Depois de contrariarem a tendência externa nos últimos pregões, o real e o Ibovespa cederam à pressão vendedora hoje e realizaram os ganhos acumulados na semana, assim como nos DIs houve recomposição de prêmios. Além do movimento técnico, os sinais de que dias difíceis virão na economia mundial desaguaram em cautela local. Além do aperto monetário em curso nas principais economias, com reforço hoje da posição hawkish por parte do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, há o medo crescente de que a luta contra a inflação vai golpear também a atividade econômica. As prévias dos PMIs de setembro dos Estados Unidos e da Europa eram o fator que faltava para disparar ainda mais a onda de aversão ao risco. Assim, o Dow Jones terminou o dia com queda de 1,62%, computando baixa semanal de 4,00%. Em pontos, o índice atingiu o menor nível desde o fim de 2020. O S&P 500 cedeu, respectivamente, 1,72% e 4,65%. E o Nasdaq caiu 1,80% e 5,07%. A T-note de 2 anos subiu mais de 300 pontos-base na semana, enquanto a de 10 anos avançou além dos 200 pontos. O DXY superou os 113 pontos na máxima hoje e saltou mais de 3% desde a sexta-feira passada. Internamente, o Ibovespa chegou a variar mais de 3 mil pontos hoje entre a máxima (na casa de 114 mil pontos, na abertura) e a mínima (em 110,7 mil). Ao fim do dia, o índice marcava 111.716,00 (-2,06%). Na semana, o ganho saiu da faixa de 4,3% ontem para 2,23% no fechamento de hoje. Os juros futuros subiram nesta sexta-feira mais de 20 pontos nos vencimentos de prazo mais longo, mais sensíveis à piora externa. Ainda assim, tiveram queda ante a sexta-feira passada. Contudo, o recuo mais intenso das taxas foi nos vértices curtos, à medida que o mercado desafiou a narrativa do Banco Central de que a Selic permanecerá inalterada por mais tempo do que o projetado. Já no câmbio, a subida do dólar hoje foi capaz até de zerar os ganhos do real na semana em alguns momentos da sessão. Ao fim do dia, a moeda americana à vista estava cotada aos R$ 5,2485, alta diária de 2,62% e perda semanal de 0,20%.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•BOLSA
•JUROS
•CÂMBIO
MERCADOS INTERNACIONAIS
As bolsas de Nova York fecharam no vermelho e acumularam perdas de até 5% nesta semana, marcada pela alta de juros do Federal Reserve (Fed) e diversos outros bancos centrais ao redor do mundo. O índice Dow Jones caiu ao menor patamar desde o fim de 2020. Presidente do BC dos Estados Unidos, Jerome Powell reforçou seu compromisso de que usará as ferramentas disponíveis para lidar com o "novo normal" da economia e levou Wall Street às mínimas. Entre ativos considerados seguros, os juros dos Treasuries ficaram sem sinal único, enquanto o dólar se fortaleceu ante rivais, com o índice em 113 pontos. A força da divisa norte-americana pressionou os preços do petróleo, que tombaram 5%. O contrato do WTI perdeu a marca de US$ 80 por barril, nos níveis mais baixos desde o início da guerra na Ucrânia. Os temores quanto à recessão global e o estímulo fiscal pelo governo britânico seguiram no radar.
"Continuamos a lidar com uma situação econômica excepcional, à medida que os dirigentes estão comprometidos a usar todas as ferramentas para ver a economia superar esse período desafiador", disse Powell em evento nesta tarde. Com a alta inflação persistente nos Estados Unidos e as perspectivas atualizadas pelo Fed, há a possibilidade de aumento de juros em 100 pontos-base (pb) ou mais ainda neste ano, afirma o Stifel. Apesar das ponderações de Powell sobre sinais de fraqueza na economia, as projeções para crescimento e mercado de trabalho seguem "surpreendentemente otimistas", avalia o banco de investimentos. "A partir dessas perspectivas opostas, podemos inferir que o Fed está superestimando a necessidade de mais aumentos de juros para conter a inflação ou está subestimando as dificuldades que aumentos adicionais terão".
Analista da Oanda, Edward Moya diz que o mercado de Treasuries mostra que está acreditando firmemente que Powell está preparado para a luta contra a inflação. "Parece que um 'pouso bruto' está se tornando mais provável e liderando a rodada de aversão a risco", comenta. Moya afirma ainda que, a cada leitura melhor do que o esperado para a economia, os operadores antecipam que o Fed apertará a política monetária ainda mais agressivamente. "Os índices de gerente de compras (PMIs) preliminares dos EUA de hoje mostraram que a atividade comercial melhorou e a inflação dos custos de insumos teve alívio. O resto do mundo está vendo fortes leituras de contração e isso manterá a pressão de venda do mercado de ações generalizada", afirma.
Diante das condições mais apertadas, o Goldman Sachs revisou para baixo sua produção para o preço-alvo do S&P 500 ao fim do ano, de 4,3 mil a 3,6 mil pontos. A previsão para daqui a 6 meses é também de 3,6 mil pontos e para um ano, 4 mil pontos. No fechamento, o S&P 500 caiu 1,72%, a 3.693,23 pontos, e o Nasdaq perdeu 1,80%, a 10.867,93 pontos, nas pontuações mais baixas desde junho deste ano. Já o Dow Jones teve queda de 1,62%, a 29.590,41 pontos, no menor patamar desde novembro de 2020.
Na renda fixa, no fim da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de 2 anos subia a 4,194%, o da T-note de 10 anos caía a 3,681% e o do T-bond de 30 anos cedia a 3,598%. A Oxford Economics comenta, em nota, que os juros subiram na primeira metade da semana, com os títulos sendo vendidos à espera do Fed e com alta de 100 pb pelo Riksbank, banco da Suécia, provocando os mercados. Os retornos operaram nos últimos dias nos maiores níveis em vários anos.
Quanto ao câmbio, a cautela favoreceu o dólar ante rivais. O índice DXY registrou alta de 1,65%, a 113,192 pontos, com ganho de 3,12% na comparação semanal. Na marcação, o dólar subia a 143,42 ienes, o euro recuava a US$ 0,9691 e a libra tinha baixa a US$ 1,0875. Na Europa, as atenções se voltam para a eleição italiana neste domingo, 25, que deve definir o próximo premiê do país. A favorita ao pleito é Giorgia Meloni, que se tornaria a primeira mulher no cargo e representa a coalizão de direita. O risco fiscal se torna foco de analistas, como mostrou reportagem especial publicada hoje às 13h40.
Já no Reino Unido, investidores digeriam a nova rodada de estímulos à economia. Para a Capital Economics, é possível que o impulso pelo governo seja apenas temporário e acarrete em juros mais altos e dívida pública também mais elevada.
Neste cenário de cautela e força do dólar, o petróleo WTI para novembro fechou em queda de 5,69% (US$ 4,75), em US$ 78,74 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), no patamar mais baixo desde o início da guerra russa na Ucrânia. Já na Intercontinental Exchange (ICE), o Brent para o mesmo mês recuou 4,76% (US$ 4,31), a US$ 86,15 o barril. Na comparação semanal, as quedas foram de 7,10% e 5,69%, respectivamente.
Em comunicado, o G7 afirmou que não irá reconhecer os "falsos referendos" que ocorrem hoje em regiões ucranianas ocupadas por tropas de Moscou e condenou "veementemente" a movimentação. (Ilana Cardial - [email protected])
BOLSA
A cautela em torno da economia global se impôs ao câmbio e à Bolsa nesta última sessão da semana, após descolamento em certos trechos do período, antes e mesmo depois do evento mais aguardado do intervalo, a decisão sobre juros nos Estados Unidos, na quarta-feira. Hoje, o Ibovespa fechou em baixa de 2,06%, aos 111.716,00 pontos, após ter encerrado o dia anterior em alta de 1,91%, aos 114 mil pontos, no maior nível desde abril. Mais do que devolvendo a alta de ontem, a retração desta sexta-feira foi a maior desde o último dia 13 (-2,30%). Ainda assim, a referência da B3 conserva ganho de 2,23% na semana, após perda de 2,69% na anterior. No mês, sobe 2,00% e, no ano, 6,58%. O giro financeiro foi a R$ 35,2 bilhões na sessão.
"As autoridades monetárias têm elevado o tom no combate à inflação e o custo, para isso, é o de bolsas em queda e atividade econômica mais fraca", observa em nota a Guide Investimentos, destacando nesta sexta-feira as leituras preliminares sobre os índices de atividade na Europa neste mês de setembro. "A avaliação para a economia europeia é extremamente negativa. Além de contar com pressões de custo devido à crise energética, o controle da inflação pelo BCE (Banco Central Europeu) dificilmente conseguirá evitar um 'hard landing' (pouso forçado da economia)."
O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou nesta sexta-feira que a instituição está determinada a usar suas ferramentas para lidar com o que ele definiu como o "novo normal da economia americana". "Continuamos a lidar com uma situação econômica excepcional, à medida que os formuladores de políticas estão comprometidos em usar todas as ferramentas para ver a economia superar esse período desafiador", destacou, em discurso de abertura em evento.
A cautela quanto ao ritmo de atividade nas maiores economias pressionou o petróleo nesta última sessão da semana, afetando diretamente o desempenho do Ibovespa, com perdas superiores a 6% tanto para Petrobras ON (-7,06%) como para a PN (-6,26%) no fechamento. Mesmo com avanço de 1,34% para o minério de ferro em Dalian, na China, Vale ON (-2,07%) e as siderúrgicas (CSN ON -1,16%, Usiminas PNA -2,31%) não escaparam do sinal negativo na sessão, assim como outro setor de grande peso no índice, o financeiro (Itaú PN -1,97%, Bradesco ON -2,07%).
Prevaleceu na sessão "a interpretação de que a recessão mundial diminuirá a demanda global pelas commodities - o mesmo cenário se desenhou para minério de ferro e siderurgia, setores que caíram em média 2,5%", aponta Gabriel Felix, especialista em renda variável da Blue3. O petróleo WTI para novembro fechou em queda de 5,69% (US$ 4,75), a US$ 78,74 o barril, enquanto a referência global, o Brent, cedeu 4,76% (US$ 4,31), a US$ 86,15 por barril, para o mesmo mês.
Ainda assim, o otimismo do mercado financeiro para as ações na B3, no curtíssimo prazo, teve impulso no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, nenhum deles espera queda para o Ibovespa na próxima semana e a parcela dos que preveem alta saltou a 70,00%, enquanto 30,00% contam com variação neutra. Na pesquisa anterior, 53,33% estimavam ganhos e 40,00%, perdas para a Bolsa nesta semana, enquanto a expectativa era estabilidade para 6,67%.
Na ponta positiva do Ibovespa, destaque nesta sexta-feira para Equatorial (+7,75%), movida pela aquisição da Celg-D, à frente de Petz (+4,49%) e de Fleury (+3,69%). "Com um múltiplo de valor de firma sobre a base de ativos regulatória (EV/RAB) estimado em 0,94 vezes, tudo indica que a Equatorial adquiriu a Celg-D em um patamar de preço atrativo, de desconto, inclusive sobre outras aquisições recentes de distribuidoras pelo grupo (1,8 vezes na CEA e 2,0 vezes na CEEE-D)", aponta o analista Bernardo Viero, da Suno Research. No lado oposto do Ibovespa na sessão, Embraer (-7,46%), Petrobras (ON -7,06%) e Azul (-6,81%).
"Ontem, o Brasil havia sido um destaque impressionante, com descolamento não só da Bolsa, e em volume alto, mas também em outros ativos, como no câmbio, com o dólar chegando a ficar perto de R$ 5,10, e também nos juros futuros - um rali (de ativos brasileiros) que pode ser visto como de final de ciclo de alta da Selic, confirmado na quarta-feira com a taxa a 13,75%. Há uma demanda latente por Brasil, que ainda está barato", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. "Mas, como visto hoje, numa queda muito forte lá fora, dificilmente o Brasil vai se segurar", acrescenta o economista, referindo-se ao temor de recessão nos Estados Unidos e à forte pressão sobre os juros globais.(Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:32
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 111716.00 -2.06406
Máxima 114046.98 -0.02
Mínima 110731.90 -2.93
Volume (R$ Bilhões) 3.52B
Volume (US$ Bilhões) 6.73B
17:34
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 112405 -1.99233
Máxima 113360 -1.16
Mínima 111330 -2.93
Volta
JUROS
Os juros passaram por uma correção parcial do movimento de queda ontem e fecharam com taxas em alta, tendo a aversão ao risco nos mercados internacionais como ponto de partida. O avanço foi forte na ponta longa, de maior sensibilidade a eventos externos, enquanto as taxas curtas, justamente as que mais tinham cedido, tiveram ajuste mais moderado. O temor sobre o resultado da combinação entre inflação, aperto monetário e recessão na Europa e nos Estados Unidos cresceu hoje com a divulgação de índices de gerentes de compra (PMIs, em inglês) destoando das expectativas e o plano de estímulo fiscal no Reino Unido. Por aqui, a agenda esteve esvaziada e resta agora saber se a ata do Copom e a entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, após o Relatório de Inflação (RI) na próxima semana serão capazes de convencer o mercado de que a Selic não deve cair tão cedo. Na semana, as taxas tiveram queda, mais expressiva nos vencimentos curtos, conferindo leve ganho de inclinação à curva.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,68%, de 13,675% ontem no ajuste e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,782% para 12,825%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 11,625%, de 11,481% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 teve taxa de 11,41%, de 11,183%. Na semana, a ponta curta caiu em torno de 40 pontos-base e a longa, cerca de 30 pontos.
O sinal de alta nas taxas se instalou logo na abertura, refletindo o pessimismo no exterior com PMIs fracos sugerindo recessão na zona do euro e no Reino Unido, com o mercado ainda tendo de digerir um megapacote fiscal anunciado pelo governo britânico, que levará a um forte endividamento - custará mais de 150 bilhões de libras nos próximos dois anos, segundo analistas. A libra tombou e os juros dos gilts dispararam. Na curva americana, a taxa da T-Note de 2 anos subiu ainda mais, para perto de 4,20% no fim da tarde, com o PMIs Composto nos EUA no maior nível em 3 meses endossando a percepção de um Federal Reserve agressivo. Mas os rendimentos dos papéis longos cederam, refletindo a busca pela segurança, que também impulsionou o dólar de forma generalizada. No Brasil, fechou perto de R$ 5,25.
"Hoje os ativos se dividem entre o receio de uma recessão mais acentuada, impactando as commodities, que caem forte, como o petróleo, agora próximo dos U$ 80, e o risco dos BCs não conseguirem controlar a inflação, levando as curvas de juros a uma nova e forte abertura de taxas", resumiu o operador de renda fixa da Renascença DTVM Luis Felipe Laudísio.
À tarde, a cautela teve ainda o reforço de declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, segundo o qual a instituição está determinada em usar suas ferramentas para lidar com o que ele definiu como o "novo normal da economia americana".
Nesse desenho, a ponta longa abriu mais de 20 pontos-base. O efeito externo transbordou um pouco também para os DIs curtos, via câmbio, e as taxas terminaram com viés de alta.
Para a economista-chefe da B. Side Investimentos, Helena Veronese, o exterior adverso abriu espaço para a correção. Não fosse isso as taxas talvez não tivessem subido, enquanto a ponta curta "continua na contramão da mensagem hawkish" do BC. "Até agora não deu para entender o comportamento do mercado", disse ela, referindo-se ao alívio nos prêmios ontem no pós-Copom. Para Veronese, é natural que, após o fim do ciclo de alta, comece um debate sobre o início dos cortes, mas com a inflação de serviços pressionada e as expectativas ainda desancoradas, a Selic deve permanecer nos 13,75% até o segundo semestre de 2023.
No podcast Diário Econômico, o economista-chefe do Banco Original, Marco Antonio Caruso, destaca que, na próxima semana, com a divulgação da ata do Copom e do Relatório de Inflação, o Banco Central terá oportunidade de "reforçar que não lhe interessa essa antecipação de queda da Selic que o mercado está fazendo. "No RTI, vamos entender melhor qual é a altura, de fato, do travessão que ele quer para começar a reduzir a taxa", afirma.
Como para ele o corte de juros só virá quando a inflação começar a ceder de forma mais clara, papéis prefixados devem começar a ganhar espaço nas carteiras de renda fixa, em detrimento das NTN-B. "Papéis pós ainda têm espaço relevante, pois a Selic vai demorar para cair", prevê. (Denise Abarca - [email protected])
17:33
Operação Último
CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 13.66
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 13.65
Over Selic (%a.a) 13.65
CÂMBIO
Após um descolamento do conturbado ambiente externo nos últimos dias, o real foi engolfado nesta sexta-feira (23) pela onda de aversão ao risco que tomou conta dos mercados mundo afora. A degringolada da economia europeia, atestada por leitura decepcionante de PMIs, e a perspectiva de aperto monetário mais intenso e forte nos Estados Unidos, dado o tom duro do Federal Reserve no combate à inflação, provocou uma corrida global à moeda norte americana e deprimiu preços de commodities.
Com o espectro de recessão nas economias desenvolvidas no radar, o dólar já iniciou o dia em alta firme, acima de R$ 5,20, e correu até o patamar de R$ 5,25 no início da tarde. A máxima, a R$ 5,2644 (+2,93%), veio nas últimas duas horas do pregão, em meio a uma queda mais aguda dos índices acionários em Nova York, replicada pelo Ibovespa, após fala do presidente do BC americano, Jerome Powell. No fim da sessão, a moeda subia 2,62%, a R$ 5,2485. Com isso, o dólar, que ontem apresentava queda acumulada de 2,76% nos últimos quatro dias, encerrou a semana com baixa de apenas 0,20%. No mês, apresenta ganhos de 0,90%.
"O real vinha se segurando bem nos últimos dias, com desempenho bom frente a uma cesta de moedas. Mas hoje, com as bolsas apanhando, queda das commodities e busca pela moeda americana, não resistiu", afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, que ainda mantém uma visão construtiva para ativos brasileiros, apesar das dúvidas em torno da política fiscal em 2023. "A economista está crescendo e temos taxas de juros altas a favor do real. Do outro lado, tem a possibilidade de mais queda de commodities e esse quadro de dólar forte no mundo.
Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - subiu mais de 1,5% e superou os 113,000 pontos, com máxima aos 113,228 pontos. O euro perdeu mais de 1,5% em relação ao dólar. A libra esterlina derreteu, com baixa superior a 3%, após o governo do Reino Unido anunciar plano de corte de impostos e subsídios, com custo estimado por analistas em mais 150 bilhões de libras nos próximos dois anos.
Com a busca pelo dólar, as taxas dos Treasuries mais longos, de 10 e 30 anos, recuaram, ao passo que o retorno da T-note de 2 anos, mais ligado à expectativa para a magnitude do ciclo de aperto monetário, subiu e tocou máxima a 4,2720%. As cotações do petróleo afundaram, com o tipo Brent para novembro - referência para a Petrobras - fechando em baixa de 4,76%, a US$ 86,15 o barril.
Dado preliminar do índice de gerentes de compras (PMI) composto da zona do euro (indústria e serviços) caiu de 48,9 em agosto para 48,2 em setembro - menor nível em 20 meses e abaixo de 50, o que indica retração da atividade. Indicadores do Reino Único e da Alemanha também decepcionaram. Do outro lado do Atlântico, o PMI composto dos EUA, da S&P Global, subiu de 44,6 em agosto para 49,3 em setembro, no maior nível em três meses.
"O aumento das expectativas de recessão global após a divulgação de dados fracos de atividade na zona do euro e pacote econômico heterodoxo no Reino Unido fortalecem o dólar globalmente", afirma o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, em relatório.
Enquanto a Europa afunda em meio a uma crise de preços de energia e há dúvida sobre até onde o Banco Central Europeu (BCE) pode ir com os juros, a economia americana ainda dá sinais de vitalidade, o que autoriza o Fed a apertar a política monetária. Em discurso hoje à tarde, Powell disse que o BC americano lida com uma "situação econômica excepcional" e que está "comprometido a usar todas as ferramentas para ver a econômica superar esse período desafiador".
Para Jolig, da Alphatree Capital, o mercado parece estar "finalmente entendendo" que o Fed vai fazer o que for necessário para conter a inflação, o que significa apertar as condições financeiras até que a economia desacelere e o mercado de trabalho esfrie. "O Fed vai subir os juros e acabar gerando uma recessão. Os outros BCs estão tentando reagir de uma forma atabalhoada, o que causa essa confusão nos mercados", afirma.
Pela manhã, o Banco Central brasileiro anunciou leilão de linha (venda de dólar com compromisso de recompra) de até US$ 2 bilhões, totalmente absorvido pelo mercado. Segundo operadores, a atuação do BC não está relacionada à arrancada da moeda americana, mas ao suprimento de uma demanda pontual por dólares para operação específica. (Antonio Perez - [email protected])
17:34
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.24850 2.624 5.26440 5.17110
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL 5265.500 2.69137 5273.000 5177.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5242.500 1.43866 5242.500 5242.500