TEMOR SOBRE GUERRA NO LESTE EUROPEU CRESCE, DIS SOBEM, ENQUANTO BOLSAS E REAL PIORAM

Blog, Cenário

A piora dos mercados globais à tarde, após dados fracos e em meio ao recrudescimento das tensões entre Rússia e Ocidente, com novas sanções a Moscou e alertas sobre a possibilidade do uso de armas químicas no conflito, carregou junto os ativos domésticos, que já não digeriam muito bem o IPCA de fevereiro acima do previsto. Esse conjunto de informações, antes da semana em que Fed e Banco Central têm reuniões de política monetária, trouxe nova rodada de alta para os juros futuros no Brasil, com o mercado apostando num tom mais duro do Copom após os acontecimentos recentes, que incluem a disparada das commodities e o reajuste dos combustíveis. No fim do dia, a informação de que cegonheiros e transportadores de combustíveis vão entrar em greve a partir de hoje trouxe pressão adicional às taxas, que renovaram máximas na etapa estendida. O quadro inflacionário e a percepção sobre o Copom, junto com o comportamento vacilante das bolsas em Nova York e o movimento dos caminhoneiros, fizeram o Ibovespa ceder 1,72%, aos 111.713,07 pontos, encerrando a semana com perdas de 2,41%. Até porque, nem aqui nem lá fora, o investidor quer passar o fim de semana posicionado em meio às incertezas sobre os rumos da guerra na Ucrânia. Assim, as indicações do presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre avanços positivos no diálogo com Kiev foram insuficientes para compensar o clima de cautela diante do aumento das punições a Moscou, o que resultou no fechamento negativo dos principais índices de Wall Street. Nesse ambiente, nem mesmo a chance de uma Selic maior foi suficiente para, assim como vinha ocorrendo, impedir uma rodada de apreciação do dólar ante o real. Em linha com o movimento global, a divisa dos EUA subiu 0,76%, a R$ 5,0541, ainda que na semana tenha cedido 0,48%.

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

JUROS

A sexta-feira foi recheada de fatores a puxar para cima os juros futuros, começando logo cedo com o indigesto IPCA de fevereiro às vésperas da reunião do Copom, passando pelo aumento da aversão ao risco com o conflito no leste europeu - que pressionou os preços do petróleo e o câmbio - e culminando, no fim do dia, com a informação de que cegonheiros e transportadores de combustíveis iniciarão uma greve nesta sexta-feira.

Os juros longos passaram a manhã oscilando entre a estabilidade e viés de queda, mas se firmaram em alta à tarde, acompanhando o movimento do petróleo, que também se estabeleceu em alta, após volatilidade na primeira etapa. O petróleo levou ainda as taxas curtas e intermediárias a renovarem máximas, reforçando a trajetória altista determinada desde a abertura.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,14% e a estendida em 13,20%, de 13,042% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 passou de 12,80% para 12,99% (regular) e 13,111% (estendida). O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 12,44% (regular) e 12,58% (estendida), de 12,277% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 12,146% para 12,21% (regular) e 12,37% (estendida).

Os níveis de inclinação da curva pouco se mexeram no balanço da semana, marcada pelo aumento das sanções contra a Rússia em meio à guerra com a Ucrânia e negociações de cessar-fogo frustradas. No Brasil, o destaque foi o pesado aumento nos preços dos combustíveis anunciado ontem pela Petrobras, seguido pelo IPCA de fevereiro hoje acima da mediana das estimativas. Como saldo, tanto a ponta curta quanto a longa subiram mais ou menos em igual magnitude. O spread entre os contratos para janeiro de 2027 e janeiro de 2024 passou de -89 pontos na última sexta-feira para -75 pontos hoje.

Na sessão estendida, as taxas renovaram máximas após a informação de que transportadores de carros e de combustíveis decidiram parar e não fazer novas viagens a partir de hoje. As empresas afirmaram que o aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobras inviabilizou o frete e que, até que as condições financeiras sejam restabelecidas, a frota ficará parada.

O temor é que o movimento ganhe força e se espalhe a outras categorias de transporte de cargas. Segundo a Renascença Política, representantes do Ministério da Infraestrurura dizem que ainda não há sinais de que haverá movimentos para impedir o trânsito dos caminhoneiros nas rodovias. "A situação mudaria a partir disso. A tendência é de que as lideranças dos movimentos de paralisação sejam procuradas pelo ministro Tarcísio nas próximas horas", afirmam os analistas.

Ao longo do dia, o IPCA de 1,01% no mês passado, contra 0,54% em janeiro e mediana das estimativas de 0,94%, reverberou sobre a curva até os vértices intermediários, que já sofriam desde ontem com o reajuste da Petrobras. Com a surpresa negativa e as novas pressões advindas da guerra iniciada no fim de fevereiro ainda a serem incorporadas ao IPCA nos próximos meses, mais uma leva de instituições revisou para cima suas projeções para o ano, como o Barclays, que passou a esperar IPCA de 6,2%, e o Banco Fibra que colocou sua projeção em 7,1%, o que seria o dobro da meta central de inflação de 3,5%.

A retomada da alta do petróleo à tarde só fez ampliar os temores com o cenário inflacionário, colocando uma bomba no colo do Copom na quarta-feira. "A reunião já é na semana que vem e a guerra impõe uma dificuldade adicional, um quadro muito diferente do encontro anterior, quando os diretores sinalizaram intenção de desacelerar o ritmo de aperto", afirma a economista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira, para quem o ciclo vai ser mais longo e a Selic vai demorar mais a cair.

Os preços do petróleo subiram 3%, com o barril do Brent a US$ 112, em meio ao reforço nas sanções econômicas contra a Rússia anunciadas hoje pelo G7 e temores sobre o desenvolvimento de armas químicas.

As medidas aprovadas ontem pelo Congresso sobre os combustíveis são consideradas de pouca efetividade para controlar os preços, levando-se em conta ainda que o ajuste da Petrobrás não eliminou a defasagem ante as cotações internacionais, que volta a crescer na medida em que o petróleo avança mais e também o dólar ante o real.

Para Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco digital Modalmais, o conflito geopolítico na

Ucrânia estressou os preços das commodities e vem provocando rupturas na economia global que não deverão ser resolvidas no curto prazo. "Soma-se a isso um provável ritmo de aperto monetário mais rápido nas economias desenvolvidas e a intempestividade da ala política em aprovar medidas de alto potencial fiscal", comentou, em relatório. Na próxima semana, no mesmo dia do Copom, haverá reunião do Federal Reserve, com expectativa de aperto de 25 ponto-base no juro americano. (Denise Abarca - [email protected])

18:27

 Operação   Último 

CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 11.55

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

MERCADOS INTERNACIONAIS

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou novas sanções contra a Rússia, em coordenação com os demais membros do G7. Os EUA e seus aliados pretendem acabar com o status de nação mais favorecida para produtos russos e impedir que o país possa ter acesso a fundos de instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial. Biden disse que a Rússia está isolada internacionalmente e culpou o país pela alta recente na inflação. O presidente russo, Vladimir Putin, sinalizou mais cedo avanços positivos em diálogo com a Ucrânia, mas outros relatos sugerem que uma solução pode demorar. Nesse quadro, as bolsas de Nova York fecharam em baixa, perdendo fôlego após o dado de confiança nos EUA da Universidade de Michigan, que mostrou piora no sentimento e expectativa de mais inflação nos próximos 12 meses pelos consumidores americanos. No câmbio, o dólar se fortaleceu, enquanto os juros dos Treasuries não tiveram sinal único, porém com o retorno da T-note de 2 anos em alta - o bônus é mais sensível à política monetária, em um contexto de ampla expectativa por elevação de juros na próxima quarta-feira pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Entre as commodities, o petróleo registrou alta forte, com Rússia no radar e após a União Europeia anunciar a suspensão das negociações por um acordo nuclear com o Irã.

O fato de Putin ter falado em "desdobramentos positivos" nas conversas com o governo ucraniano chegou a apoiar a tomada de risco mais cedo, mas o quadro predominante foi de volatilidade nos mercados. Segundo uma autoridade ucraniana que pediu anonimato citada pelo site americano Axios, o premiê de Israel sugeriu que a Ucrânia aceite os termos da Rússia pela paz, o que a administração de Volodymyr Zelensky não estaria disposta a fazer. Além disso, os EUA anunciaram mais sanções à tarde, em coordenação com o G7. A União Europeia afirmou que prepara uma quarta rodada de sanções contra a Rússia, enquanto avalia o pedido da Ucrânia de entrada no bloco. Biden ainda alertou contra o uso de armas químicas, dizendo que caso a Rússia dê esse passo pagará um "preço severo".

Nos mercados, as bolsas de Nova York terminaram em queda, piorando ao longo do dia. Entre os setores, serviços de comunicação e tecnologia estavam entre as baixas, pressionando o Nasdaq, que fechou em queda de 2,18%, em 12.843,81 pontos. O Dow Jones registrou baixa de 0,69%, a 32.944,19 pontos, e o S&P 500 caiu 1,30%, a 4.204,31 pontos. Na semana, o Dow Jones teve baixa de 1,99%, o S&P 500 recuou 2,88% e o Nasdaq, 3,53%.

Entre os Treasuries, os retornos subiram em parte do dia, mas terminaram sem sinal único: o da T-note de 2 anos avançava a 1,735%, o da T-note de 10 anos caía a 1,991% e o do T-bond de 30 anos recuava a 2,357%. O NatWest destaca que o Fed deve confirmar a expectativa e elevar os juros em 25 pontos-base na quarta-feira, em reunião que terá projeções atualizadas do BC americano. No monitoramento do CME Group, 95,9% das apostas no fim desta tarde eram de uma elevação de 25 pontos-base na próxima semana. Já na agenda de indicadores de hoje, o sentimento do consumidor dos EUA recuou a 59,7 na preliminar de março, abaixo da previsão, e com a expectativa de inflação em 12 meses no país subindo de 4,9% a 5,4%. O Goldman Sachs destaca que essa expectativa é a mais alta desde 1981 no país.

No câmbio, o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, ganhou mais fôlego à tarde, terminando o dia em alta de 0,63%, em 99,124 pontos, com ganho semanal de 0,48%. No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 117,32 ienes, o euro caía a US$ 1,0910 e a libra tinha baixa a US$ 1,3032. Ao comentar o câmbio nesta semana, a Capital Economics diz que houve alguns sinais de estabilização, mas considera que o rali do dólar pode retomar fôlego nos próximos dias, com o Fed no radar.

O dólar forte não impediu a alta forte do petróleo. Além do conflito na Ucrânia e seus impactos, chamou a atenção a notícia da suspensão das conversas das potências com o Irã sobre seu programa nuclear. Em caso de acordo, Teerã poderia vender mais óleo nos mercados internacionais. A Eurasia comenta que a obstrução da Rússia a um pacto lança incerteza nas negociações, citando autoridades iranianas que ainda veem espaço para um acordo em breve, mas culpando Washington pelo impasse. Para a consultoria, após as notícias de hoje as chances do acordo se concretizar recuaram de 70% a 65%. O contrato do WTI para abril fechou em alta de 3,12%, em US$ 109,33 o barril, na Nymex, e o Brent para maio subiu 3,05%, a US$ 112,67 o barril, na ICE. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

BOLSA

Em meio à guerra na Ucrânia, vindo de duas semanas nas quais o desempenho das commodities deu sustentação ao índice com ganhos de 0,23% e 1,18% (em ordem crescente), o Ibovespa quebrou a série positiva ao acumular perda de 2,41% no intervalo das últimas cinco sessões, o maior revés semanal desde meados de novembro passado. A semana foi de recuperação parcial na Europa, mas ainda negativa em Nova York, que nesta sexta-feira também acentuou perdas perto do fechamento.

Hoje, a referência da B3, piorando após as 17h, encerrou o dia em baixa de 1,72%, aos 111.713,07 pontos, entre mínima de 111.331,84 e máxima de 114.627,23, saindo de abertura aos 113.663,92 pontos. Moderado, o giro ficou em R$ 28,3 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa se inclina também ao negativo (-1,26%), ainda avançando 6,57% no ano.

O IPCA de fevereiro, acima da mediana das expectativas e no maior nível para o mês desde 2015, contribui para a percepção de que o Copom, na reunião da semana que vem, possa vir mais rigoroso do que se estimava, tendo em vista os aumentos de dois dígitos na gasolina, no diesel e no gás de cozinha, em vigor desde hoje, e os efeitos globais decorrentes das cotações de energia e grãos, caso o conflito no leste europeu e as sanções sobre a Rússia permaneçam por longo tempo.

Em relatório a clientes, o banco suíço Julius Baer avalia que a invasão da Ucrânia pela Rússia é um “choque massivo”, uma mudança de paradigma com consequências duradouras para a economia global, na restrição de oferta, o que implicará o fim do longo período em que BCs puderam apoiar os esforços estatais para estimular de forma ampla as respectivas economias. Em um cenário de “inflação estruturalmente mais alta”, haverá custo “em termos de padrão de vida”.

Não à toa, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que enfrentará eleições de meio de mandato no fim do ano sob risco de perder maioria no legislativo, tem reiterado nos últimos dias que o presidente russo, Vladimir Putin, é o maior responsável pelo descontrole da inflação - que pode se agravar caso os maiores BCs não atuem com rapidez. Ontem, a inflação ao consumidor em 12 meses até fevereiro chegou a 7,9% nos EUA, ainda no maior nível em 40 anos. Assim como o Copom, o comitê de política monetária do Federal Reserve se reúne nesta terça (15) e quarta (16).

"Assim como o BCE (Banco Central Europeu) esta semana, o Fed tem à frente uma tarefa homérica: atuar de maneira a combater a inflação, já em níveis extremamente altos, mas sem comprometer a economia - e tudo isso em um cenário de baixíssima previsibilidade", aponta em nota a Guide Investimentos.

Em contexto de incerteza e aversão a risco, o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira trouxe poucas alterações nas expectativas do mercado para as ações no curtíssimo prazo. Entre os participantes, a previsão de ganhos para o Ibovespa na próxima semana, que na pesquisa anterior tinha fatia de 46,15%, oscilou para baixo, a 42,86%. Para outros 42,86%, o período entre 14 e 18 de março será de estabilidade e para 14,29%, de queda, ante 38,46% e 15,38%, respectivamente, no levantamento anterior.

Nesta sexta-feira, a má recepção do mercado ao balanço da Tenda, especialmente em relação à gestão de custos da empresa, pressionou o desempenho do setor de construção, em dia no qual as ações com exposição à economia doméstica, mais sensíveis à curva de juros, foram os principais “draggers”, observa Naio Ino, gestor de renda variável da Western Asset. Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para MRV (-11,89%), à frente de Méliuz (-8,37%), Marfrig (-6,85%), Americanas ON (-6,82%) e Eztec (-6,44%). No lado oposto, Telefônica Brasil (+1,16%), TIM (+0,95%) e Klabin (+0,87%).

A acentuação de perdas no fim do dia coincidiu com as de Petrobras (ON -2,36%, PN -3,59%) mesmo com o desempenho positivo do petróleo na sessão, com ganho na casa de 3%. Vale ON também se alinhou ao dia negativo, fechando em baixa de 0,52%. Entre os grande bancos, as perdas chegaram a 1,99% (BB ON) - apenas Santander (Unit +0,22%) conseguiu evitar desempenho negativo, no fechamento.

A piora vista no fim da sessão acompanhou deterioração em Nova York, mas também refletiu fatores domésticos. A Justiça Federal deu 72 horas para o governo se manifestar em uma ação que contesta o aumento do preço de combustíveis. Ontem, 10, a Petrobras anunciou alta nos preços da gasolina, em 18,7%; do diesel, em 24,9%, e do gás de cozinha, em 16%. Em outro desdobramento, transportadores de carros e de combustíveis decidiram parar os caminhões em suas bases e não fazer novas viagens a partir desta sexta-feira. Wanderlei Alves, o Dedeco, um dos líderes da grande paralisação de 2018, diz que ao menos quatro Estados participarão dos protestos de caminhoneiros: São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Pará.

No quadro mais amplo, a guerra, que “não estava no radar na magnitude em que ocorreu”, deixa o mercado muito exposto às idas e vindas no noticiário sobre o conflito, um pouco mais esperançoso nos momentos em que a Rússia mostra alguma disposição para negociar, e mais pessimista quando se fala em novas sanções ou quando os contatos diplomáticos fracassam, aponta o gestor. “Pela exposição que a Bolsa aqui tem a commodities e a setores afins, como o de siderurgia, o fluxo continua a vir, pelo hedge, a proteção que se tem nas ações desses setores frente à inflação.”

“Desde a última ata (do Copom), a situação mudou e o mercado espera na semana que vem alguma sinalização sobre os passos futuros, com os juros convergindo para mais perto de 13% e expectativa de que o início do ciclo de redução provavelmente será postergado”, acrescenta Ino. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:22

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 111713.07 -1.71565

Máxima 114627.23 +0.85

Mínima 111331.84 -2.05

Volume (R$ Bilhões) 2.83B

Volume (US$ Bilhões) 5.64B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112910 -1.48329

Máxima 115825 +1.06

Mínima 112145 -2.15

CÂMBIO

A cautela deu o tom aos negócios no mercado de câmbio doméstico na tarde desta sexta-feira (11), com investidores remontando posições defensivas às vésperas do fim de semana diante das incertezas sobre o desenrolar da guerra na Ucrânia e eventuais impactos de novas sanções econômicas à Rússia. As variações da taxa de câmbio ao longo do dia se deram em sintonia com o apetite ao risco e o comportamento da moeda americana no exterior.

Pela manhã, na esteira de declarações do presidente russo, Vladimir Putin, de "mudanças positivas" nas negociações com a Ucrânia, investidores saíram às compras. Por aqui, o dólar à vista rompeu o piso de R$ 5,00 e desceu até a mínima de R$ 4,9851, com operadores relatando fluxo estrangeiro. À tarde, um pacote de informações que apontam para um recrudescimento das tensões entre Ocidente e Rússia jogou o petróleo para cima e fez a moeda americana acelerar os ganhos no exterior. Em conjunto com líderes do G7, o presidente americano, Joe Biden, anunciou novas medidas contra a Rússia e houve alertas dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU) sobre possível uso de armas químicas pelos russos na Ucrânia, rebatidos por representantes chineses.

Com piora do humor lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - superou a barreira dos 99 mil pontos e atingiu máxima aos 99,140 pontos, sobretudo graças ao avanço ante o euro. A moeda americana também ganhava força em relação à ampla maioria de países emergentes, com raras exceções do peso colombiano e da lira turca, além do rublo.

Por aqui, o dólar à vista não apenas voltou a ser negociado acima de R$ 5,00 como correu até a máxima de R$ 5,0586. No fim do dia, a moeda americana era cotada a R$ 5,0541, em alta de 0,76%. Apesar disso, a divisa ainda termina a semana com desvalorização de 0,48%, o que leva as perdas acumuladas em março a 1,97%. Com o mercado à vista já fechado, surgiu a informação de que transportadores de carros e de combustíveis decidiram parar e não fazer novas viagens a partir de hoje, sob alegação de que a alta dos preços dos combustíveis anunciada ontem pela Petrobrás. inviabilizou o frete.

"O dólar já caiu bastante neste ano. Temos as incertezas da guerra e ninguém quer passar o fim de semana descoberto. Tem também essa expectativa de que o Fed pode adotar na semana que vem um tom mais duro contra a inflação, o que favorece o dólar", afirma o gerente de câmbio, Reginaldo Galhardo, em referência à decisão de política monetária do Banco Central americano na quarta-feira (16), quando o Banco Central brasileiro também anunciará a nova taxa Selic.

Galhardo observa que, após a rodada recente de apreciação, o real experimenta um período de acomodação. Não haveria apetite para apostas mais contundentes a favor da moeda brasileira, tendo em vista as incertezas no exterior. Mas também não há espaço para montagem de posições mais fortes compradas em dólar (que ganham quando a moeda sobe), já que os juros locais são extremamente elevados e pode haver nova leva de entrada de recursos externos em ambiente de preços elevados das commodities.

"Isso faz o dólar ficar sem uma direção clara. Não tem força para subir até R$ 5,10 e, quando cai abaixo de R$ 5, já entra comprador", diz Galhardo, acrescentando que, além dos desdobramentos da guerra, a taxa de câmbio pode começar a sentir mais a influência da elevação de juros nos países desenvolvidos e da corrida eleitoral doméstica.

A alta de 1,01% IPCA de fevereiro, acima da mediana das previsões de 0,94% na pesquisa do Projeções Broadcast, realimenta as expectativas de taxa Selic terminal acima de 13%, o que amplia o diferencial de juros e interno e, em tese, aumenta a atratividade das operações de carry trade. Por outro lado, a taxa de câmbio nominal tende a se ajustar para cima com inflação pressionada e o aperto monetário mais intenso ameaça derrubar a economia, o que pode desestimular a entrada de capitais.

Diversos departamentos econômicos de instituições financeiras - como Banco Fibra, Necton, Barclays e Citi - revisaram para cima as projeções para o IPCA deste ano, que se fixam acima de 6%. A expectativa é que, diante das pressões da inflação corrente, o Copom opte, na semana que vem, por uma alta de 1 ponto porcentual da taxa Selic, para 11,75% ao ano.

"A curva de juros deu uma forte estressada. E essa inflação ainda não reflete o reajuste dos combustíveis. A expectativa é que o processo de alta juros seja mais longo", afirma o especialista Nicolas Farto, da Renova Invest. "A inflação é ruim, mas taxas de juros são muito atraentes. É muito difícil o estrangeiro deixar de colocar dinheiro aqui".

Farto observa que modelos econométricos apontam para um valor justo do dólar entre R$ 4,80 e R$ 4,85, mas que a taxa de câmbio resiste a fechar abaixo do piso psicológico de R$ 5,00 muito por conta das incertezas externas, tanto relacionadas à guerra quanto ao ritmo de alta de juros nos Estados Unidos. "O Jerome Powell (presidente do Fed) já sinalizou com a alta de 0,25 ponto (porcentual). O comunicado é mais importante para se saber se ele vai acelerar para 0,50 ponto na próxima reunião e qual a alta da taxa contratada para o ano. Vamos ver como o dólar se comporta se o Fed for mais duro", diz o especialista da Renova Invest. (Antonio Perez - [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.05410 0.7596 5.05860 4.98510

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5105.500 1.18918 5111.000 5013.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5086.237 09/03    

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