‘RISCO MERCADANTE’ PESA EM ATIVOS, MAS CHANCE DE PEC SER ADIADA ALIVIA ESTRESSE

Blog, Cenário

A semana de agenda cheia de indicadores e eventos, aqui e no exterior, já sugeria um pregão de cautela. Mas o mau humor local não foi causado pelas negociações da PEC de Transição, pela possibilidade de um Fed mais duro, após dados recentes, ou pela cautela antes da ata do Copom. O nome e sobrenome da aversão ao risco foi Aloizio Mercadante. A possibilidade do ex-ministro do governo Dilma Rousseff e atual membro do governo de transição assumir a Petrobras ou o BNDES reavivou no mercado a memória de políticas bastante criticadas: intervencionismo nas estatais e juros subsidiados para fomentar campeãs nacionais. O resultado foi um dia bastante negativo até a reta final do pregão, quando surgiram comentários de que a PEC de Transição pode não ser votada na quarta-feira, como queria o governo eleito. A leitura foi de que isso aumenta as chances de desidratação do texto, o que seria benéfico do ponto de visto fiscal. Assim, o Ibovespa, que tombou abaixo dos 104 mil pontos no pior momento do dia e caminhava para um fechamento na casa dos 104 mil pontos, reduziu as perdas, até fechar com queda de 2,02%, aos 105.343,33 pontos, com destaque para o recuo das estatais Petrobras e Banco do Brasil. O dólar, em movimento amplificado pela valorização externa ante algumas outras divisas, operou no maior nível em duas semanas ante o real, ao superar a casa de R$ 5,35. No fim, perdeu um pouco do ímpeto, mas a valorização ainda foi expressiva, de 1,26%, a R$ 5,3116. A moeda no mercado futuro, que ainda operava quando surgiram os comentários sobre a postergação da PEC, perdeu um pouco de força e estava em R$ 5,3405 (+1,50%) às 18h15. Já na curva de juros, com os operadores à espera da ata do Copom, amanhã, a sinalização de que Mercadante pode assumir o BNDES, por exemplo, e retomar políticas que custaram caro aos cofres públicos durante governos petistas, resultou em forte acúmulo de prêmios, sobretudo nos vértices intermediários. Mas, assim como nos demais ativos, a possibilidade de adiamento da PEC minimizou bastante a alta. Enquanto isso, em Nova York, o dia foi misto. Se dólar e juros dos Treasuries subiram com a cautela antes das decisões de Fed, BCE e BoE, todos nesta semana, os índices de ações conseguiram engatar uma pequena recuperação ante perdas recentes, sustentados pela esperança de desaceleração inflacionária em meio ao enfraquecimento da economia global.

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

Em dia de apetite por risco em Nova York, onde os ganhos ficaram entre 1,26% (Nasdaq) e 1,58% (Dow Jones) no fechamento desta segunda-feira, o Ibovespa chegou a ceder mais de 3% nos piores momentos da sessão, atingindo o menor nível intradia desde 4 de agosto, mas conseguiu limitar a perda a 2,02%, aos 105.343,33 pontos no encerramento, amparado no fim por relato sobre a PEC da Transição. Hoje, mais cedo, o índice da B3 oscilou entre mínima de 103.876,71 pontos e máxima de 107.561,12 pontos, saindo de abertura aos 107.518,28 pontos.

Até perto do fechamento, abaixo dos 105 mil, parecia que o índice encerraria no menor nível desde 3 de agosto, quando marcou 103.774,68 pontos - ao fim, a melhora não foi tanta: mesmo aos 105 mil, não fugiu do pior nível de encerramento desde aquele mesmo dia de agosto. O giro financeiro ficou em R$ 30,8 bilhões nesta segunda-feira. No mês, o Ibovespa cai 6,35%, chegando a ficar no negativo no ano, durante a sessão - ao fim do pregão de hoje, ainda sobe 0,50% em 2022.

Na reta final veio a melhora do Ibovespa, com o relato de que a votação da PEC da Transição pode não ocorrer nesta quarta-feira, diferentemente do que queria o governo eleito. O adiamento teria relação com a falta de votos necessários à aprovação do texto na forma como passou pelo Senado - o que sugere possível nova desidratação, agora na Câmara. Houve reação na curva de juros, contribuindo para aparar as perdas do Ibovespa perto do encerramento. O índice de consumo (ICON), mais exposto à curva, cedeu 2,10%, após recuo perto de 3% na mesma tarde.

Mais cedo, temor de que a próxima administração Lula venha a adotar viés intervencionista sobre as estatais descolou a B3 do sinal positivo de Nova York nesta abertura de semana. Pesou na sessão o relato de que o ex-ministro Aloizio Mercadante, associado ao governo Dilma Rousseff (2011-2016), venha a exercer papel em Lula 3 como presidente da Petrobras ou do BNDES. Apesar das especulações de que poderá ser indicado para a Petrobras, Mercadante está motivado para comandar o BNDES, segundo apurou o Estadão.

No começo da tarde, ao chegar para a cerimônia de diplomação do presidente e do vice eleitos, Mercadante, que coordena os grupos técnicos da transição, disse desconhecer qualquer discussão na equipe sobre a possibilidade de alterar a Lei das Estatais. Ainda assim, com a possibilidade de um papel mais ativo do próximo governo sobre empresas públicas, bem como sobre instituições de fomento e crédito, Petrobras puxou a fila negativa em boa parte do dia entre as ações de maior liquidez, com a PN em baixa de 3,24% e a ON, de 2,71% no fechamento, após terem mostrado perdas superiores a 4% ou mesmo 5% durante a sessão. Nesta segunda-feira, destaque também para a reação de Banco do Brasil (ON), aplainada a -3,40% no fechamento, após ceder mais de 4% nos piores momentos da sessão.

"O mercado segue em compasso de expectativa, com bastante desinformação, o que alimenta incerteza especialmente sobre as estatais e as empresas mais dependentes da economia doméstica. Os juros futuros abriram com toda essa incerteza (durante o dia), o que afeta em particular as empresas mais dependentes de capital, seja para financiar a produção, seja para giro. Tal encarecimento dificulta o caminhar dessas companhias", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. "Há muito diz que diz, trazendo volatilidade e expectativa ruim aos mercados."

Na ponta negativa, destaque nesta segunda-feira para Méliuz (-7,14%), CSN Mineração (-5,65%), Pão de Açúcar (-4,79%) e Cogna (-4,76%). No lado oposto, Gol (+4,67%), PetroRio (+2,94%), Minerva (+2,51%) e Cielo (+2,07%). As empresas de mineração e siderurgia fecharam o dia em baixa, com destaque, além de CSN Mineração, para Vale (ON -2,99%) e CSN (ON -3,04%), com recuo de 0,80% para o minério em Dalian, China. Assim, o dia foi negativo tanto para o índice de materiais básicos (IMAT -1,50%), apesar da alta superior a 2% para o petróleo na sessão, como também para as ações ligadas à economia interna, entre as quais as de consumo (ICON -2,10%).

"Em dia de agenda vazia, o mercado segue precificando risco fiscal que estressa a curva de juros, favorecendo a alta no dólar e penalizando os ativos de risco", aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. Nesta segunda-feira, a moeda americana fechou em alta de 1,26%, a R$ 5,3116, no segmento à vista.

No exterior, a agenda da semana reserva decisões de política monetária com efeito sobre dólar (Federal Reserve), euro (Banco Central Europeu) e libra (Banco da Inglaterra). Na véspera da decisão do Fed, haverá nova leitura sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, amanhã.

Para a decisão de quarta-feira do BC americano, "uma alta de 0,5 p.p. parece bem consolidada, visto que Powell (presidente do Fed, Jerome Powell) já praticamente antecipou a decisão, mas o comunicado ainda pode pesar", aponta em nota a Guide Investimentos, que considera haver dúvida maior para a deliberação do BCE, na quinta, entre moderação da alta dos juros ou manutenção do ajuste de 0,75 p.p., "que parece ser o cenário", acrescenta a casa. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 105343.33 -2.02403

Máxima 107561.12 -1.36

Mínima 103876.71 -4.74

Volume (R$ Bilhões) 3.08B

Volume (US$ Bilhões) 5.81B

18:32

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 104835 -2.65565

Máxima 107850 -1.14

Mínima 103770 -4.88

CÂMBIO

O chamado 'risco Mercadante' engatilhou aversão ao risco no mercado doméstico nesta segunda-feira, arrastando para cima a cotação do dólar. A busca pela proteção na moeda americana fez a cotação à vista correr ao maior nível em duas semanas, ainda que na etapa da tarde a força compradora tenha perdido um pouco de ímpeto. A expectativa de um discurso mais duro do Federal Reserve também sustenta a valorização da divisa dos Estados Unidos mundo afora. No mercado futuro, a moeda americana perdeu ímpeto nos minutos finais da sessão, em meio à possibilidade de adiamento - e desidratação - da PEC da Transição.

O dólar à vista terminou o dia aos R$ 5,3116, valorização de 1,26%. É o maior nível de fechamento desde 28 de novembro. A mínima foi de R$ 5,2331, às 9h37, e a máxima, de R$ 5,3510, às 12h39.

Salvo movimentos pontuais na abertura, o dólar ganhou força rapidamente ainda pela manhã, à medida que o investidor recompunha posições frente ao noticiário da transição durante a semana. A despeito da procura por nomes liberais para as secretarias do Ministério da Fazenda por parte de Fernando Haddad, o mercado reagiu mal à possibilidade de o ex-ministro da Casa Civil Aloizio Mercadante assumir o BNDES ou a Petrobras no próximo governo.

Para ele assumir um dos cargos teria de haver mudanças na Lei de Estatais, o que foi negado por ele próprio antes da cerimônia da diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSB). Ainda assim, o mercado teme que ele tenha ascendência sobre quem comandará o banco ou a petroleira.

Mercadante representa, na consenso do mercado, os momentos mais heterodoxos da política econômica do governo de Dilma Rousseff, quando houve intervenções em estatais, juros subsidiados e manobras fiscais.

Membro do grupo de trabalho de Economia da transição de governo, o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa saiu em defesa do nome de Mercadante, dizendo que ele "teria capacidade de fazer ótimo trabalho em qualquer cargo". Barbosa negou também discussões em seu GT sobre mudança na Lei de Estatais. Ao lado de diversos nomes, ele é um dos cotados ao Ministério do Planejamento.

Mas não é só pela posição que Mercadante ocupará no governo que o mercado espera. Há expectativa alta pela definição dos nomes para os ministérios do Planejamento e Indústria e Comércio Exterior, o antigo MDIC. E é nessa pasta que o BNDES ficará.

Para a Head da Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, Roberta Folgueral, o nome que comandará o MDIC tem especial importância pela capacidade de políticas feitas pela pasta atraírem divisas para o Brasil. "Estamos olhando esse cargo com muita atenção, mais do que qualquer outro. Vamos observar se este é um nome que entende do game do empresariado, se tem traquejo com o setor e se tem representatividade para inserir o País nas grandes discussões do comércio global", avalia.

Folgueral lembra dos desafios que o ministro do MDIC terá, como, por exemplo, aprofundar o conhecimento sobre a balança comercial de serviços do País.

Em termos macroeconômicos, Folgueral relata ainda preocupação do mercado com as dificuldades do futuro ministro Haddad com suas pautas. "O que os agentes econômicos tentam compreender é como uma reforma tributária pode existir sem a referência de uma âncora para gastos públicos. É isso o que tem deixado os juros curtos desgovernados, pressionando os longos e impulsionando o dólar contra o real. Há uma dificuldade no discurso de atender demandas sociais urgentes com responsabilidade fiscal", afirma.

E todo o debate da transição ocorre em meio a uma agenda carregada aqui e lá fora. Internamente, amanhã sai a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e na quinta-feira, o Relatório de Inflação (RI) do Banco Central. Na seara fiscal, atenções voltadas para a PEC da Transição, cujas negociações estão emperradas, o que pode adiar a votação inicialmente prevista para quarta-feira.

Lá fora, atenções voltadas à inflação ao consumidor medida pelo CPI nos Estados Unidos amanhã e a decisão de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira, seguida de entrevista com o presidente da instituição, Jerome Powell, o que impulsionou o dólar no exterior. Na quinta-feira, há ainda o anúncio do Banco Central Europeu (BCE) para os juros.

O noticiário agitado também deve ajudar a expandir a liquidez do mercado cambial local esta semana. Na passada, com dois dias de jogos do Brasil, o volume de operações diminuiu. Agora, é esperado que aumente, uma vez que é exíguo o prazo para que multinacionais façam reservas. "Historicamente, elas podem acontecer na semana do Natal e do ano-novo. Mas é difícil. Esta é a semana para acontecer, já que ainda tem volume expressivo", diz Folgueral, da Terra.

No segmento futuro, a moeda para janeiro subia aos R$ R$ 5,3405 (+1,50%) às 18h15, em dia de giro de negócios mais consistente, na casa de US$ 11,5 bilhões. Nos últimos minutos do pregão, a chance adiamento da votação da PEC da Transição ajudou a tirar pressão sobre a moeda brasileira. (Mateus Fagundes - [email protected])

18:32

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.31160 1.2582 5.35100 5.23310

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5350.000 1.68203 5372.500 5254.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5257.742      

JUROS

A semana decisiva para a área fiscal nos próximos meses começou com novo aumento da inclinação da curva de juros, com as taxas todas em alta, mas com a ponta intermediária avançando em maior intensidade. O movimento esteve atrelado ao risco que o mercado vê para as contas públicas na gestão Lula, com destaque hoje para especulações em torno da possível nomeação do ex-ministro Aloizio Mercadante para o comando da Petrobras ou do BNDES e revogação da Lei das Estatais. Além disso, a agenda pesada da semana, com reuniões de política monetária na Europa e nos Estados Unidos, votação da PEC da Transição e possível anúncio da equipe econômica de Fernando Haddad na Fazenda, também amparou a postura defensiva dos investidores.

Numa segunda-feira de volume atipicamente forte, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou a 13,880%, de 13,805% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 13,08% para 13,30%. O DI para janeiro de 2027 encerrou em 13,05%, de 12,86% no ajuste anterior. A partir de hoje, vigora o novo modelo de cálculo de ajuste dos contratos na B3 e, com isso, as sessões agora serão contínuas até as 18h.

O mercado já começou o dia com sinal moderado de alta em função das expectativas para os eventos da semana, mas mudou de patamar quando chegaram às mesas rumores de que Mercadante seria um nome forte para ocupar a presidência da Petrobras e que uma alteração na Lei das Estatais estaria na pauta do novo governo. A preocupação teria começado com um relatório do Eurasia Group que circulou hoje dando conta de que Lula deve derrubar a Lei por meio de uma Medida Provisória. O Broadcast apurou que o ministro indicado para a Fazenda, Fernando Haddad, recebeu o material momentos antes de chegar ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para a diplomação de Lula e Alckmin. Haddad deve comentar o assunto amanhã em entrevista.

Sobre Mercadante, na sexta-feira à noite, o Estadão já havia informado que ele estaria motivado a assumir o BNDES. Seja no banco ou na petroleira, é mais um nome visto como indigesto, por seu perfil considerado heterodoxo, associado à ala desenvolvimentista do PT e à nova matriz econômica da gestão Dilma. No caso da Petrobras, sob a ótica do mercado de juros, há preocupação com possíveis malabarismos para segurar preços que no futuro se mostram insustentáveis e acabam tendo efeito nocivo sobre a inflação. No caso do BNDES, o temor são possíveis medidas parafiscais. "O tamanho do parafiscal - via crédito direcionado do BNDES etc.- de especial relevância para a calibragem da taxa neutra da economia", diz, em relatório, a economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Natalie Victal.

Quando perguntado, Mercadante não quis comentar os rumores sobre seu nome, mas sobre a Lei disse desconhecer qualquer discussão sobre a possibilidade de alterar a legislação, que veda a indicação para presidência de quem atuou em estrutura decisória de partidos políticos nos últimos 36 meses. A negativa do ex-ministro até chegou a provocar certa despressurização moderada e pontual nas taxas, mas depois voltaram a ganhar ímpeto. "No fundo o Caio Paes de Andrade que saiu da Petrobras já não passava na Lei das Estatais e colocaram ele. Lula vai institucionalizar algo que já estava morrendo, pelo menos na Petrobras", disse um economista. No fim do dia, o ex-ministro e integrante do Grupo de Trabalho (GT) de Economia na transição, Nelson Barbosa, disse que o grupo não discutiu mudanças.

As especulações sobre Mercadante chegam num momento em que o mercado ainda tenta se acostumar à ideia de Haddad na Fazenda, mas apostando num segundo escalão com características mais ortodoxas. "Com a escolha de um quadro petista, o contraponto seria feito via indicação de um nome alinhado com o mercado", afirmaram profissionais da Levante Investimentos, citando, entre os favoritos, até o momento, o economista André Lara Resende e Gabriel Galípolo. Este último, ex-presidente do Banco Fator e membro da transição, estará junto com Haddad em reunião amanhã com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, marcada para as 9h. Também nesta terça, às 12h, o futuro ministro terá reunião com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

A semana que está só começando reserva ainda a votação da PEC na Câmara. No fim da sessão, a expectativa de que a votação, prevista para quarta-feira, possa ser adiada tirou um pouco da pressão da curva, com o mercado apostando em nova desidratação do texto. E amanhã a ata do Copom. No documento, o mercado espera obter mais detalhes da avaliação do Banco Central sobre o risco fiscal apontado no comunicado da reunião da última quarta-feira.

Na agenda do dia, o Boletim Focus trouxe poucas mudanças, uma delas já esperada após o IPCA de novembro (0,41%) ter surpreendido boa parte do mercado. A mediana para o IPCA 2022 caiu de 5,92% para 5,79%, mas as que são relevantes para o horizonte da política monetária - 2023 e 2024 - não mudaram, permanecendo em 5,08% e 3,50%. (Denise Abarca - [email protected])

MERCADOS INTERNACIONAIS

O começo da semana com as últimas decisões de 2022 dos principais bancos centrais do mundo teve o dólar ganhando força ao longo da sessão, assim como os rendimentos dos Treasuries. Com os dirigentes em silêncio, as perspectivas para altas de juros de 50 pontos base por Federal Reserve (Fed), Banco Central Europeu (BCE) e Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), foram consolidadas. Amanhã, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de novembro dos Estados Unidos será divulgado, apresentando um panorama da inflação no país. Em Nova York, as bolsas tiveram alta, em parte impulsionadas pela expectativa de desaceleração nas pressões inflacionárias. No radar ficaram ainda as perspectivas de uma remoção das restrições pela covid-19 mais lenta na China, o que pressionou parte dos ativos, especialmente commodities. O petróleo foi uma exceção, avançando com sinalizações de que o mercado deverá seguir apertado no próximo ano.

Na visão da Stifel Economcis, embora a inflação não tenha melhorado conforme o esperado com pressões de preços bem acima da previsão anterior do Fed para o final do ano, ficando bem acima da meta de 2%, houve melhora suficiente para continuar dando suporte a um aumento menor dos juros neste mês. "Dito isto, a questão mais importante do ponto de vista da política é menos sobre 50 pontos ou 75 e mais sobre a trajetória de longo prazo da política. Em outras palavras, qual será a taxa terminal", avalia. O CPI nos EUA deve ter avançado 0,2% em novembro, na comparação com outubro, de acordo com a mediana dos 25 analistas consultados pelo Projeções Broadcast. Caso se confirme, o resultado representará uma desaceleração, após a alta de 0,4% em outubro. Já o núcleo do CPI, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, deve exibir crescimento mensal de 0,3%, o que repetiria o resultado do mês anterior.

Na visão de Edward Moya, analista da Oanda, um fator-chave para as ações hoje foi a pesquisa do Fed de Nova York, que mostrou que as expectativas de inflação estão caindo. Já as notícias corporativas "tiveram duas histórias positivas: A Amgen comprará a Horizon Therapeutics em um acordo em avaliado em US$ 27,8 bilhões, e a Boeing está ganhando impulso com a esperança de conseguir um grande pedido de aeronaves da Air India", destacou. Horizon Therapeutics (+15,49%) e Boeing (+3,75%) subiram, enquanto a Amgen teve recuou de 0,67%. Entre os índices, o Dow Jones avançou 1,58%, aos 34.004,81 pontos, S&P 500 subiu 1,43%, aos 3.990,59 pontos e Nasdaq teve alta de 1,26%, aos 11.143,74 pontos. Já na Europa, a maioria dos principais bolsas recuou, como o FTSE 100 em Londres, que caiu 0,41%, e o CAC 40, que teve baixa também de 0,41%.

No câmbio, a Convera avalia que a semana pode ser potencialmente explosiva para as moedas, já que os mercados se preparam para a inflação dos EUA na terça-feira e para a reunião final do ano do Fed na quarta-feira. "As novas previsões econômicas do Fed esclarecerão as taxas de pico e se ele antecipa que a economia dos EUA entrará em recessão no próximo ano", aponta a análise. Ao final da tarde, o euro recuava a US$ 1,3539 e a libra tinha queda a US$ 1,2269. Já o DXY fechou em alta de 0,31%.

Os juros dos Treasuries avançaram, após um período de quedas. Ao final da sessão, a T-note de 2 anos subia a 4,381%, a de 10 anos tinha alta a 3,607% e o T-bond de 30 anos avançava a 3,574%. "A questão decisiva para os títulos continua sendo a perspectiva do Fed apresentada na próxima quarta-feira, ou seja, se o presidente do Fed, Jerome Powell, vai ou não adiar a especulação de corte nas taxas", avalia o Julius Baer.

O quadro da covid-19 na China pressionou uma série de commodities, mas o petróleo sustentou alta. Hoje, o G7 afirmou que os países-membros seguem com a intenção de eliminar gradualmente o petróleo bruto e os produtos petrolíferos de origem russa de seus mercados domésticos, mexendo com a oferta da commodity para os mercados das maiores potências. Mais cedo, o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, alertou que a crise energética será "pior" em 2023, com a possibilidade de não haver oferta de gás russo. O WTI para janeiro de 2023 fechou em alta de 3,03% (US$ 2,15), a US$ 73,17 o barril, enquanto o Brent para fevereiro fechou em alta de 2,48% (US$ 1,89), a US$ 77,99 o barril. (Matheus Andrade - [email protected])

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