PLANO PARA COMBUSTÍVEIS LEVA DI LONGO A PICO DO ANO E REAL À PIOR PERFORMANCE GLOBAL

Blog, Cenário

O plano do governo para reduzir a tributação de combustíveis e gás de cozinha explicitou o vale-tudo pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro e penalizou o investidor comprado em Brasil. Embora com um tímido arrefecimento na segunda etapa, DI e dólar seguiram refletindo, ao longo da tarde, a percepção de sensível piora da cena fiscal brasileira. Nem a possibilidade de queda da inflação no curtíssimo prazo trouxe alívio, mesmo porque o mercado fez as contas, viu que o ganho é marginal e traz amarga conta para os preços em 2023 e para as contas públicas no prazo mais longo. A complexa engenharia de uma PEC e a chance de o Congresso querer afrouxar ainda mais as amarras do teto culminaram no mau humor visto nas mesas, que se queixam de que os cálculos do governo ainda não estão claros. A intenção de uma nova PEC, agora direcionada para manter a competitividade do etanol, obscurece ainda mais o cenário. Assim, na renda fixa, os contratos de 2027 adiante superaram o pico do ano, com abertura de 20 pontos-base. No câmbio, o real teve o pior desempenho global, considerando-se as moedas mais líquidas. No pregão à vista, o fechamento foi de R$ 4,8742 (+1,64%), longe, a bem da verdade, da máxima (R$ 4,9341), mas por causa de um empurrão externo. Na trinca dos principais mercados domésticos, a Bolsa foi a que sofreu menos (queda de 0,11%, aos 110.069,76 pontos), muito ajudada pelo desempenho da Petrobras (ON +0,36% e PN +1,19%). Isso porque os agentes ponderam que a pressão sobre a estatal diminuiu ante o plano mais abrangente do governo. Vale (ON +2,34%) também deu sua contribuição, com o preço do minério para cima. Lá fora, as bolsas de Nova York tiveram ganhos consistentes, aparando um pouco as perdas acumuladas ao longo do ano. Dow Jones subiu 0,80%, S&P 500 ganhou 0,95% e Nasdaq teve valorização de 0,94%.

•JUROS

•CÂMBIO

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

A proposta do governo para desonerar combustíveis caiu como uma bomba no mercado de juros, levando as taxas dos principais vencimentos a partir de 2027 a fecharem no pico do ano. Nem mesmo o potencial de desaceleração da inflação trazido pela desoneração tributária foi capaz de impedir o acúmulo de prêmios, com a ponta curta reagindo em baixa apenas pontualmente no começo do dia, dada a leitura de que de que tal alívio será devolvido em 2023 e que os riscos fiscais se sobrepõem aos eventuais efeitos positivos. No pior momento do dia, as taxas longas chegaram a abrir mais de 20 pontos, mas à tarde saíram das máximas com o dólar se afastando da marca de R$ 4,90 e as mínimas nos rendimentos dos Treasuries.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 13,49%, de 13,451% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 13,076% para 13,205%. A do DI para janeiro de 2025 encerrou em 12,66%, de 12,475%, e a do DI para janeiro de 2027 saltou de 12,395% para 12,595%.

A reação da ponta longa levou a curva a inclinar fortemente, com o diferencial negativo entre os contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 e janeiro de 2024 atingindo -61 pontos, no menor nível desde o início de março. Ontem, estava em -68 pontos.

A ideia do governo é reduzir a carga tributária sobre os combustíveis através de um acordo com os governos estaduais. A proposta prevê, em linhas gerais, zerar o ICMS sobre diesel e o gás de cozinha; reduzir o ICMS e zerar os impostos federais sobre gasolina e etanol até o fim do ano; e compensar os estados e o Distrito Federal. O governo quer limitar o ressarcimento aos estados em um valor a ser fixado, entre R$ 25 bilhões e R$ 50 bilhões, que seria repassado pela União.

A proposta não agrada nem governadores nem caminhoneiros, e só teve mesmo efeito positivo nas ações da Petrobrás pelo entendimento de que a solução adotada tira um pouco da pressão sobre a política de preços da companhia. Na leitura do mercado, a proposta não tem clareza sobre de onde viriam os recursos para cobrir a perda de arrecadação e representa uma ameaça ao teto de gastos. As frequentes emendas aos textos e a urgência para resolver a questão no afogadilho deixam a impressão de um vale tudo em ano eleitoral. Até porque o presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje que a ideia do decreto de calamidade, que vinha assombrando o mercado nos últimos dias, “não está enterrada”.

Alexandre Póvoa, da Meta Asset Management, questiona a viabilidade de se afirmar que parte dos recursos virá do excesso de arrecadação por conta do crescimento econômico, ressaltando que há o risco de queda da economia no segundo semestre causada pela alta de juros. Contar com recursos da privatização da Eletrobras também é visto por ele como "completo absurdo", uma vez que teriam de ser usados em investimentos e não em gastos correntes. "O que aconteceria, caso fosse feito um esforço de redução generalizada de impostos e a Petrobras aumentasse os preços em seguida, anulando tudo?", pergunta, lembrando que há uma defasagem de 20% no preço da gasolina em relação às cotações internacionais.

Na inflação, analistas calculam impacto de queda de até 1 ponto porcentual no IPCA de 2022 nos cenários mais otimistas, mas que seria ao menos parcialmente devolvida no ano que vem, que é para onde está voltada agora a política monetária do Banco Central. "Ao acabar a compensação, os Estados vão elevar novamente o ICMS. E nos impostos federais isso também pode ocorrer, porque não sei se um novo governo vai mantê-los zerados”, afirma economista-chefe do Banco Alfa, Luís Otávio de Souza Leal.

O estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi, ressalta que o efeito negativo da proposta sobre o câmbio pode também mitigar esse impacto. "Por mais que a redução da carga tributária possa aliviar a inflação, o 'net' é negativo no curto prazo. A proposta parece ter custo fiscal grande e reabre a discussão sobre o teto de gastos numa hora em que o mercado começa a ficar nervoso com as eleições", explicou.

Nos próximos dias, o mercado ficará de olho na tramitação da proposta. Amanhã, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) deve apresentar o parecer do projeto do teto para o ICMS e da PEC para compensar os Estados. Ao Broadcast/Estadão, ele disse que a compensação aos Estados, que fica fora do teto de gastos, ficará abaixo de R$ 40 bilhões. O cálculo final será apresentado amanhã.

Na quinta-feira, o foco do mercado é o IPCA de maio. A mediana das estimativas da pesquisa Projeções Broadcast é de 0,60%, ante 1,62% em abril. (Denise Abarca - [email protected])

17:26

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.03

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 12.65

Over Selic (%a.a) 12.65

CÂMBIO

O risco fiscal voltou a dar as cartas no mercado doméstico de câmbio nesta terça-feira (7) e levou o real a amargar o pior desempenho entre as principais moedas do mundo, incluindo divisas fortes e emergentes. A proposta do governo de cortar tributos federais sobre combustíveis e compensar Estados por perdas de arrecadação com ICMS - com impactos estimados em R$ 40 bilhões - voltou a despertar temores de uma escalada populista em ano eleitoral.

Investidores partiram para a defensiva já na abertura dos negócios, levando o dólar a abrir acima de R$ 4,80. Com renovação de sucessivas máximas, a moeda chegou a superar R$ 4,90 ainda pela manhã, correndo até R$ 4,9341 (+2,89%). O movimento comprador perdeu força ao longo da tarde, em sintonia com o exterior, com a divisa voltando trabalhar abaixo de R$ 4,90. No fim do dia, o dólar avançava 1,64%, cotado a R$ 4,8742 - maior valor de fechamento desde 19 de maio. O giro com o contrato de dólar futuro para julho, principal termômetro do apetite por negócios, superou US$ 15 bilhões, sugerindo que pode ter havido mudanças relevantes de posicionamento.

No exterior, o dólar teve um desempenho misto em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, incluindo pares do real. O índice DXY - que mede o desempenho da moeda americana frente a seis pares fortes - chegou a operar em alta pela manhã, mas acabou perdendo força com a recuperação da libra e a diminuição das perdas do iene. A moeda japonesa atingiu pela manhã seu menor valor ante o dólar em mais de 20 anos, após o presidente do Banco do Japão Banco do Japão (BoJ), Haruhiko Kuroda, voltar a defender a política monetária relaxada, até que a inflação se estabilize perto da meta de 2%.

"O movimento de alta do dólar foi predominantemente doméstico. Houve um aumento da percepção de risco que se refletiu na moeda e nos juros futuros", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho. "O corte de impostos não vai criar um problema fiscal no curto prazo, mas o sinal é muito ruim. A zeragem de impostos é para controlar a inflação e não para aumentar a eficiência da economia. E existe ainda o risco de judicialização."

O governo anunciou ontem que pretende zerar tributos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre gasolina em troca da aprovação do PLP 18, que coloca teto de 17% sobre o ICMS dos combustíveis. Haveria compensação aos Estados também pelo fim de cobrança de ICMS sobre diesel e gás de cozinha contemplada em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC). Se aprovadas, as duas medidas valerão até 31 de dezembro deste ano.

O senador Fernando Bezerra (MDB-PE) foi escolhido para ser relator da PEC e disse que deve apresentar seu parecer nesta quarta-feira (8). Bezerra prevê a votação do "pacote de combustíveis" no Senado na próxima semana. A PEC permitirá ao governo transferir aos Estados recursos fora do teto de gastos (a regra que limita o crescimento das despesas) para compensar a perda de arrecadação caso optem por zerar o ICMS de diesel e gás.

Fontes ouvidas pelo Broadcast afirmam que o governo, premido pelo calendário eleitoral, trabalha para zerar os tributos federais sobre a gasolina e aplicar um teto para as alíquotas de ICMS sobre combustíveis e gás de cozinha a partir de 1º de julho.

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, observa que, embora possa ter impacto positivo na inflação deste ano, a redução de tributos agrava a percepção sobre a política fiscal, que já vem desgastada pela mudança do teto de gastos. "Essa pressão sobre nossa moeda reflete o desconforto dos investidores. O real se descolou em relação às demais divisas emergentes, principalmente por conta das incertezas fiscais", afirma.

Segundo cálculos do Bradesco, a aprovação do projeto que cria um teto de 17% para o ICMS (sobre combustíveis e energia) e da PEC proposta pelo governo poderia levar o IPCA deste ano de 9%, no cenário-base do banco, para 6,8%. Haveria, contudo, um aumento de ao menos 1 ponto porcentual no IPCA do ano que vem, de 4,1% para 5,1%.

Os riscos fiscais envolvidos nas duas propostas seriam suficientes para levar a projeção para o primário do setor público consolidado em 2022 de um superávit de R$ 40 bilhões para um déficit de R$ 45 bilhões, alerta o banco. "Nossa expectativa para o câmbio também seria provavelmente ajustada, refletindo o aumento do risco fiscal", dizem os economistas do Bradesco, em relatório. No cenário-base, o banco reduziu a projeção de dólar no fim de 2022 e 2023, de R$ 5,10 para R$ 5,0. (Antonio Perez - [email protected] /com Cícero Cotrim)

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.87420 1.6369 4.93410 4.80840

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 4900.000 1.41778 4968.500 4841.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4874.733 23/03    

BOLSA

O Ibovespa manteve margem de variação estreita desde a abertura desta terça-feira, sem conseguir acompanhar a melhora de humor em Nova York ao longo da tarde, com as três referências se firmando em alta por lá. Ao fim, o índice da B3 mostrava leve perda de 0,11%, a 110.069,76 pontos, entre mínima de 109.393,54, menor nível intradia desde 24 de maio, e máxima de 110.435,02, saindo de abertura aos 110.185,18 pontos. Ainda fraco, o giro ficou em R$ 21,4 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa cede 0,93% e, no mês, 1,15%. No ano, sobe 5,01%. Com o desempenho desta terça-feira, o Ibovespa emenda a terceira perda diária, permanecendo no menor nível de encerramento desde 20 de maio (108.487,88).

Desde a virada de maio - mês em que o índice avançou 3,22% - para junho, o Ibovespa tem mostrado menos força, lateralizado, em sessões com volume também mais fraco, refletindo o momento de expectativa por juros mais altos não apenas nos Estados Unidos mas também na zona do euro. O movimento sobre as políticas monetárias nas maiores economias ocorre em meio à reabertura da China, que tem contribuído para a recuperação tanto do minério de ferro como do petróleo - neste caso especialmente, com sequelas para a inflação global, ante o contágio da elevação dos preços de combustíveis na economia como um todo.

Aqui, a questão passa a ser crucial para as chances do governo na eleição de outubro, o que leva o Planalto a propor alternativa, com desoneração tributária, para tentar estancar o avanço dos preços.

“A redução do ICMS sobre combustíveis é o tema do momento, com o governo tendo apresentado ontem uma proposta muito agressiva, oferecendo contrapartida para os Estados - mesmo assim, difícil de passar. É razoável limitar o ICMS a 17%, com repasse para baixo significativo - essa ação sobre a tributação de combustíveis tem ocorrido no mundo, frente à alta do petróleo. Não faz sentido ICMS de 35% sobre gasolina. Alguma coisa vai sair, mas não essa desoneração total proposta pelo governo, ainda assim com efeito importante para o IPCA, de até dois pontos porcentuais: um choque que seria positivo para a economia, com mudança na trajetória de inflação para este ano”, avalia Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Hoje, na B3, o desempenho positivo de Petrobras (ON +0,36%, PN +1,19%) e de Vale (ON +2,34%, maior alta do Ibovespa na sessão) foi fundamental para compensar o efeito negativo do ajuste em bancos (Bradesco ON e PN, -0,85%; Unit do Santander -0,87%) e em algumas ações de siderurgia (Usiminas PNA -2,71%) e de Utilities (Cemig PN -1,15%). Além de Vale, destaque hoje para BR Malls (+1,93%), JBS (+1,65%) e Suzano (+1,65% também). No lado oposto, Cielo (-4,28%), Soma (-4,14%), Positivo (-4,07%) e Cosan (-3,52%).

“O dia foi de volume baixo, liquidez reduzida no mercado. A Bolsa oscilou entre pequenas altas e pequenas baixas, digerindo o pronunciamento de ontem à noite do presidente (Bolsonaro, sobre a proposta de desoneração dos combustíveis). A leitura que o mercado está fazendo é a do risco fiscal, que vai aparecendo, ficando iminente, nesse período de eleição. Tudo acaba sendo 'possível' na tentativa do governo de reverter sua popularidade”, diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, chamando atenção para a elevação dos DIs, e para o dólar também em alta na sessão, com a busca por segurança.

Por outro lado, o pronunciamento do governo, focado na desoneração dos combustíveis, tira parte da pressão que havia sobre as ações de Petrobras desde o anúncio da mais recente troca de comando da estatal, quanto à orientação da política de preços da empresa, observa Moliterno, o que contribuiu para o desempenho positivo tanto da ON como da PN nesta terça-feira.

Ainda assim, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), afirmou hoje que o Congresso fará "pressão máxima" na Petrobras para redução do preço dos combustíveis. A ofensiva, segundo Lira, é uma das formas de garantir a eficácia da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) anunciada ontem pelo governo para reduzir tributos federais e estaduais que incidem sobre os combustíveis.

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estimou que as propostas do governo para reduzir os preços dos combustíveis acarretam perda de arrecadação de R$ 115 bilhões anuais para Estados e municípios, sendo R$ 27 bilhões apenas para as cidades brasileiras.

Em outro desdobramento do dia, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE) informou que o parecer da PEC para compensar os Estados que zerarem as alíquotas de ICMS sobre diesel e gás de cozinha até 31 de dezembro será apresentado nesta quarta-feira, 8. O parlamentar foi escolhido como relator da medida.

Bezerra prevê a votação do "pacote de combustíveis" no Senado na próxima semana. A PEC permitirá ao governo transferir aos Estados recursos fora do teto de gastos para compensar a perda de arrecadação caso optem por zerar o ICMS de diesel e gás.

O pacote para reduzir o preço dos combustíveis prevê ainda a desoneração do PIS/Cofins e Cide (tributos federais) cobrados sobre a gasolina e o etanol. Como se trata de uma renúncia tributária, essa desoneração não afeta o limite do teto de gastos. "É uma renúncia de receitas e não precisa mexer com o teto", ressaltou o relator. Ele disse também que essa desoneração será bancada com o excesso de arrecadação. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 110069.76 -0.10541

Máxima 110435.02 +0.23

Mínima 109393.54 -0.72

Volume (R$ Bilhões) 2.13B

Volume (US$ Bilhões) 4.36B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 110340 -0.3162

Máxima 110715 +0.02

Mínima 109625 -0.96

MERCADOS INTERNACIONAIS

Depois de uma sessão volátil, o apetite por risco prevaleceu nos mercados internacionais. Os ativos do petróleo subiram no mercado futuro, avaliando projeções de curto prazo do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) americano e de olho na China. As bolsas de Nova York também se firmaram no positivo, apesar de novos dados alimentarem temores sobre crescimento econômico mundial. A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, admitiu nesta tarde que os preços estão elevados no país e que a projeção de inflação deste ano deve ser revisada para cima. Entre os investimentos considerados seguros, os juros dos Treasuries ficaram sem sinal único, enquanto o dólar ficou misto ante rivais.

O petróleo oscilou entre altas e baixas, mas terminou a sessão no azul. Além da temporada de viagens de carro nos Estados Unidos, amplamente apontada por analistas como impulsionadora para a demanda, riscos à oferta global do petróleo são notados como apoio aos preços. Na Europa, a fim de compensar o embargo parcial da União Europeia (UE), a Rússia está aumentando suas exportações de petróleo em cerca de 20% no porto Kozmino, reportou a Reuters. O objetivo é atender à crescente demanda pela Ásia. No curto prazo, o DoE prevê que o barril de Brent fique em cerca de US$ 108 no segundo semestre deste ano, antes de recuar a US$ 97 ao longo do ano que vem. Já o Goldman Sachs projeta o Brent a US$ 135 o barril na segunda metade de 2022 e na primeira de 2023. Na sessão de hoje, o petróleo WTI para julho registrou alta de 0,77% (US$ 0,91), a US$ 119,41 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para agosto avançou 0,89% (US$ 1,06), a US$ 120,57 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

Em testemunho no Senado, a secretária Yellen afirmou que os EUA têm debatido com a UE sobre como limitar a receita russa com petróleo. Diante dos parlamentares, a secretária do Tesouro destacou os desafios macroeconômicos atuais e os níveis "inaceitáveis" de inflação. Com os preços elevados no país, Yellen afirmou que a projeção de inflação americana de 4,7% em 2022, que integra o orçamento fiscal do governo para o próximo ano, terá que ser revisada para cima.

Além dos temores sobre preços, os cortes nas previsões de crescimento têm sido monitorados por operadores. Em projeção semanal, o Federal Reserve (Fed) de Atlanta revisou o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no segundo trimestre de 1,3% para 0,9%. Com a revisão, operadores comentam o risco de recessão técnica, visto que já houve uma queda nos três primeiros meses do ano.

Com desafios comuns, como persistência da covid-19, gargalos de oferta e reflexos da guerra russa na Ucrânia, o Banco Mundial diminuiu sua previsão de alta do PIB global para este ano, de 4,1% - projetados em janeiro - para 2,9% e alertou para o risco de estagflação. O Bradesco prevê que a economia americana tenha avanço de 3,2%, ante 3,4% previstos anteriormente.

Em Wall Street, as bolsas operavam no vermelho boa parte do pregão, refletindo as incertezas econômicas. A Target (-2,31%) cortou sua projeção de lucros para o ano e se juntou a outras varejistas também alertaram para menor ímpeto de vendas, passado o 'boom' da reabertura econômica pós-pico da covid-19. Durante a tarde, porém, as bolsas encontraram espaço para ganhos: o Dow Jones subiu 0,80%, a 33.180,14 pontos, o S&P 500 avançou 0,95%, a 4.160,68 pontos, e o Nasdaq ganhou 0,94%, a 12.175,23 pontos. Analista da Oanda, Edward Moya avalia que os investidores ainda têm achado as ações atrativas agora à medida que os EUA não devem entrar em uma recessão neste ano. "Operadores podem estar precificando uma recessão no primeiro trimestre de 2023, mas isso significa que podemos ter uma série de temporadas de lucros sólidos depois que a inflação finalmente atingir o pico no final do verão [do Hemisfério Norte]", opina.

Neste cenário, na avaliação do Citi, os mercados estão voltando a precificar um caminho mais 'hawkish' pelo Fed, o que tem movimentado o mercado de Treasuries. Próximo ao horário de fechamento, a curva de juros voltou a se inverter, com o rendimentos da T-note de 5 anos subindo mais que o da T-note de 10 anos - movimento que muitas vezes precede períodos de recessão. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 2,724%, enquanto o da T-note de 10 anos caía a 2,991% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa a 3,134%.

De olho nas perspectivas sobre o Fed e à espera da decisão monetária do Banco Central Europeu (BCE), na próxima quinta-feira, o índice DXY fechou em queda de 0,12%, a 102,318 pontos, enquanto o euro subia a US$ 1,0709. Depois de ter se enfraquecido ante o dólar, em meio à avaliação de confiança do premiê britânico, Boris Johnson, a libra se recuperou e avançava a US$ 1,2600. Já o dólar subia a 132,63 ienes, depois de ter atingido a marca de 133 ienes, no maior valor desde abril de 2002. (Ilana Cardial - [email protected])

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