O aumento do risco político passou a ser o principal driver para os ativos domésticos neste primeiro pregão de julho, a ponto de o ambiente externo, majoritariamente positivo, ser relegado ao segundo plano. O emaranhado de acusações e suspeitas de irregularidades na compra de vacinas por parte do governo, em mais um dia de CPI da Covid, ganha ainda mais peso diante do "superpedido" de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Até porque, ao mesmo tempo em que o avanço da agenda de reformas depende da aliança com o Centrão e o presidente da Câmara, Arthur Lira, promete celeridade, ao dizer que os PLs da reforma tributária, que desagradaram ao mercado, podem passar antes do recesso, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, emite sinais de que a vida do governo pode não ser tão simples. Em entrevista, ele disse que o "superpedido" de impeachment "não pode ser banalizado" e que Lira deve analisar o documento "à luz de muita técnica e de muita profundidade". Toda essa confusão foi a receita para que o Ibovespa regredisse mais um nível, enquanto os juros futuros tiveram alta firme num dia em que o dólar chegou a ser negociado na casa de R$ 5,05 novamente. A moeda dos EUA, que encerrou a sessão com avanço de 1,45%, a R$ 5,0453 ante o real no mercado à vista, contou também com suporte externo, uma vez que os investidores estão em compasso de espera pelo relatório do mercado de trabalho americano, amanhã. Na Bolsa, nem mesmo o comportamento positivo dos pares em Wall Street, com recorde do S&P 500, ou a forte alta do petróleo e do minério foram suficientes para impedir o recuo de 0,90%, aos 125.666,19 pontos. Por fim, na renda fixa, houve um processo de inclinação da curva a termo de juros, com a alta firme dos vencimentos longos evidenciando o aumento da percepção de risco em relação ao Brasil derivada da aparente perda de capital político por parte do governo.
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