencimento entre 2024 e 2027, o que contribuiu para o apetite por risco na B3, observa Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos.

"A decisão unânime do Copom correspondeu ao esperado, mas alguns pontos no comunicado chamaram a atenção. A constatação de que um aumento adicional da Selic corresponde a cenário menos provável foi lida de forma amena em relação ao tom que o Copom vinha usando. Ainda trabalhamos com cenário-base de corte [na Selic] no terceiro trimestre, provavelmente na reunião de agosto, com transição em junho", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. "Algumas mudanças importantes no comunicado dão a entender início da amenização de tom [na noite de ontem] para, num segundo momento, redução de juros."

O tom do comunicado, no entanto, dividiu opiniões, do ameno ao endurecido. "Na nossa avaliação, o tom do Copom sofreu poucas alterações em relação à reunião anterior. A visão do BC ainda envolve um cenário externo adverso, com incerteza elevada e condições financeiras que requerem monitoramento, em um cenário de inflação resiliente, de preços que ainda não convergem para as metas e mantêm os juros em nível elevado", diz Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Claritas.

"Como o pano de fundo não mudou, o balanço para inflação permanece com fatores de risco em ambas as direções", acrescenta a economista, observando que, apesar do arrefecimento da atividade doméstica, o BC notou também resiliência do mercado de trabalho. "A comunicação sobre os próximos passos ficou praticamente inalterada, com o BC em atitude 'vigilante', reconhecendo as incertezas. Tom ainda duro e preocupado com as expectativas de inflação, sem previsão de cortes [de juros] para as próximas reuniões. Mas, é claro, o BC pode mudar suas avaliações", conclui Marcela. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 102174.34 0.37059

Máxima 103320.81 +1.50

Mínima 101063.49 -0.72

Volume (R$ Bilhões) 2.64B

Volume (US$ Bilhões) 5.27B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 103900 0.76617

Máxima 104795 +1.63

Mínima 102330 -0.76

CÂMBIO

Após oscilações modestas e trocas de sinal ao longo da tarde, o dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 4, cotado a R$ 4,9928, praticamente estável (+0,02%). Segundo operadores, o dia foi de realização de lucros e ajuste finos de posições, além de fluxos pontuais de saída de capital externo. Investidores ainda avaliam os desdobramentos das decisões de política monetária ontem aqui e nos Estados Unidos, enquanto monitoram as tensões no sistema bancário americano e seus desdobramentos sobre a economia global.

Na abertura dos negócios, o dólar até chegou a ensaiar uma queda mais forte no mercado local, registrando mínima a R$ 4,9700, em sintonia tendência de valorização de divisas emergentes frente à moeda americana. Mas a onda compradora arrefeceu e o dólar chegou a operar boa parte da manhã acima da linha de R$ 5,00, com máxima a R$ 5,0341. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para junho teve giro razoável, acima de US$ 12 bilhões.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - trabalhou em leve alta, em razão dos ganhos da moeda americana frente ao euro. Pela manhã, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou alta de suas principais taxas de juros em 25 pontos-base, o que representou uma desaceleração do ritmo de aperto. As apostas estavam divididas entre 25 pontos e 50 pontos.

"O mercado local está sem convicção e hoje pareceu mais guiado pelo exterior, com o DXY em alta com as perdas do euro", afirma o analista de câmbio da corretora Ourominas Elson Gusmão. "Os investidores ainda estão digerindo as decisões de política monetária ontem. Parece que está se formando um consenso por aqui de que os juros têm que ir para baixo agora".

Ontem, o Federal Reserve, como amplamente esperado, elevou a taxa básica americana em 25 pontos-base, para a faixa entre 5,00% e 5,25%. A interpretação majoritária do comunicado da decisão BC americano, que levará em conta os efeitos cumulativos e defasados do aperto monetário em suas próximas decisões, é a de que não haverá mais elevações do FedFunds. Embora o chairman Jerome Powell tenha sinalizado, em entrevista coletiva, que não há espaço para afrouxamento, a maioria dos investidores continua a apostar em corte de juros ainda neste ano. Crescem os temores de degringolada da atividade econômica em meio ao aperto de liquidez dos bancos médios americanos.

Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve, como esperado, a taxa Selic em 13,75%. Entre analistas, a leitura predominante do comunicado foi a de que o Copom vai persistir na estratégia atual por mais tempo. No mercado de juros futuros local, contudo, crescem as apostas em redução da taxa básica no segundo semestre.

Em tese, a perspectiva de Selic ainda alta por mais tempo com interrupção do aperto pelo Fed levaria a baixa do real, ao manter diferencial de juros elevados. Incertezas ainda sobre o desenho final da nova proposta de arcabouço fiscal, a queda dos preços das commodities e os riscos de recessão nos EUA tendem a refrear, contudo, apostas mais contundentes a favor da moeda brasileira neste momento.

Para o head de câmbio da EQI Investimentos, Alexandre Viotto, o diferencial de juros interno e externo tende a seguir "em patamares semelhantes" e, pelo menor por ora, deve contribuir para manter o dólar ao redor dos patamares atuais no mercado doméstico. Mudanças mais fortes na taxa de câmbio podem ocorrer se houver piora do ambiente externo ou "novidades em relação fiscal, seja para qual lado for", além de eventuais ruídos políticos vindos de Brasília.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elogiou hoje o relator da proposta de novo arcabouço fiscal na Câmara dos Deputado, Claudio Cajado (PP-BA), com quem se reuniu ontem. O ministro já sugeriu que o texto seja votado a partir de 15 de maio, quando ele retornar de viagem ao Japão e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dos Estados Unidos.

O governo colheu uma vitória hoje com a decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), de revogar suspensão de julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre questão tributária que pode render R$ 90 bilhões em arrecadação - o que ajudaria no cumprimento das metas estabelecidas no arcabouço. (Antonio Perez - [email protected])

18:04

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.99280 0.018 5.03410 4.97000

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5013.500 -0.14937 5061.500 4997.000

DOLAR COMERCIAL 5046.390 23/12    

Gostou do post? Compartilhe:

Pesquisar

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Categorias

Newsletter

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Posts relacionados

Receba nossos conteúdos por e-mail
Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Copyright © 2023 Broker Brasil. Todos os direitos reservados

Abrir bate-papo
Olá!
Podemos ajudá-lo?