O tom dovish do presidente do Fed, Jerome Powell, tanto em seu discurso quanto nas respostas a deputados americanos durante audiência, garantiu o apetite por risco global e, no Brasil, teve efeito principalmente no real e nos juros futuros. O chairman do BC americano até disse que as discussões sobre o "tapering" continuarão no próximo encontro do banco central americano, mas repetiu o argumento de que a alta da inflação é transitória e que só haverá alta de juros quando o pleno emprego estiver perto, o que, para ele, ainda não ocorre. A moeda brasileira pegou carona na tendência global de enfraquecimento do dólar e, diante da perspectiva de entrada de recursos no Brasil para IPOs e desmontagem de posições defensivas no mercado futuro, teve performance bem superior aos pares. No fim, a divisa americana cedeu 1,87%, a R$ 5,0841 no mercado à vista - menor valor desde 2 de julho. Com os agentes de olho no quadro de saúde do presidente Jair Bolsonaro, que foi internado hoje cedo em Brasília, está sendo transferido para São Paulo e pode até passar por cirurgia no intestino, o dólar e os yields dos Treasuries em queda, bem como o IBC-Br abaixo do previsto em maio, garantiram recuo firme dos juros futuros, que terminaram nas mínimas e com baixa superior a 10 pontos nos vencimentos longos. O Ibovespa, no entanto, teve comportamento mais contido e, na reta final, praticamente zerou os ganhos verificados ao longo do dia, com leve alta de 0,19%, aos 128.406,51 pontos. Além de o avanço de dois dos principais índices americanos - Dow Jones e S&P 500 - também ter sido relativamente discreto, pesou a forte baixa das siderúrgicas, depois que o ministro da Economia, Paulo Guedes, revelou ter fechado um acordo informal com as empresas para que não houvesse mais reajuste de aço em 2021. Além disso, ele defendeu um corte unilateral de 10% no imposto de importação no âmbito da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul.
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