REFIS REFORÇA FISCAL FRÁGIL, SUPRIME BC HAWKISH, JUROS DISPARAM E BOLSA E REAL CAEM

Blog, Cenário
O efeito do tom firme do Banco Central para controlar a inflação e do exterior positivo sobre os ativos brasileiros foi totalmente suplantado por novas e velhas preocupações com as questões fiscal e política brasileiras. A abertura dos negócios parecia indicar um pregão de festa, com desinclinação da curva de juros, Bolsa acima de 123 mil pontos, puxada pela disparada das ações da Petrobras, e dólar tentando sucessivas mínimas, até a casa de R$ 5,11. Mas, no começo da tarde, tudo isso virou pó. O parecer do projeto do Senado que prevê um amplo programa de parcelamento e benesses para o pagamento de dívidas (Refis), contra a vontade do Ministério da Economia, escancarou a ameaça para a área fiscal com a aproximação das eleições, num ambiente que já inclui estudos para aumentar o Bolsa Família, um vale-gás para os participantes do programa e ampliação do fundo eleitoral, além da PEC dos precatórios e novas ameaças ao teto de gastos. Tudo isso em meio a mais declarações do presidente Jair Bolsonaro contra membros do Judiciário e colocando em xeque a realização de eleições com as urnas eletrônicas, esticando ainda mais a corda neste embate entre os poderes. A combinação de risco fiscal com ruído político é tudo que o investidor não gosta, o que gerou uma onda de "venda de Brasil". Os juros futuros de longo prazo dispararam quase 30 pontos-base e houve forte inclinação da curva a termo, com algumas taxas oscilando quase 50 pontos entre a máxima e a mínima. O recado do BC sobre a inflação, indicando que deve elevar a Selic para acima do nível neutro, teve efeito na ponta curta, que subiu menos, mas passou a indicar chance majoritária de 125 pontos-base para o próximo encontro. Essa fuga do risco também esteve refletida no real, que teve performance pior do que a maioria dos demais pares. Assim, o dólar acabou o dia novamente acima de R$ 5,20, com valorização de 0,57% no mercado à vista, a R$ 5,2156. Já o Ibovespa, a despeito da alta de quase 10% das ações da Petrobras, após a estatal divulgar lucro de R$ 42,855 bilhões, reduzir a alavancagem e aumentar os dividendos, não conseguiu mais do que ficar perto da estabilidade, ao ter leve queda de 0,14%, aos 121.632,92 pontos. O avanço dos índices em Wall Street, com recordes de Nasdaq e S&P 500, puxados pelas ações das montadoras, que subiram na esteira de estímulos do governo dos EUA para veículos elétricos, e enquanto os agentes aguardam os números do payroll, também amorteceu a onda de vendas na Bolsa brasileira.
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JUROS O tom duro do comunicado do Copom não conseguiu nem desinclinar a curva de juros nem colocar o dólar para baixo nesta quinta-feira. Isso até acontecia pela manhã, mas no início da tarde os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) foram assolados pela reação negativa dos agentes à apresentação do parecer do Refis no Senado, o que catapultou as taxas longas, com ganhos de quase 30 pontos-base, apagando a tendência de flattening vista inicialmente. Mais do que os detalhes do texto, o mercado viu a medida como uma péssima sinalização para a área fiscal num contexto já muito negativo composto pela possibilidade de aumento no valor do Bolsa Família, fundo eleitoral de R$ 4 bilhões, proposta de vale gás a famílias carentes, PEC dos precatórios e ameaças ao teto dos gastos, sem contar a tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ao mesmo tempo, a ponta curta teve alta firme com os ajustes ao comunicado e apostas de aumento da Selic em 1,25 ponto para a reunião de setembro já levemente majoritárias. Os ajustes ao Copom e a piora de percepção do risco fiscal turbinaram o volume de contratos negociados, com mais de 4 milhões no total por volta de 15h30. A taxa do DI para janeiro de 2025 fechou pela primeira vez acima de 9% desde março de 2019, em 9,08%, de 8,786%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 9,39%, de 9,104%. Nos curtos, o DI para janeiro de 2022 fechou com taxa de 6,47%, de 6,367%, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,886% para 8,17%. O estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, explica que o mercado "até que vinha assimilando bem o Copom" pela manhã, com taxas curtas subindo mais do que as longas, mas foi pego no contrapé no início da tarde, com a divulgação do parecer que reabre o Programa Especial de Regularização Tributária (PERT), lançado em 2017. O relatório do senador Fernando Bezerra (MDB-PE) prevê a adesão por pessoas físicas e jurídicas a um amplo programa de parcelamento de débitos até o dia 30 de setembro deste ano. Por mais que possa representar mais caixa para os cofres públicos, o parecer é visto com preocupação, pelo risco moral. "Esse fluxo positivo é de muito curto prazo. A proposta reforça a sensação de que o governo optou pelo politicamente mais fácil nas contas públicas, sem enfrentar um ajuste mais definitivo", disse Caramaschi. Não passou despercebido ainda o fato de que a ideia vem na esteira de outros indícios de populismo por parte do governo que tem sua aprovação em queda e pretensões de reeleição, dando a impressão de que tudo é possível. Ao mesmo tempo, Bolsonaro vem subindo o tom contra o TSE no caso das urnas eletrônicas, agravando a percepção de risco político, embora ainda não se considere um cenário de ruptura. Em relação ao Copom, a curva de juros passou por uma reprecificação apoiada no fato de que o colegiado já admitiu que o plano é levar a Selic acima do neutro, entre outros pontos do comunicado. Resta saber o quanto será necessário de aperto para recolocar o IPCA de 2022 de volta à meta de 3,5%. O BC sinaliza que isso é possível com a taxa de 7% estimada na mediana da Focus, mas os DIs e boa parte dos Departamentos Econômicos duvidam. Mesmo antes da divulgação da ata na terça-feira, algumas instituições se anteciparam nas revisões. O Santander Brasil elevou de 7,0% para 7,5% a projeção para a Selic ao fim de 2021 e a Trafalgar Investimentos, de 7% para 8%. O Citi agora espera 7,5%, de 6,75%. A curva do DI embute alta de 115 pontos-base para a Selic no Copom de setembro, ou 40% de chances de novo aperto de 1 ponto e 60% de 1,25 ponto. Para o fim de 2021, projeta Selic de 8,09% e para o fim de 2022, de 9,58%. Os números são da Renascença DTVM. A quinta-feira teve ainda leilão de títulos prefixados e de LFT, mas os volumes foram pequenos, o que contribuiu para não adicionar volatilidade a um mercado já sensível aos ajustes do Copom. Vale lembrar que é um período de hiato dos dealers, o que por si só já afeta a demanda. O Tesouro ofertou 450 mil LTN, mas só vendeu 300 mil. E, das 300 mil NTN-F ofertadas, foram absorvidas 270 mil. Da oferta de até 750 mil LFT, foram colocadas 694.300. O risco da operação (DV01) na oferta de prefixados foi 89% menor do que o leilão anterior, segundo a Necton Investimentos. "A semana sem dealers terminou com cerca de R$ 8,5 bilhões emitidos e prazo médio de 4,9 anos", afirmou o estrategista de renda fixa da instituição, Fernando Ferez. (Denise Abarca - [email protected]) 17:30 Operação   Último CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 5.20 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 5.15 Over Selic (%a.a) 5.15 CÂMBIO Os temores de deterioração das contas públicas e o recrudescimento das tensões políticas, com ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal, se sobrepuseram ao tom duro do Comitê de Política Monetária (Copom) e empurraram o dólar para cima nesta quinta-feira (05). Em mais um pregão de extrema volatilidade, o dólar oscilou mais de 11 centavos entre a mínima (R$ 5,113) e a máxima (R$ 5,2261). No fim da sessão, a moeda americana era negociada a R$ 5,2156, com valorização de 0,57%. O giro dos negócios com contrato de dólar futuro para setembro foi expressivo, na casa de US$ 17 bilhões, o que sugere mudanças mais fortes de posições. Pela manhã, o real até brilhou, liderando os ganhos entre divisas emergentes, na esteira da alta da taxa Selic em 1 ponto porcentual, para 5,25%, e do aceno do Copom de que levará a política monetária para o campo restritivo - o que sugere a ampliação do diferencial de juros interno e externo e, em tese, aumenta a atratividade da renda fixa local. Mas a moeda brasileira sucumbiu ao longo da tarde em meio ao aumento da percepção de risco fiscal, o que levou investidores a realizar lucros e recompor posições defensivas. O gatilho desta vez foi o parecer do programa de parcelamento de débitos tributários, conhecido como Refis, que despertou receio de perda de arrecadação. O ministro da Fazenda, Paulo Guedes, era contra a reabertura do programa, como noticiou o Broadcast pela manhã. É mais um ponto de apreensão sobre o rigor fiscal do governo Bolsonaro, já sob suspeita por conta do debate em torno do reajuste do Bolsa Família e os penduricalhos na PEC dos precatórios, como criação de um fundo - fora do teto de gastos - para benefícios sociais. Para o sócio e economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, o risco fiscal, com as dúvidas sobre o que ficará fora do teto de gastos no Orçamento de 2022, dão certa rigidez à taxa de câmbio. "Essa questão do Refis para empresas pode trazer perda de arrecadação. Além disso, tem o problema dos precatórios e a indefinição sobre o reajuste do Bolsa Família. São muitas brechas fiscais que ainda não foram solucionadas, o que impede o dólar de cair mesmo com os juros mais altos", afirma Velho No fim da manhã, o real já havia reduzido os ganhos, após novos ataques incisivos de Bolsonaro aos ministros do STF, aumentando a temperatura dos atritos entre os Poderes. Em entrevista a uma rádio do Rio de Janeiro, o presidente defendeu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das "urnas eletrônicas" e convocou a população a se manifestar contra o STF para "defender a constituição". A leitura predominante nas mesas de operação é que Bolsonaro pode combinar retórica cada vez mais agressiva com expansão das benesses sociais, burlando informalmente o teto de gastos, para tentar recuperar a popularidade. O economista da JF Trust afirma que uma piora "na seara fiscal" pode deteriorar a dinâmica de crescimento, provocando diminuição de investimentos e fluxo de recursos para o país. "Não há sinal de descontrole no dólar, porque as contas externas são saudáveis, mas não existem estímulos para apostar em uma melhora do real agora", diz Velho, que estima uma Selic mínima de 8% em dezembro deste ano e de 8,5% no primeiro trimestre de 2022. "Se o mercado tiver a percepção de que a Selic pode ir até 9% e se aproximar de dois dígitos, aí podemos ver o câmbio se apreciar." O diretor da NGO Corretora, Sidney Nehme, ressalta que a inflação "mais aquecida do que a elevação dos juros" pode inibir o fluxo de recursos para a renda fixa, até mesmo os mais especulativos. "E, como a vitalidade da recuperação econômica é frágil, pode afetar os ânimos dos investimentos, comprometendo a dinâmica do Ibovespa e dos IPOs", avalia Nehme, em relatório, ressaltando que os ruídos políticos e o risco fiscal afetam o comportamento da taxa de câmbio. Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar em relação a seis moedas fortes - trabalhou perto da estabilidade na maior parte do dia, na casa de 92,200 pontos. A moeda americana teve comportamento misto em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities - queda ante o peso mexicano e o rublo, e alta na comparação com o rand sul-africano e a lira turca. Investidores aguardam amanhã a divulgação do relatório de emprego nos Estados Unidos (payroll) em julho para refinar as apostas sobre o início de retirada de estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Na B3, o dólar futuro para setembro era negociado em alta de 0,85%, a R$ 5,2310, com giro na casa de US$ 17 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) 17:30 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.21560 0.5746 5.22610 5.11130 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5244.500 1.10854 5245.000 5128.500 DOLAR COMERCIAL 5239.000 0.44095 5260.500 5160.000 BOLSA O Ibovespa perdeu força à tarde, migrando de ganhos para perdas no dia, com a relativa satisfação decorrente de endurecimento do viés do Copom sobre a inflação, no comunicado de ontem à noite, dando lugar à retomada de temores sobre a situação fiscal, com a proposição de novo Refis em que empresas e mesmo pessoas físicas poderão utilizar precatórios federais, próprios ou de terceiros, para amortizar o saldo devedor remanescente. O parecer do senador Fernando Bezerra (MDB-PE) foi interpretado como um pacote de coloração pouco fiscalista, no momento em que o governo busca ganhar tração, com as urnas de 2022 adiante. Depois do "devo, não nego, pago quando puder", do ministro Paulo Guedes (Economia), e da insistência do presidente Jair Bolsonaro em elevar o Bolsa Família a R$ 400, mesmo ante resistência da equipe econômica a tal valor, a conjugação de parcelamento de precatórios com ampliação de programa social visando à reeleição tem ferido a confiança do mercado. Assim, o forte balanço e a sinalização da Petrobras (ON +9,63%, PN +7,88%) sobre dividendos foram o que impediu hoje o Ibovespa de mergulhar em correção mais intensa. No fechamento, o índice da B3 mostrava baixa de 0,14%, a 121.632,92 pontos, entre mínima de 121.128,39 e máxima de 123.540,76, com giro financeiro reforçado nesta quinta-feira, a R$ 42,0 bilhões. "Não fosse Petrobras, teria sido pior - e no momento em que grandes empresas de energia e de commodities, como Rio Tinto, Glencore, entre outras, têm batido estimativas. Não conseguimos acompanhar o sentimento positivo do exterior, com percepção de risco sobre Brasil que tem afetado a precificação de ativos do País. O que está provocando isso é a reeleição de Bolsonaro: com a popularidade que ele tem hoje, a reeleição não cabe no fiscal. Tão simples quanto isso, o que se reflete em prêmios de risco em todo tipo de ativo brasileiro", diz Roberto Attuch, CEO da Ohmresearch, chamando atenção também para o câmbio. Assim, mesmo que o mercado tenha mostrado a princípio alguma satisfação com o comunicado do Copom - ainda que em parte se pense que o BC, atrás da curva, corre agora contra o tempo -, o dia foi de depreciação do real, mesmo ante a estabilidade do DXY, índice que contrapõe a moeda americana a referências como euro, iene e libra. Aqui, o dólar à vista fechou em alta de 0,57%, a R$ 5,2156, tendo chegado na máxima do dia aos R$ 5,2261, saindo de mínima, pela manhã, a R$ 5,1113. "Conforme amplamente esperado, o aumento da Selic ficou em 1 ponto porcentual, e o comunicado mais duro também se confirmou, com indicação sobre elevação do patamar de juros acima do nível considerado neutro, para ancorar as expectativas inflacionárias. Até o fim do ano, esperamos Selic a 7,5%", diz Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office. "O Copom está relativamente atrasado - ou seja, atrás da curva - para manter a inflação sob controle e, por isso, precisa realizar uma normalização mais acelerada da Selic, o que já começou após a última reunião e deve se estender, nas próximas decisões, fazendo com que a taxa de juros suba para um patamar próximo de 8%", diz Paloma Brum, economista e analista da Toro Investimentos. Passado o Copom, a situação fiscal permanece no foco do mercado, e o parecer protocolado hoje pelo senador Fernando Bezerra para novo Refis não contribuiu para melhorar o humor do investidor, resultando na virada no câmbio e em ajuste nos juros, que foram às máximas do dia com a divulgação da proposta, trazendo o Ibovespa para terreno negativo. Na semana e no mês, o índice da B3 recua agora 0,14%, colocando os ganhos do ano a 2,20%. No parecer de Bezerra, os descontos de encargos variam de 75% a 100%, e os descontos de juros e multas, de 65% a 90%. O porcentual de entrada varia de 25% a 2,5%, com base em queda de faturamento. As empresas que não tiveram queda de faturamento também poderão aderir. Segundo o parecer, a reabertura do prazo de adesão ao programa injetará recursos nos cofres públicos. Mesmo com os sinais de Selic mais encorpada ao longo deste segundo semestre, as ações de bancos, em meio a uma temporada em geral favorável de resultados trimestrais, estiveram entre as perdedoras do dia, com destaque para Bradesco ON (-1,68%) e BB ON (-1,78%). Vale ON (-3,06%) e as ações de siderurgia (CSN ON -3,96%) reagiram à queda pronunciada, de 6,61%, no minério de ferro em Qingdao, a US$ 171,55 por tonelada, pressionado pelos sinais de que a China deve ampliar restrições sobre a produção de aço, em um quadro de piora da demanda. Assim, Bradespar (-5,11%), que tem participação no capital da Vale, segurou a ponta negativa do Ibovespa, à frente de Braskem (-4,17%) e CSN (-3,96%). No lado oposto, além de Petrobras ON (+9,63%) e PN (+7,88%), destaque também nesta quinta-feira para Magazine Luiza (+2,51%) e Totvs (+1,81%). (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:27 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 121632.92 -0.13817 Máxima 123540.76 +1.43 Mínima 121128.39 -0.55 Volume (R$ Bilhões) 4.19B Volume (US$ Bilhões) 8.15B 17:30 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 121495 -0.43026 Máxima 123815 +1.47 Mínima 121225 -0.65 MERCADOS INTERNACIONAIS O mercado no exterior exibiu apetite por risco nesta tarde, enquanto investidores aguardam pelos números do payroll de julho nos Estados Unidos, que serão divulgados amanhã. A expectativa dos analistas é de aceleração na geração de empregos no país, o que pode alimentar os argumentos da ala mais hawkisk do Federal Reserve para um início em breve do tapering. Os pedidos de auxílio-desemprego na última semana no país caíram e deram uma sinalização neste sentido. As bolsas de Nova York fecharam em alta, com destaque para as ações de montadoras, que subiram na esteira de estímulos do governo dos EUA para veículos elétricos. Como resultado, S&P 500 e Nasdaq renovaram recordes de fechamento. Uma onda vendedora de Treasuries fez saltar os juros dos títulos públicos americanos e o dólar ficou praticamente estável ente outras moedas fortes. A libra, por sua vez, se fortaleceu após o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) manter inalterada sua política monetária, mas acenar com a possibilidade de aperto em breve. Entre as commodities, o petróleo recuperou parte das perdas dos últimos dias, mas ainda sem que o WTI retornasse ao patamar de US$ 70 por barril. De acordo com 26 especialistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, os EUA geraram de 650 mil a 1,15 milhão de empregos em julho. A mediana é de 900 mil novos postos. Caso se confirme, o resultado representará um avanço na geração de vagas, após as 850 mil criadas em junho. "Além da contínua reabertura econômica, dois fatores-chave sustentam nossa previsão: um aumento no emprego educacional local, que fornece uma alta considerável para as folhas de pagamento do governo, e um aumento no emprego de lazer e hotelaria - ambos impulsionados por fatores sazonais", dizem analistas da Oxford Economics. O dado é aguardado em grande parte por conta das potenciais reações do Federal Reserve (Fed). Ainda não há consenso entre os membros da instituição sobre quando será o melhor momento para anunciar o começo da retirada de estímulos à economia, mas o coro a favor de uma antecipação do aperto monetário tem crescido e ganhou uma voz de peso: a do vice-presidente do Fed, Richard Clarida, que escancarou nesta semana uma divisão na cúpula do Fed, conforme apresentou reportagem publicada hoje às 16h15. Em Nova York, os balanços seguiram no radar. A LPL Markets aponta que os lucros superaram as expectativas novamente no segundo trimestre, e acabarão quebrando mais recordes. No S&P 500, os lucros registram um aumento de 87% na comparação anual, cerca de 23 pontos porcentuais acima da estimativa de quando a temporada começou. Para a consultoria, os fortes ganhos "estão ajudando a justificar as ações nos níveis atuais". Hoje, a Moderna recuou 0,67% após publicar seus resultados. Já a General Motors se recuperou em partes do tombo da última sessão, em resposta aos seus resultados trimestrais, e subiu 3,26%. A Ford acompanhou o movimento, e ganhou 2,93%, em dia que contou ainda com a Casa Branca acenando estímulos para que a frota do país seja 50% elétrica até 2030. Já a Tesla subiu 0,52%. A AIG publica resultados após o fechamento do mercado, e avançou 3,33% com a expectativa. Depois de disparar mais de 50% na última sessão, a Robinhood despencou 27,59% hoje, com a corretora envolvida em uma volatilidade após seu recente IPO. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,78%, o S&P 500 ganhou 0,60% e o Nasdaq avançou 0,78%. Os Treasuries "mais uma vez se encontram em um período de consolidação em uma faixa de taxas mais baixas" antes do payroll, aponta a BMO Markets. A consultoria cita que a pandemia retornou a ser o principal tema para o cenário. No fim da tarde, o retorno da T-note de 2 anos subia a 0,200%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,214% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 1,862%. No câmbio, o dólar ficou perto da estabilidade ante o euro, que era cotado a US$ 1,1836. O DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais, teve leve queda, de 0,03%, a 92,244 pontos. Já a libra se valorizou ante o dólar, e era cotada a US$ 1,3932. A Capital Economics afirma que BoE enviou mais cedo um sinal de que taxas de juros mais altas estão "no horizonte", mas a consultoria acredita que os dirigentes devem esperar até meados de 2023 antes de um aperto. Por sua vez, com avanço da covid-19 sendo observado no Japão, o dólar se fortalecia a 109,74 ienes. No petróleo, para o Commerzbank, embora as preocupações com a demanda chinesa sejam latentes, observando a pandemia, há notícias otimistas que podem ter contribuído para a melhora em seu desempenho. "A Arábia Saudita aumentou seus preços de venda oficiais para entregas em setembro para a Ásia e os EUA, o que aponta para uma demanda robusta nessas regiões". O WTI com entrega prevista em setembro avançou 1,38% (US$ 0,94), a US$ 69,09. Já o Brent para outubro fechou em alta de 1,29% (US$ 0,91), a US$ 71,29. (Matheus Andrade - [email protected])
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