O quadro de incertezas fiscais e ruídos políticos no Brasil voltou a distanciar o comportamento dos ativos domésticos dos pares internacionais. Para começar, a proposta para a reforma do Imposto de Renda, apresentado hoje pelo relator do projeto e que ainda pode ser apreciada na Câmara, encontrou forte oposição do setor empresarial. Além disso, nove entidades do setor público e privado divulgaram um novo manifesto em defesa de uma reforma ampla dos tributos sobre consumo de bens e serviços, nos moldes da proposta em tramitação no Senado - que unifica impostos federais (PIS/Cofins e IPI), estadual (ICMS) e municipal (ISS). Ao mesmo tempo, desagradou a o fato de a PEC dos Precatórios embutir a flexibilização da chamada regra de ouro, considerada a morte do dispositivo por técnicos que trabalham com o tema. Por fim, mesmo após a PEC do voto impresso ser derrotada ontem, na Câmara, o presidente Jair Bolsonaro voltou a colocar o sistema eleitoral brasileiro em xeque e atacou governadores ao falar de preço dos combustíveis, indicando que o barulho vindo de Brasília deve continuar. No cômputo geral, o resultado é negativo para o Brasil e o real não conseguiu acompanhar o dia positivo para as moedas emergentes, após a inflação ao consumidor dos EUA em linha com o esperado arrefecer os temores de retirada de estímulos mais cedo do que o imaginado. Com isso, o dólar terminou o pregão com valorização de 0,47%, a R$ 5,2212 no mercado à vista. O câmbio pressionado fez os juros futuros subirem, a despeito de as vendas no varejo bem abaixo do previsto indicarem que o ritmo da atividade pode não ser tão forte quanto se esperava e da queda nos yields dos Treasuries. Na renda variável, a Bolsa brasileira chegou a oscilar em alta do meio da tarde em diante, de olho em Nova York e com a recuperação dos papéis da Petrobras, com avanço do petróleo e anúncio de reajuste nos combustíveis, além do avanço dos bancos. Mas o índice sucumbiu ao conjunto de incertezas nos minutos finais e acabou com leve recuo de 0,12%, aos 122.056,34 pontos, depois de ter cedido ao nível de 120 mil pontos no pior momento do dia. Em Wall Street, mesmo com dirigentes do Fed voltando a defender o tapering, os investidores tiveram uma dose de alívio com a inflação em linha, o que permitiu ao S&P 500 e ao Dow Jones renovarem máximas históricas de fechamento.
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