SOB TEMOR INFLACIONÁRIO, JUROS SOBEM, DÓLAR TEM FORÇA GLOBAL E BOLSAS CEDEM NA SEMANA

Blog, Cenário

A semana mais curta termina com os mercados globais e domésticos em alerta quanto à dinâmica inflacionária e às reações por parte dos bancos centrais. Ainda que o Banco Central Europeu (BCE) tenha emitido mensagens mistas, o que fez prevalecer o sentimento de que a autoridade vai esperar um pouco para deixar seu plano de voo mais claro, as sucessivas falas 'hawkish' de dirigentes do Federal Reserve nos últimos dias consolidou a aposta de que, embora o problema seja o mesmo, os BCs estão em estágios diferentes da normalização da política monetária. Assim, o Fed terá de correr atrás para tentar não ficar 'atrás da curva', o que impulsionou os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. O T-bond de 30 anos, aliás, tocou o maior nível em quase três anos. O descompasso entre BCE e Fed fez o euro ceder bastante e, por consequência, o DXY ficar acima do importante nível dos 100 pontos. Ante a valorização da moeda americana lá fora, aqui no Brasil não foi diferente em toda da sessão. Assim, a divisa à vista foi a R$ 4,6963 (+0,16%). Essa perda de fôlego se deu, também, em meio à leitura de que, apesar de o processo de ajuste monetário do BC brasileiro estar bem avançado, há uma perspectiva de ele ir além dos 12,75% após a "surpresa" de Roberto Campos Neto com a inflação de março. A pesquisa que o Projeções Broadcast divulga semanalmente enquanto a autarquia não publica o Focus mostra que o consenso é de Selic a 13,25% no fim do ano, mesmo índice da sexta-feira passada, mas a mediana para o IPCA passou de 7,30% a 7,40% no mesmo confronto. No mercado de juros, fiscal e greve dos servidores pesaram adicionalmente. Isso porque a decisão do governo de dar reajuste linear de 5% aos servidores conseguiu desagradar ao mercado, por custar mais do que o reservado inicialmente a reajustes no Orçamento, e às categorias, já que está longe de repor as perdas da inflação. Assim, alguns dos vencimentos mais longos dos DIs saltaram mais de 15 pontos-base. Ao fim, a visão de que as políticas monetárias serão ainda mais restritivas penalizaram as bolsas de Nova York, com destaque à queda de 2,14% do Nasdaq, e o Ibovespa, que cedeu aos 116.181,61 pontos (-0,51%) e perdeu 1,81% na semana.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

MERCADOS INTERNACIONAIS

Com o mercado cada vez mais convencido de que o aperto monetário do Federal Reserve seguirá com uma alta de 0,50 ponto porcentual no juro em maio, os rendimentos dos Treasuries subiram nesta sessão e o yield do T-bond de 30 anos atingiu o maior nível desde maio de 2019. O dólar também foi fortalecido, em uma sessão marcada ainda por uma forte desvalorização do euro, seguindo a decisão do Banco Central Europeu (BCE), que contou com visões distintas de analistas sobre o aperto monetário na zona do euro. As bolsas de Nova York perderam impulso, especialmente o índice Nasdaq, que caiu mais de 2% no dia em que Elon Musk tentou comprar o Twitter, mas sofreu resistência de outros acionistas. Em meio a relatos de que a Europa prepara um embargo ao petróleo da Rússia, a commodity fechou em alta.

O presidente do Fed de Nova York, John Williams, afirmou hoje que um aumento de 50 pontos-base na taxa básica de juros dos Estados Unidos na próxima reunião de política monetária é uma opção razoável e viável, sendo que o ritmo depende da trajetória da economia. Já a dirigente da distrital de Cleveland, Loretta Mester, avaliou que o mercado de trabalho está apertado e a inflação elevada, sendo necessário reduzir o ritmo da acomodação monetária. O mercado já vê mais de 90% de chance de aumento de 0,50 ponto porcentual nos juros pelo Fed em maio, de acordo com o CME Group.

Na visão da Capital Economics, a economia dos EUA está relativamente bem posicionada para resistir a um aperto monetário agressivo, sustentando ainda mais a força do dólar. Neste cenário, a moeda continuou a subir em relação à maioria das principais rivais, com o índice DXY, que mede o ativo americano ante seis rivais, e os rendimentos do Tesouro dos EUA de 10 anos atingindo uma nova alta para o ano, aponta a consultoria. Ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 2,446%, o da de 10 anos avançava a 2,827% e o T-bond de 30 anos tinha alta a 2,918%. O euro se desvalorizava a US$ 1,0829, e o DXY fechou em alta de 0,45%.

O Commerzbank afirma que o BCE reiterou hoje, durante entrevista coletiva de sua presidente, Christine Lagarde, a expectativa de normalização de sua política monetária a partir do terceiro trimestre. A instituição, porém, continua a dizer que isso depende de mais desenvolvimento da economia, que poderia cair em recessão devido a uma possível crise de energia.

Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, as ações estão em dificuldades após ganhos bancários mistos e um relatório de vendas do varejo que mostrou que o consumidor está gastando mais dinheiro em itens essenciais.Entre os balanço publicados hoje, o analista disse que os números recompensaram o Goldman Sachs (-0,07%) e o Morgan Stanley (+0,69%) por fortes receitas comerciais, enquanto o Citigroup (+1,54%) foi prejudicado por sua exposição à Rússia e o Wells Fargo (-4,57%) apresentou receitas e juros líquidos decepcionantes. Já o Twitter caiu 1,68%, depois de chegar a subir mais de 10%, em uma sessão agitada, que contou inclusive com a notícia de que a empresa considera uma pílula de veneno para evitar que Musk eleve sua participação. O Dow Jones recuou 0,33%, o S&P 500 teve baixa de 1,21% e o Nasdaq baixou 2,14%. Na Europa, as principais bolsas operaram em alta, com o FTSE subindo 0,72% em Londres e CAC 40 avançando 0,72% em Paris.

Segundo o New York Times, autoridades europeias estão preparando plano para embargar produtos petrolíferos exportados pela Rússia. Uma proibição gradual, semelhante a imposta ao gás, deve ocorrer, de acordo com diplomatas e autoridades da União Europeia. Uma atenção especial é dada para que a Alemanha consiga fornecedores alternativos. A negociação da proposta deve se dar apenas após o segundo turno das eleições presidenciais na França, em 24 de abril. Enquanto isso, o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que a Europa, ao falar sobre cortar suas compras do setor de energia da Rússia, estava puxando os preços para cima e desestabilizando o mercado. Neste quadro, o WTI para maio fechou em alta de 2,59% (US$ 2,70), a US$ 106,95, e o Brent para junho subiu 2,68% (US$ 2,92), a US$ 111,70.

Enquanto isso, as tensões prosseguem, e o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitry Medvedev, advertiu hoje que o país reforçará suas defesas na região do Báltico, caso a Suécia e a Finlândia passem a integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O ex-presidente do país também sugeriu que isso levaria a uma expansão nuclear na região. (Matheus Andrade - [email protected])

JUROS

O quadro já negativo no mercado de juros pela manhã piorou à tarde, levando as taxas a ampliarem a alta e renovarem máximas perto do fechamento da sessão regular, acompanhando as máximas também do rendimento dos Treasuries e a virada do petróleo para cima. O principal vetor a conduzir a curva nesta quinta-feira foi o cenário externo, pelo reforço na percepção de respostas agressivas dos bancos centrais às pressões inflacionárias, mas a cena local também inspira cautela. O reajuste linear de 5% ao funcionalismo concedido pelo governo nem agradou às categorias nem cabe no Orçamento, trazendo mais risco fiscal e de prolongamento das paralisações de servidores.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,105%, de 13,073% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 12,702% para 12,80%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,155%, de 12,031% ontem, e o DI para janeiro de 2027, a 11,86%, de 11,72%. Na semana, o nível de inclinação da curva não alterou, passando de -93 para -94 pontos entre sexta-feira passada e hoje, pelo diferencial entre os DIs de janeiro de 2027 e janeiro de 2024.

"O mercado continua cauteloso com uma possível mudança de postura da política monetária dos mercados desenvolvidos para uma mais agressiva e com o impacto fiscal e inflacionário do populismo eleitoral", afirma o economista-chefe do Haitong, Marcos Ross, em relatório.

A trajetória ascendente das taxas, não só a sessão desta sexta-feira, foi a tônica ao longo da semana, marcada pelas mensagens do Federal Reserve reiterando a probabilidade de uma aceleração do ritmo de alta de juros para 50 pontos em maio, hoje com o presidente da distrital de Nova York, John Williams. Com isso, os yields dos Treasuries voltaram a escalar, com o da T-Note de dez anos batendo 2,83% nas máximas do dia. "O mercado reage à ideia de um Fed mais agressivo. A preocupação com a política monetária não para de aumentar, tanto que a taxa de dez anos (T-Note) passou com alguma folga os 2,80%", disse o estrategista de renda fixa da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.

Na Europa, o Banco Central Europeu (BCE) deu a impressão de pouca pressa para apertar os juros, mas o mercado desconfia que isso não se sustentará. "Por ora, o Fed segue à frente do BCE e o dólar ganha força frente ao euro, mas as chances de mudança desta tendência nos próximos meses, mesmo que apenas na margem, não devem ser desconsideradas", afirmam os economistas da MCM.

Ao mesmo tempo, o petróleo se afastou da marca de US$ 100 e voltou a fechar acima de US$ 110 por barril, no caso do Brent para junho. A commodity até operava em baixa mais cedo, mas inverteu o rumo após reportagem do The New York Times informar que a União Europeia prepara o esboço de um plano para proibir a importação da commodity da Rússia.

Tudo isso pode resultar em esforço adicional do Banco Central brasileiro para tentar trazer a inflação de volta às metas. A ideia de que o ciclo da Selic terminaria com apenas mais uma alta de 1 ponto porcentual, para 12,75%, em maio vem perdendo força desde a divulgação do IPCA de março acima do teto das estimativas.

Na XP Investimentos, a perspectiva é de inflação mais persistente e inercial. "É o momento de o Banco Central ser mais firme diante de uma inflação mais inercial. Acreditamos que a inflação continuará pressionada em junho, levando a mais um aumento de 1 ponto porcentual da Selic”, comentou Caio Megale, economista-chefe, ao prever o fim do ciclo de alta dos juros com os juros básicos a 13,75%.

A arena fiscal também tem sido mais hostil ao controle inflacionário, com a pressão do funcionalismo por reajustes que não cabem no Orçamento testando os limites do populismo eleitoral. Os servidores não receberam bem o aumento linear de 5% decidido pelo governo, que, por si só, teria um impacto bem maior - estimado em R$ 6,3 bilhões - do que o previsto no Orçamento, de R$ 1,7 bilhão, para policiais federais.

Enquanto isso, seguem as paralisações e operações-padrão nos diversos tipos de serviço público e com grande impacto na divulgações de dados do governo, que servem de parâmetro ao mercado. Hoje, o presidente da Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Planejamento e Orçamento (Assecor), Márcio Gimene de Oliveira, afirmou ao Broadcast que as paralisações da categoria tiveram influência na decisão do governo de adiar a coletiva de divulgação do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).

Os funcionários do Tesouro vão cruzar os braços no dia 20, em protesto. Hoje, a instituição realizou leilão de prefixados, vendendo 250 mil das 300 mil NTN-F ofertadas, e todo o lote de 9,5 milhões de LTN. (Denise Abarca - [email protected])

17:30

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 12.08

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 11.65

Over Selic (%a.a) 11.65

CÂMBIO

A onda de fortalecimento global da moeda americana, sobretudo em relação ao euro, diante do descompasso entre o discurso ameno do Banco Central Europeu (BCE) e a fala dura de dirigentes do Federal Reserve, respingou no mercado doméstico de câmbio e fez o dólar esboçar um fechamento acima da linha de R$ 4,70 nesta quinta-feira (14).

Pela manhã, a moeda chegou a correr até a máxima de R$ 4,7414 (+1,12%), em sintonia com o ambiente externo de aversão ao risco. Com a desaceleração dos ganhos do dólar lá fora ao longo da tarde, houve movimentos de ajuste e realização de lucros intraday por aqui. Com mínima a R$ 4,6889, no fim do dia a moeda era cotada a R$ 4,6963 (+0,16%), marcando o segundo pregão seguido de leve valorização. Mesmo assim, o dólar ainda encerra a semana com ligeira queda de 0,27%. No acumulado do mês, ainda apresenta perda de 1,36%.

Segundo operadores, preocupações com as contas públicas, em meio à proposta do governo de reajuste de 5% ao funcionalismo público, e certa demanda defensiva típica em véspera de feriado também teriam contribuído para a demanda por dólares, embora de forma muito reduzida. O real, ressalta-se, foi o menos abalado hoje entre as divisas emergentes. Pares da moeda brasileira, como o peso mexicano e o chileno, amargaram baixa superior a 1%. Nas mesas de operação, avaliação de que a taxa real de juros doméstica gorda e os preços das commodities ainda em patamares elevados impedem apostas contundentes contra o real.

O mercado já amanheceu com a decisão de política monetária do Banco Central Europeu. Como esperado, a instituição manteve a taxa de juros inalterada. O euro começou a naufragar durante a coletiva da presidente da instituição, Christiane Lagarde. Ela se mostrou mais preocupada com fraqueza da atividade econômica que com a inflação elevada, atribuída em parte ao choque de energia provocado pela guerra na Ucrânia. Uma alta de juros na região pode vir "semanas ou meses" depois do encerramento do programa de compra de ativos, cuja conclusão será provavelmente no terceiro trimestre.

Logo em seguida, sobreveio a fala do presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, dando conta que um aumento de 50 pontos-base na reunião do Fed em maio é uma opção razoável e que a redução do balanço patrimonial deve, de fato, começar em junho. As taxas dos Treasuries subiram em bloco, com a T-note de 10 anos batendo máxima na casa de 2,83%. Foi a senha para uma forte aceleração dos ganhos do dólar no exterior, com o índice DXY correndo até as máximas (100,761 pontos), movimento que acabou levando o dólar a tocar R$ 5,74 por aqui pela manhã.

Analistas afirmam que, após a forte apreciação no primeiro trimestre, quando o real foi a melhor moeda do mundo, o mercado busca um novo intervalo para a taxa de câmbio. Juros domésticos elevados e preços de commodities impediram uma depreciação forte do real. De outro lado, o aperto monetário nos Estados Unidos e uma desaceleração do fluxo estrangeiro sugerem que o movimento mais forte de queda do dólar por aqui pode ter ficado para trás.

Dados da B3 mostram que os investidores estrangeiros retiraram R$ 528,329 milhões da bolsa doméstica na terça-feira (12), levando as saídas acumuladas em abril a R$ 1,432 bilhão. Em 2022, a entrada líquida de capital externo ainda é expressiva (R$ 63,895 bilhões).

"A redução dos ingressos de recursos externos é natural, na medida que os investidores já precificam a proximidade do término da elevação da taxa de juros, em nível que pode atingir 14% ao ano", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, que ainda vê, contudo, espaço para queda do dólar neste ano e estima suporte para a taxa de câmbio em R$ 4,52. "Já as divergências em relação à intensidade da elevação dos juros nos EUA e seu impacto no mercado acionário e nas commodities são persistentes. Não há um consenso".

Em apresentação a jornalistas hoje, o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, afirmou que um dólar "por volta de R$ 4,70 está bem equilibrado aos fundamentos neste momento". Ele ponderou que a moeda americana pode voltar a subir se o Fed tiver que fazer um aperto mais forte da política monetária, levando os juros para algo entre 5% e 6%, mas que esse não é o quadro mais provável.

Há casas relevantes que veem um quadro menos róseo para o real. Citi e Capital Economics soltaram relatório alertando para eventual perda de fôlego das divisas emergentes com aperto monetário nos Estados Unidos e ciclo mais morno das commodities. O Citi prevê taxa de câmbio a R$ 5,19 no fim do ano e a Capital Economics trabalha com dólar próximo a R$ 5.

O Citi lembra que dois terços da valorização de 16% do real no primeiro trimestre ocorreram após a escalada da crise geopolítica em razão do conflito no Leste Europeu, que turbinou os preços das commodities. Isso reforça a percepção do banco de que o bom desempenho da moeda brasileira se deve mais ao cenário externo que a fatores domésticos, como as elevadas taxas de juros. "O alto diferencial de juros também deu suporte ao real recentemente, mas essa explicação deve ser vista com cautela. O diferencial de taxa de juros dois anos à frente diminui desde o fim de 2021", afirma o Citi. (Antonio Perez - [email protected], com Eduardo Laguna e Barbara Nascimento)

17:31

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.69630 0.1621 4.74140 4.68890

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4715.000 0.07429 4759.000 4705.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4747.766 12/04    

BOLSA

De dez sessões nesta primeira quinzena de abril, o Ibovespa obteve ganho em apenas três, encerrando o intervalo em baixa de 0,51% nesta sexta-feira, aos 116.181,61 pontos. A perda foi de 1,81% na semana, após queda de 2,67% na anterior, refletindo nesta primeira metade de mês perspectiva ainda mais restritiva para a política monetária em todo o mundo, em meio a pressões inflacionárias que ganharam ímpeto com a guerra no Leste Europeu, ainda sem final à vista.

A semana em que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que as negociações de paz com a Ucrânia chegaram a um “beco sem saída” aproxima-se agora do fim sem que se encontre um caminho facilitador de eventual entendimento entre os beligerantes. Hoje, a China disse rejeitar "qualquer pressão ou coerção" sobre seu relacionamento com a Rússia, em resposta a apelo da secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, para que Pequim use o "relacionamento especial com a Rússia" para persuadir Moscou a encerrar a guerra.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, defendeu a posição da China, dizendo que “fez esforços consideráveis para desarmar a crise e reconstruir a paz”. Por sua vez, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou que 70% do aumento da inflação decorre de efeitos produzidos pela “guerra de Putin”, que resultou em pressões sobre commodities agrícolas e de energia.

Nesse contexto de incerteza sobre os juros globais e do momento em que a inflação chegará ao pico, a referência da B3 oscilou hoje entre mínima de 115.623,52 e máxima de 116.781,12, da abertura. Em dia de vencimento de opções sobre ações, o giro financeiro ficou em R$ 26,4 bilhões. No mês, o índice cede 3,18%, colocando os ganhos do ano a 10,84%.

A quinta-feira, véspera de fim de semana prolongado no Brasil e em parte dos mercados no exterior, foi de cautela também em Nova York, com baixa para Dow Jones (-0,33%), S&P 500 (-1,21%) e Nasdaq (-2,14%), enquanto o petróleo estendeu recuperação pelo terceiro dia, após ter fechado a primeira sessão da semana abaixo dos três dígitos no Brent como no WTI. Hoje, ambas as referências subiram mais de 2%, de volta à casa de US$ 111 e de US$ 106 por barril, respectivamente.

Nas mínimas da sessão, abaixo dos 116 mil pontos, o Ibovespa operou no intradia nos menores níveis desde o último dia 21. No fechamento, ficou hoje pelo quarto dia seguido na marca dos 116 mil, vindo de 118 mil nas quatro sessões anteriores, tendo iniciado o mês aos 121,5 mil pontos.

Em semana mais curta, o índice conseguiu se sustentar acima do suporte de 115 mil pontos, “ainda com características de correção da tendência de alta”, aponta Pam Semezzato, analista gráfica da Clear Corretora. O dólar, por sua vez, hoje em alta de 0,16%, a R$ 4,6963 no fechamento, tende a seguir relativamente estável “enquanto não perder o suporte de R$ 4,620 ou romper a resistência de R$ 4,800”, acrescenta a analista.

Entre os componentes de maior peso no Ibovespa, as ações de Petrobras (ON +0,38%, PN -1,20%) tiveram fechamento misto, em dia negativo para Vale (ON -1,40%) e para a maioria das siderúrgicas (CSN ON -3,31%) e sem sinal único para as de grandes bancos (Itaú PN +0,65%, Unit do Santander -0,48%). Entre as maiores quedas do dia, destaque para Yduqs (-7,09%), Azul (-5,04%) e Iguatemi (-4,20%). No lado oposto, Vibra (+2,81%), Fleury (+2,79%) e JBS (+2,75%).

Aprovada ontem à noite em assembleia de acionistas, a cerimônia de posse do engenheiro José Mauro Coelho na presidência da Petrobras ocorreu nesta tarde. Na cerimônia, Coelho disse que a redução da dívida da empresa abre espaço para maiores investimentos, e que o Brasil tem potencial para ser o quinto maior produtor de petróleo do mundo. “Investimentos não seriam possíveis sem novo modelo de gestão adotado a partir de 2017”, acrescentou. “Prática de preço de mercado é condição necessária para ambiente de negócio competitivo, para investimento e garantia de abastecimento”, disse também Coelho.

“Tecnicamente, o novo presidente da Petrobras tem credenciais, gabarito para o cargo, mas é preciso ainda esperar para ver a capacidade de movimentação política. É provável que sim, e conta a favor, além da formação, ser uma pessoa próxima ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, bem como experiência na área e no serviço público. Mas o risco de interferência política permanece em aberto, apesar da blindagem já tomada contra ingerências da União, acionista majoritário. Não há como eliminar esse risco completamente”, diz Davi Lelis, sócio da Valor Investimentos.

Apesar das incertezas, as expectativas do mercado financeiro para o desempenho das ações no curtíssimo prazo tiveram melhora significativa no Termômetro Broadcast Bolsa desta quinta-feira. Entre os participantes, 53,85% disseram esperar uma semana de ganhos para o Ibovespa e 38,46%, variação neutra. Os que esperam perdas na próxima semana são apenas 7,69%. No Termômetro anterior, 27,27% acreditavam que a atual semana seria de alta; 54,55%, de estabilidade; e 18,18%, de baixa. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 116181.61 -0.51408

Máxima 116781.12 -0.00

Mínima 115623.52 -0.99

Volume (R$ Bilhões) 2.64B

Volume (US$ Bilhões) 5.61B

17:31

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 117845 -0.95394

Máxima 118865 -0.10

Mínima 117575 -1.18

Gostou do post? Compartilhe:
Receba nossos conteúdos por e-mail
Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Copyright © 2023 Broker Brasil. Todos os direitos reservados

Abrir bate-papo
Olá!
Podemos ajudá-lo?