PRESSÃO EXTERNA ARREFECE À TARDE, MAS ATIVOS DOMÉSTICOS AINDA COMPUTAM PERDAS NO DIA

Blog, Cenário

Os mercados internacional e local apararam as perdas na tarde desta quinta-feira, ainda que a cautela tenha sido predominante nos negócios. Os dados de inflação nos Estados Unidos seguem surpreendendo para cima, o que fez parcela dos agentes apostar, mais cedo, em um recrudescimento da política monetária por parte do Federal Reserve. A ferramenta da CME que apura a precificação para próximas decisões do Fed apontou, de manhã, chance majoritária (81%) de elevação de 100 pontos-base nos juros daqui a duas semanas. No fim da tarde, na esteira de comentários favoráveis a um aumento de 75 pontos de dois dirigentes com poder de voto (Christopher Waller e James Bullard), tal aposta voltou a ser maioria (56%). Depois das ponderações de Waller e Bullard, ambos representantes da ala hawkish do Fed, as bolsas de Nova York desaceleraram as perdas e o dólar perdeu ímpeto ante moedas fortes. Ao fim, Dow Jones cedeu 0,46%, S&P 500 caiu 0,30% e Nasdaq marcou leve alta de 0,03%, ao passo que o índice DXY estava na casa de 108,6 pontos. JPMorgan (-3,49%) e Morgan Stanley (-0,39%), que trouxeram resultados abaixo do esperado por analistas, foram destaque de queda no mercado acionário. Aqui no Brasil, o arrefecimento externo tirou um pouco de pressão da Bolsa e do real. No caso do Ibovespa, ainda assim, o índice fechou no menor nível desde o começo de novembro de 2020, aos 96.120,85 pontos (-1,80%). No mercado de câmbio, o dólar chegou a encostar no maior valor intradia desde o fim de janeiro. Ao final, a moeda americana à vista marcava R$ 5,4333 (+0,51%). O comportamento cambial afetou a curva do DI, que teve mais um dia de acúmulo de prêmios. Internamente, a agenda trouxe o IBC-Br de maio mais fraco do que o esperado, mas sem mudanças na percepção sobre o plano de voo do Banco Central. No leilão de prefixados, o Tesouro encontrou boa demanda pelas LTN, mas pagando taxas já na casa dos 14%.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

A cautela predominou nas negociações de hoje, com investidores digerindo as avaliações sobre forte índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), na esteira do dado ao consumidor (CPI, na sigla em inglês). Casas em Wall Street chegaram a considerar que uma alta de 100 pontos-base (pb) nos juros pelo Federal Reserve (Fed) no próximo dia 27 se tornou mais provável. Após defesa de aumento em 75 pontos-base pelo diretor Christopher Waller e pelo presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, as apostas no mercado para elevação em tal nível voltaram a ser majoritárias, mostra ferramenta do CME Group. Ainda com resultados frustrantes pelo JPMorgan e Morgan Stanley no radar, as bolsas de Nova York fecharam sem sinal único, mas com o tom negativo predominando, enquanto os juros dos Treasuries subiram. O dólar ganhou força ante rivais e pressionou o petróleo, que fechou em queda. A crise política na Itália também foi monitorada, com preocupações sobre os reflexos no spread entre títulos da zona do euro.

O salto anual de 11,3% do PPI em junho nos EUA reforçou o cenário de inflação e destacou a possibilidade de que o Fed suba os juros em 100 pontos-base, disse a High Frequency Economics. O Barclays, por sua vez, afirma esperar a segunda alta consecutiva de 75 pb pelo banco central americano. "Mas os mercados mais uma vez correram à frente e estão precificando mais de 160 pb em altas entre julho e setembro", observa o banco.

Pela manhã, a probabilidade de elevação de 100 pontos-base no próximo dia 27 era de mais 80%, de acordo com monitoramento pelo CME Group. No fim desta tarde, porém, a chance de alta de 75 pontos-base voltou a ser majoritária, com 56% de chance.

O movimento se deu após comentários de autoridades do Fed. Tanto Waller quanto Bullard, que têm poder de voto nas decisões monetárias, disseram que, até o momento, devem defender aumento de 75 pb na reunião deste mês. O presidente do Fed de St. Louis chegou a considerar possível que a taxa dos Fed Funds supere os 4% ao fim deste ano, mas afirmou que considera 3,5% "já bem agressivo", em entrevista ao Nikkei Asia. Nova presidente do Fed de Boston, Susan Collins, que também terá direito a voto, destacou que a inflação está "muito elevada" e o momento desafiador para a economia americana.

Na avaliação do BMO Capital Markets, as falas de Bullard e Waller definiram o tom até o momento. O próximo indicador a ficar em destaque deve ser as vendas no varejo dos EUA, a ser publicada na sexta-feira, que deve contribuir para decisão dos dirigentes.

Neste cenário, os juros dos Treasuries registraram alta. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos avançava a 3,136%, o da T-note de 10 anos subia a 2,967% e o do T-bond de 30 anos tinha queda a 3,119%, com a curva ainda investida.

Ainda sobre a autoridade monetária americana, o Escritório do Inspetor-Geral (OIG, na sigla em inglês), do Fed encerrou a investigação sobre as operações no mercado do presidente Jerome Powell e do ex-dirigente Richard Clarida. Ambos foram inocentados, mas investigações sobre outras autoridades da instituição prosseguem, de acordo com o OIG.

As bolsas de Nova York operaram a maior parte da sessão no vermelho. Até chegaram a sentir algum alívio próximo ao horário de fechamento, mas encerraram o dia em queda. O Dow Jones caiu 0,46%, a 30.630,17 pontos, o S&P 500 recuou 0,30%, a 3.790,17 pontos, e o Nasdaq teve alta de 0,03%, a 11.251,19 pontos.

Lucro e receita do JPMorgan e Morgan Stanley, grandes bancos dos EUA, frustraram os operadores no segundo trimestre deste ano. As ações recuaram 3,49% e 0,39%, respectivamente. A jornalistas, o presidente do Morgan Stanley afirmou que o cenário entre abril e junho foi "mais desafiador", com volatilidade e baixas no mercado acionário.

No câmbio, o dólar se fortaleceu ante rivais hoje. O índice DXY chegou a tocar os 109 pontos, mas encerrou o dia com alta de 0,54%, a 108,544 pontos, nos níveis mais altos em 20 anos de acordo com a Dow Jones Newswires. O euro chegou a estar em paridade com a moeda americana durante a sessão, depois de a Comissão Europeia subir suas projeções para inflação e reduzir para o crescimento na região, e caía a US$ 1,0026, no horário citado. A libra recuava a US$ 1,1823 e o dólar subia a 138,88 ienes.

Pressionado pelo dólar e expectativas quanto ao Fed, o petróleo encerrou o dia em baixa. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega marcada para agosto caiu 0,54% (US$ 0,52), a US$ 95,78, enquanto o do Brent para o mês seguinte recuou 0,47% (US$ 0,47) , a US$ 99,10, na Intercontinental Exchange (ICE).

A crise política na Itália também esteve no radar dos investidores. Depois de vencer voto de confiança, o premiê Mario Draghi apresentou oferta de renúncia ao cargo, após o Movimento 5 Estrelas (M5S) boicotar uma votação no Senado. O presidente Segio Mattarella rejeitou a renúncia. A Capital Economics avalia que as tensões políticas podem se tornar uma fonte maior para pressões nos spreads entre títulos do governo da Itália e da periferia da zona do euro. (Ilana Cardial - [email protected])

Volta

BOLSA

O Ibovespa renovou pelo segundo dia seguido a mínima de fechamento do ano, permanecendo assim nos menores níveis desde o começo de novembro de 2020. Hoje, a fraca leitura do IBC-Br em maio - em retração de 0,11%, após recuo de 0,64% em abril - combinou-se desde cedo à forte leitura sobre a inflação no atacado dos Estados Unidos em junho - em alta de 1,1%, ante expectativa a 0,8%. O conjunto de dados do dia, aqui e fora, firma dois temores: inflação em alta e desaceleração econômica global, que tende a se transformar em recessão com o avanço dos juros.

O decepcionante início de temporada de balanços trimestrais, com resultados de bancos como JPMorgan e Morgan Stanley, contribuiu para a cautela em Nova York. Aqui, a referência da B3 fechou o dia em queda de 1,80%, aos 96.120,85 pontos, entre mínima de 95.430,74 e máxima de 97.878,55, equivalente à abertura. Voltando a moderar após o vencimento de opções sobre o Ibovespa no dia anterior, o giro financeiro caiu hoje para R$ 24,5 bilhões. Na semana, o índice acumula queda de 4,16%, colocando as perdas do mês a 2,46% - no ano, cede agora 8,30%. O nível de fechamento do Ibovespa, hoje, foi o menor desde 3 de novembro de 2020 (95.979,71).

O desempenho da B3 nesta quinta-feira foi condicionado, em especial, pelo prosseguimento da correção nos preços de commodities, como petróleo e minério de ferro. Em Qingdao, China, a tonelada do minério fechou em queda de quase 8%, perto de perder a linha de três dígitos, aos US$ 100,29, menor nível desde novembro passado. O petróleo, por sua vez, permaneceu pelo terceiro dia abaixo do limiar de US$ 100 por barril, tanto no Brent como no WTI. Nesta quinta, Vale ON ocupou a ponta negativa do Ibovespa (-6,66%), um pouco à frente de ações como Bradespar (-5,44%) e CSN (-6,40%). Petrobras ON e PN cederam, respectivamente, 3,19% e 2,69%.

No lado oposto do Ibovespa, destaque para Cielo (+6,44%), Magazine Luiza (+2,83%) e Raia Drogasil (+3,67%), além de BB Seguridade (+4,31%). Assim como para o setor de commodities, o dia foi negativo para as ações de grandes bancos, com Bradesco (ON -2,22%, PN -2,27%) à frente. Enquanto a perda no índice de materiais básicos ficou hoje em 4,11%, o índice de consumo teve ajuste bem mais discreto (-0,05%).

"Há uma rotação natural do mercado, levando em conta que as empresas do varejo haviam caído muito, com algumas ações do setor tendo acumulado até 90% de queda no acumulado de um ano. O Auxílio Brasil injeta dinheiro direto nas famílias, no curto prazo. Há também algum alívio nos custos de energia, o que libera uma parcela disponível maior, entre as famílias endividadas e as de menor renda", diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.

"Houve corte forte de impostos, especialmente em combustíveis. A expectativa é que para julho e agosto tenhamos deflação, com os primeiros dados de IPCA negativo desde março de 2020, no auge da pandemia. E há a PEC (dos Benefícios), que vai irrigar a economia com mais capital", diz Paulo Duarte, economista da Valor Investimentos. "Há um efeito benéfico, de curto prazo, mas traz também uma ressaca, com piora dos dados para o ano que vem", acrescenta o economista, destacando o lado fiscal, "pior do que o que se tem hoje, com contas públicas mais complicadas" para o governo, atual ou futuro, a partir de 1º de janeiro.

No exterior, além das preocupações em torno da economia americana e dos efeitos dos esforços do Federal Reserve para conter a inflação, a China segue no radar. "Nesta quinta-feira, autoridades chinesas participaram de reuniões emergenciais com bancos, encontros que tiveram como pauta principal o boicote ao pagamento de hipotecas pelos chineses, frente à expectativa que seus imóveis não sejam entregues. Na parte da noite, dados do PIB do segundo trimestre prometem ilustrar a recente piora de expectativas com o crescimento", observa em nota a Guide Investimentos. No primeiro trimestre, a economia chinesa cresceu 4,8%, abaixo da meta do governo para o ano, de 5,5%. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 96120.85 -1.79842

Máxima 97878.55 -0.00

Mínima 95430.74 -2.50

Volume (R$ Bilhões) 2.44B

Volume (US$ Bilhões) 4.48B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 96950 -1.74816

Máxima 98115 -0.57

Mínima 96435 -2.27

CÂMBIO

Após um respiro pontual ontem, o real voltou a se depreciar na sessão desta quinta-feira (14), em meio a uma corrida global à moeda americana que pune tanto divisas fortes quanto emergentes. Índice de inflação ao produtor (PPI) nos Estados Unidos em junho acima do esperado, divulgado pela manhã, reforçou as apostas de que o Federal Reserve será mais agressivo na condução da política monetária - o que aumenta as chances de recessão e deprime preços das commodities, já abalados pela incerteza quanto à economia chinesa.

Desde ontem, o mercado flerta seriamente com a possibilidade de alta de 100 pontos-base da taxa básica americana em julho, aposta que chegou a ser majoritária em certos momentos do dia, conforme monitoramento do CME. Já há quem veja necessidade de os Fed Funds - hoje na faixa entre 1,50% e 1,75% - ultrapassarem os 4% para que a inflação nos EUA rume à meta de 2%. Dirigente do Fed com direitos a voto nas decisões de política monetária, Christopher Waller disse hoje que apoia novo aumento da taxa básica em 75 pontos-base, mas que não descarta uma elevação de 100 pontos neste mês (dia 27).

Nos momentos de maior estresse pela manhã, o dólar chegou a flertar com o teto de R$ 5,50, ao correr até a máxima de R$ 5,4904 (+1,56). Com uma diminuição do mau humor lá fora ao longo da tarde e ajustes intraday, a divisa perdeu fôlego e, após rodar entre R$ 5,42 e R$ 5,43, fechou em alta de 0,51%, a R$ 5,4333, nos maiores níveis desde fins de janeiro. Com isso, a moeda já acumula alta de 3,14% no mês, após ter encerrado junho com ganhos de 10,15%.

Lá fora, o índice DXY - referência do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes, com peso maior do euro e do iene - chegou superar os 109,000 pontos e, quando o mercado local fechou, orbitava os 108,600 pontos. O euro voltou a trabalhar pontualmente abaixo da paridade com o dólar. A perspectiva é que o Banco Central Europeu (BCE) seja mais comedido na alta de juros, dado o agravamento do risco de recessão pelo choque de energia. A Comissão Europeia anunciou redução das previsões de crescimento e alta relevantes das estimativas de inflação. Já o iene, punido pela política monetária extremamente frouxa do Banco do Japão, desceu ao menor valor frente ao dólar em 24 anos.

As divisas emergentes e de países exportadores de commodities recuaram em bloco, com o peso chileno liderando as perdas (ao redor de 4%), seguido pelo rand sul-africano. Os contratos futuros do cobre, que costuma refletir expectativas para o crescimento, caíram mais de 3%. O petróleo tipo Brent para setembro, referência para a Petrobras, encerrou a sessão novamente abaixo de US$ 100 o barril. O minério de ferro negociado em Qingdao, na China, caiu 7,91%, fechou perto do limiar dos US$ 100, no menor nível desde novembro de 2021.

"A expectativa era que a inflação nos Estados Unidos atingisse o pico em março e abril. Mas os índices aceleraram muito em junho e mostram pressão maior do que o esperado", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, ressaltando que, em tal cenário, uma repetição da alta de 75 pontos na taxa básica americana não terá tanto efeito para conter a escalada de preços. "O Fed tem que levar os Fed Funds para 3,5% ou até 4% de forma mais rápida. É um cenário de dólar mais forte do mundo e menos fluxos para emergentes."

O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 1,1% em junho ante maio, acima da expectativa, de 0,8%. Na comparação anual, o índice acelerou de 10,9% em maio para 11,3% em junho. Ontem, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) já havia surpreendido ao marcar alta de 1,3%, superando as estimativas (1,1%).

Para Velho, da JF Trust, é possível que os mercados de risco enfrentem mais ondas desfavoráveis, com queda das commodities e manutenção do dólar em níveis elevados no exterior. Após a forte correção da taxa de câmbio do início de maio para cá, com depreciação de dois dígitos, talvez não haja, contudo, muito espaço para que o dólar tenha uma forte escalada por aqui.

"Mas é difícil imaginar também um dólar abaixo de R$ 5,30 com essa correção os mercados acionários americanos e as eleições no Brasil", diz Velho, ressaltando que há dúvidas sobre o rumo das contas públicas em 2023, dado que o novo presidente terá dificuldade em reduzir programas sociais, turbinados pela PEC dos Benefícios. "Mesmo com a Selic bem elevada, não recomendo ficar vendido em dólar".

Bancos divulgaram hoje revisão das estimativas para taxa de câmbio em meio ao ambiente externo mais hostil e ao aumento das incertezas domésticas, sobretudo no campo fiscal O Santander aumentou as suas projeções para o dólar no fim de 2022 (de R$ 5,15 para R$ 5,30) e de 2023 (de R$ 5,0 para R$ 5,15) e 2024 (R$ 5,10 para R$ 5,20). Para o banco, o peso da normalização rápida da política monetária de economias avançadas e as dúvidas quanto à dinâmica de crescimento da China sobre o real não devem se reverter no curto prazo. O C6 Bank, por sua vez, elevou sua projeção para o dólar no fim deste ano (de R$ 5,20 para R$ 5,50) e também em 2023 (de R$ 5,60 para R$ 5,80), em razão do aumento de risco fiscal no país e do ajuste da política monetária nos Estados Unidos. (Antonio Perez - [email protected], com Cícero Cotrim)

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.43330 0.5087 5.49040 5.41500

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5458.000 0.73828 5514.500 5439.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5459.154 06/07    

JUROS

Os juros futuros confirmaram o sinal de alta que perdurou desde a abertura, ainda reflexo da expectativa para a política monetária americana em função da surpresa negativa dos índices de inflação de ontem e de hoje nos Estados Unidos. A percepção de resposta firme do Federal Reserve sustentou preocupações com o risco de recessão, mantendo o clima de risk off nos ativos, ainda que a aposta de alta de 100 pontos-base no juro americano em julho tenha perdido força. O dólar teve alta generalizada, ajudando a pesar no desempenho da curva local. No Brasil, a agenda trouxe o IBC-Br de maio mais fraco do que o esperado, mas sem mudanças na percepção sobre o plano de voo do Banco Central. No leilão de prefixados, o Tesouro encontrou boa demanda pelas LTN, mas pagando taxas já na casa dos 14%.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 13,881% ontem no ajuste para 13,90%, e a do DI para janeiro de 2024, de 13,772% para 13,875%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa em 13,19%, de 13,075%. A do DI para janeiro de 2027 voltou aos 13,00%, de 12,92% ontem.

Embora a curva longa seja teoricamente mais sensível ao clima externo, as taxas intermediárias foram as que mais subiram, configurando uma desinclinação em relação aos vencimentos mais à frente. "O mercado deve fazer esta estratégia de curto/médio puxando mais por causa das apostas em BCs hawk e médio/longo mais contidos pelo risco de recessão", resumiu um profissional. Na esteira da inflação ao consumidor americano acima do esperado e no pico em 41 anos, hoje a inflação ao produtor surpreendeu o mercado ao avançar 1,1% (consenso de +0,8%), superando 11% em termos anuais. O núcleo, de +0,4%, porém, veio ligeiramente abaixo da mediana de (+0,5%).

Após romper 80% de probabilidade mais cedo, a chance de que o Fed aumente os juros em 100 pontos-base no fim deste mês voltou a ser minoritária no fim da tarde, segundo o CME Group, que calculava 56% de probabilidade para alta de 75 contra 44% de chance para alta de 100. O dirigente com direito a voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), Christopher Waller, disse apoiar alta de 75 pontos, mas que não descarta 100. Tido como o mais hawkish dos diretores, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse que defenderá 75 pontos na próxima reunião do dia 27.

Andra Alírio, operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, acredita que a tendência de curto prazo é o mercado ficar operando apostas sobre a até onde o Fed pode chegar. "É difícil saber até onde vai a coragem, mas não deve ir até uma recessão profunda que possa desajustar a liquidez e os ativos. Seria altamente arriscado", disse. A depender dessa extensão, por mais que o Banco Central esteja avançado no aperto da Selic, é possível que tenha de dar mais doses de aumento. "Se nos EUA o aperto for de grande magnitude, vamos ter de acompanhar de alguma forma, dando resposta na mesma direção", afirmou, explicando que o efeito Fed deve pressionar o câmbio e, com isso, a inflação.

Na curva americana, as taxas tiveram desempenho misto. A da T-Note de dez anos subiu e a de 2 anos caiu, reduzindo o nível de inversão entre este dois vértices. O petróleo fechou em baixa, assim como as commodities metálicas e boa parte das matérias-primas agrícolas.

Na agenda local, o destaque foi a queda do IBC-Br de maio (-0,11%), quando o mercado esperava um leve crescimento de 0,10%. O dado não alterou a expectativa para o PIB do segundo trimestre, que até melhorou, segundo pesquisa do Projeções Broadcast (veja detalhes em matéria às 15h59).

A MCM alerta, porém, que as condições financeiras em inúmeros países não param de piorar e parte expressiva disso tudo deverá ter impacto sobre a atividade no próximo ano. "No Brasil, as projeções para o PIB no próximo ano também têm sido revistas para baixo e, analogamente ao que ocorre no exterior, este movimento parece não ter ainda terminado", afirmam os economistas. O ciclo de aperto monetário próximo ao fim tende a contribuir para a acomodação das condições financeiras. "Porém, como as taxas de juros têm subido desde o último trimestre do ano passado, o aperto monetário deverá atingir a economia com força máxima no início de 2023", afirmam.

O cenário pessimista para a economia no médio prazo e o risco fiscal elevado têm representado um desafio para as colocações de títulos para o Tesouro, que não vem conseguindo vender grandes lotes nos leilões. Nesta quinta, até elevou a oferta de LTN para 7,5 milhões, ante os 5 milhões da semana passada (4,211 milhões vendidos), absorvida quase integralmente (7,150 milhões), mas com taxas elevadas.

O especialista em renda fixa e professor ligado a Mercado Financeiro na B3, na Anbima e FIA, Alexandre Cabral, destaca que os papéis, nos três vencimentos ofertados (1/4/2023, 1/10/2024 e 1/1/2026) saíram nas taxas máximas. "Pela primeira vez em muitos anos, taxa foi superior a 14% ao ano, com volume de fraco para razoável. Resumindo: mais um leilão ruim", escreveu, no Twitter.

No leilão de NTN-F, da oferta de 300 mil títulos, foram vendidos 250.100, indicando pouco apetite do investidor estrangeiro. (Denise Abarca - [email protected])

17:26

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 13.39

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.15

Over Selic (%a.a) 13.15

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