TEMOR COM ATIVIDADE GLOBAL DERRUBA BOLSAS, PESA EM JUROS E PRESSIONA REAL

Blog, Cenário

A aversão ao risco permaneceu nos mercados globalmente na etapa da tarde, à medida que as dúvidas quanto ao futuro da atividade econômica se avolumam. O gatilho veio da confiança do consumidor dos Estados Unidos mais fraca do que o previsto por analistas, na esteira dos juros altos por lá. Mas além desse dado, a percepção do investidor é que a desaceleração econômica começa a aparecer com mais clareza nos balanços corporativos, alguns com números decepcionantes. Destaque para o do First Republic Bank, que mostrou um tombo de 40% nos depósitos no primeiro trimestre na esteira da crise que solapou o Silicon Valley Bank. A ação do banco mergulhou 49,38%, puxando o setor de tecnologia como um todo - movimento que arrefeceu no after hours após os balanços da Microsoft e da Alphabet. Entre os índices, Nasdaq recuou 1,98%, S&P 500 perdeu 1,58% e Dow Jones cedeu 1,02%. No Brasil, pressionado adicionalmente pela baixa de commodities, o Ibovespa caiu aos 103.220,09 pontos, queda de 0,70%. O temor com o crescimento global e a busca por proteção fez os juros dos Treasuries recuarem fortemente hoje. A referência de 2 anos voltou a ficar abaixo de 4% após quase duas semanas, chegando ao fim da tarde em Nova York aos 3,928%. A de 10 anos recuou a 3,380%. A cautela lá fora ainda reduziu apostas por nova alta de 25 pontos-base nos juros do Federal Reserve (Fed) em maio e ampliou a probabilidade de cortes até o final deste ano. A baixa externa se impôs na curva de juros local. As taxas terminaram o dia perto das mínimas, com destaque para a queda de 14 pontos-base do DI para janeiro de 2027. O investidor apenas observou o depoimento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e os dados da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), assim como não sentiu o baque da subida do dólar. A moeda americana terminou o dia aos R$ 5,0647, elevação de 0,47%.

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•JUROS

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MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York aceleraram queda ao longo da tarde, à medida que notícias sobre o First Republic Bank reacenderam temores de novas turbulências bancárias e intensificaram aversão ao risco em Wall Street. Assim, a busca por segurança pressionou os rendimentos Treasuries e fortaleceu o dólar ante outras divisas, em detrimento do petróleo, que recuou mais de 2% nesta sessão. Os temores ainda reduziram apostas por nova alta de 25 pontos-base nos juros do Federal Reserve (Fed) em maio e ampliaram probabilidade de cortes até o final deste ano. Entre moedas emergentes, o dólar blue chegou a se aproximar da marca de 500 pesos argentinos, mas depois arrefeceu o movimento, após o ministro da Economia do país, Sergio Massa, se comprometer a estabilizar o câmbio e anunciar renegociação do acordo com o Fundo Mundo Monetário Internacional (FMI) - informação confirmada pela instituição.

Os papéis do First Republic Bank despencaram 49,38% durante o pregão regular, em meio ao agravamento das preocupações com a saúde financeira do banco. Ao longo da tarde, o noticiário internacional revelou que o First Republic estava avaliando o desinvestimento de US$ 50 bilhões a US$ 100 bilhões em hipotecas e títulos de longo prazo, como parte de um plano de resgate, além de explorar "opções estratégicas" junto ao governo dos EUA, segundo fontes ligadas ao assunto. A Reuters também reportou que o banco e seu auditor, o KPMG, foi processado por acionistas sob acusação de ocultar como o aperto monetário do Fed afetaria seu modelo de negócios e os riscos envolvidos. Segundo o ANZ, os eventos trouxeram à tona como por trás da "calmaria recente, ainda podem acontecer estresses no setor bancário".

O ressurgimento dos riscos bancários se tornou o driver principal das negociações nesta sessão por relembrar investidores das incertezas pairando sobre a perspectiva econômica, aponta o BMO. "A evidência de que a volatilidade no setor financeiro está tendo uma influência demonstrável no sentimento das famílias nos deixa cautelosos quanto à extensão do aperto de crédito que resultará da crise bancária regional", destaca o banco, em relatório. Divulgado hoje, o índice de confiança do consumidor nos EUA, medido pelo Conference Board, recuou a 101,3 em abril, enquanto o índice de expectativas caiu a 68,1 no mesmo período, seguindo abaixo de 80, nível associado com uma recessão nos próximos meses.

Neste cenário, as bolsas de Nova York fecharam em queda de mais de 1%. No final da tarde, o índice Dow Jones recuou 1,02%, o S&P 500 caiu 1,58% e o Nasdaq cedeu 1,98%. Entre as ações do setor bancário, o Bank of America teve queda de 3,09%, o Morgan Stanley perdeu 2,37%, o Citi caiu 2,30% e o Wells Fargo recuou 2,17%. Outros papéis de destaque, a General Motors caiu 4,02% após a empresa reportar planos de interromper a produção do veículo elétrico Chevy Bolt até o final do ano, seguindo problemas nas baterias e desaceleração das vendas. Após o fechamento dos mercados, Microsoft (+4,68%), Alphabet (+3,56%), PacWest Bancorp (+23,76%) e Visa (+1,90%) avançaram no after hours de Nova York, na esteira da divulgação de resultados corporativos do primeiro trimestre.

A cautela em Wall Street amplificou a busca por ativos de segurança, pressionando os juros dos Treasuries e fortalecendo o dólar ante a maior parte dos pares globais. Já o iene avançou sobre a moeda americana, beneficiado diante de incertezas financeiras e temores de recessão. Por volta das 17h (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos caía a 3,928%, o da T-note de 10 anos cedia a 3,380% e o do T-bond de 30 anos baixava a 3,642%. No horário citado, o dólar caía a 133,47 ienes, o euro recuava a US$ 1,0974 e a libra tinha baixa a US$ 1,2407. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,51%, a 101,863 pontos.

A força do dólar pressionou o petróleo, com o WTI para junho fechando em queda de 2,14% (US$ 1,69), a US$ 77,07 o barril, e o Brent para julho recuando 2,35% (US$ 1,94), a US$ 80,60 o barril.

Além disso, os temores bancários incentivaram o realinhamento de expectativas sobre o aperto monetário do Fed. No final da tarde, a plataforma de monitoramento do CME Group demonstrava redução nas chances de nova alta de 25 pontos-base dos Fed funds, de 90,5% ontem para 76,7% hoje. Já a probabilidade de manutenção aumentou de 9,5% para 23,3% no mesmo período. O mercado também expandiu a precificação de cortes nos juros até o final deste ano, com a probabilidade de taxas em 4,25% a 4,50% liderando as apostas (41,2%), seguida (24,9%) pelo intervalo de 4,50% a 4,75% e, em terceiro lugar (23,6%), pela faixa de 4,00% a 4,25%.

Entre moedas emergentes, o dólar blue chegou a se aproximar da marca de 500 pesos argentinos, negociado no mercado paralelo. No entanto, o movimento desacelerou após o ministro da Economia do país, Sergio Massa, se comprometer a estabilizar o câmbio e anunciar renegociação do acordo com o Fundo Mundo Monetário Internacional (FMI). Poucas horas depois, o FMI confirmou a renegociação do acordo, informando que um grupo formado pelo Ministério da Economia argentino deve viajar aos EUA nesta quinta-feira para prosseguir com as negociações para adiantar desembolsos do pacote. (Laís Adriana - [email protected])

BOLSA

Em dia de cautela no exterior, o Ibovespa parecia a caminho de descer novo degrau, para a linha de 102 mil pontos, afastando-se mais um pouco da marca dos 106 mil que havia conseguido manter entre 11 e 18 de abril. No melhor momento do mês, mostrava recuperação de 5 mil pontos - correspondente ao fechamento do dia 12 - em relação ao fim de março. Agora, a referência da B3 perde força e se reaproxima do ponto em que estava em 31 daquele mês (101,8 mil pontos), contida pela incerteza interna quanto ao (elevado) nível da Selic, que pressiona o caixa das empresas e dificulta a rolagem de dívidas, bem como por cenário externo ainda desafiador, com atividade econômica em desaceleração - e também sem sinal de corte de juros no horizonte.

Hoje, o Ibovespa oscilou entre 102.633,10 e 103.946,58, da abertura, para fechar em baixa de 0,70%, aos 103.220,09 pontos, com giro financeiro modesto, a R$ 20,6 bilhões. No mês, a recuperação do índice é limitada a 1,31%, o que coloca a 5,94% a perda no ano - na semana, recua 1,10% no combinado das duas primeiras sessões.

O mercado tomou nota da participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, em que reiterou as razões pelas quais a Selic deve ser mantida onde está - para quem esperava que alguma luz no fim do túnel pudesse aparecer na audiência, a expectativa não se materializou.

"Já há divisão no mercado quanto ao nível da Selic, se é adequado ou não para lidar com a situação. Empresas têm queimado caixa, têm encontrado dificuldade para rolar dívidas e mesmo recorrido a operações de 'follow on' para se financiar. E não há qualquer sinal de que a Selic pode vir a cair depois de um arcabouço decepcionante, que mostrou dificuldade em apontar de onde virão as receitas", diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos. "O principal 'trigger', no momento, para retomada sólida do apetite por ações seria indicação de queda de juros. Fora disso, [o Ibovespa] sobe um pouco, cai depois."

Lá fora, os resultados trimestrais do setor bancário nos Estados Unidos pesaram nesta terça-feira, reforçando a expectativa de que a maior economia esteja se aproximando de recessão "um pouco mais pesada", com efeito global, no momento em que os principais BCs ainda lutam contra a inflação, observa Charo Alves, especialista da Valor Investimentos. "Os resultados ruins dos bancos americanos realmente pesaram", desde a manhã, ressalta o analista. Em Nova York, as perdas ficaram entre 1,02% (Dow Jones) e 1,98% (Nasdaq) nesta terça-feira.

Aqui, por outro lado, o desempenho majoritariamente positivo das ações de grandes bancos, com Bradesco à frente (ON +1,57%, PN +2,24%), impediu que a correção do Ibovespa fosse maior na sessão, marcada por queda acentuada do setor metálico (Vale ON -2,72%, Gerdau PN -3,50%) em meio a ajuste nos preços do minério na China, frente a preocupações quanto ao consumo de commodities em cenário de desaceleração global e de juros elevados. Petrobras ON e PN, por sua vez, recuaram hoje respectivamente 0,53% e 0,40%, em dia também negativo para o petróleo, que cedeu mais de 2% na sessão.

"O movimento de queda das commodities - especialmente no minério de ferro -, pelo peso conjunto que tem no Ibovespa, tem ditado o ritmo do índice, em um momento no qual se projeta esfriamento da demanda por matérias-primas na China, o que tem se refletido nas cotações do insumo por lá", diz Stefany Oliveira, head de análise de trade da Toro Investimentos. Assim, nesta terça-feira, o índice de materiais básicos (-2,26%) voltou a apresentar desempenho inferior ao de consumo (-1,23%), mais correlacionado ao ciclo doméstico.

Na ponta do Ibovespa, destaque para Braskem (+4,97%), São Martinho (+2,69%), Banco Pan (+1,74%) e BTG (+1,20%), além das ações do Bradesco. Do lado oposto, MRV (-7,72%), Soma (-6,44%), CVC (-4,81%), Méliuz (-4,55%) e Natura (-4,19%).

O Brasil manteve o posto de maior gerador de resultados do grupo Santander no mundo, com lucro líquido atribuído aos controladores de 469 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano. Em euros, houve uma queda de 25%, de acordo com o informe de resultados do grupo divulgado nesta terça-feira. A Unit do Santander Brasil fechou o dia em alta de 0,72%.

Na agenda macroeconômica doméstica, destaque pela manhã para a divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE. "As vendas do comércio varejista caíram 0,1% em fevereiro, na série com ajustes sazonais, revertendo o forte crescimento no mês anterior. Com isso, no acumulado do ano, o varejo teve alta de 1,8% e a média móvel trimestral foi de 0,2%", aponta o economista Rafael Perez, da Suno Research. Em nota, ele destaca queda no mês "bastante disseminada" entre os segmentos que compõem a pesquisa, em especial para supermercados, alimentos e bebidas, em retração de 0,7%, e em combustíveis e lubrificantes (-0,3%).

"O cenário doméstico desafiador deve impedir uma retomada mais robusta do setor [de varejo], já que a perda de dinamismo do mercado de trabalho e o aumento do endividamento e da inadimplência tendem a afetar o ímpeto por maiores gastos", acrescenta o economista. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 103220.09 -0.69891

Máxima 103946.58 0.00

Mínima 102633.10 -1.26

Volume (R$ Bilhões) 2.06B

Volume (US$ Bilhões) 4.07B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 105550 -0.18913

Máxima 105550 -0.19

Mínima 104220 -1.45

JUROS

Os juros futuros de médio e longo prazos fecharam a sessão em queda, enquanto os curtos terminaram perto da estabilidade, em desenho definido no período da tarde. Pela manhã, as taxas rondavam os ajustes de ontem, mas a ampliação do recuo dos yields dos Treasuries na etapa vespertina contagiou a curva local a partir dos vértices intermediários, reduzindo a inclinação. O exterior se impôs na medida em que internamente o dia não trouxe catalisadores para os negócios, nem com a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) nem com a audiência do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,18%, de 13,20% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu a 11,80%, de 11,88% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,72%, de 11,86% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2029 passou de 12,26% para 12,12%.

As taxas percorreram a manhã de lado, com o mercado monitorando o exterior e declarações de Campos Neto na CAE. No que diz respeito à política monetária, ele não disse nada que já não tenha manifestado, pessoalmente ou via documentos do Copom, o que explica a ancoragem dos DIs curtos perto dos ajustes anteriores. Nada mudou no consenso das apostas de manutenção da Selic em 13,75% no Copom da semana que vem, nem na percepção de que o alívio monetário deve começar só em junho.

Entre os argumentos utilizados para explicar aos parlamentares por que a Selic está elevada, em 13,75%, Campos Neto destacou as mais de 14 semanas consecutivas de piora de expectativas de inflação e que o núcleo rodando em 7,80% é um nível bastante alto para a meta de 3,25% em 2023. “Temos um componente de demanda na inflação brasileira. Estamos com juro que é compatível com esse tipo de problema. Entendemos que a inflação está caindo, mas precisamos esperar os próximos dados para vermos como será a atuação do BC", disse. Afirmou ainda não ser capaz de dizer quando o Copom vai reduzir o juro. Enquanto isso, na Espanha, o presidente Lula voltou a criticar o patamar da Selic, comentando ser "impossível fazer investimento" com a taxa a 13,75%.

Campos Neto voltou a elogiar a proposta de novo arcabouço, mas lembrou que não há relação mecânica entre a aprovação da lei complementar e a política monetária. Segundo ele, o BC monitora os efeitos da tramitação do texto nas expectativas de mercado.

"A curva permanece praticamente estacionada em níveis muito próximos ao fechamento de ontem, aguardando o IPCA-15 amanhã e dados de serviços do IBGE a serem divulgados na quinta. Além disso, estamos na semana que antecede a decisão do Copom e com estes dados em linha ou abaixo das expectativas podemos ver o mercado chegar na véspera da reunião com as taxas dos DIs buscando novas mínimas", afirmou Leonardo Monoli, diretor de Gestão da Azimut Brasil Wealth Management.

À tarde, a queda das taxas dos Treasuries ganhou tração e levou junto a curva brasileira, com as taxas renovando mínimas em sequência. O yield da T-Note de 2 anos caiu abaixo de 4,00% e o da T-Note de 10 anos furou 3,40%. As chances de alta de juro na reunião do Federal Reserve na próxima semana, que ontem superavam 90%, hoje caíram a 73%, pela apuração do CME Group.

Os rendimentos já cediam pela manhã com a inesperada queda no índice de confiança do consumidor apurado pelo Conference Board, mas aceleraram o recuo com a piora na percepção sobre o setor bancário nos Estados Unidos. Segundo a Bloomberg, o First Republic Bank estuda desinvestir de US$ 50 bilhões a US$ 100 bilhões em hipotecas e títulos de longo prazo, como parte de um plano de resgate mais amplo. Ontem, o balanço da instituição, um dos bancos regionais mais afetados pela pressão de liquidez que se seguiu à quebra do Silicon Valley Bank (SVB), apontou tombo de 40% nos depósitos no primeiro trimestre.

Assim como ontem, a liquidez foi reduzida no mercado de juros, pela postura dos agentes de aguardar o desenrolar da agenda de indicadores e eventos da semana. Amanhã tem IPCA-15 de abril e na sexta-feira, índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês) de março nos Estados Unidos.

Além disso, há expectativa pela tramitação do novo arcabouço fiscal no Congresso. Há algum receio sobre o quanto a possível instalação da CPMI para investigar os atos de 8 de janeiro pode atrapalhar o processo, mas a sinalização vinda do Legislativo dá algum alento ao investidor.

"Diante da perspectiva de a presidência da comissão ficar com o governo, e contando com as declarações de Lira de que não quer que esses debates provoquem atrasos, acho que não teremos muitos percalços", afirma o economista-chefe da BGC Liquidez, Juliano Ferreira. Para ele, é provável que questões mais políticas, como as CPMIs, atrapalhem matérias nas quais o governo precisará se defender, do lado das receitas, para dar sustentabilidade ao arcabouço, assim como atrapalhará bastante a evolução da reforma tributária.

As vendas do varejo em fevereiro vieram dentro do intervalo das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast. No conceito restrito, na margem, caíram 0,1%, pouco menos do que apontava a mediana de -0,2% (intervalo de -1,7% a +0,8%). No ampliado, subiram 1,7% na margem, acima da mediana de +0,7% (intervalo de -2,7% a +3,6%).

No leilão de NTN-B, o Tesouro elevou a oferta de NTN-B a 2,3 milhões, pouco acima dos 2,150 milhões na semana passada. Vendeu 2,129 milhões, ou quase todo o lote, que foi concentrado no vencimento mais curto (15/8/2028), com 2 milhões de papéis. O risco para o mercado, em DV01, subiu a US$ 848 mil, de US$ 833 mil no leilão anterior. (Denise Abarca - [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 25, em alta de 0,47%, cotado a R$ 5,0647, em sintonia com o movimento global do mercado de moedas. Queda da confiança do consumidor nos EUA e dúvidas sobre a saúde do sistema financeiro americano, após resultado decepcionante First Republic Bank, reacenderam os temores de recessão da maior economia do mundo.

Em tradicional movimento de aversão ao risco, investidores abandonaram bolsas e correram para se abrigar nos Treasuries, cujas taxas recuaram, e na moeda americana. Termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta firme e se aproximou da linha dos 102,000 pontos.

Na outra ponta da gangorra, commodities metálicas e as cotações internacionais do petróleo recuaram, com o tipo Brent para julho fechando em queda de 2,35%, a US$ 80,60 o barril. Divisas de países exportadores de commodities e emergentes caíram em bloco frente à moeda americana, com raras exceções, como o peso chileno. O real, que costuma apresentar perdas mais fortes em episódios de aversão ao risco, desta vez não amargou o pior desempenho, papel que coube ao rand sul-africano.

"Temos movimento de aversão global ao risco que pressiona as divisa emergentes. Os aumentos de juros esperados nos EUA e na Europa levam a preocupação com o crescimento global", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, acrescentando que dados recentes da China mostraram crescimento menos robusto do gigante asiático, o que acaba afetando os emergentes.

Por aqui, o dólar até ensaiou um recuo na primeira hora de negócios, quando registrou mínima a R$ 5,0311, com operadores relatando entrada de fluxo comercial. Mas logo a divisa se alinhou à tendência externa e, ainda pela manhã, correu até máxima a R$ 5,0840. Houve aumento da liquidez, com o contrato de dólar futuro para maio movimentando mais de US$ 13 bilhões.

Para o head da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, a alta do dólar hoje pode ser atribuída a um movimento de aversão ao risco no exterior, com risco de recessão nos EUA em meio à divulgação de resultados de empresas americanas. Ele observa, contudo, que o real tem apresentado um bom desempenho nos últimos dias na comparação com cesta de moedas emergentes e de países exportadores de commodities.

"Aqui, o que vai definir se o dólar vai subir ou não no curto prazo vai ser como o arcabouço fiscal vai passar no Congresso. É preciso saber se vão reduzir ou aumentar as exceções [ao limite de gastos]. Vamos ver como isso vai se desenrolar", afirma Weigt.

Segundo operadores, a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado foi acompanhada, mas não teve papel relevante na formação da taxa de câmbio. Campos Neto voltou a falar da desancoragem das expectativas de inflação e repetiu que não há relação mecânica entre aprovação da proposta de novo arcabouço fiscal e a política monetária.

Em participação no Fórum Empresarial Brasil-Espanha, em Madri, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou novamente a gestão da política monetária ao repetir que "é impossível fazer investimento" com a taxa Selic em 13,75% ao ano. No início da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo indicará dois nomes para ocupar diretorias do Banco Central (Política Monetária e Fiscalização) assim que Lula voltar da viagem internacional.

O banco Wells Fargo trabalha com apreciação do real daqui até a fim do ano em razão da manutenção de taxa de juros ainda elevada. A instituição estima que o Banco Central comece a reduzir a Selic no terceiro trimestre, levando a taxa até 12,75% em dezembro.

Além dos juros reais atrativos a investidores estrangeiros, o Wells Fargo também vê com certo otimismo a busca pelo equilíbrio das contas públicas por parte do governo Lula. "É uma suposição que mantivemos por algum tempo, mas o último plano fiscal do governo parece amplamente em linha com nossa expectativa", escreveram os economistas da casa.

O Wells Fargo projeta que a taxa de câmbio encerrará o trimestre atual em R$ 5,00, passando a R$ 4,90 no terceiro trimestre e para R$ 4,80 no término de 2023. Haveria nova rodada de baixa do dólar em 2024, com a taxa de câmbio em R$ 4,70 no fim do primeiro trimestre.

Pela manhã, o Banco Central informou que o fluxo cambial total está negativo em US$ 1,238 bilhão em abril até o dia 19. A cifra é resultado de um fluxo comercial positivo de US$ 1,447 bilhão e de um fluxo financeiro negativo de US$ 2,685 bilhões no período. (Antonio Perez - [email protected], com Mateus Fagundes)

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.06470 0.4721 5.08400 5.03110

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5065.000 0.48606 5087.000 5033.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5093.000 0.30527 5113.000 5064.000

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