A segunda etapa da sessão desta terça-feira foi marcada pelo impulso nas taxas dos Treasuries, com as referências de 2 e 10 anos nos maiores níveis desde março. Essa forte elevação veio a despeito da desaceleração da inflação ao consumidor nos Estados Unidos. Isso porque o dado foi lido como um respaldo a uma pausa na elevação de juros pelo Federal Reserve amanhã, mas com retomada do aperto em julho e taxa mais alta ainda no encerramento do ano. Ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,691% e o da T-note de 10 anos avançava a 3,829%. Esse vento externo catapultou a realização de lucros nos juros futuros brasileiros. Essa recomposição de prêmios teve suporte também da derrota do governo no Senado na questão da desoneração da folha e na entrevista do Banco Central Renato Dias Gomes, ao Broadcast/Estadão, advogando por cautela na redução da Selic. O DI para janeiro de 2024 avançou a 13,075% e o janeiro 2029 saltou a 11,13%. As taxas longas apagaram entre ontem e, principalmente hoje, o recuo acumulado na semana passada. Houve também realização dos fortes ganhos recentes no Ibovespa. O índice marcou a primeira baixa no mês de junho e a primeira queda depois de sete altas seguidas - nesse período, acumulou ganho superior a 8%. Com tamanha 'gordura' para queimar, o indicador acionário desceu aos 116.742,71 pontos, baixa de 0,51%. O recuo aqui ocorreu a despeito da subida da Vale ON (+1,06%), essa na esteira da redução de juros que a China fez para apoiar a economia. Com ganho global de commodities energéticas e metálicas as bolsas americanas também tiveram bom desempenho - Dow Jones subiu 0,43%, S&P 500 ganhou 0,69% e Nasdaq avançou 0,83%. De volta ao Brasil, no câmbio, o dólar à vista fechou em R$ 4,8624 (-0,08%), ainda no menor valor de fechamento desde 6 de junho. Se de um lado a potencial pausa do Fed pode trazer alívio, de outro pesa a realização na Bolsa.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•JUROS
•BOLSA
•CÂMBIO
MERCADOS INTERNACIONAIS
O mercado acionário em Wall Street manteve o rali deflagrado após a desaceleração na inflação ao consumidor nos EUA consolidar expectativas por manutenção dos juros do Federal Reserve (Fed) amanhã. O apetite por risco ainda recebeu impulso de sinais de estímulos econômicos para recuperação da China, beneficiando a atratividade de commodities, em especial de energia e metais industriais, o que se refletiu nos papéis de empresas desses setores. Este cenário enfraqueceu o dólar no exterior, o que levou petróleo a recompor parte das perdas recentes e subir 3%. Apesar disso, os rendimentos dos Treasuries avançaram e o da T-note de 2 anos atingiu máxima em três meses, diante da percepção de que o aperto monetário será retomado em julho e os juros ficarão restritivos pelo resto do ano. Movimento semelhante foi observado nos Gilts britânicos, depois que o presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey, chamou atenção para a queda mais lenta que o esperado da inflação, na esteira da redução da taxa de desemprego.
Para a Oxford Economics, a desaceleração no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, de 4,9% em abril a 4,0% em maio, não altera o plano do Fed de pausar os juros nesta semana e sustenta a projeção da consultoria de que o BC deve manter este nível restritivo até o final do ano, antes de cortar as taxas no início de 2024.
Analista da Oanda, Edward Moya observa que investidores em Wall Street estão "esperançosos" de que um "pulo" no aperto monetário em junho possa se tornar uma pausa definitiva em julho, o que teria sustentado o rali do mercado acionário nesta terça-feira. Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em alta de 0,43%, o S&P 500 subiu 0,69% e o Nasdaq avançou 0,83%. Este último foi apoiado também por ações de empresas de chips semicondutores, como Nvidia (+3,9%) e Intel (+2,54%).
Os setores de materiais (+2,33%) e indústria (+1,16%) lideraram alta de dez dos 11 setores da divisão do S&P, na esteira do fortalecimento do mercado de commodities seguindo anúncio de cortes de juros pelo Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês). O BC chinês reduziu juros na taxa de empréstimos de sete dias e injetou 2 bilhões de yuans no mercado financeiro por meio do acordo de compra reversa, além de, horas depois, anunciar também cortes nas taxas da Linha de Crédito Permanente (SLF, na sigla em inglês). Estas ações indicam que a China "provavelmente" deve aprovar um pacote amplo de estímulos fiscais e monetários para manter o crescimento dentro da meta, analisa a Pantheon.
Neste cenário, o cobre e outros metais industriais tiveram alta robusta, assim como o petróleo subiu 3% e recuperou parte das perdas registradas ontem. No fechamento, o cobre com entrega prevista para julho fechou em alta de 2,99%, a US$ 3,8310 por libra-peso, na Comex. Já o petróleo WTI para julho fechou em alta de 3,43% (US$ 2,30) a US$ 69,42 por barril, na Nymex, e o Brent para agosto avançou 3,41% (US$ 2,45), a US$ 74,29 o barril, na ICE. Em relatório, a Capital Economics afirma que "o mercado de petróleo ficará apertado neste ano, empurrando os preços para cima", visão corroborada após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manter suas projeções para oferta e demanda em 2023.
As commodities também tiveram atratividade aumentada pelo enfraquecimento do dólar no exterior, diante da perspectiva de possível manutenção nos juros do Fed. Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar subia a 140,23 ienes, o euro avançava a US$ 1,0795 e a libra tinha alta a US$ 1,2611. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,30%, a 103,338 pontos. No horário citado, o dólar offshore avançava a 7,1745 yuans, enquanto o onshore subia a 7,1669 yuans, após atingir máximas desde novembro do ano passado com a desvalorização da moeda chinesa seguindo os cortes de juros do PBoC.
Particularmente, a libra ganhou força frente a queda na taxa de desemprego no Reino Unido acompanhada por salários em nível forte, reforçando expectativas de mais aperto monetário pelo BOE para controlar a inflação no país. Em testemunho no Parlamento, Bailey comentou que a inflação deve cair, embora em ritmo mais lento do que o previsto. Esta perspectiva impulsionou o rendimento do bônus público britânico (Gilt) de 2 anos ao seu maior nível desde agosto de 2008. Por volta das 13h (de Brasília), o juro do Gilt de 2 anos aumentava a 4,875%.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano também tiveram ganhos robustos, inclusive renovando máximas intraday ao longo da tarde, seguindo a expectativa do mercado e da maior parte das casas de análise de que o Fed deve pausar amanhã apenas para retomar o aperto monetário em julho. Este movimento levou o juro da T-note de 2 anos a atingir máxima em três meses. No final da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,691%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,829% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,931%.
A ferramenta de monitoramento do CME Group encerrou a tarde exibindo 91,9% de chance de manutenção dos juros pelo Fed amanhã e 60,1% de probabilidade que o BC americano deve elevar as taxas em 25 pontos-base na reunião de julho. A ferramenta também apontava crescimento nas apostas por prolongamento do aperto monetário, com 41,4% de chances das taxas encerrarem dezembro no nível atual (de 5,00% a 5,25%) e 33,5% de terminarem na faixa de 5,25% a 5,50%. (Laís Adriana - [email protected])
JUROS
Os juros futuros fecharam a sessão em alta firme, numa combinação de ajustes técnicos com o ambiente externo que resultou na realização de lucros que o mercado ontem não conseguiu concluir. A abertura dos juros globais deu espaço para uma recomposição de prêmios nos principais vencimentos. A agenda local esteve esvaziada, mas a derrota do governo no Senado na questão da desoneração da folha de pagamentos foi citada como um dos fatores a apoiar a correção, além da entrevista do diretor do Banco Central Renato Dias Gomes, ao Broadcast/Estadão, afirmando que o Copom não deve ter pressa na redução da Selic.
O impulso foi maior nas taxas longas, que entre ontem e hoje devolveram toda a queda vista na semana passada. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 13,075%, de 12,983% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,032% para 11,19%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,74%, de 10,49%, e a do DI para janeiro de 2029 voltou a cruzar a marca de 11%, fechando em 11,13% (máxima), de 10,85%.
O mercado ontem chegou a ensaiar uma realização mais firme, mas que acabou sendo esvaziada pelas declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de que os movimentos de mercado abrem espaço para uma atuação do Copom mais à frente, lidas como um sinal de que a Selic pode começar a cair no terceiro trimestre.
À noite, porém, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Dias Gomes, defendeu, em entrevista ao Broadcast/Estadão, cautela para entender como a política monetária está agindo nos canais esperados e se a desinflação vai ocorrer como o BC aguarda. "Acho que não tem que ter pressa, porque um afrouxamento açodado tem custos elevados para o País no futuro", disse.
A fala não abalou a convicção dos agentes de que os cortes começarão no Copom de agosto, mas acabou servindo de argumento no processo de redução de posições vendidas e aparando expectativas de queda inicial de 0,50 ponto porcentual. O volume de contratos negociados, dentro da média padrão dos últimos 30 dias, também indica que a trajetória das taxas no dia não representa mudança de tendência.
O economista da Guide Investimentos Victor Beyruti acredita que a pressão do mercado internacional acabou atraindo ajustes técnicos no Brasil, mas sem mudanças do ponto de vista dos fundamentos. "Tivemos um pouco de correção com essa abertura da curva dos Treasuries, mas num movimento de certa forma controlado de alta por aqui", disse.
Lá fora, ainda que o índice de preços ao consumidor (CPI, em inglês) de maio nos Estados Unidos dentro do esperado tenha ratificado as apostas de manutenção do juro pelo Federal Reserve na decisão de amanhã, os yields dos Treasuries tiveram avanço expressivo, com a da T-Note de dois anos atingindo os maiores níveis em três meses, acima dos 4,70% à tarde. O comportamento da curva refletiu a perspectiva de que a decisão de amanhã, caso se confirme, deve representar apenas uma pausa, com o Fed retomando o aperto no encontro de julho.
Enquanto nas economias desenvolvidas há incerteza sobre quando estará encerrado o ciclo de contração monetária, entre os emergentes o foco já está no afrouxamento - hoje a China anunciou cortes nas suas taxas. No Brasil, a questão da meta de inflação já parece pacificada em torno da manutenção dos 3%, representando um obstáculo a menos para adiar a primeira redução da Selic.
Para a economista-chefe do Banco Inter, Rafaela Vitória, o cenário de desaceleração do
consumo como efeito da política monetária restritiva reforça as projeções de queda da inflação para restante do ano, e deve permitir o início do corte de juros já no segundo semestre. "A curva de juros projeta Selic em 11,75% no fim de 2023 e 9,25% em 2024. Os juros reais também caíram com a percepção de menor risco e a taxa de 10 anos voltou para 5,5% a menor taxa desde dezembro de 2021", escreve, em relatório.
Também ficou no radar a aprovação pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado do projeto de lei que prorroga a desoneração da folha de pagamento até o final de 2027 para 17 setores da economia. A renúncia representa cerca de R$ 11 bilhões dos gastos tributários do País e, portanto, o resultado é considerado uma derrota para o governo, que precisa conseguir receitas para manter em pé as metas do arcabouço fiscal. O texto agora será apreciado pelo Senado.
Hoje o Tesouro Nacional realizou leilão de NTN-B, com lote de 1,150 milhão de títulos, mas vendeu 1 milhão, rejeitando propostas para o papel longo (2050), cuja oferta era de 150 mil. O risco para o mercado foi de US$ 438 mil, de US$ 716 mil no leilão anterior, segundo a Necton Investimentos.
Apesar de o Tesouro ter conseguido colocar boa parte dos lotes, o especialista em renda fixa Alexandre Cabral considerou o leilão "não tão bom". "Mas o mercado comprou muita NTN-B nas últimas semanas. Deve ter parado para olhar", disse. Vale lembrar que no próximo dia 15 haverá a segunda etapa da migração da NTN-B 2028 nos índices IMA-B, exigindo um rebalanceamento das carteiras dos fundos referenciados. (Denise Abarca - [email protected])
BOLSA
O Ibovespa interrompeu a sequência de sete pregões de alta e encerrou a sessão desta terça-feira, 13, em queda de 0,51%, a 116.742,71 pontos, em um movimento de correção após os ganhos recentes. O avanço dos juros futuros levou a quedas das ações ligadas à economia local, enquanto os papéis da Petrobras, negociados "ex-dividendos" a partir de hoje, passaram por uma realização de lucros apesar do avanço dos preços de petróleo.
Esses fatores levaram a referência da B3 a ignorar o sinal positivo de Nova York, onde os pares avançaram até 0,83% (Nasdaq) à véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). Após dados de inflação em linha com o esperado nos EUA, a ferramenta de monitoramento do CME Group aponta mais de 90% de chance de manutenção dos juros na faixa de 5% a 5,25%, embora o mercado aposte em novo aperto em julho.
Diante dessa perspectiva, a curva dos Treasuries renovou máximas ao longo da sessão e puxou aumentos de 10 a 25 pontos-base nas taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI). Esse movimento estimulou a queda do Ibovespa, liderada por segmentos sensíveis aos juros, como imobiliário (-2,76%), de consumo (-1,85%) e de small caps (-1,95%), que tiveram as maiores perdas do pregão.
"Sempre que vemos uma alta mais forte dos juros tem um movimento inverso nas ações, e isso é o que aconteceu hoje, além do movimento de realização de preços", afirma o sócio e analista da Finacap Investimentos Felipe Moura. "Como tivemos sete pregões consecutivos de alta, o que vimos hoje é mais uma realização dos lucros do que uma mudança fundamental."
Ações de empresas sensíveis à economia doméstica tiveram as maiores perdas da sessão, puxadas por CVC ON (-6,90%), Lojas Renner ON (-5,78%), Méliuz ON (-5,13%), Magazine Luiza ON (-5,05%) e Gol ON (-5,03%). A CVC e a Gol foram prejudicadas também pelo aumento em torno de 3,4% dos contratos futuros de petróleo, refletindo a expectativa por pacotes de estímulo econômico na China.
A alta da commodity, no entanto, não foi suficiente para amparar os papéis da Petrobras, que acabaram a sessão em queda de 0,28% (ON) a 0,55% (PN), já que passaram a ser negociados sem o pagamento de dividendos na sessão de hoje. O resultado ficou descolado de pares como Prio, cujas ações ordinárias avançaram de 3,62%, liderando os ganhos no pregão.
Também entre os destaques positivos, Vale ON encerrou o dia com alta de 1,06%, refletindo o otimismo do mercado após o Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) ter anunciado um corte de 0,1 ponto porcentual na sua taxa de recompra reversa de sete dias, uma das taxas de juros do país. Essa medida reforçou a expectativa por uma redução das taxas de referência de empréstimos na próxima terça-feira, 20.
Além de Prio, completam a lista das cinco maiores altas do dia Embraer ON (2,08%), as Units do Santander Brasil (1,61%), Minerva ON (1,55%) e Marfrig ON (1,24%). Os papéis do Santander acabaram não reagindo à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) contrária aos bancos na ação que discute a incidência de PIS e Cofins sobre receitas financeiras, apesar de analistas do mercado terem considerado que o banco é o mais exposto.
Apesar da queda do Ibovespa nesta sessão, Moura, da Finacap, diz que a perspectiva para a Bolsa brasileira ainda é positiva. "Esse acabou sendo um movimento mais técnico, mas o cenário se mantém, nós tivemos uma mudança na precificação do risco", afirma. Análise técnica do Itaú BBA mostra que o índice continua em direção aos 121,6 mil pontos no curto prazo, com suporte de 116,2 mil pontos pelo lado da baixa.
Pesquisa do Bank of America (BofA) com 33 gestores de fundos latino-americanos mostrou melhora nas perspectivas para a Bolsa. A proporção dos entrevistados que espera ver o Ibovespa acima dos 120 mil pontos no fim deste ano saltou a 69% em junho, de 27% em maio. Ao todo, 33% esperam uma revisão para cima no lucro das empresas, contra 21% que preveem revisões baixistas - o maior e menor nível desde novembro de 2022.
Nesta sessão, o Ibovespa oscilou entre mínima de 116.363,43 pontos (-0,83%) e máxima de 117.924,06 pontos (0,50%). O giro financeiro atingiu R$ 28,0 bilhões. (Cícero Cotrim - [email protected]).
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 116742.71 -0.50592
Máxima 117924.06 +0.50
Mínima 116363.43 -0.83
Volume (R$ Bilhões) 2.79B
Volume (US$ Bilhões) 5.76B
18:03
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 117175 -0.53056
Máxima 118210 +0.35
Mínima 116450 -1.15
CÂMBIO
Após ensaiar uma baixa mais pronunciada pela manhã, quando rompeu o piso de R$ 4,8500, o dólar à vista recuperou parte do fôlego ao longo da tarde, em meio a perdas mais fortes do Ibovespa e à escalada dos juros futuros locais e dos Treasuries. Embora a leitura benigna do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA em maio tenha endossado a aposta em manutenção da taxa de juros na reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o BC americano) amanhã, ganhou corpo ao longo da tarde a expectativa de retomada do aperto em julho.
Entre máxima a R$ 4,8795 e mínima a R$ 4,8485, o dólar à vista encerrou a sessão em baixa de 0,08%, cotado a R$ 4,8624, ainda no menor valor de fechamento desde 6 de junho do ano passado. No mês, a divisa acumula desvalorização de 4,15%, com queda em sete dos oito pregões de junho. Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para julho teve bom giro, acima de US$ 12 bilhões.
No exterior, o dia foi de enfraquecimento da moeda americana. O índice DXY recuou para a casa dos 103,300 pontos, com quedas frente ao euro e, em especial, à libra esterlina. Dados positivos do mercado de trabalho no Reino Unido, com queda da taxa de desemprego, alimentaram as expectativas de mais alta de juros pelo Banco da Inglaterra (BoE). O rendimento do título público britânico (Gilt) de 2 anos alcançou maior nível desde agosto de 2008.
Divisas emergentes e de países exportadores de produtos básicos ganharam terreno com a alta de preços de commodities metálicas e do petróleo, na esteira de melhora das perspectivas para a economia chinesa. O Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês) reduziu taxas de juros de crédito de curto prazo e de operações recompra. A moeda chinesa, o yuan, caiu ao menor valor frente ao dólar em seis meses.
"Não foi surpresa o corte de taxas de juros na China, pois a desaceleração da atividade no segundo trimestre já antecipava alguma reação do governo. Mas não se sabia o 'timing' da medida. A decisão de reduzir taxas de empréstimos de curto prazo impulsionou emergentes", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho.
Nos EUA, o CPI subiu desacelerou de 0,4% em abril para 0,1% em maio na margem, em linha com a mediana de Projeções Broadcast. Na leitura anual, houve desaceleração de 4,9% para 4%, ao passo que as expectativas eram de 4,1%. O núcleo do CPI - que exclui preços de alimentos e energia - subiu 0,4% na comparação mensal e 5,3% na leitura anual, de acordo com o consenso do mercado.
O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, observa que, apesar de o CPI confirmar a desaceleração da inflação, o mercado ainda está em dúvida sobre os próximos passos do Federal Reserve, após uma eventual pausa no ciclo de alta amanhã. "O mercado já antecipou bastante a parada do Fed neste mês, que tende a ser neutra para a moeda. Se ele decidir subir por mais tempo, seria um fator de risco. Mas se o Fed for mais 'dovish', pode haver um impulso novo para o dólar cair um pouco mais no curto prazo", afirma Lima, acrescentando que o real, apesar da rodada recente de valorização, ainda está depreciado em relação a seus pares.
Monitoramento do CME Group mostra que a aposta em manutenção amanhã da taxa básica na faixa entre 5,00% e 5,25% é quase unânime. Por outro lado, as chances de uma alta de 25 pontos-base em julho, que já eram majoritárias ontem, ultrapassaram os 60% hoje.
Além das expectativas para o rumo da política monetária americana, o destino do real está atrelado ao fôlego da economia chinesa. O economista da Western afirma que, embora o governo chinês mostre disposição em adotar medida para estimular o crescimento, as estimativas para a China continuam na margem piores do que se imaginava. A tão aguardada reabertura econômica do gigante asiático impulsiona mais o setor de serviços que o de bens, o que tem reflexos negativos para as commodities.
"Os preços das commodities metálicas e de energia ainda estão deprimidos. Na parte agrícola, temos questões climáticas e uma safra muito boa que estimula o saldo comercial. Mas essa questão das commodities põe um limite para a apreciação do real", diz Lima. (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.86240 -0.0842 4.87950 4.84850
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL 4881.000 -0.02048 4896.000 4865.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4910.565 07/06