RISCOS EXTERNOS SE SOMAM AOS LOCAIS, BOLSA VOLTA AOS 119 MIL PONTOS E JUROS DISPARAM

Blog, Cenário
Se os problemas internos do Brasil, que passam por ruídos políticos e incertezas fiscais e inflacionárias, já vinham mantendo os ativos locais descolados do exterior, notícias negativas vindas do exterior, com potencial impacto direto sobre a economia nacional, detonaram uma nova rodada de ajustes negativos por aqui. A Bolsa perdeu mais dois níveis e, no pior momento do dia, chegou a ser negociada em 118 mil pontos, enquanto a curva de juros voltou a embutir prêmios e, agora, já têm mais vencimentos com taxas em dois dígitos e o real, apesar de alguma volatilidade, encerrou com perda de força adicional ante o dólar. Tudo começou com dados econômicos ruins da China, que sugerem alguma desaceleração econômica do gigante asiático e afeta diretamente as commodities. E matérias-primas desvalorizadas para uma bolsa como a brasileira, que tem em produtoras e exportadoras de commodities seus principais players, o impacto é imediato. Puxado para baixo pela queda expressiva de Petrobras e siderúrgicas, ainda que as ações da Vale tenham se recuperado um pouco, o Ibovespa perdeu 1,66%, aos 119.180,03 pontos - menor nível desde 4 de maio. Até porque, o clima interno também não ajuda. Se a cautela com a política fiscal segue no horizonte, os ruídos institucionais não param de aumentar, desta vez com o presidente Jair Bolsonaro prometendo pedir o impeachment de ministros do STF. Na véspera da possível votação da reforma do Imposto de Renda, outro ponto que vem gerando alguma aversão entre o setor produtivo e o investidor, os juros futuros de longo prazo dispararam, agora com as taxas a partir de janeiro de 2027 fazendo companhia a outros vencimentos mais longos que já operaram acima de 10%. E o câmbio também não ajudou a aliviar. Ainda que o dólar tenha chegado a cair ante o real pela manhã, diante da perspectiva de que juros maiores acabarão atraindo recursos para carry trade, a moeda ganhou força em relação ao real à tarde, em meio a um movimento global diante da série de novos fatores de risco, que incluem além da China e da desaceleração causada pelo aumento de casos com a variante delta do coronavírus, as tensões geopolíticas envolvendo a rápida tomada de poder pelo Talibã no Afeganistão, após a retirada das tropas americanas. No fim, o dólar teve alta de 0,68%, a R$ 5,2807. Em Nova York, as bolsas até recuperam algum fôlego e fecharam sem direção única, o suficiente para garantir novos recordes no Dow Jones e no S&P 500. As principais quedas nos índices acionários foram de petroleiras, impactadas pelo recuo do preço da commodity energética. Mas o chamado "medidor do medo" em Wall Street, o índice de volatilidade VIX chegou a saltar 14% no pregão.
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BOLSA Em dia de leitura frustrante sobre a economia chinesa - a que setores relevantes da B3, como mineração e siderurgia, têm exposição -, o Ibovespa aprofundou correção que havia prevalecido na semana anterior, quando acumulou perda de 1,32% apesar do exterior, na ocasião, positivo. Hoje, com aversão a risco também lá fora, o índice de referência da bolsa brasileira fechou em baixa de 1,66%, a 119.180,03 pontos, atingindo na mínima 118.683,65 pontos, menor nível intradia desde 5 de maio (117.724,64), saindo de máxima, na abertura, aos 121.191,45 pontos. O giro financeiro foi de R$ 38,6 bilhões e, no mês, o Ibovespa cede 2,15%, limitando os ganhos do ano a apenas 0,14%. Foi o primeiro fechamento abaixo dos 120 mil pontos para o Ibovespa desde 12 de maio, então aos 119.710,03 pontos, e o pior nível de encerramento desde 4 de maio (117.712,00 pontos), com o mercado se preparando para o vencimento, nesta quarta-feira, de contratos futuros sobre o índice. Considerado um suporte importante, a linha de 120 mil pontos havia sido defendida com sucesso mesmo nos piores momentos das três sessões anteriores, quando prevalecia a percepção sobre o "risco Brasil", associado especialmente à gestão fiscal, em meio à formatação de novo programa social, de maior alcance, e a dúvidas sobre a versão final da reforma do IR, cuja votação na Câmara foi adiada para esta semana. O pedido do presidente Bolsonaro por impeachment dos ministros Barroso e Moraes, do STF, é acompanhado também com atenção pelo mercado, em meio à turbulenta relação entre Executivo e Judiciário. "Não duvidaria de uma correção até os 117 mil pontos. Hoje, Vale (ON +0,46%) acabou ajudando à tarde, virando do negativo para o positivo, o que contribuiu um pouco para segurar o índice, muito pressionado por dados chineses bem abaixo do consenso, especialmente a produção industrial. Além dos dados chineses, a Covid-19 volta a preocupar por lá, e também nos Estados Unidos, com tensão geopolítica emergindo após a retirada americana do Afeganistão", diz Rodrigo Friedrich, chefe de renda variável da Renova Invest, escritório ligado ao BTG Pactual. No exterior, "os mercados de ações têm apresentado um bom desempenho nas últimas semanas e a retração desta segunda-feira provavelmente tem muito a ver com isso", observa em nota Craig Erlam, analista de mercado sênior da OANDA na Europa. "Houve alguns números econômicos ruins, começando com a leitura do índice de sentimento do consumidor (nos EUA), da Universidade de Michigan, na sexta-feira, quando o movimento corretivo começou. Mas o mercado estava preparado para alguma realização de lucro e os investidores provavelmente estão aproveitando a oportunidade", acrescenta o analista, destacando também os dados chineses, que "vão alimentar a incerteza de curto prazo no país". Em Nova York, Dow Jones e S&P 500 se firmaram em alta à tarde, e voltaram a renovar máximas históricas de fechamento, descolados da cautela externa. O crescimento econômico da China vai desacelerar este ano devido às enchentes do verão local e às medidas de restrições para conter o coronavírus, afirmou o porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas do país, Fu Linghui, após uma série de dados que apontaram para esfriamento da atividade. Assim, nesta segunda-feira na B3, o desempenho das ações de siderurgia (Usiminas PNA -5,30%, Gerdau PN -3,13%, CSN ON -2,72%) refletiu evolução abaixo do esperado para a produção industrial na segunda maior economia do mundo, com desaceleração do setor de construção. Com o Brent em queda, negociado abaixo de US$ 70 por barril, Petrobras ON e PN fecharam o dia respectivamente em baixa de 1,91% e 2,42%. Dia negativo também para outro segmento de peso no Ibovespa, bancos, com perdas de até 1,14% (Itaú PN) na sessão. Na ponta negativa do índice, CVC cedeu 8,56%, à frente de Embraer (-6,45%). No lado oposto, Qualicorp subiu 3,85%, CPFL, 2,04%, e Suzano, 1,58%. "Começo de segunda quinzena de agosto no negativo, com os mercados da Europa vindo (assim como Nova York) de máximas. Destaque para o VIX (índice de volatilidade em Nova York) que subia 11,8% pela manhã. Bastante cautela ainda no nosso mercado, com dados da China bem abaixo do consenso, e agora tensão geopolítica no Afeganistão. Aqui, temos semana de vencimento de futuros sobre o índice, na quarta-feira, e o mercado já está se posicionando para isso. É o começo de uma semana decisiva para pautas importantes, como a reforma do IR e o parcelamento de precatórios", diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. "Temos pela frente semana um pouco fraca de números, aqui e fora. Destaque para a ata do Fomc, na quarta-feira, o que pode mexer um pouco com o mercado, especialmente se trouxer indicação sobre 'tapering' (redução de estímulos). Aqui, a questão fiscal ainda influencia os preços (dos ativos). Há uma preocupação no mercado quanto a elevação da carga na reforma (tributária), e tem acompanhado também o embate entre alguns ministros do STF e TSE com o governo federal, em especial o presidente (da República), o que cria receio de instabilidade institucional, caminhando para a eleição do ano que vem", diz Daniel Miraglia, economista do Integral Group. (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 119180.03 -1.66157 Máxima 121191.45 -0.00 Mínima 118683.65 -2.07 Volume (R$ Bilhões) 3.85B Volume (US$ Bilhões) 7.34B 17:32 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 119310 -1.57971 Máxima 120760 -0.38 Mínima 118705 -2.08 Volta JUROS Impasses fiscais e institucionais no Brasil e um cenário externo com certa resistência à tomada de risco levaram a mais um dia de inclinação da curva de juros futuros. Neste contexto, a taxa do janeiro 2027 voltou ao nível de dois dígitos, o que não era visto desde dezembro de 2018, uma semana após os contratos além de 2028 voltarem a esse patamar. O diferencial entre esse contrato e o janeiro 2022, por sua vez, atingiu 340 pontos-base, o maior desde 27 de maio (352 pontos). A agitada agenda parlamentar doméstica, com debate sobre Imposto de Renda e Precatórios, compensa a falta de indicadores de maior peso e dá o tom da semana na renda fixa. Nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) de prazo bem curto houve viés de queda na maioria dos vértices, espelhando certa acomodação do aumento de prêmios recentes. O impulso veio, contudo, naqueles de prazo mais estendido. No encerramento da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 recuou de 6,641% a 6,625%. O 2023 passou de 8,349% a 8,35%. Nas máximas, o 2025 foi de 9,39% a 9,58%; o 2027 avançou de 9,824% a 10,020%; o 2029 subiu de 10,093% a 10,370%; e o janeiro 2031 saltou de 10,26% a 10,50%. A tomada de posições mais defensivas acelerou na última hora do pregão, tal qual visto na semana passada. "De certa forma, é quase um mais do mesmo do que a gente viu na semana passada. É uma sensação de aumento do prêmio de risco de ativos brasileiros, com impasses na questão dos precatórios, do Bolsa Família, da reforma do IR [Imposto de Renda]", resume o estrategista-chefe do Modalmais, Felipe Sichel. De fato, ao longo do fim de semana, a resolução do impasse fiscal ficou emperrada. Segue gerando incômodo nos agentes a falta de um alinhamento do discurso entre os membros da equipe econômica. Na sexta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que é impossível para qualquer BC do mundo controlar as expectativas de inflação com um ambiente fiscal descontrolado. À tarde, o secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, disse que o espaço para gastos está ficando ainda mais apertado com o avanço dos índices de preços. Ao fim do dia, o Broadcast publicou entrevista com o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, na qual ele reconheceu que a PEC dos Precatórios, mecanismo por meio do qual o governo propõe parcelar dívidas judiciais e criar um fundo que permite antecipar as prestações fora do teto, tem muitas vulnerabilidades e que, por isso, é preciso "máxima responsabilidade" por parte do Congresso. E ao Valor Econômico hoje, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo poderá ter de suspender o funcionamento de órgãos públicos e o pagamento de salários se a PEC não for aprovada. "O que o mercado está vendo são riscos ao teto de gastos, que vem perdendo relevância ao longo do tempo enquanto âncora fiscal. Com isso, acaba-se deixando de ter um guia em termos de credibilidade (nas contas públicas)", afirma Sichel. Neste contexto, o mercado fica de olho no desenrolar da agenda congressual. Está prevista para amanhã a votação da reforma do IR na Câmara, mas o tema está longe ainda de consenso. Estados, municípios e parte da classe empresarial se queixam das propostas do relator Celso Sabino (PSDB-PA). Na PEC dos Precatórios, o rito ainda não está definido. Na avaliação da consultoria de risco político Eurasia, em texto a clientes do Broadcast e Broadcast Político, há espaço para que a equipe econômica endosse uma solução alternativa para isentar completamente os precatórios do teto de gastos. O limite de despesas seria recalculado retroativamente a partir de 2016 para deduzir a parcela dedicada ao pagamento de dívidas judiciais, abrindo assim espaço abaixo do teto em 2022. E há também todo o debate na Medida Provisória do Auxílio Brasil, que reformula o Bolsa Família com vistas às eleições de 2022. Além do front no Congresso, a questão institucional vem incomodando os agentes. A intenção do presidente Jair Bolsonaro de protocolar pedidos de impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, vocalizada no sábado, azeda ainda mais a crise entre os Poderes. O mercado de juros também observou hoje novo aumento da projeção de IPCA em 2021 e 2022. Para este ano, passou de 6,88% a 7,05% (bem longe da meta de 3,75%). Para o ano que vem, foi de 3,84% a 3,90% (também longe da meta de 3,50% e a despeito do endurecimento do discurso do BC contra a inflação). Amanhã, inclusive, mais um indicador inflacionário deve mostrar fôlego, o IGP-10. Pesquisa do Projeções Broadcast aponta que o mercado espera avanço a 1,29% em agosto, após 0,18% em julho. As estimativas, todas de aceleração, vão de 1,02% a 1,72%. (Mateus Fagundes - [email protected]) 17:32 Operação   Último CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 5.29 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 5.15 Over Selic (%a.a) 5.15 CÂMBIO A cautela com a cena fiscal doméstica, em meio à expectativa pela votação da reforma do Imposto de Renda na Câmara dos Deputados, programada para amanhã, e o fortalecimento global da moeda americana falaram mais alto nos negócios no mercado de câmbio na tarde desta segunda-feira (16), levando o dólar a encerrar o dia em alta firme, na casa de R$ 5,28. Pela manhã, a volatilidade tomou conta da taxa de câmbio, com o dólar alternando sinais. Logo após a abertura, a moeda americana aproximou-se do teto psicológico de R$ 5,30, ao registrar máxima a R$ 5,2962. Mas perdeu força rapidamente e passou a trabalhar em terreno negativo, descendo até a casa de R$ 5,22 na mínima (R$ 5,2262). Segundo operadores, fluxos pontuais de recursos para aproveitar a arbitragem de taxa de juros local e externo e movimentos esporádicos de realização de lucros teriam dado fôlego momentâneo ao real. Depois de andar de lado no início da tarde, o dólar ganhou força novamente, alinhando-se à alta da moeda americana em relação a divisas fortes e emergentes, em dia marcado por aversão ao risco. Indicadores econômicos fracos na China (vendas no varejo e produção industrial) em meio ao avanço da variante delta geraram temores de desaceleração da atividade global. Também pesou nos negócios a crescente tensão geopolítica, com o retorno relâmpago do Talibã ao poder no Afeganistão, após a retirada das tropas americanas. Ao fortalecimento do dólar lá fora se somou a cautela com a questão fiscal doméstica, em meio às negociações da PEC dos Precatórios e a expectativa pela votação, amanhã, da reforma do Imposto de Renda na Câmara dos Deputados. Há certo incômodo também com os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal, embora não se vislumbre uma escalada da tensão político-institucional que provoque qualquer espécie de ruptura no regime. Bolsonaro afirmou no fim de semana, em rede social, que vai encaminhar ao Senado um pedido de impeachment dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Com tantos riscos no horizonte, os investidores preferiram se resguardar e ampliaram as posições defensivas na reta final dos negócios, o que fez o dólar à vista fechar em alta de 0,68%, a R$ 5,2807. Na B3, o dólar futuro para setembro subia 0,43%, a R$ 5,2855, com giro reduzido, na casa de US$ 11,8 bilhões. Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar americana frente a seis moedas fortes - operava em alta, ao redor de 92,600 pontos (perto das máximas). O dólar também avançava frente à maioria das divisas emergentes, com alta mais pronunciada ante o peso colombiano e o rand sul-africano. Na avaliação do gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, o mercado segue muito na defensiva por causa dos ruídos políticos domésticos e da questão fiscal, com o temor de rompimento do teto de gastos. Isso impede a moeda brasileira de se recuperar, a despeito da expectativa de aperto monetário mais forte, confirmado hoje pelo Boletim Focus, com a mediana mostrando Selic a 7,5% no fim deste ano. "O clima interno é muito carregado e está impregnado na formação da taxa de câmbio, que não deve ter alívio no curto prazo", afirma Galhardo, que vê o dólar operando numa banda entre R$ 5,00 e R$ 5,30 nas próximas semanas. "Enquanto o Brasil não recuperar a credibilidade, com reformas, como a administrativa, e avanço das privatizações, vai ser difícil ver esse dólar cair." O head da mesa de câmbio e operações PJ da Wise Investimentos, Gustavo Gomiero vê pontos favoráveis a uma reação do real, com privatização de Correios e Eletrobras, atividade econômica em recuperação e taxa Selic mais elevada, o que aumenta o diferencial de juros e pode atrair recursos. Gomiero ressalta, porém, que há pressões internas e externas que afetam o desempenho da moeda brasileira. Por aqui, a questão político-institucional, que pode prejudicar a recuperação da economia. Lá fora, existe um ambiente de aversão ao risco, o que faz investidores correrem para a moeda americana. "Vemos essas posições antagônicas. E isso deixa o dólar bem volátil", afirma Gomiero, ressaltando as fortes oscilações da taxa de câmbio ao longo do pregão desta segunda-feira, com queda forte pela manhã. "Quem ganhou no fim foi essa aversão mais forte ao risco, com o dólar subindo." (Antonio Perez - [email protected]) 17:32 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.28070 0.6787 5.29620 5.22920 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5282.500 0.37051 5310.500 5240.000 DOLAR COMERCIAL 5280.000 0.06633 5280.000 5280.000 MERCADOS INTERNACIONAIS As bolsas de Nova York ganharam fôlego à tarde e ficaram sem direção única, o suficiente para garantir novos recordes de fechamento do Dow Jones e do S&P 500. Em outros mercados, contudo, a cautela predominou e levou, por exemplo, a uma queda do petróleo. A aversão a risco gerada por dados que confirmaram a desaceleração econômica da China, em meio ao avanço da variante delta do coronavírus, aumentou a demanda por ativos seguros, com o dólar, o ouro e os Treasuries. Chamado de "medidor do medo" em Wall Street, o índice de volatilidade VIX chegou a saltar 14% no pregão. Segundo analistas, a crise geopolítica no Afeganistão também elevou a posição defensiva dos investidores, principalmente no câmbio. Para os mercados, o maior risco é um Taleban fortalecido promover ataques terroristas pelo mundo. Ações dos segmentos de saúde e serviços de utilidade pública garantiram uma virada no Dow Jones e no S&P 500 nesta tarde. Os índices, que caíram durante boa parte da sessão, encerraram com ganhos de 0,31% e 0,26%, respectivamente, nas máximas históricas de 35.625,40 e 4.479,71 pontos. O Nasdaq, contudo, recuou 0,20%, a 14.793,76 pontos, puxado para baixo pelos papéis da Tesla (-4,32%). Para o analista de mercado financeiro Craig Erlam, da Oanda, após recordes consecutivos nas bolsas de NY, investidores aproveitaram para realizar lucros durante o dia. À tarde, o apetite por ações voltou. Na Ásia e na Europa, por outro lado, a aversão a risco derrubou os mercados acionários. O estopim para a cautela foram dados da China divulgados ontem à noite. Vendas no varejo e investimentos em ativos fixos vieram abaixo do esperado por analistas em julho. "O crescimento chinês tem sido um risco de queda para os mercados por semanas e os dados estão apenas confirmando o que muitos suspeitavam", diz Erlam. Como resultado, o índice de volatilidade VIX acelerou mais de 14%, embora tenha reduzido a alta no fim do pregão. Apesar da menos perdas em NY, a cautela prevaleceu em outros mercados, como o de commodities. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI para setembro recuou 1,68%, a US$ 67,29, enquanto o do Brent para o mês seguinte teve queda de 1,53%, a US$ 69,51, na Intercontinental Exchange (ICE). O ouro, considerado um ativo de refúgio, se fortaleceu. Na Comex, divisão de metais da Nymex, o metal precioso com entrega prevista para dezembro encerrou a sessão com ganho de 0,65%, a US$ 1.789,80 a onça-troy. Os investidores também compraram Treasuries. A demanda maior aumentou o preço dos títulos e reduziu os juros, que operam no sentido contrário. No horário de fechamento do mercado em NY, o rendimento da T-note de 2 anos caía a 0,197%, o da T-note de 10 anos recuava a 1,263% e o do T-bond de 30 anos cedia a 1,917%. Nos últimos meses, a renda fixa tem surpreendido. Mesmo com o avanço da vacinação contra a covid-19 e uma retomada da economia dos EUA, os juros recuaram. Analistas ainda esperam que os rendimentos eventualmente engatem uma trajetória de alta, mas reduziram as estimativas. (Leia mais na reportagem publicada às 13h22 de Brasília). Assim como em outros mercados, a busca por segurança deu o tom no câmbio hoje. De acordo com o analista Joe Manimbo, da Western Union, o principal fator que explica a valorização de moedas como dólar e o iene são os dados fracos da China. "Enquanto isso, a crise no Afeganistão aumentou o viés mais defensivo dos mercados, um dia depois que o governo entrou em colapso e o Taleban assumiu o controle", diz o profissional. O índice DXY, que mede a variação do dólar contra seis pares, subiu 0,12%, a 92,628 pontos. Perto do horário de fechamento do mercado em NY, a moeda dos EUA caía a 109,24 ienes, o euro recuava a US$ 1,1779 e a libra cedia a US$ 1,3842. Nos próximos meses, os mercados também estarão atentos a possíveis mudanças na composição do Federal Reserve (Fed). O presidente dos EUA, Joe Biden, terá a oportunidade de remodelar a instituição com quatro cargos em jogo, incluindo do chefe da autoridade monetária, Jerome Powell. (Leia mais na reportagem publicada às 14h29). (Iander Porcella - [email protected])
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