REAL ZERA PERDAS DA SEMANA, DIS DESCEM E BOLSA SOBE COM PAYROLL E ALÍVIO POLÍTICO

Blog, Cenário

A semana termina com viés amplamente positivo nos preços dos ativos de risco, não apenas no Brasil como também no exterior. O gatilho veio do relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll), que a despeito de mostrar resiliência na geração de postos de trabalho, trouxe também uma inflação salarial menor do que a projetada. O mercado comprou, então, a tese de que o Federal Reserve pode adotar uma postura menos dura no enfrentamento da inflação, o que se traduziu em um aumento de apostas de que o próximo movimento do Banco Central americano seja de alta de apenas 25 pontos-base (de 62,6% ontem para 74,2% hoje, segundo o CME). O dólar teve queda global forte, mas mais pronunciada ante o real. Entre a máxima e a mínima, a moeda americana desceu 13 centavos hoje. Na semana, zerou a alta. Cotada à vista aos R$ 5,2363 no fechamento, a divisa dos EUA cedeu 2,16% na sessão e 0,83% ante a quinta-feira passada. Além da questão externa, depois da aparente descoordenação dos primeiros dias da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, o "freio de arrumação" dado pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, seguiu reverberando. Hoje, após reunião ministerial, Costa assumiu o papel de "porta-voz" e estabeleceu a meta de anunciar em duas semanas as prioridades do novo governo. Mesmo assim, nada falou sobre a situação fiscal, tema que preocupa o investidor local, em particular nos juros futuros. Tanto que, a despeito da queda forte de ontem e hoje, as taxas seguem ainda em nível mais elevado do que no fim da semana passada. A Bolsa também não conseguiu se recuperar completamente dos primeiros baques do ano. Hoje o Ibovespa subiu 1,23%, aos 108.963,70 pontos, mas a baixa semanal foi de 0,70%.

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MERCADOS INTERNACIONAIS

O dia foi de melhora do sentimento de risco em Wall Street, após o payroll de dezembro mostrar crescimento menor que o esperado dos salários - o que alimentou a expectativa de uma trajetória de alta de juros menos hawkish pelo Federal Reserve (Fed), apesar de analistas ainda verem com ressalvas a possibilidade de arrefecimento do ritmo na próxima reunião. Ainda, as quedas maiores do que o previsto na atividade do setor de serviços e nas encomendas à indústria também contribuíram para a alta robusta nas bolsas de Nova York, enquanto os juros dos Treasuries e o dólar despencaram, mesmo com a maioria dos dirigentes do BC americano alertando sobre a persistência da inflação e a necessidade de combatê-la o quanto antes.

"Os investidores estão comemorando o fato de que o número médio de ganhos por hora foi menor do que o esperado. Havia o medo de que a inflação salarial continuasse quente", diz Michael Arone, estrategista-chefe de investimentos da State Street Global Advisors, ao The Wall Street Journal (WSJ). A analista financeira da AJ Bell Danni Hewson, em uma nota de pesquisa acessada pelo WSJ, destaca que, até recentemente, havia preocupação com o fato de que o número de vagas de emprego inundando o mercado pudesse aumentar a pressão sobre as empresas famintas de pessoal para aumentar os salários. "Mas com uma série de cortes de empregos vindos de empresas, como Amazon e Salesforce, deve começar a haver um relaxamento", acrescenta ela.

Neste contexto, o índice Dow Jones subiu 2,13%, a 33.630,61 pontos, o S&P 500 ganhou 2,28%, a 3.895,08 pontos, e o Nasdaq teve alta de 2,56%, a 10.569,29 pontos.

No entanto, para o Wells Fargo "será preciso mais do que esse relatório", se referindo ao payroll, para convencer o BC americano de que a oferta e a demanda no mercado de trabalho "estão em um equilíbrio saudável". O banco diz que continua a esperar que o pico dos juros básicos chegue na faixa entre 5,00% e 5,25% e vê uma alta de 50 pontos-base em fevereiro como uma possibilidade real. A Oxford Economics, por sua vez, comenta que tanto o crescimento do emprego quanto o crescimento anual dos ganhos permanecem acima do ritmo que o Fed vê como consistente com a desaceleração da inflação, deixando a instituição no caminho certo para continuar elevando as taxas de juros.

Monitoramento do CME Group mostrava alta na chance de uma elevação de 25 pontos-base nos juros pelo Fed em sua reunião do início de fevereiro, de 62,6% ontem a 74,2% há pouco. A possibilidade de uma alta maior, de 50 pontos-base, segue minoritária, passando de 37,4% ontem a 25,8% hoje.

De acordo com o BMO, não há nada nos dados do payroll que implique ser outra coisa senão um forte relatório de empregos com pressão salarial moderada. "Como resultado, o debate sobre o aumento da taxa de 25 pontos-base (pb) ou 50 pb agora se resume à impressão do índice de preços ao consumidor (CPI) da próxima semana". No fim de tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 4,278%, o da T-note de 10 anos perdia a 3,558%, e o do T-bond de 30 anos tinha queda a 3,682%. O índice DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais fortes, fechou em baixa de 1,11%, a 103,879 pontos, mas avançou 0,34% na semana. Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o euro avançava a US$ 1,0648, e a libra a US$ 1,2095.

Entre os dirigentes do Fed, a necessidade de combate da inflação continua em foco. A diretora da instituição Lisa Cook disse hoje que acredita que a inflação continua muito alta e é, portanto, motivo de grande preocupação. Já a presidente da distrital em Kansas City, Esther George, alertou para o risco de que a inflação se incorpore de forma mais definitiva à economia. Da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, comentou que é importante não colocar muita ênfase no ritmo de crescimento dos salários, dizendo que eles "não estão conduzindo a dinâmica" da inflação.

Também no radar dos investidores estiveram dados fracos dos EUA: o índice de gerentes de compras (PMI), medido pelo Instituto para Gestão da Oferta (ISM), recuou acima do esperado, assim como as encomendas à indústria americana. Dessa forma, ambos os indicadores tendem a reforçar apostas de moderação do Fed. No entanto, para o Citi, o declínio pontual dos dados do ISM por enquanto não muda substancialmente a visão de um cenário ainda forte para a demanda. A Oxford Economics tem opinião semelhante: o setor ainda não registra uma "desaceleração significativa".

Entre as commodities, os contratos futuros de petróleo fecharam sem direção única, devolvendo parte dos ganhos registrados após divulgação do payroll, à medida que incertezas sobre a economia global e a demanda pesaram. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para fevereiro de 2023 fechou em alta de 0,14% (US$ 0,10), a US$ 73,77 o barril, enquanto o Brent para março, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em queda de 0,15% (US$ 0,12), a US$ 78,57 o barril. Na semana, os recuso foram de 8,09% e 8,54%, respectivamente. (Letícia Simionato - [email protected])

CÂMBIO

O dólar caiu 2,16% em relação ao real hoje, a R$ 5,2363, na maior baixa diária desde 31 de outubro (-2,54%), o primeiro pregão realizado após o segundo turno das eleições presidenciais. Para analistas, o movimento reflete a redução do ruído político do País após o "alinhamento" do discurso do governo promovido na primeira reunião ministerial nesta sexta-feira, que permitiu à moeda brasileira acompanhar a tendência de enfraquecimento global do dólar observada ao longo da sessão.

"As últimas declarações de ministros tinham atacado aspectos muito importantes da economia brasileira para os investidores, como a reforma da Previdência, a trabalhista e o arcabouço fiscal. O ajuste do discurso ajudou o real a embarcar nesse movimento internacional de perda de força do dólar", resume a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. "Só o fato de tentar reduzir esses ruídos foi o suficiente, momentaneamente, para diminuir a percepção de risco."

A divisa americana entrou em queda - global e por aqui - em meados da manhã, quando o mercado viu no crescimento menor do que o esperado dos salários médios por hora no payroll dos Estados Unidos um sinal de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode adotar uma política monetária menos dura à frente. Por volta das 15 horas, declarações do ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), ajudaram a aprofundar a baixa da moeda ante o real.

Embora tenha rejeitado a ideia de que a reunião tenha servido como um "puxão de orelha" aos colegas da Esplanada, o papel de "porta-voz" assumido por Costa reforçou no mercado a percepção de um "freio de arrumação" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no discurso dos ministros. O ex-governador da Bahia já havia sido responsável, esta semana, por assegurar que o governo não pretende voltar atrás na reforma da Previdência, após declarações neste sentido por parte do ministro da área, Carlos Lupi (PDT).

A partir das 15h17 - minutos após as declarações do petista -, o dólar aprofundou a tendência de queda observada desde a divulgação do payroll, quando cedeu entre 1,0% e 1,80%, e firmou baixa em torno de 2,0% em relação ao real, no nível de R$ 5,24. Às 16h46, testou a mínima, em R$ 5,2333, após máxima de R$ 5,3691 (+0,31%), atingida às 9h01, no primeiro minuto da sessão.

A combinação entre o enfraquecimento global do dólar - em um dia no qual o índice DXY operou em baixa de 1,0% - e o alívio do risco doméstico levaram a divisa americana a encerrar a semana em queda de 0,83% em relação ao real. Até a última quarta-feira, 4, a divisa americana acumulava ganho de 3,27% ante a brasileira, na esteira das declarações de ministros em defesa da revisão de reformas.

Para a chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Roberta Folgueral, a combinação dos fatores externos e domésticos explica o desempenho do real, que encerrou o dia com os maiores ganhos entre os pares emergentes e exportadores de commodities. Hoje, a divisa americana cedeu cerca de 1,90% em relação ao dólar australiano e 0,90% ante a moeda canadense, e perdeu cerca de 0,30% na comparação com o rand sul-africano, diante da visão de um aperto monetário menos intenso nos EUA.

Após a divulgação do payroll, o sistema de monitoramento do CME Group apontou aumento da chance de aperto de 25 pontos-base dos juros americanos na reunião de 1º de fevereiro (62,6% ontem para 74,2% hoje) e redução da probabilidade de uma alta de 50 pontos (37,4% para 25,8%). "O Fed continuará em alerta máximo para quaisquer sinais de pressão inflacionária, mas, junto com dados de inflação melhores, uma desaceleração dos salários vai apoiar a decisão de reduzir o ritmo, e eventualmente pausar, o ciclo de aperto no início deste ano", avalia o economista do Credit Suisse nos EUA Jeremy Schwartz, em relatório. (Cícero Cotrim - [email protected])

18:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.23630 -2.1582 5.36910 5.23330

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5249.000 -2.52553 5397.000 5246.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5418.284 21/12    

JUROS

As taxas de juros futuros emendaram nesta sexta-feira, 6, o segundo dia seguido de forte baixa, devolvendo parte dos prêmios de risco acumulados nas três primeiras sessões desta semana, quando palavras de Lula em discurso de posse e falas de ministros despertaram temores em relação à política fiscal. Ao rescaldo do "freio de arrumação" promovido pelo presidente e seu ministro da Casa Civil, Rui Costa, negando intenção de mexer na reforma da previdência, somou-se hoje a expressiva retração do dólar e das taxas dos Treasuries, após o payroll de dezembro abrir, teoricamente, espaço para que o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) seja mais comedido no aperto monetário.

Analistas ponderam que hoje, dia da primeira reunião ministerial de Lula, em que supostamente o presidente tentaria afinar o discurso do governo, a dinâmica externa teve peso mais relevante na formação das taxas. Em queda desde a manhã, os contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) renovaram mínimas ao longo de toda a curva a termo na segunda etapa de negócios, firmando-se abaixo do piso psicológico de 13%.

Entre os curtos, DI para janeiro de 2024 recuou de 13,70% para 13,595%. As quedas foram superiores a 20 pontos porcentuais no miolo e na parte longa da curva. A taxa do contrato para janeiro de 2025 caiu de 13,12% para 12,85%. DI para janeiro de 2027 fechou a 12,79%, ante 13,05% no ajuste de ontem. Já o DI para janeiro de 2029 recuou de 13,10% para 12,84%.

Apesar do refresco nos últimos dois dias, as taxas ainda estão em níveis superiores aos observados no fim da semana passada - ou seja, parte dos prêmios acumulados sob o impacto dos primeiros sinais do governo Lula seguem presentes na curva - o que reflete, segundo analistas, temores de piora do quadro fiscal.

Para a economista Ariane Benedito, a primeira semana de 2023 foi claramente marcada por uma "queda de braço entre o governo e agentes de mercado". Na visão da economia, Lula e seus ministros exageraram ao botar todas as cartas na mesa em suas primeiras falas, o que causou um "choque no mercado", que esperava uma postura mais conciliadora, em especial no discurso de posse.

"O tom foi de provocação e o mercado reagiu com força precificando a piora das perspectivas, até para dar um aviso ao governo. Foi um estresse para os dois lados", afirma Ariane, ressaltando que a aprovação da PEC da Transição antes da posse, embora desidratada, já representou mudança do regime fiscal.

Em sua fala na posse, Lula classificou o teto de gastos como uma "estupidez". Causou arrepio, na terça-feira, 3, fala do ministro da Previdência, Carlos Lupi, de que o governo queria rever a reforma da previdência realizada no governo Michel Temer. No mesmo dia, o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, afirmou que não achava factível uma regra fiscal que limitasse o crescimento de gastos por meio de gatilhos automáticos, como do nível da dívida pública, algo defendido pelo ex-ministro da Economia Paulo Guedes.

Em seguida, o ministro da Casa Civil entrou em campo para apaziguar os ânimos, desautorizou Lupi e disse que todas as iniciativas dependem do aval de Lula. Ministros esquivaram-se hoje da imprensa após reunião com o presidente. Costa negou que o encontro serviu para Lula "puxar a orelha" de sua equipe ministerial e reafirmou que a nova gestão "está arrumando a casa" e elencando prioridades.

Segundo Ariane, investidores aguardam sinais que mostrem sustentabilidade da relação dívida líquida/PIB. Caso o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, consiga reverter o déficit primário de cerca de R$ 200 bilhões neste ano, e a depender de qual será o desenho do novo arcabouço fiscal e tributário, pode haver uma melhora substancial dos ativos domésticos.

"Se o governo conseguir zerar o déficit neste ano, com certeza os juros podem cair mais. Mais do que o resultado, o mercado quer saber como ele vai fazer isso. Com controle da relação dívida/PIB, podemos ver um fluxo maior de recursos externos", afirma a economista.

Lá fora, as taxas dos Treasuries despencaram. O retorno da T-note de 2 anos, mais ligado a apostas para o ritmo de alta pelo Fed, caiu mais de 4%, rodando os 4,27%. A taxa da T-note de 10 anos rompeu o nível de 3,60% e desceu, na mínima, para o patamar de 3,55%.

O payroll revelou criação líquida de 223 mil vagas de emprego nos EUA em dezembro, acima da mediana de Projeções Broadcast (210 mil). A taxa de dezembro caiu para 3,5%, enquanto se esperava 3,7%. Mas o que chamou a atenção e estimulou apostas em Fed menos duro e, quiçá, espaço para redução de juros ainda em 2023, foi o salário médio por hora: alta de 0,27% em relação a novembro, bem abaixo da previsão dos analistas (+0,40%).

o economista-chefe do Banco Modal, Felipe Sichel, observa que os dados do mercado de trabalho americano apontam em direções apostas. Abertura de vagas e taxa de desprego sugerem nível "extremamente aquecido", enquanto os salários e horas trabalhadores parecem já sentir os efeitos do aperto das condições financeiras. "Nossa perspectiva sobre a difícil tarefa do FED fica reforçada com esta leitura e mantemos a visão de que o mercado se antecipa excessivamente ao precificar cortes nos juros para o segundo semestre", afirma Sichel. (Antonio Perez - [email protected])

BOLSA

O relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em dezembro trouxe alívio aos investidores em ativos de risco nesta sexta-feira, em que os três índices de Nova York conseguiram sair de perda para ganho na semana de largada do novo ano, ao avançarem entre 2,13% (Dow Jones) e 2,56% (Nasdaq) na sessão. Aqui, o Ibovespa subiu hoje 1,23%, aos 108.963,70 pontos, mas não conseguiu impedir perda de 0,70% no acumulado da semana, em que saiu de duas quedas acentuadas para a recuperação parcial iniciada anteontem. Na última semana de 2022, o Ibovespa tinha ficado praticamente estável, com leve ganho de 0,03% no intervalo.

Nesta sexta-feira, com giro a R$ 27,2 bilhões, a referência da B3 oscilou entre mínima de 107.641,87 pontos, da abertura, e máxima de 109.432,79 pontos, às 10h53, quando apenas meia dúzia de ações da carteira Ibovespa cediam terreno na sessão, após os dados do payroll nesta manhã. A evolução do ganho salarial médio por hora, abaixo do que se temia, foi fator bem recebido pelo mercado, em contraponto à geração de vagas de emprego, acima do esperado para dezembro nos Estados Unidos, e também para a queda na taxa de desemprego no mês, a 3,5%.

Dessa forma, prevaleceu ao longo da sessão o viés de que o Federal Reserve poderá ser menos rigoroso na próxima deliberação sobre os juros americanos, com ampliação da aposta de que poderá elevar a taxa de referência em apenas 0,25 ponto, e não meio ponto porcentual, de acordo com dados da CME no começo da tarde.

"Vale destacar que as medições de outubro e novembro (sobre a geração de vagas) foram revisadas para baixo, resultando em 28 mil a menos do que o relatado anteriormente. Sendo assim, o indicador de mercado de trabalho oficial, considerado pelo Fed para tomada de decisão, se observado juntamente com os PMIs divulgados recentemente indica queda do nível de atividade americana em 2022", aponta Ariane Benedito, economista especializada em mercado de capitais.

"Melhor do que o esperado, o payroll ajudou o dólar a cair e a Bolsa a subir, também aqui, acompanhando o exterior", resume Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos.

Para a Oxford Economics, o payroll de dezembro desenha quadro ainda saudável para o mercado de trabalho nos EUA, com algum abrandamento das pressões salariais. "Porém, tanto o crescimento do emprego quanto o crescimento anual dos ganhos permanecem acima do ritmo que o Federal Reserve vê como consistente com a desaceleração da inflação, deixando o Fed no caminho certo para continuar elevando as taxas de juros", avalia a consultoria, que considera que o BC americano deve aumentar a faixa dos fed funds em 25 pontos-base na reunião de fevereiro.

Para o Wells Fargo, contudo, "será preciso mais do que esse relatório" de empregos para convencer o Federal Reserve de que a oferta e a demanda no mercado de trabalho "estão em equilíbrio saudável". Em relatório a clientes, o banco diz que continua a esperar que o pico dos juros básicos nos EUA chegue à faixa entre 5,00% e 5,25% na primavera local, e seja mantido nesse nível no restante do ano. O banco vê ainda alta de 50 pontos-base em fevereiro como possibilidade real.

Hoje, a presidente da distrital do Federal Reserve em Kansas City, Esther George, alertou para o risco de que a inflação se incorpore de forma mais definitiva à economia dos Estados Unidos. Em discurso preparado para evento, ela disse que, quanto mais tempo a inflação superar a meta de 2%, maior o risco de que afete as expectativas de trabalhadores, produtores e consumidores.

Por sua vez, Lisa Cook, diretora do Federal Reserve, observou também nesta sexta-feira que a inflação continua muito alta no país, apesar de alguns sinais encorajadores, recentes. "Estou comprometida em trazer a inflação de volta à meta de 2%", ressaltou Cook, em discurso durante evento.

Por outro lado, o presidente da distrital de Atlanta do Federal Reserve, Raphael Bostic, disse hoje estar confortável com um aumento de 25 ou 50 pontos-base nos juros de referência dos Estados Unidos. "Se eu começar a ver sinais de que o mercado de trabalho está começando a relaxar um pouco em termos de aperto, então posso me inclinar mais para 25 pontos-base", disse Bostic a repórteres, em evento da Associação Nacional de Economia Empresarial (NABE, na sigla em inglês).

No cenário doméstico, embora sem muitas novidades, a primeira reunião ministerial convocada pelo presidente Lula foi bem recebida pelo tom unificador e pacificador, no dia seguinte à ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), ter expressado publicamente, ainda que de forma conciliadora, diferenças de ponto de vista com relação ao titular da Fazenda, Fernando Haddad (PT), no momento em que o mercado segue muito atento à condução da política fiscal.

"Lula chamou convocados para, juntos, definir diretrizes", disse, após a reunião ministerial, Rui Costa, da Casa Civil, refutando que a intenção do encontro tenha sido a de "puxão de orelha". Segundo Costa, no momento atual, a nova gestão está "arrumando a casa" e que haverá esforço do governo para que as nomeações das equipes sejam concluídas até o fim do mês.

"Houve melhora na coordenação política após uma semana conturbada, com a posse de ministros e algumas informações desencontradas sobre o que o governo pretende fazer, ainda sem muita clareza na área econômica", diz Bruno Mori, economista e sócio fundador da Sarfin. Ele destaca em especial declarações positivas do secretário do Tesouro, de que o gasto público deve ser controlado, e de ministros, como o da Casa Civil, de que não haverá revisões em reformas como a da Previdência. "Comentários que foram bons para a curva de juros, que devolveu as altas dos primeiros dias da semana", acrescenta.

Na B3, à exceção de Petrobras (ON -0,63%, PN -0,59%) em dia sem direção única para as cotações do petróleo, as blue chips avançaram nesta sexta-feira, com Vale (ON) em alta de 1,58% no fechamento e ganhos entre os grande bancos de até 2,80% (Bradesco PN) na sessão. Na ponta do Ibovespa, destaque para Americanas (+7,43%), à frente de Qualicorp (+6,58%) e CVC (+6,21%), em dia no qual o índice de consumo (ICON) avançou 1,44% - e o de materiais básicos (IMAT), apenas 0,69%. No lado oposto do Ibovespa, Embraer (-1,69%), Copel (-1,44%) e Klabin (-1,26%).

O Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira mostra um aumento expressivo na perspectiva de alta para o Ibovespa na comparação com o levantamento anterior. Na última edição do ano passado, 44,4% dos participantes do Termômetro esperavam que o índice terminasse a semana do Natal em alta - o que se confirmou, com um ganho de 6,65% naquele intervalo. Para a próxima semana, o porcentual de profissionais do mercado que esperam valorização do índice é de 75%, o maior desde outubro passado. Já 12,50% esperam estabilidade e outros 12,50% acreditam em queda do índice. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 108963.70 1.22851

Máxima 109432.79 +1.66

Mínima 107641.87 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.71B

Volume (US$ Bilhões) 5.14B

18:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 110555 1.24084

Máxima 110810 +1.47

Mínima 108850 -0.32

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