RESPOSTA DURA A ATOS SUSTENTA ATIVOS LOCAIS, MAS PIORA EM NY REDUZ ÍMPETO DA BOLSA

Blog, Cenário

A reação forte de instituições aos atos golpistas da véspera, em Brasília, forneceu alívio ao mercado doméstico ao longo do dia. Se pela manhã prevaleceu a cautela, dado o risco político, na etapa da tarde a ação coordenada dos Três Poderes às ações radicais - com promessa de celeridade em investigações e responsabilização dos autores dos ataques - fez crescer a percepção entre os agentes que o risco político se diluiu, por ora. Mesmo assim, os ativos não escaparam da volatilidade. A Bolsa virou para o terreno positivo logo no começo da tarde e chegou a mirar os 110 mil pontos na máxima, com ajuda da maioria dos papéis de bancos e bom desempenho de varejistas. O fôlego da retomada acionária, contudo, acabou se esvaindo na última hora de negócios, em linha com a perda de força em Nova York. O Ibovespa terminou em leve alta de 0,15%, aos 109.129,57 pontos. Em Wall Street, dúvidas quanto ao desempenho dos balanços do setor financeiro fizeram o Dow Jones encerrar em queda de 0,34% e inverteram o sinal do S&P 500, que também acabou perto da estabilidade, com leve queda de 0,08%. Mas ainda segue como pano de fundo a visão de menor pressão sobre os próximos passos do Federal Reserve na esteira de dados da inflação salarial nos Estados Unidos, divulgados na sexta-feira. Assim, juros dos Treasuries e dólar ante moedas fortes recuaram. De volta ao Brasil, os juros futuros terminaram em queda com essa influência externa somada à cena política. No dólar ainda houve cautela residual, contudo. A moeda à vista terminou o dia aos R$ 5,2575, valorização de 0,40%.

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•MERCADOS INTERNACIONAIS

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BOLSA

A devastação material vista ontem nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, não se estendeu, em proporção semelhante, à precificação dos ativos na B3 nesta segunda-feira, em que o Ibovespa chegou a zerar com boa folga as perdas da abertura, ao longo da tarde. Na reta final, perdeu força em linha com Nova York, e chegou a oscilar de volta ao negativo. Mas conseguiu fechar em leve alta de 0,15%, aos 109.129,57 pontos, entre mínima de 108.134,33 e máxima de 109.937,57 pontos, das 15h32, saindo de abertura aos 108.963,90 pontos.

A perda de pouco menos de 830 pontos no pior momento da sessão ante o nível de abertura mostra uma variação negativa bem contida em relação ao que se chegou a temer um dia antes, no fim de semana.

Nos melhores momentos desta segunda-feira, em que o giro da sessão ficou restrito a R$ 25,0 bilhões, o Ibovespa chegou a neutralizar as perdas do ano, após quedas na casa de 3% e de 2% na abertura de 2023. Assim, mesmo com a oscilação próxima ao fim da sessão, conseguiu emendar hoje o quarto ganho diário. A melhor desde as cinco altas seguidas, antes do Natal, entre os dias 19 e 23 de dezembro, que o colocou bem perto dos 110 mil pontos, a 109,7 mil pontos, saindo, no encerramento anterior à série (16), dos 102,8 mil pontos - uma variação de pouco menos de 7 mil pontos.

Com a perda de gás na reta final do dia, o Ibovespa ainda acumula perda de 0,55% no acumulado destas seis primeiras sessões de 2023.

Contudo, na visão de analistas, a resposta vista desde o início da sessão desta segunda-feira, compatível com um dia comum mesmo quando o índice operava em baixa, reflete o pronto rechaço das instituições ao extremismo político, após a tíbia reação inicial das forças de segurança do Distrito Federal: desde os eventos do domingo, sob intervenção determinada inicialmente pelo Planalto e, horas depois, de forma mais ampla, pelo Supremo Tribunal Federal que, por decisão do ministro Alexandre de Moraes nesta madrugada, afastou por 90 dias o governador Ibaneis Rocha - pedir desculpas não foi o suficiente para remediar a situação.

Desde ontem, parte dos analistas observava que, apesar da gravidade do que se viu na capital, a condução da crise seria o definidor do que sucederia aos ativos brasileiros. As prisões e o desmonte do acampamento bolsonarista no QG do Exército, assim como a resposta única dada pelos Poderes, foram o contraponto ao grau de depredação nos prédios oficiais. Assim, mesmo incapaz de acompanhar ganhos de até 2% - mas enfraquecidos no fechamento desta segunda-feira em Nova York -, em sessão também positiva, mais cedo, nas bolsas da Europa e da Ásia, não houve mergulho do Ibovespa, apesar do avanço do dólar à vista: moderado a R$ 5,2575, em alta de 0,40% no encerramento, após ter chegado na máxima do dia a R$ 5,3090.

Se não replicou o comportamento das bolsas de Nova York no 6 de janeiro de 2021, com o Dow Jones então em máxima histórica a despeito da invasão e dos tiros no Capitólio, o Ibovespa mostrou resiliência. No dia seguinte, 7 de janeiro de 2021, há pouco mais de dois anos, as três referências de Nova York (Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq, este em baixa de 0,61% no dia anterior) renovariam recordes. Naquele 7 de janeiro, apesar do dólar a R$ 5,41, o Ibovespa, de carona na progressão dos índices de NY, também alcançou picos históricos, tanto no intradia como no fechamento, ambos na casa dos 122 mil pontos.

Joe Biden, que só assumiria a presidência em 20 de janeiro de 2021, não tinha ainda a caneta, mas Donald Trump, embora considerado instigador do que se viu no Capitólio, e banido de imediato de redes sociais, afirmou então "compromisso" com transição "ordeira" ao sucessor, após a tentativa de seguidores radicais de impedir a diplomação de Biden, no que foi percebido como um ato de sedição sem precedentes nos Estados Unidos.

"Embora o risco político seja normalmente elevado no Brasil e possa pesar sobre os preços de ativos locais, acreditamos que o momento '6 de janeiro' do Brasil não terá impactos duradouros sobre os mercados financeiros locais ou a economia brasileira", escreve em relatório o economista do Wells Fargo Brendan McKenna, traçando um paralelo entre os atos deste domingo e a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos.

"Dois anos após o Capitólio, a cena se repetiu no Brasil. O momento ainda é de cautela e observação, após a depredação nas sedes dos Três Poderes", diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos, citando o risco de outros desdobramentos negativos, com custos econômicos como os vistos em bloqueios de rodovias. "Tensão maior afastaria os investidores estrangeiros, ante a possibilidade de instabilidade política e de dificuldade de governabilidade para o presidente (Lula), com efeito sobre o crescimento do País", acrescenta o economista.

Nesta segunda-feira, contudo, as ações de maior peso e liquidez trocaram a hesitação inicial por bom desempenho quase até o fechamento, que se estendeu inclusive em grande parte da tarde às ações de grandes bancos - ao fim, destaque apenas para Itaú (PN +0,71%), que liderou a mudança de sinal do segmento.

Embora também tenham oscilado para baixo perto do encerramento, as ações de Petrobras (ON +0,67%, PN +0,55%) e Vale (ON (+0,11%) conseguiram sustentar o sinal positivo, em dia também de avanço para a siderurgia mesmo com o desempenho ruim do minério de ferro em Dalian (China) nesta abertura de semana - destaque para Gerdau (PN +2,04%) e Gerdau Metalúrgica (PN +2,32%). O índice de materiais básicos (IMAT) subiu 1,02% nesta segunda-feira.

Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, Americanas (+6,44%), CVC (+4,98%) Gol (+4,07%) e JBS (+3,02%), com Hapvida (-11,02%), Soma (-3,16%) , Fleury (-3,08%) e São Martinho (-3,06%) no canto oposto.

"O Ibovespa apresentou alguma pressão vendedora na abertura, mas recuperou-se bem com as ações dos bancos privados e Eletrobras (ON +0,73%, PNB +1,64% no fechamento) puxando a fila das blue chips, o que deu sequência à movimentação de alta observada no final da semana passada", observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. "O mercado estará atento à divulgação do IPCA, amanhã, que deve calibrar as expectativas dos investidores e pautar a tomada de risco nesse início de semana", acrescenta. (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Cicero Cotrim)

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 109129.57 0.15223

Máxima 109937.57 +0.89

Mínima 108134.33 -0.76

Volume (R$ Bilhões) 2.50B

Volume (US$ Bilhões) 4.72B

18:34

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 110200 -0.38418

Máxima 111295 +0.61

Mínima 108940 -1.52

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York tiveram fechamento misto, diante de uma perda de fôlego à tarde, com ações de alguns dos grandes bancos americanos sob pressão, antes de balanços previstos para a próxima semana. O tom majoritário continuava a ser de possibilidade de um "pouso suave" na economia, embora o Morgan Stanley tenha advertido para o risco de cenário pior, que poderia ensejar correção de cerca de 20% no S&P 500. Na política monetária, aumentou a chance de uma alta de 25 pontos-base pelo Federal Reserve na reunião de início de fevereiro do BC americano, no monitoramento do CME Group, mas a presidente do Fed de São Francisco Mary Daly disse que poderia haver elevação de 25 ou de 50 pontos-base na próxima decisão. Entre os Treasuries, os juros recuaram, com o dólar também em queda. O movimento do câmbio apoiou o petróleo, sustentado também pela reabertura de fronteiras entre China e Hong Kong, no momento em que Pequim reverte sua política de covid zero.

O tom otimista da manhã se manteve em parte da tarde nas bolsas de Nova York, mas houve piora mais para o fim do pregão. Entre os maiores bancos, JPMorgan (-0,41%) e Bank of America (-1,51%) caíram, mas Citigroup avançou (0,49%), com investidores já à espera de balanços corporativos trimestrais na próxima semana. O Morgan Stanley comentou em relatório que uma surpresa negativa no cenário poderia levar o S&P 500 dos atuais cerca de 3.900 pontos para 3.000 pontos. O banco diz que já avisava desde agosto que a inflação atingir seu pico seria algo positivo para os preços dos bônus, mas negativo para a lucratividade, com margens desapontando em vários setores, e complementa que sua previsão para o lucro das empresas em seus resultados trimestrais é inferior ao consenso atual do mercado. Hoje, o setor de tecnologia liderou ganhos em Nova York, apoiando o Nasdaq. O Dow Jones fechou em baixa de 0,34%, em 33.517,65 pontos, o S&P 500 recuou 0,08%, a 3,892,09 pontos, e o Nasdaq avançou 0,63%, a 10.635,65 pontos.

Entre os dirigentes do Fed, Daly disse que na avaliação dela a próxima alta de juros pode ser de 25 ou 50 pontos-base, a depender dos próximos indicadores. Já a presidente da distrital de Kansas City, Esther George, prestes a se aposentar neste mês e que portanto não estará na próxima reunião de política monetária, argumentou que leituras recentes mais fracas da inflação são argumento para desacelerar mais o aperto monetário, mas sem interrompê-lo agora. O Fed de Nova York ainda divulgou pesquisa de alcance nacional nos EUA, que mostra queda nas expectativas dentro de um ano, de 5,2% a 5,0%, mas alta para o intervalo de cinco anos, de 2,3% a 2,4%.

Entre os Treasuries, no fim da tarde em Nova York o juro da T-note de 2 anos caía a 4,211%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,522% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,657%. Segundo o CME Group, aumentava a 79,2% a chance de uma alta de 25 pontos-base nos juros pelo Fed em 1° de fevereiro (de 75,7% na sexta), com 20,8% de possibilidade de uma elevação de 50 pontos-base.

No câmbio, o dólar recuou. A Oanda disse que havia quadro otimista ante um aparente ganho de impulso na reabertura da China. No horário citado, o dólar caía a 131,80 ienes, o euro subia a US$ 1,0742 e a libra tinha alta a US$ 1,2191. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, recuou 0,85%, a 103,001 pontos.

A fraqueza do dólar apoiou o petróleo. O contrato do WTI para fevereiro fechou em alta de 1,17%, a US$ 74,63 o barril, na Nymex, e o Brent para março avançou 1,37%, a US$ 79,65 o barril, na ICE. As notícias da China apoiaram a demanda pela commodity, com a Oanda vendo também recuperação após quedas recentes. Também de olho no mercado chinês, o cobre para março fechou em alta de 2,95% em Nova York, em US$ 4,0265 a libra-peso. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

JUROS

Após subirem cerca de 10 pontos pela manhã, sob impacto dos atos antidemocráticos em Brasília e da rodada de elevação das projeções de inflação reveladas pelo Boletim Focus, os juros futuros perderam força à tarde e encerraram a sessão desta segunda-feira,9, em baixa. A mudança de rota das taxas veio em meio a um alívio geral nos ativos domésticos, com a ação firme e unificada de representantes dos Três Poderes aos golpistas diminuindo a percepção de risco político-institucional.

Passado o momento inicial de estresse, investidores aproveitaram para promover ajuste e realizar lucros na segunda etapa de negócios. O tombo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, na esteira de baixa das expectativas de inflação nos EUA e de declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), servia de pano de fundo para redução dos prêmios de risco ao longo da curva a termo.

Entre os curtos, DI para janeiro de 2024 desceu 13,631% para 13,575%. O contrato para janeiro e 2025 fechou a 12,785, de 12,90% no ajuste. Na máxima, pela manhã, havia voltado a superar a faixa dos 13% . Entre os longos DI para janeiro de 2027 caiu de 12,814% para 12,71%, ao passo que DI para janeiro de 2029 desceu de 12,858% para 12,79%.

"A resposta firme contra os atos e a sensação de que não a crise não vai escalar ajudaram as taxas a voltarem à tarde, com mercado lá fora ainda em clima de 'risk on' forte desde sexta-feira, quando saiu o payroll de dezembro", afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig, em referência ao relatório de emprego nos EUA, que revelou crescimento menor de salários e estimulou apostas em postura menos dura do Federal Reserve. "A reação inicial dos locais foi ruim, mas os estrangeiros parecem que não se assustaram. Os atos não mudam o panorama para o governo Lula e até enfraquecem a oposição, que ficou sem argumentos".

A resposta das autoridades começou ontem, quando o presidente Lula decretou intervenção na segurança pública do Distrito Federal. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou o afastamento por 90 dias do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), do cargo. Pela manhã, representantes dos Três Poderes divulgaram nota conjunta repudiando os atos, classificados como "criminosos e golpistas"

À tarde, o ministro da Justiça, Flávio Dino, informou que houve ontem 209 prisões em flagrante. O número de detenções subiu a 1.500 hoje. A Polícia Rodoviária Federal apreendeu 40 ônibus na Capital Federal e rodovias foram desobstruídas. Dino disse que os financiadores dos atos golpistas ocorridos ontem em Brasília estão presentes em 10 Estados brasileiros.

Para a consultoria de risco político Eurasia Group, os atos antidemocráticos podem até, no curto prazo, melhorar a posição do presidente Lula no Congresso e talvez até na opinião pública. "Há o risco de uma agitação sustentada, dadas as medidas fortes anunciadas pelo governo Lula, mas isso parece improvável", escreve o diretor da Eurasia nas Américas, Christopher Garman, em relatório.

No exterior, as taxas dos Treasuries operaram em baixa ao longo do dia e tocaram mínimas à tarde, em meio a declarações de dirigentes do BC americano. A presidente da distrital do Fed em São Francisco, Mary Daly, não descartou a possibilidade de uma alta de 25 pontos-base nos juros Já a líder da regional de Kansas City, Esther George, comentou que espera desaceleração no ritmo de aumento da taxa básica. O Fed de Nova York informou que houve redução nas projeções de inflação no curto prazo, com queda da mediana das expectativas dentro de um ano de 5,2% para 5%.

O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, observa que não houve "quebra estrutural" no lado institucional e que o governo reagiu rapidamente aos ataques de extremistas, o que limitou a reação dos ativos domésticos. No caso dos juros futuros, a alta das taxas pela manhã também respondeu ao Boletim Focus, com aumento da projeção da inflação para 2023, mesmo com a prorrogação da desoneração sobre combustíveis por 60 dias.

"A partir de terça-feira, o foco será o discurso do ajuste fiscal do ministro da Fazenda [Fernando Haddad], que deve priorizar os cortes de subsídios", afirma Velho. "Há dúvidas se a proposta de uma nova regra fiscal de estabilização da dívida pública já seria consenso se passaria também pelo aval do mercado".

Pela manhã, o Boletim Focus não trouxe boas notícias. A mediana das estimativas do mercado para o IPCA de 2023 passou de 5,31% para 5,36% (acima do teto da meta, de 4,75%), e para 2024, de 3,65% para 3,70%. De outro lado, a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano teve leve queda, de 0,80% para 0,78%. Já a expectativa para crescimento da economia em 2024 permaneceu estável, em 1,50%. (Antonio Perez - [email protected])

CÂMBIO

O dólar à vista avançou 0,40% em relação ao real hoje, a R$ 5,2575, na contramão do exterior, onde a moeda americana perdeu força ao longo de toda a sessão. Para operadores, o enfraquecimento da divisa brasileira em meio ao cenário externo positivo reflete o aumento da incerteza política no País após os atos golpistas promovidos ontem em Brasília por grupos radicais que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Mesmo assim, o dólar moderou o ritmo de alta ao longo do dia, à medida que as respostas anunciadas pelos Três Poderes aos atos reduziam a percepção de risco político. A moeda americana fechou o dia mais de 5 centavos abaixo da máxima (R$ 5,3090) e marcou a mínima de R$ 5,2475 (+0,20%) às 15h21, enquanto o ministro da Justiça, Flávio Dino, detalhava a detenção de até 1.500 suspeitos de participação no movimento golpista.

"Hoje, o dólar está muito fraco lá fora, com todos os emergentes apreciando. Então, o real sofreu por causa desses atos", afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig. "O mercado abriu com uma perspectiva bem ruim com relação ao que aconteceu ontem em Brasília, mas, no fundo, a situação foi contornada rapidamente, com investigação e prisão das pessoas. Para o investidor de médio e longo prazo, não muda a perspectiva."

As tensões políticas domésticas levaram o real a ter o pior desempenho em relação a um conjunto de moedas emergentes e de exportadores de commodities, em um dia no qual as notícias sobre a reabertura da China impulsionaram os contratos futuros do petróleo WTI para fevereiro (+1,17%) e do Brent para março (+1,37%). O dólar cedeu mais de 1% em relação ao rand sul-africano e ficou praticamente estável (0,0%) frente ao peso do México.

Também pesou negativamente sobre o desempenho da moeda americana nos mercados globais a continuidade da percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode adotar um ritmo mais moderado de aumento de juros. Em meio a esse cenário, o índice DXY, que mede a força da divisa americana em relação a seis moedas fortes, cedeu até 0,80% durante o pregão.

O economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, afirma que os atos golpistas de ontem tiveram impacto limitado para os ativos brasileiros, impulsionados em parte pelo avanço das Bolsas internacionais e pelo enfraquecimento global do dólar hoje . "Certamente, o ambiente externo favorável aos mercados emergentes ajudou", comenta.

Para o operador de câmbio da Fair Corretora Hideaki Iha, o comportamento do real hoje respondeu às tensões do cenário político e às respostas anunciadas pelo governo e Supremo Tribunal Federal (STF). Na madrugada, o ministro da corte Alexandre de Moraes determinou o afastamento do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e a desocupação de acampamentos em frente aos quartéis do Exército.

Os atos golpistas também não foram suficientes para mudar as expectativas de instituições estrangeiras, que veem impacto limitado do movimento sobre o País. Hoje, o Wells Fargo reiterou a projeção de dólar em torno de R$ 5,30 no fim do primeiro trimestre e em R$ 5,0 até dezembro de 2023, sem um efeito significativo das ações de grupos radicais sobre o processo democrático brasileiro.

A consultoria americana de risco político Eurasia Group afirma que os protestos não devem levar a uma crise política e têm o potencial até de beneficiar o governo. "A posição de Lula no Congresso e talvez até diante da opinião pública provavelmente se beneficiará no curto prazo", escreve o diretor da Eurasia nas Américas, Christopher Garman, em relatório. (Cícero Cotrim - [email protected])

18:32

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