TEMOR COM BANCOS REFLUI E ALIMENTA RISK ON EXTERNO, NEUTRALIZADO NO BRASIL POR FISCAL

Blog, Cenário

O apetite ao risco no cenário externo ganhou força na etapa da tarde, mas os ventos foram incapazes de dar fôlego aos ativos locais, penalizados por incertezas fiscais. O mercado internacional segue de olhos atentos à crise bancária dos países desenvolvidos, mas deram ânimo aos agentes falas como a da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, se comprometendo em garantir a solvência dos bancos médios para evitar contágio ao sistema. Desta forma, papéis do setor financeiro puxaram os ganhos nas bolsas de Nova York. Mas não apenas eles. Embalados pela volta do barril do Brent à marca de US$ 75 na esteira de mais reduções na oferta da Rússia, o segmento de energia teve boa performance. Assim, o índice Dow Jones subiu 0,98%, o S&P 500 ganhou 1,30% e o Nasdaq avançou 1,58%. A ida para a bolsa, a aparente calmaria financeira e a expectativa com a decisão do Federal Reserve amanhã impulsionaram a venda de Treasuries, com consequente elevação das taxas. Internamente, o noticiário envolvendo as contas públicas se impôs. Da manhã, veio a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adiando para a volta da viagem à China, no fim da semana que vem, a apresentação ao público do arcabouço fiscal. O que trava, segundo apuração do Estadão/Broadcast, é a busca por uma ampliação dos gastos com saúde e educação. Nesta queda de braço entre exterior positivo e dúvida fiscal, os ativos acabaram sem tração. O Ibovespa terminou o dia aos 100.998,13 pontos, alta de 0,07% - o sinal azul foi mantido quase que somente devido à Petrobras (PN +2,21% e ON +2,05%). O dólar à vista subiu aos R$ 5,2457 (+0,05%). E os juros futuros encerraram com leve viés de alta.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Com o mercado em compasso de espera pela decisão do Federal Reserve (Fed) de amanhã, os juros dos Treasuries avançaram, sendo que a expectativa amplamente majoritária é de uma alta de 25 pontos-base. Do outro lado, na renda variável, o apetite ao risco nos mercados acionários de Nova York ganhou força hoje. Uma perspectiva mais otimista com relação ao sistema bancário se espalhou, com comentários de autoridades, como os da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, levantando o coro de necessidade de fornecer liquidez aos bancos. A melhora do sentimento de risco também forneceu apoio ao petróleo no mercado futuro. O óleo ainda foi beneficiado pela desvalorização do dólar ante a maioria dos rivais e por temores com a oferta Rússia - país que vem mostrando proximidade ainda mais forte com a China, o que pode incomodar nações do Ocidente.

O Citi comenta que a narrativa de que "quando algo quebra, o Fed freia" está exercendo "um controle poderoso sobre os mercados". Assim, para o banco, os mercados estão subestimando substancialmente a probabilidade de que as taxas subam e depois permaneçam em níveis mais altos por mais tempo. Monitoramento do CME Group mostrava, por sua vez, perto do fechamento, uma chance de 86,4% de que ocorra uma elevação de 25 pontos-base nos juros pelo BC americano nesta quarta-feira, para a faixa entre 4,75% e 5,00%, com 13,6% de possibilidade de manutenção. Ontem, elas estavam em 73,8% e 26,2%, respectivamente.

A Oxford Economics ressalta que o Fed tem uma tarefa difícil esta semana, já que os dados econômicos apontam para um resultado, enquanto as condições nos mercados financeiros favorecem o contrário. "Nossa projeção é de que o Fed mantenha o foco na inflação e opte por elevar a meta para a taxa dos Fed Funds em 25 pontos-base para 4,75% a 5%. A orientação para a frente será mais dovish. Acreditamos que o forward guidance eliminará a frase 'aumentos contínuos serão apropriados'", conclui a consultoria. Assim, no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,166%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 3,598% e o do T-bond de 30 anos avançava a 3,725%.

Já os mercados de ações, segundo o estrategista-chefe global da Principal Asset Management, Seema Shah, não está precificando uma crise bancária completa. "Não há pânico se estabelecendo no espaço do investidor, o que certamente é uma coisa muito importante", disse ao Wall Street Journal. O Dow Jones fechou em alta de 0,98%, em 32.560,60 pontos, o S&P 500 teve alta de 1,30%, em 4.002,87 pontos, e o Nasdaq subiu 1,58%, a 11.860,11 pontos. Entre grandes bancos, JPMorgan subiu 2,68%, Goldman Sachs avançou 2,50%, Citigroup registrou ganho de 2,25% e Morgan Stanley, de 3,67%.

Grande parte do otimismo em Wall Street veio com as falas de Yellen, que afirmou que a situação após a crise nos Silicon Valley Bank (SVB) e Signature Bank está se estabilizando, e que o sistema bancário americano continua sólido. Ela ainda indicou que uma intervenção pode ser feita em bancos menores, sendo que é preciso garantir que o Fed possa fornecer a liquidez àqueles que necessitam.

"As ações dos EUA subiram, pois as autoridades sinalizam que farão o que for preciso para proteger o sistema bancário", concluiu Edward Moya, da Oanda. Para a Capital Economics, um clima de risco prevaleceu hoje em meio a preocupações mais brandas sobre o sistema bancário dos EUA. "Isso parece refletir uma visão de que a intervenção, talvez incluindo uma extensão do seguro FDIC para depósitos acima do limite atual de US$ 250.000, evitará novas crises. Faz sentido que isso acalme as preocupações mais agudas sobre os bancos regionais dos EUA, mas isso não significa que as perspectivas são todas cor-de-rosa. Afinal, os eventos recentes azedaram o que já parecia ser uma perspectiva bastante sombria para a economia dos EUA", destaca.

Com a melhora no melhora no apetite por risco global e pela expectativa de aperto na oferta da Rússia, os contratos futuros do petróleo fecharam em alta. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do WTI para maio fechou em alta de 2,73% (US$ 1,85), a US$ 69,67, enquanto o do Brent para igual mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), subiu 2,07% (US$ 1,53), a US$ 75,32.

Ademais, a desvalorização da cesta do dólar ante a maioria dos rivais ajudou a dar apoio. Em sessão marcada por volatilidade, o índice DXY encerrou com queda marginal de 0,02%, aos 103,256 pontos, por volta das 17h (de Brasília). O dólar avançou a 132,56 ienes, o euro subiu a US$ 1,0771 e a libra recuou a US$ 1,2215.

Hoje, o governo da Rússia anunciou que manterá o corte na produção de petróleo de 500 mil barris por dia até o final de junho, o que também deu fôlego para as negociações do óleo nesta sessão. No âmbito geopolítico, o presidente da China, Xi Jinping, disse hoje que assinou um acordo com seu homólogo russo, Vladimir Putin, levando seus laços a uma "nova era" de cooperação. Ainda, ele disse que a China está pronta para expandir a cooperação com a Rússia nas áreas de comércio, investimento, cadeia de suprimentos, megaprojetos, energia e alta tecnologia. (Letícia Simionato - [email protected])

Volta

BOLSA

Das últimas dez sessões foi apenas o terceiro ganho, mas o Ibovespa, diferentemente de ontem, conseguiu se conectar em parte do dia, ainda que à distância, ao sinal positivo do exterior nesta véspera de decisão sobre juros no Brasil como nos Estados Unidos. No fechamento, a referência da B3 mostrava ainda leve alta de 0,07%, aos 100.998,13 pontos, ante avanço entre 0,98% (Dow Jones) e 1,58% (Nasdaq) para os três índices de Nova York - na Europa, os ganhos ficaram acima de 1% nas principais praças, com destaque para Londres (+1,79%) e Frankfurt (+1,75%), em meio à moderação do receio em torno da possibilidade de uma crise bancária global.

Aqui, o pouco fôlego mostrado nesta terça-feira se relaciona à certeza, agora, de que o novo arcabouço fiscal levará mais tempo para ser anunciado oficialmente do que se antevia. Hoje, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a proposta será apresentada "por ocasião da remessa" do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 para o Congresso Nacional. Depois, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, acrescentou, em entrevista à GloboNews, que a ideia do governo é de que o arcabouço seja apresentado até meados de abril, com a LDO.

Assim, sem catalisadores para induzir uma recuperação mais forte do Ibovespa, e com giro na B3 limitado a R$ 17,9 bilhões na sessão - ainda mais fraco do que ontem -, as ações de Petrobras (ON +2,21%, PN +2,05%), que ainda acumulam perdas agudas no mês - respectivamente, de 8,49% e 7,29% -, foram favorecidas hoje pelo sinal positivo do petróleo, em alta na casa de 2% para o Brent e o WTI. Os grandes bancos, outro carro-chefe do Ibovespa, também tiveram recuperação parcial nesta terça-feira, com Itaú (PN +2,05%) à frente na sessão, em que Bradesco ON (-0,34%) foi a exceção entre as maiores instituições. Vale ON cedeu hoje 0,84%.

"A reação coordenada de grandes BCs, com provisão de liquidez por meio da abertura de linhas de swap, foi fundamental para que os temores sobre crise bancária refluíssem, embora esteja claro que a questão permanecerá no foco de atenção do mercado, especialmente se outros bancos vierem a aparecer em dificuldade", diz Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos.

"O ambiente melhorou a partir do exterior, e mesmo a reiteração de críticas do presidente Lula ao nível da Selic, hoje, na véspera do Copom, não trouxe grande ruído", acrescenta. Se por um lado Haddad, ao comentar o futuro arcabouço fiscal, disse que o Brasil tem sido, há muito tempo, um "prisioneiro do curto prazo", por outro, Lula voltou a criticar instituições financeiras ao afirmar que os bancos brasileiros querem viver de "especulação" e das "taxas de juros do governo". "Não é correto, não é possível", afirmou o presidente, durante entrevista à TV 247.

Sem o arcabouço fiscal, e com o governo ainda na ofensiva contra o nível da Selic, o mais provável é que, amanhã, o comunicado do BC não traga muita novidade, o que reforça a expectativa para a ata do Copom, na semana que vem. Amanhã, atenção também para a deliberação do comitê de política monetária do Federal Reserve sobre a taxa de juros de referência dos Estados Unidos, com expectativa majoritária para alta de 25 pontos-base. "O mais provável é que o Fed trará um aumento de 25 pontos-base, levando em conta que é preciso ancorar ainda as expectativas de longo prazo", diz Paulo, da Manchester.

"Tanto o dólar como a Bolsa operaram perto da estabilidade, com pouca volatilidade. Desde os últimos acontecimentos relacionados a bancos, cresceu a expectativa sobre a orientação das políticas monetárias, sobre para onde os BCs estão indo, com a percepção [dos agentes econômicos] de que o nível de juros já afetou a economia e o sistema [financeiro], com a escassez de crédito, que traz desaceleração da atividade e resulta em precificação de corte de juros [mais à frente]", diz Matheus Willrich, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.

Assim, com poucos fatores de estímulo ao apetite por risco, no recorte das últimas 10 sessões, iniciado em 8 de março de forma positiva, com ganho de 2,22% a 106,5 mil pontos, o Ibovespa acumula retração em torno de 5,5 mil pontos, oscilando na faixa em torno de 101 a 103 mil desde o dia 10, nos fechamentos - ontem, testou o nível de 100 mil, ao encerrar a 100.922,89 pontos, e hoje se manteve aos 100.998.

Na ponta do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para Alpargatas (+3,44%), Yduqs (+3,38%), Fleury (+3,36%) e Petz (+3,31%), com Locaweb (-5,97%), Carrefour Brasil (-4,20%), CSN Mineração (-4,05%) e Raízen (-3,64%) no lado oposto.

Eletrobras encerrou o dia em baixa (ON -3,48%, PNB -3,37%, mínima do dia no fechamento), após o presidente Lula ter voltado a se queixar da privatização da empresa, processo ao qual o mandatário se referiu como um "crime". O presidente criticou também a norma que determinou que a União tem limitação do poder de voto, de no máximo 10% em assembleias de acionistas, embora possua mais de 40% dos papéis com direito a voto. E disse que espera que, um dia, o Brasil volte a ser dono de sua "maior" empresa de energia. (Luís Eduardo Leal - [email protected]; com Giordanna Neves e Sofia Aguiar)

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 100998.13 0.07455

Máxima 101670.35 +0.74

Mínima 100922.79 -0.00

Volume (R$ Bilhões) 1.78B

Volume (US$ Bilhões) 3.40B

18:02

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 101910 0.25578

Máxima 102500 +0.84

Mínima 101555 -0.09

CÂMBIO

O mercado de câmbio doméstico trabalhou em marcha lenta nesta terça-feira, 21, véspera das decisões de política monetária aqui e nos Estados Unidos - eventos que ganharam ainda relevância diante dos temores recessivos provocados pelos problemas de liquidez dos bancos médios americanos. Com volume reduzido e trocas de sinais ao longo da sessão, o dólar encerrou o dia cotado a R$ 5,2457, em alta 0,05%. No exterior, a moeda americana apresentou comportamento misto tanto em relação a divisas fortes quanto emergentes.

Pela manhã, o dólar chegou a superar pontualmente o teto de R$ 5,25 e registrou máxima a R$ 5,2544 (+0,22%), em meio a críticas do presidente Lula ao nível da taxa de juros e à informação de que a divulgação da proposta do novo arcabouço fiscal, prevista para esta semana, ficará para depois da visita presidencial à China, de 26 a 31 de março. Na mínima, nos primeiros negócios do pregão, o dólar desceu até R$ 5,2179 (-0,48%).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia dado sinais de que as regras fiscais poderiam vir a público antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), no início da noite desta quarta-feira, 22. De posse das novas diretrizes para gestão das contas públicas e diante de deterioração do mercado de crédito, aqui e lá fora, especulava-se que o colegiado do BC poderia acenar no comunicado com redução da taxa Selic ainda no primeiro semestre.

Fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast afirmaram que o presidente Lula adiou a divulgação do arcabouço porque pretende encontrar um mecanismo para ampliar os gastos com saúde e educação. O presidente ontem disse que recursos destinados a essas áreas não podem ser classificados como "gastos". Mais cedo, Haddad afirmou que as novas regras fiscais serão apresentadas "por ocasião da remessa" do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 ao Congresso, cujo prazo legal é 15 de abril. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse à tarde, em entrevista à GloboNews, reiterou que a nova será apresentada em meados de abril.

O analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, observa que investidores mostraram apetite muito reduzido por negócios, com receio de exposição mais elevada na véspera de reunião do Federal Reserve e do Copom. "Havia expectativa em relação ao novo arcabouço fiscal, mas a divulgação acabou sendo adiada para o mês que vem. Apesar de o governo pressionar novamente o BC por causa dos juros, a perspectiva é de manutenção da Selic", afirma Gusmão, ressaltando que a taxa de câmbio trabalha em uma faixa mais estreita, entre R$ 5,20 e R$ 5,25.

O Bank of America (BofA) diminuiu a sua projeção para a taxa Selic no fim de 2023 de 11,75% para 11,0%, antecipando a expectativa de início do ciclo de cortes dos juros - hoje em 13,75% - de agosto para maio. A revisão de cenário leva em conta o aperto das condições de crédito do Brasil, embora sua concretização ainda vá depender dos termos do novo arcabouço fiscal, segundo o banco.

No exterior, o índice DXY - termômetro do comportamento do dólar frente a seis divisas fortes - operou entre ligeira queda e estabilidade, com perdas da moeda americana frente ao euro e alta na comparação com o iene. Entre divisas emergentes e de exportadores de commodities, com destaque para os ganhos de dois principais pares do real, o peso mexicano e o chileno.

Monitoramento do CME Group mostra quem são amplamente majoritárias as apostas de que o Federal Reserve vai anuncie amanhã à tarde uma elevação da taxa básica americana em 25 pontos-base. Na semana passada, sob impacto dos temores recessivos despertados pelos problemas no setor bancário, a possibilidade de pausa do processo de alto de juros chegou a rivalizar com a chance de novo aumento.

A atuação rápida das autoridades americanas para garantir a estabilidade do sistema, após os problemas de liquidez do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank, tirou de cena, por ora, o receio de uma crise aguda de crédito. Houve também a injeção de US$ 30 bilhões por 11 bancos dos EUA no First Republic Bank.

Ontem à noite, saiu a notícia de estudos para expansão do limite de depósitos garantidos pelo Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), caso as turbulências no sistema bancário se agravem. Na Europa, o UBS adquiriu o Credit Suisse com amplo apoio do banco central da Suíça. Houve também acordo que inclui possibilidade de swaps diários entre BCs de países europeus e o Fed para prover liquidez em dólares. (Antonio Perez - [email protected], com Cícero Cotrim)

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.24570 0.0515 5.25440 5.21790

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5256.000 0.06663 5266.000 5227.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5278.000 -0.07285 5278.000 5278.000

JUROS

Os juros futuros terminaram a terça-feira de lado, com viés de alta em alguns contratos, numa sessão novamente limitada pelas expectativas em torno das decisões de política monetária do Copom e Federal Reserve amanhã, uma vez adiada para abril a apresentação do novo arcabouço fiscal. A curva ensaiou uma melhora no período da tarde, quando chegou a oscilar em leve baixa, mas o alívio foi limitado, com as taxas voltando para os ajustes anteriores. Nem mesmo a forte correção no segmento de Treasuries conseguiu dar uma direção firme. A falta de apetite para os negócios transpareceu também no leilão de NTN-B do Tesouro, com lotes menores tanto em termos de volume quanto de risco para o mercado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,02%, de 12,98% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 12,08% pra 12,12%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,43%, de 12,44% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2029, em 12,91%, de 12,89%.

Embora um pouco acima do registrado ontem, o volume de contratos negociados continuou abaixo do padrão dos últimos 30 dias, uma vez que o investidor prefere aguardar pela sinalização dos bancos centrais amanhã. "O mercado esteve de lado, esperando pelo Fed e pelo Copom", resumiu Marcos Iório, gestor da Integral Investimentos, que acredita tanto na manutenção da Selic em 13,75% quanto no tom do comunicado da última reunião, com as variáveis de risco ainda apontando em ambas as direções.

Se de um lado, desde o Copom de janeiro, a perspectiva de apertos monetários agressivos pelos BCs refluiu - até pelo abalo gerado pelos problemas nos bancos -, por outro as expectativas de inflação pioraram, se afastando ainda mais das metas. "Apesar das pressões do governo por corte da Selic, o comunicado deve ser mantido", disse Iório. E a postergação do anúncio do arcabouço só reforça a ideia de que não deverá haver grandes mudanças. "Quando sair e for crível, aí pode abrir espaço para alteração", previu.

Desde ontem, o mercado já tentava se ajustar à possibilidade de a nova regra não sair antes do Copom, mas a movimentação do governo indicava que sairia nos próximos dias. De acordo com Lula, o marco fiscal será divulgado apenas após a viagem à China, que começa neste fim de semana e da qual o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, fará parte.

"Nós embarcamos sábado, Haddad não pode comunicar isso aí. Seria estranho, eu anuncio e vou embora. Haddad tem que anunciar e ficar aqui para responder, debater, dar entrevista, falar com sistema financeiro, com a Câmara dos Deputados, Senado, outros ministros", argumentou o presidente. Já o ministro disse que a proposta será apresentada "por ocasião da remessa" do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 para o Congresso, cujo prazo legal para o envio do é 15 de abril.

Segundo fontes ouvidas pelo Broadcast/Estadão, o presidente adiou a divulgação para a definição sobre o incremento dos gastos com saúde e educação. Os técnicos do governo estão fazendo as contas com base na vinculação de recursos prevista na Constituição para essas duas áreas e o reforço que pode ser feito depois da vigência do teto de gastos.

O economista Mauricio Oreng, do Santander, também trabalha com a ideia de que as linhas gerais no comunicado estarão preservadas. "Acreditamos que o BC não fará grandes mudanças no plano de voo, mantendo o sinal de que continuará avaliando se a estratégia de manter a Selic por um período prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação", afirmou, em relatório.

As taxas chegaram a ensaiar uma melhora no meio da tarde, tocando mínimas e com queda moderada na ponta longa, atribuída à informação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, de que Lula aprovou os nomes apresentados por Haddad como indicação às diretorias de Fiscalização e Política Monetária do Banco Central. No último dia 10, Haddad havia dito que sugeriu a Lula nomes de perfil acadêmico, técnico e de mercado. "Lula deu ok, mas quem indicou foi Haddad, que vinha conversando com Campos Neto. Ou seja, parece que não será alguém que Lula ou outrem sugeriu, mas sim um nome que Campos Neto levou para o Haddad e Lula endossou", afirma um economista para explicar o que pode ter sido o raciocínio do mercado.

Na gestão da dívida pública, o Tesouro vendeu 940.850 NTN-B, da oferta de 1,05 milhão. Enquanto os lotes mais curtos, de 750 mil e 150 mil para 2026 e 2033, foram absorvidos, não houve demanda integral pelos 150 mil títulos para 2050. O risco para o mercado (DV01) foi de US$ 297 mil. Na semana passada, a instituição havia vendido 1,481 milhão de títulos, com risco de US$ 627 mil. (Denise Abarca - [email protected])

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