Mais do que o debate em torno da intensidade da próxima alta de juros nos Estados Unidos, o investidor se concentrou nesta sexta-feira nas pistas sobre a trajetória futura das taxas, depois de o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA), Jerome Powell, dizer que o processo de ajuste monetário para levar a inflação à meta de 2% se dará com "alguma dor" para famílias e empresas. A percepção que emergiu é a de que os juros americanos permanecerão elevados por um tempo a mais para que, conforme disse Powell, o Fed cumpra seu compromisso "incondicional" com a estabilidade dos preços. O tom do presidente do BC americano acabou decepcionando parte do mercado - em especial de renda variável -, que apostou ontem que, diante de números fracos da atividade econômica, ele poderia adotar uma postura um pouco mais amena. Nos Treasuries, contudo, a visão hawkish já vinha predominando nos últimos dias e os ajustes foram mais pontuais. Assim, os principais índices das bolsas de Nova York recuaram fortemente hoje e na semana: Nasdaq cedeu 3,94% e 4,44%, respectivamente; S&P 500 perdeu 3,37% e 4,04%; e Dow Jones caiu 3,03% e 4,22%. O juro da T-note de 2 anos, que melhor capta a visão sobre os próximos passos dos Fed Funds, chegou ao fim da tarde de hoje em 3,38%, queda de 2 pontos-base em relação à véspera, mas salto de 13 pontos ante a sexta-feira passada. Aqui no Brasil, o Ibovespa teve uma queda diária bem menos intensa, de 1,09%, aos 112.298,86 pontos. O ganho foi de 0,72% em relação à última sexta. O bom desempenho de ações de varejistas e de empresas de commodities segurou o índice no cômputo semanal. Quem também teve semana de alta foi o real, em meio a relatos seguidos de entrada de fluxo de recursos ao Brasil. Hoje, inclusive, a moeda brasileira performou na contramão da grande maioria de seus pares. O dólar à vista cedeu aos R$ 5,0781 no fechamento, queda diária de 0,67% e semanal de 1,74%. Na renda fixa local, a baixa do câmbio segurou mais uma vez as taxas. Na semana, elas cederam em bloco, mas a queda maior ficou concentrada nos vencimentos mais curtos, o que resultou no ganho de inclinação da curva.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
Os comentários de Jerome Powell no Simpósio de Jackson Hole desencadearam uma correção nos mercados, após o presidente do banco central americano sinalizar que um corte de juros no começo de 2023 - como especulado por economistas e investidores - não está nos planos do Federal Reserve (Fed). Powell, assim como outros dirigentes do Fed, deixaram em aberto a possibilidade de alta de 50 ou 75 pontos-base na reunião de política monetária de setembro. Pelo monitoramento do CME Group, neste fim de tarde o mercado vê como mais provável (60% de chance) uma alta de 0,75 ponto porcentual. As bolsas de Nova York fecharam em forte queda, os juros dos Treasuries ficaram sem direção única e o dólar se valorizou ante moedas fortes e de países emergentes. Entre commodities, metais fecharam em queda, enquanto o petróleo conseguiu avançar, após certa oscilação.
Em um discurso de dez minutos, curto para o padrão do Jackson Hole, Powell reiterou o compromisso da instituição que lidera em controlar a inflação e a levar de volta à meta de 2%. De acordo com o presidente do Fed, tal ação irá provocar um período de baixo crescimento para os Estados Unidos, maior economia do mundo, e trará "alguma dor" para famílias e empresas norte-americanas.
O canadense CIBC destaca que Powell rechaçou a possibilidade de um relaxamento monetário em breve, considerado por algumas partes do mercado. Para o banco, as falas tiveram elementos "tanto para hawks quanto para doves" - o que ajuda a explicar as oscilações das bolsas de Wall Street até que se firmassem em recuo profundo.
Economista-chefe da Fitch, Brian Coulton afirma, em nota, que Powell freou de modo "muito claro" as expectativas de operadores que esperavam um pivô 'dovish' na postura do banco em 2023. Depois das surpresas com intensidade e duração das pressões inflacionárias, o banco central deve elevar as taxas de juros acima do nível neutro e mantê-las ali por algum tempo, "provavelmente durante todo o próximo ano", prevê Coulton.
Como mostra reportagem especial publicada às 13h18, Wall Street considerou Powell 'hawkish', ainda que o discurso não tenha sido entendido como um divisor de águas para as projeções de aperto monetário pelo Fed. Na análise da Pantheon, o banqueiro se mostrou frustrado pelas expectativas do mercado de relaxamento no próximo ano.
Outros dirigentes do Fed ficaram divididos quanto ao nível de aumento dos juros em setembro, apesar da meta comum de controlar a inflação. Presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic (não vota), disse estar mais inclinado para aumento de 50 pontos-base (pb). Ontem, também no Simpósio, James Bullard (não vota), de St. Louis, sinalizou 75 pb. Já Patrick Harker (não vota), da Filadélfia, disse ainda não ter se decidido e foi acompanhado por Loretta Mester (vota), de Cleveland, que reafirmou aguardar maiores dados econômicos.
Até a decisão de setembro, deve haver a publicação de mais uma rodada de indicadores da inflação e mercado de trabalho nos EUA. O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), publicado hoje, surpreendeu com queda de 0,1% em julho ante junho, mas uma leitura isolada não é suficiente para alterar a trajetória da política monetária do país, como destacaram dirigentes.
Neste cenário, as apostas monitoradas pelo CME Group mostram que um aumento de 75 pb (60,5%) segue predominante, ainda que com menor ímpeto que ontem. Já para 50 pb, a chance é de 39,5%. Ontem, tais parcelas eram de 64% e 36%, respectivamente. Atualmente, a taxa dos Fed Funds está entre 2,25% e 2,5%.
Assim, no fim da tarde em Nova York, os rendimentos da T-note de 2 caíam 3,380, o da T-note de 10 anos operava estável a 3,026% e o do T-bond de 30 anos, na ponta longa da curva de Treasuries, caía a 3,202%.
Pressionadas, as ações de comunicação, tecnologia e consumo estiveram entre as maiores perdas do dia. Alphabet, Apple e Amazon recuaram 5,41%, 3,77% e 4,76%, nessa ordem, acompanhadas por Meta (-4,15%) e Microsoft (-3,86%). Papel do Citi cedeu mais de 4% e o da 3M, mais de 9%, após um juiz de falências negar proteger a companhia de litígios contínuos envolvendo seus tampões de ouvido militares, como reportou a Dow Jones Newswires. Nos índices acionários, o Dow Jones caiu 3,03%, a 32.283,40 pontos, mil pontos abaixo do fechamento de ontem. Com mínimas renovadas próximo ao fim do pregão, o S&P 500 cedeu 3,37%, a 4.057,66 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 3,94%, a 12.141,71 pontos. Na semana, as perdas acumuladas foram de 4,22%, 4,04% e 4,44%, na sequência.
Entre moedas, o dólar se fortaleceu ante rivais e o índice DXY registrou alta de 0,31%, a 108,803 pontos, com ganho de 0,59% na comparação semanal. Na marcação, o dólar subia a 137,47 ienes, o euro caía a US$ 0,9967 e a libra recuava a US$ 1,1741.
A força da divisa norte-americana pesou sobre as commodities no mercado futuro. Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o cobre com entrega prevista para setembro baixou 0,05% e o ouro para dezembro caiu 1,22%. Já o petróleo conseguiu avançar, enquanto o mercado cria expectativas de que a Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) irá anunciar um corte de produção na reunião do início do mês que vem. Na Nymex, o WTI para outubro subiu 0,58% (US$ 0,52), em US$ 93,06 o barril, enquanto o Brent para novembro avançou 0,56% (US$ 0,55), a US$ 99,01 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na semana, os ganhos foram de 2,90% e 2,37%, respectivamente. (Ilana Cardial - [email protected])
BOLSA
O Ibovespa acompanhou a cautela externa nesta última sessão da semana, na qual se confirmou o aguardado viés 'hawkish' no discurso proferido em Jackson Hole pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Ainda assim, a referência da B3 resistiu a um grau maior de correção, mostrando resiliência ao ajuste em andamento nos maiores mercados do exterior. Em Nova York, as perdas da sessão chegaram a 3,94% no Nasdaq e, ao longo da semana, o índice de tecnologia recuou 4,44%. Na Europa, o DAX, de Frankfurt, cedeu hoje 2,26% e, na semana, 4,23%, enquanto em Londres o FTSE 100 caiu 0,70% nesta sexta-feira, retrocedendo 1,63% na semana. Na Ásia, o Nikkei, de Tóquio, sem conhecer ainda o tom de Powell, subiu 0,57% na sessão, mas perdeu 1% na semana.
Aqui, o Ibovespa fechou o dia em baixa de 1,09%, aos 112.298,86 pontos, entre mínima de 111.978,20 e máxima de 114.091,40 pontos - como ontem chegando a se reaproximar dos melhores níveis intradia desde abril, vistos na semana anterior -, saindo de abertura nesta sexta-feira aos 113.532,54 pontos. Na semana, na contramão da maioria das referências externas, o índice da B3 conseguiu preservar leve ganho de 0,72%, vindo de perda de 1,12% na semana passada - a qual sucedera quatro semanas de avanço consecutivo. O giro ficou hoje em R$ 26,2 bilhões. No mês, o Ibovespa avança 8,85%, com ganho no ano a 7,13%.
A sexta-feira foi de ajuste bem distribuído por ações e setores mais líquidos, com Petrobras (ON +1,00%, máxima do dia no fechamento; PN +1,08%) no lado oposto, em dia de alguma recuperação para o petróleo, em especial o Brent, negociado acima dos US$ 100 por barril. Na ponta negativa do Ibovespa, Natura (-6,73%), Usiminas (-6,67%), CSN (-5,95%) e Totvs (-4,66%). No lado oposto, Alpargatas (+7,18%), Pão de Açúcar (+3,02%), Cielo (+2,25%) e Petrobras PN (+1,08%).
O discurso de Powell, no Simpósio de Jackson Hole, sinaliza que o ciclo de aperto vai continuar e que a taxa de juros dos Estados Unidos permanecerá em nível elevado, avalia o Bradesco. Para o banco, a fala do presidente do Fed corroborou o cenário de aumento dos juros americanos a 4% até 2023. "Jerome Powell deixou claro que o Fed tem como objetivo trazer a inflação para o nível de 2% ao ano e que, para isso, a economia crescerá abaixo da tendência por alguns trimestres. Esse discurso está em linha com nosso cenário de continuidade de altas de juros nos EUA, atingindo 4% em 2023", dizem os economistas do Bradesco, em relatório.
Em Jackson Hole, Powell apontou que o processo de elevação de juros trará "alguma dor" para as famílias americanas, mas que o ajuste na política monetária é essencial para que o BC americano cumpra o mandato relacionado à inflação.
Mesmo com o tom duro indicado pelo BC dos Estados Unidos, o mercado aqui reduziu o pessimismo sobre o desempenho das ações na B3 no curtíssimo prazo, conforme o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 50% acreditam que a próxima semana será de alta para o Ibovespa, enquanto 30% disseram esperar perdas. Os que preveem estabilidade são 20%. Na pesquisa da semana passada, 36,36% responderam que o índice teria queda nesta semana, contra 27,27% que projetavam ganhos. Para outros 36,36%, a Bolsa teria variação neutra.
"A Bolsa teve uma recuperação muito forte de julho para agosto e, além de uma correção natural pelos ganhos que acumulou no intervalo, refletiu hoje sensibilidade ao que Powell disse. O sinal é 'hawkish', mas ainda não há consenso, não só no mercado mas aparentemente também dentro do Fed, sobre o quanto os juros vão ainda subir nos Estados Unidos, também em setembro", observa Edmar de Oliveira, operador da mesa de renda variável da One Investimentos, que, com o bom momento doméstico em relação ao que se vê no exterior, vê chance de o Ibovespa buscar os 120 mil pontos, uma vez que consiga enfrentar e se sustentar acima de resistência forte logo à frente, na faixa dos 114 a 115 mil pontos, e conte também com vetores externos mais favoráveis.
"Vale, por exemplo, teve hoje pressão vendedora quando chegou ali pelos R$ 71. O noticiário da China não tem contribuído para o setor de commodities. Veio corte de juros por lá, mas é preciso talvez um estímulo maior, pelo lado fiscal", diz Oliveira. No fechamento, Vale ON mostrava hoje queda de 1,50%, cotada a R$ 68,23, na mínima do dia no encerramento, com máxima da sessão a R$ 71,20 - na semana, avançou 1,90%, com ganho até aqui no mês a 2,54%, bem inferior ao visto em Petrobras ON (+22,30%) e PN (+20,70%) em agosto.
"Até a sessão desta sexta-feira, houve sequência de três dias de alta (para o Ibovespa), descolado até mesmo do mercado internacional. Powell veio firme, sinalizando que o Fed continuará elevando as taxas de juros e as deixará elevadas por um tempo maior para controlar a inflação, ainda que se tenha impactos negativos para os consumidores e as empresas", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos.
"Chegou a tão esperada sexta-feira de Jackson Hole e a fala rápida do Powell manteve a mensagem de que os juros seguirão altos para trazer a inflação para a meta. Mostrou tom mais duro e até um certo desconforto, principalmente com o momento, em que o mercado vem atuando em direção contrária. Fala 'hawkish', no sentido de que o Fed fará de tudo para trazer a inflação para o centro da meta", diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.
"Ainda tem uma grande parte do mercado que fica sempre torcendo para que o BC americano não suba tanto a taxa de juros e que comece a cortar o quanto antes, mas a mensagem há alguns meses já é essa: eles vão, sim, apertar as condições [de liquidez]", observa Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected]; com Cícero Cotrim)
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 112298.86 -1.08592
Máxima 114091.40 +0.49
Mínima 111978.20 -1.37
Volume (R$ Bilhões) 2.61B
Volume (US$ Bilhões) 5.13B
17:31
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 113915 -1.08969
Máxima 115845 +0.59
Mínima 113580 -1.38
CÂMBIO
No dia do tão aguardado discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, os mercados adotaram forte postura defensiva, mas o câmbio brasileiro operou na contramão. Mesmo com a moeda trabalhando majoritariamente em alta ante outras divisas pelo mundo, por aqui houve queda ao longo de praticamente todo o período. Profissionais do mercado apontaram ainda fluxo positivo para o dólar e redução de posições em moeda estrangeira como fatores que motivaram o comportamento. No entanto, não acreditam em espaço para recuos significativos, levando em conta o cenário externo e a possibilidade de maior movimentação do cenário eleitoral doméstico.
Ao final dos negócios, o dólar à vista ficou cotado a R$ 5,0781, em baixa de 0,67%. Com esse resultado, o "spot" encerrou a semana com queda de 1,74%, acumulando perda de 1,86% em agosto. No mercado futuro, o dólar para liquidação em setembro recuava 0,69% às 17h07, aos R$ 5,0825. O Dollar Index (DXY), que mede a variação do dólar ante uma cesta de divisas fortes, subia 0,32%.
Jerome Powell fez um discurso breve e direto, como ele mesmo sinalizou. Afirmou que a busca pela meta de inflação de 2% era incondicional e disse que famílias e empresas sentiriam "alguma dor" com os esforços do BC na condução da política monetária. O chairman do banco central americano afirmou que restaurar a estabilidade dos preços nos Estados Unidos ainda levará "algum tempo", numa tentativa de refrear apostas em breve redução dos juros. Powell sinalizou que novos aumentos de juros serão feitos, mas que a magnitude dependerá de novos indicadores econômicos e perspectivas de mercado.
Para Bruna Centeno, especialista em Renda Fixa da Blue3, o tom de Powell surpreendeu mais pela mudança de tom do que propriamente pelo teor, que de certa maneira já estava precificado. "Powell mostrou um Fed muito preocupado com a inflação, mas também muito comprometido com a busca da meta, o que é um aspecto positivo. Falar em juros de 4% nos Estados Unidos assusta, e o Brasil precisa controlar aspectos importantes da sua economia sob pena de ver uma fuga de recursos e as suas consequências no câmbio e na inflação", afirma.
Na avaliação de Mauriciano Cavalcanti, diretor de câmbio da Ourominas, o mercado de câmbio brasileiro não ignorou a fala de Powell, mas os fatores que vêm trazendo recursos ao país desde o início do mês não foram neutralizados hoje. "Nossos juros são os maiores do mercado global em relação ao que se paga em investimentos e os investidores estão arriscando mais. Por isso temos entrada de divisas. E a nossa inflação está começando a dar um refresco. O cenário político, por sua vez, ainda mostra um ambiente tranquilo", diz.
Os dois profissionais concordam que o dólar está bastante próximo de um suporte importante, a partir do qual as cotações devem voltar a subir. Nesse ambiente, a condução da política econômica e a proximidade da eleição presidencial devem fazer diferença nas cotações daqui em diante, acreditam. "O dólar pode até se aproximar dos R$ 5,00, mas a tendência é voltar a subir. Pesquisas eleitorais podem ser fonte de uma volatilidade muito grande daqui para frente", diz o profissional.
No cenário doméstico, o Banco Central divulgou hoje que o resultado das transações correntes ficou negativo em maio deste ano, em US$ 3,506 bilhões. Este é pior desempenho para meses de maio desde 2014, quando o saldo foi negativo em US$ 6,691 bilhões. Em abril, o resultado foi superavitário em US$ 1,088 bilhão. Já os Investimentos Diretos no País (IDP) somaram US$ 4,483 bilhões em maio, segundo dos dados do BC, superando a mediana das estimativas, de US$ 3 bilhões. (Paula Dias - [email protected])
17:31
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.07810 -0.6651 5.11760 5.05570
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5077.000 -0.80109 5124.000 5061.500
DOLAR COMERCIAL 5134.000 -0.7523 5146.000 5110.000
JUROS
Os juros futuros acabaram fechando a sexta-feira em queda, definida na última meia hora da sessão regular na esteira do maior alívio do câmbio, com o dólar chegando a até R$ 5,05 pouco antes do fechamento dos negócios. Mais cedo, chegaram a operar em alta acompanhando a reação inicial dos Treasuries ao discurso considerado "hawkish" do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, mas depois o mercado absorveu as declarações e o movimento perdeu força no começo da tarde. Evento mais aguardado da semana, a participação de Powell no Simpósio de Jackson Hole não foi capaz de desempatar o quadro das apostas para a próxima reunião de política monetária, em setembro, que continua dividido entre elevação de 75 e 50 pontos-base. Internamente, nem agenda nem noticiário contribuíram para o desenho da curva, com a movimentação no cenário eleitoral mais uma vez em segundo plano.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,73%, de 13,72% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 encerrou na mínima de 13,08%, de 13,19% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 11,99%, de 12,12% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 11,88% para 11,78%. No acumulado da semana, as taxas devolveram prêmios, mas como na ponta curta a redução foi pouco mais pronunciada, a curva acabou fechando a semana com leve ganho de inclinação.
O mercado esperou a semana inteira para ver se Powell endossaria a leitura dos dados fracos de atividade nos Estados Unidos que saíram nos últimos dias. A comunicação, porém, seguiu com tom prioritário à inflação. Powell afirmou que o compromisso com a estabilidade de preços nos EUA é "incondicional", que o foco é a meta de 2% e que restaurar a estabilidade dos preços ainda levará "algum tempo", com um período de baixo crescimento e "alguma dor" para famílias norte-americanas e empresas.
A tarefa do Fed não é trivial. Preferido da autoridade monetária, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, em inglês) dos EUA, divulgado hoje, mostrou alta de 6,3% em julho na comparação anual e de 4,6% no caso do núcleo. Powell destacou que o ritmo do aperto em setembro, porém, dependerá da "totalidade de dados" e da "evolução das perspectivas" da economia. Por fim, sinalizou manutenção da política restritiva "por algum tempo", enfraquecendo apostas de uma reversão rápida do ciclo de aumento.
Para o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, o discurso foi hawkish como o esperado, mas no curtíssimo prazo não há sinal claro sobre se é 75 ou 50, nem sobre o destino final da taxa. "A mensagem transmitida é de que não vão afrouxar enquanto não controlarem a inflação e vejo um quadro bastante confortável para que o Fed faça o que está dizendo que vai fazer. É um discurso crível", afirmou. "No price action, porém, hoje não fez muita diferença", completou, afirmando que com a credibilidade do Fed, o "tranco" de um discurso mais duro acabou sendo absorvido.
A reação inicial às declarações foi de alta nas taxas futuras no fim da manhã, alinhadas à aceleração do avanço dos Treasuries, mas no decorrer da tarde a pressão, em ambos os mercados, arrefeceu. Aqui, a aceleração da queda do dólar no fim da tarde deu o empurrão derradeiro para colocar os DIs em trajetória de baixa, após subirem nas duas últimas sessões. Nas mesas, operadores citam fluxo positivo em ambos os mercados.
No âmbito local, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, mostrou visão animadora sobre o comportamento das estimativas de inflação, hoje em evento organizado pela 1618 Investimentos. "A gente vê as expectativas do mercado para a inflação deste ano caindo, um pouco pelas medidas do governo. A gente acha que as expectativas de inflação de 2023 e 2024 começaram a acomodar e vão começar a cair em algum momento", disse Campos Neto, lembrando ao mesmo tempo que o BC ainda tem um desafio grande pela frente. Segundo ele, a maior parte dos impacto do aumento de juros ainda não se materializou na economia - mas, mesmo com esse efeito contratado, disse que a autoridade monetária não deve "baixar a guarda." (Denise Abarca - [email protected])
17:30
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