SINAIS HAWK PARA JURO E QUEDA DE COMMODITY PESAM NA SESSÃO, MAS BOLSA SOBE 6% NO MÊS

Blog, Cenário

As bolsas até tentaram reagir, com os investidores querendo surfar em dados menos inflacionários do mercado de trabalho americano (ADP) hoje cedo, mas o que prevaleceu mesmo foram os sinais "hawkish" captados em discurso de integrante do Federal Reserve (Fed), coroados por um CPI recorde do outro lado do Atlântico. No fim do dia, a chance de uma elevação de 75 pontos-base do juro nos Estados Unidos em setembro subia de 68,5% pela manhã para 72,5%, impulsionando os juros dos Treasuries. Assim, os índices em Nova York tiveram mais uma sessão negativa e, juntamente com o mau desempenho das commodities - com o petróleo tipo Brent oscilando nos US$ 95 o barril - arrastaram o Ibovespa para fechar em 109.522,88 pontos, na mínima. No entanto, o ingresso de mais de US$ 20 bilhões na B3 por investidores estrangeiros em agosto deu o impulso para que o índice encerrasse o mês com ganhos de 6,16%. O DXY caiu pressionado pelo euro, que avançou pela expectativa de aperto monetário mais agressivo por parte do Banco Central Europeu (BCE). Mas, no Brasil, o dólar engatou o segundo pregão de alta firme e terminou o pregão superando a barreira de R$ 5,20, a R$ 5,2015, (+1,73%). Com avanço de 2,43% nesta semana, a divisa americana encerra o mês em leve aumento, de 0,53%. Os juros futuros se firmaram em baixa à tarde, ajustando-se à continuidade das perdas do petróleo a despeito do avanço do dólar e do rendimento dos Treasuries. Antes do fechamento dos mercados, o governo divulgou o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) para 2023, com projeção de IPCA em 4,5%, um pouco abaixo do teto da meta (4,75%) e taxa Selic a 12,49%. A expectativa é de expansão de 2,5% do PIB.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Mesmo após um relatório de empregos da ADP dos Estados Unidos vir fraco e sinalizar que o Federal Reserve (Fed) pode não ter de ser tão duro na subida de juros, as bolsas de Nova York não conseguiram ganhar ímpeto e se recuperar, já que comentários de dirigentes do BC americano permanecem no tom hawkish, o que também impulsionou os juros dos Treasuries. O índice DXY, por sua vez, caiu, pressionado pelo euro, que avançou em meio à expectativa por uma alta agressiva por parte do Banco Central Europeu (BCE), após novo recorde do índice de preços ao consumidor (CPI) da região. Mesmo com o arrefecimento da divisa americana, os contratos futuros do petróleo estenderam perdas. Nos Estados Unidos, os estoques do petróleo bruto caíram além do previsto, mas os de seus derivados não acompanharam as expectativas.

O setor privado dos Estados Unidos criou 132 mil empregos em agosto, segundo pesquisa divulgada hoje pela ADP. O resultado veio bem abaixo da previsão dos analistas de 300 mil postos de trabalho gerados no mês. A pesquisa é considerada uma prévia um tanto imperfeita do relatório de emprego (payroll) dos EUA, que inclui dados do setor público e será divulgado nesta sexta-feira (02). É importante ressaltar que o relatório de hoje foi o primeiro após as leituras de junho e julho terem sido canceladas, em meio a uma mudança de metodologia. Dessa forma, a Capital Economics destaca que o estudo tem potencial para ser uma fonte independente útil de dados do mercado de trabalho, mas, por enquanto, seu valor é "prejudicado por sua curta história".

Após o relatório fraco, que pode levar o Fed a ser menos hawkish em seu aperto monetário, a chance de uma elevação de 75 pontos-base nos juros pelo BC americano em sua próxima decisão, de 21 de setembro, recuou de 73,0% ontem a 68,5%, segundo o monitoramento do CME Group. A possibilidade de uma alta de 50 pontos-base aumentou de 27,0% ontem a 31,5%. No entanto, no fim da tarde em Nova York, as apostas mudaram novamente: a chance de uma alta de 75 pontos-base subiu para 72,5%, e a de 0,25 ponto porcentual caiu para 27,5%.

Dessa forma, as bolsas de Nova York não conseguiram se recuperar e caíram, já que ainda pesavam comentários hawkish de dirigentes do Fed. Presidente da distrital em Cleveland, Loretta Mester afirmou hoje que é muito cedo ainda para concluir que a inflação nos EUA já atingiu o pico, ressaltando que o Fed tem mais trabalho pela frente para controlar os preços. "Os dirigentes do Fed estão enfatizando que o banco central não se afastará do aperto tão cedo", disse Quincy Krosby, estrategista-chefe global da LPL Financial. "A questão agora é quanta dor o Fed causará e quanto tempo levará para derrubar a inflação. O mercado tenta encontrar um equilíbrio sobre onde as ações devem ser avaliadas com base nessas expectativas", acrescentou. Nesse cenário, o índice Dow Jones fechou em baixa de 0,88%, em 31.510,43 pontos, o S&P 500 caiu 0,78%, a 3.955,00 pontos, e o Nasdaq avançou 0,56%, a 11.816,20 pontos. Já o retorno da T-note de 2 anos avançava a 3,466%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 3,163% e o do T-bond de 30 anos subia a 3,280%, no fim da tarde em Nova York.

A perspectiva de um aperto agressivo também do BCE ganhou força hoje, após a taxa anual do CPI da zona do euro atingir a máxima histórica de 9,1% em agosto, superando o recorde anterior de 8,9% observado em julho. Diante disso, o Goldman Sachs informou que agora espera que o BCE aumente em 75 pontos-base a taxa de juro na zona do euro na próxima reunião, de setembro, o que leva para uma projeção de 1,75% do juro básico no continente para fevereiro de 2023. Além disso, de acordo com a Reuters, operadores precificam ao menos uma alta de 75 pontos-base pelo BCE nas próximas duas reuniões. Hoje, o presidente do Bundesbank (o banco central da Alemanha), Joachim Nagel, voltou a defender um aumento de juros forte na reunião da semana que vem do BCE. "Há uma necessidade urgente de que o BCE aja de forma decisiva para conter a inflação em sua próxima reunião, e é necessário um forte aumento da taxa em setembro. Esperam-se mais altas de juros nos próximos meses", disse.

Dessa forma, o euro subiu hoje, pressionando o índice DXY. No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a 138,92 ienes, o euro subia a US$ 1,0043 e a libra tinha baixa a US$ 1,1611. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou queda de 0,07%, a 108,700 pontos.

Entre as commodities, os contratos futuros do petróleo registraram quedas. Os estoques de petróleo nos EUA caíram 3 milhões, quase três vezes o esperado, o que levou os ativos a reduzir perdas momentaneamente. No entanto, os estoques de destilados tiveram alta e contrariaram a expectativa de queda de analistas. Além disso, o mercado monitorou notícias sobre a Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que devem se reunir na próxima semana. O petróleo WTI para outubro fechou em baixa de 2,28% (US$ 2,09), a US$ 89,55 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para novembro caiu 2,25% (US$ 2,20), a US$ 95,64 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). No mês de agosto, os contratos mais líquidos acumularam perdas de 9,2% e 8%, respectivamente. (Letícia Simionato - [email protected])

BOLSA

Apesar da perda de fôlego nas últimas sessões, aparando ganhos que chegaram a superar 10% nos melhores momentos do mês - parecendo encaminhá-lo então para a melhor performance desde novembro de 2020 -, o Ibovespa teve ainda assim um agosto estelar se comparado à correção nas principais bolsas do exterior. Dos maiores mercados de fora, apenas Tóquio (+1,04%) conseguiu evitar perdas no mês, que chegaram a 4,64% em Nova York (Nasdaq) e a 5,02% (CAC 40, de Paris) nos centros financeiros da Europa. Melhor desempenho do índice desde janeiro (então 6,98%), o ganho de 6,16% no Ibovespa em agosto fala por si, embora se tenha em vista que a recuperação ocorreu a partir de um fundo do ano a 96 mil pontos, em meados de julho, com retomada que se estendeu ao mês seguinte.

Hoje, com os índices de Nova York em baixa à tarde e nas mínimas da sessão, o Ibovespa não resistiu e se alinhou ao sinal de fora ao fechar em baixa de 0,82%, a 109.522,47 pontos, no piso do dia no encerramento, vindo de máxima a 111.364,05 pontos e abertura a 110.430,64 pontos. O giro foi a R$ 31,4 bilhões nesta quarta-feira. Com o ganho de 6,16% em agosto, o índice da B3 sobe 4,48% no ano. Na semana até aqui, tem perda de 2,47%. O nível de fechamento desta quarta-feira foi o menor desde 9 de agosto (108.651,05 pontos)

O desempenho negativo do setor financeiro, o de maior peso no Ibovespa, impediu que a recuperação parcial vista em commodities (Petrobras ON +2,94%, PN +2,47%) levasse o índice um pouco mais adiante na última sessão do mês. Vale ON (+0,06%), por sua vez, devolveu a alta do dia e fechou na mínima da sessão (-0,72%), como o Ibovespa. Hoje, pesou sobre as ações de bancos (Itaú PN -2,53%, também no piso do dia no encerramento; Bradesco PN -2,52%) a aprovação, no Senado, de aumento de 1 ponto porcentual, de 20% para 21%, na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) paga pelo setor, até o fim do ano. O texto segue agora para sanção presidencial.

Na ponta do Ibovespa na sessão, destaque para Méliuz (+3,97%), Pão de Açúcar (+3,38%), Petz (+3,24%) e Petrobras ON (+2,94%), com Alpargatas (-5,54%), Magazine Luiza (-5,32%), Braskem (-4,84%) e Dexco (também -4,84%) puxando a fila oposta.

A recente lateralização do índice da B3 com fluxo também mais acomodado nas últimas sessões reflete um grau maior de cautela desde o exterior, especialmente com relação ao ritmo de atividade na China e à resiliência da inflação nas economias centrais, nomeadamente Estados Unidos e zona do euro, o que se reflete em incerteza sobre o grau de ajuste para os juros nas próximas deliberações do Federal Reserve e do Banco Central Europeu (BCE).

De ontem para hoje, leitura sobre o índice de atividade oficial para a indústria na China ainda mostrou contração em agosto, em meio à seca e onda de calor que resultaram em cortes de energia e interrupção na operação de fábricas, agravando um quadro já anômalo pelo ressurgimento de surtos de Covid-19 e pela retomada de iniciativas de enfrentamento da pandemia por lá. Fora da China, leituras sobre a inflação em economias como a americana e a alemã mostram que o problema e o grau de resposta a ser dado pelas autoridades monetárias permanecem em aberto.

"O dia começou de forma levemente positiva, com dados de emprego mais fracos que o esperado nos Estados Unidos e a queda no preço do petróleo - que traziam alívio ao cenário prospectivo de inflação no país. Porém, os mercados mudaram de direção na parte da tarde, influenciados pela postura mais dura do Fed, recalibrando a perspectiva de alta da taxa de juros no país", aponta Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos.

Assim, até que se conheça na sexta-feira o relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em agosto, a tendência é de que a cautela persista nos mercados globais. Aqui, a queda na taxa de desemprego, anunciada pela manhã, contribui para a impressão de melhora econômica.

"A taxa de desocupação no trimestre de maio a julho ficou em 9,1%, o que representa 9,9 milhões de pessoas, segundo dados da Pnad Contínua divulgados hoje pelo IBGE. É o menor porcentual de desocupação desde o trimestre encerrado em dezembro de 2015, quando também foi de 9,1%", observa a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto, que considera que a taxa deve permanecer no "patamar médio de 9%, com alguma movimentação para cima".

Aqui, os "juros futuros recuaram por toda a curva, precificando o cenário de deflação observado nos últimos indicadores divulgados no Brasil, bem como o recuo das commodities", diz Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

Na B3, ações muito descontadas e a indicação de que o ciclo de ajuste da política monetária está praticamente concluído despertaram o apetite por ativos de risco, tirando o Ibovespa das cordas desde meados de julho. "Muitos fundos entraram e fizeram posição com o Ibovespa ali pelos 100 mil pontos e, agora, estão colocando dinheiro no bolso, reduzindo posição em um movimento técnico, de defesa do portfólio", diz Luiz Souza, operador de renda variável da SVN Investimentos.

"Muita gente entrou especialmente em Petrobras e Vale, para receber dividendos", acrescenta Souza, observando que, com o nível de juros atual, torna-se natural colocar parte dos ganhos em caixa. "Em dólar, o Ibovespa teve um dos melhores desempenhos de todas as bolsas em agosto. O BC iniciou aqui bem antes a elevação dos juros. Atraiu-se fluxo e a renda variável voltou a ficar atrativa, quando se traz a valor presente, considerando também o fechamento da curva de juros."

Assim, se no fim de julho a conversa era sobre retomar a linha de 104 mil e a celebração era o retorno do índice a níveis de junho, agora é saber se o Ibovespa romperá os 114 mil pontos vistos recentemente no intradia, maior patamar desde abril, para carregar a recuperação mais adiante.

Na moeda americana, o Ibovespa fechou o mês de julho a 19.937,90 pontos, com recuo de 1,16% para o dólar ante o real no mês - após avanço de 10,15% para o dólar ante o real no mês anterior -, vindo o índice da B3 dos 18.824,39 pontos, na moeda americana, no fechamento de junho. Agora em agosto, com o dólar em leve alta de 0,53% no mês, o Ibovespa foi aos 21.056,01 pontos, na moeda americana. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 109522.88 -0.82202

Máxima 111364.05 +0.85

Mínima 109522.88 -0.82

Volume (R$ Bilhões) 3.14B

Volume (US$ Bilhões) 6.06B

17:42

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 111470 -0.20591

Máxima 112935 +1.11

Mínima 111015 -0.61

CÂMBIO

O dólar emendou o segundo pregão de alta firme nesta quarta-feira (31) e fechou acima da linha de R$ 5,20, em sessão marcada pela disputa em torno da formação da última taxa Ptax de agosto, que vai servir para liquidação de contratos derivativos, e pela rolagem de posições no mercado futuro. Os "comprados" (que ganham com a alta do dólar) se beneficiaram do mau humor externo, com tombo das commodities, como minério de ferro e petróleo, e nova rodada de perdas de divisas emergentes, em meio à perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos e na Europa.

Em alta desde a abertura dos negócios, o dólar superou a barreira de R$ 5,20 no fim da manhã e tocou R$ 5,21 à tarde, ao registrar máxima a R$ 5,2104, diante da piora do Ibovespa e das bolsas em Nova York. No fim da sessão, a moeda era cotada a R$ 5,2015, avanço de 1,73%. Depois de esboçar romper o piso de R$ 5,00 na segunda-feira (29), quando fechou a R$ 5,0334, o dólar subiu com força ontem e hoje, passando a acumular ganho de 2,43% na semana. Com isso, encerrou agosto em leve alta, de 0,53%. No acumulado do ano, a divisa acumula perdas de 6,71%. O giro com o contrato de dólar futuro para outubro, que passa a ser o mais líquido, foi expressivo hoje, superando US$ 20 bilhões, em razão da rolagem de posições.

Segundo operadores, os negócios no mercado de câmbio doméstico refletem muito mais o vaivém das apostas para o ritmo de alta de juros nos países desenvolvidos que eventual temor fiscal diante das promessas de expansão de benefícios sociais que tomam conta da corrida presidencial. A taxa anual de inflação ao consumidor (CPI) na zona do euro atingiu 9,1% em agosto, novo recorde histórico e acima das expectativas de analistas, de 8,9%, reforçando a aposta de que o Banco Central Europeu (BCE) pode acelerar o ritmo de alta de juros.

Nos Estados Unidos, o relatório ADP, de emprego do setor privado, mostrou criação de 132 mil vagas, menos da metade da previsão dos analistas (300 mil). Mesmo assim, a aposta em nova elevação dos Fed Funds em 75 pontos-base neste mês segue majoritária. Ainda ecoam no mercado o discurso duro do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole na semana passada, reforçado por declarações de diretores do BC americano nesta semana. A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse hoje que é cedo para concluir que a inflação nos EUA atingiu o pico. Mester afirmou que o Fed terá que levar os juros até "um pouco mais de 4%" até o começo de 2023. "Não prevejo que o Fed cortará os juros no próximo ano".

"Desde o desfecho do simpósio de Jackson Hole, o mercado está um pouco mais preocupado com a magnitude da elevação dos juros nos EUA. Isso não mudou mesmo com a decepção do ADP de agosto", afirma a economista-chefe de Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. "O clima externo é de aversão ao risco, com preocupações também com a inflação na Europa. Além disso, hoje teve a disputa pela formação da Ptax".

No exterior, o índice DXY - que mede o comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - apresentou leve queda, sobretudo por conta da recuperação do euro, mas ainda permanece em níveis elevados, na casa dos 108,700 pontos. Os contratos futuros de petróleo caíram quase 3%, com o tipo Brent para novembro, referência para Petrobras, cotado a US$ 95,64 o barril (-2,25%).

Commodities metálicas, como minério de ferro e cobre, também recuaram. Além do aperto monetário nos países centrais, há preocupações com o ritmo de atividade na China, cujo PMI Industrial fechou agosto abaixo de 50, o que indica contração. As divisas emergentes caíram em bloco frente à moeda americana, à exceção do peso mexicano. O real, que vinha apresentando melhor desempenho, desta vez amargou a piora desvalorização.

"Voltamos a ter pressão nas moedas emergentes, principalmente o real, que sofre mais por ser mais líquido. O ponto mais importante é a expectativa de aumento de juros nos países desenvolvidos. A inflação na Europa veio bem acima do esperado", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest. "Nos últimos dias, temos visto também queda dos preços das commodities, o que contribuiu para pressionar a moeda".

À tarde, o Banco Central divulgou que o fluxo cambial em agosto, até o dia 26, foi negativo em 1,009 bilhão, com saída líquida de US$ 76 milhões pelo canal financeiro e de US$ 934 milhões via comércio exterior. No ano, até 26 de agosto, o fluxo cambial é positivo em US$ 19,959 bilhões - fruto de saída de US$ 9,751 bilhões do lado financeiro e entrada de US$ 29,711 bilhões no front comercial. (Antonio Perez - [email protected])

17:42

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.20150 1.7309 5.21040 5.13300

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5179.500 1.0437 5185.500 5140.500

DOLAR COMERCIAL 5230.000 1.23887 5252.000 5170.500

JUROS

Após hesitarem pela manhã, os juros futuros se firmaram em baixa à tarde, ajustando-se à continuidade das perdas do petróleo, de mais de 2%, após já terem ontem tombado 5%. A trajetória de queda das taxas se deu a despeito do avanço do dólar de novo a R$ 5,20 e da alta no rendimento dos Treasuries. Mais uma vez, a agenda de indicadores domésticos não teve força para influenciar diretamente os negócios. No balanço do mês, a curva teve perda importante de inclinação.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,73% de 13,74% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 caiu de 13,09% para 12,98%. A taxa do DI para janeiro de 2025 fechou em 12,97%, de 12,07%, e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 11,75%, de 11,87%.

No mês, enquanto os contratos curtos tiveram queda em torno de 40 pontos, os longos cederam cerca de 70 pontos desde o fechamento de julho. Para se ter ideia, o spread entre os contratos para janeiro de 2029 e janeiro de 2024 passou de -63 pontos-base em 29 de julho para -101 pontos hoje. A redução da inclinação reflete, em boa medida, a expectativa de que o trabalho do Banco Central no ajuste de alta da Selic já foi feito e que, após um período de estabilidade na taxa básica, um ciclo de queda deverá ser iniciado ainda no primeiro semestre de 2023, pelo que aponta a precificação da curva a termo.

Nesta quarta-feira, as taxas percorreram a primeira etapa sem uma direção definida, com o mercado digerindo inicialmente a inflação recorde na zona do euro em julho, que endossa os recentes alertas de dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) sobre o risco de aperto maior no juro - a instituição tem reunião de política monetária no dia 8.

Mais tarde, saíram os dados da ADP com criação de vagas no setor privado nos EUA em agosto muito abaixo do esperado, às vésperas da divulgação do payroll na sexta-feira, esfriando num primeiro momento as apostas de um Federal Reserve agressivo. A chance de alta de 75 pontos no juro na reunião de setembro chegou a cair de 73% ontem para 68,5% pela manhã, mas voltava a 72,5% no fim da tarde.

Ao mesmo tempo, a queda dos preços do petróleo foi ganhando fôlego na segunda etapa, com o barril do Brent se afastando ainda mais da "marca psicológica" de US$ 100. Fechou em US$ 95,64, acumulando perda de 8% em agosto.

"O petróleo ajuda a curva, assim como a queda dos preços vista nas coletas diárias, que reforçam a ideia de que uma alta da Selic no Copom de setembro é pouco provável", afirmou

o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano. O recuo da commodity ainda amplia as chances de anúncio de cortes no preço de combustíveis pela Petrobras. "Há espaço para redução entre 5% e 10% nos preços da gasolina", comenta Serrano.

O monitor diário da CM Capital aponta desaceleração contínua da alta nos preços de Alimentação e Bebidas nos últimos dias, saindo de 0,76% em 24 de agosto para em 0,53% ontem, embora a deflação projetada do IPCA em agosto tenha diminuído de 0,45% para 0,34%.

A agenda do dia trouxe a taxa de desemprego no trimestre até julho em 9,1%, em linha com a mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, e superávit primário do setor público de R$ 20,4 bilhões em julho, ante mediana de R$ 22,2 bilhões. Os números fiscais positivos de curto prazo já estão, em boa medida, precificados nos ativos, e o que preocupa são as contas em 2023, em meio a promessas dos candidatos à Presidência que exigem ampliação do gasto fiscal, mas sem clareza de fonte de receitas.

"As incertezas políticas provavelmente persistirão antes das eleições de outubro e a dinâmica fiscal e da dívida [do Brasil] continua sendo uma preocupação com mais clareza sobre seu caminho futuro em 2023, pós-eleição", dizem Lupin Rahman, diretora de crédito soberano de mercados emergentes, e Pramol Dhawan, diretor de portfólio de mercados emergentes, da Pimco, em comentário ao Broadcast.

No fim da tarde, o Ministério da Economia divulgou o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) de 2023, enviado ao Congresso Nacional. A proposta não traz a prorrogação do aumento no Auxílio Brasil nem a correção da tabela do Imposto de Renda, prometidos pelo presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição. O Auxílio Brasil veio previsto o pagamento no valor médio de R$ 405, suficiente para atender 21,6 milhões de famílias. Todos os principais concorrentes ao Planalto, no entanto, anunciaram que pretendem manter o benefício em R$ 600, ou mesmo ampliar esse valor.

(Denise Abarca - [email protected])

17:41

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.68

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

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