PIORA FISCAL E POSSÍVEL SAÍDA DE MORO AZEDAM HUMOR E DÓLAR BATE RECORDE, A R$ 5,52

Blog, Cenário
Os fatores locais descolaram completamente o mercado brasileiro do exterior, onde voltou a prevalecer, ainda que de forma bastante limitada, algum apetite por risco. Por aqui, no entanto, o dólar disparou para cima de R$ 5,50, em nova máxima nominal, a curva de juros voltou a inclinar e o Ibovespa retornou para baixo dos 80 mil pontos. Se a percepção de piora fiscal ganhou força com o lançamento do Plano Pró-Brasil, que prevê aumento dos investimentos públicos, já vinha deteriorando os ativos, a possibilidade de saída do ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo acabou de vez com o humor dos investidores na segunda metade dos negócios. Até porque, na prática, pode significar redução do apoio popular ao governo e desgaste ainda maior junto ao Congresso. A notícia envolvendo o ministro com maior apelo junto à população na gestão Bolsonaro veio em meio a comentários de que o presidente gostaria de trocar o comando da Polícia Federal. Mas Moro não apenas teria discordado, como também pedido demissão. Mesmo que a informação ainda não tenha sido oficializada, foi o suficiente para trazer a leitura de que o governo enfrenta um aumento do risco fiscal e político de forma simultânea, o que assustou definitivamente os investidores, sobretudo os estrangeiros, que fugiram do País. Não por acaso, o dólar à vista, mesmo com duas intervenções do Banco Central, por meio da venda de US$ 1 bilhão em swaps, disparou 2,22% e fechou na máxima do dia e da história, em R$ 5,5287. Agora, a divisa acumula ganho de quase 38% em 2020. Há pouco, aliás, com o mercado à vista fechado, o BC chamou novo leilão de swap, pata tentar conter o ímpeto da moeda no futuro. Com o dólar nesses patamares, a possibilidade de corte mais firme da Selic, reforçada nesta tarde pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o aumento da cautela em relação à área fiscal, também devido ao fato de o Pró-Brasil sinalizar direção oposta às políticas defendidas pelo Ministério da Economia, a curva de juros voltou a inclinar. Houve alta pronunciada dos vencimentos mais longos e os curtos seguiram apontando chance majoritária de afrouxamento monetário de 0,75 ponto na próxima reunião do Copom. No mercado acionário, o Ibovespa perdia fôlego desde o começo da tarde, em linha com Nova York, onde os índices terminaram sem direção única. Mas a Bolsa sucumbiu de vez à notícia sobre a possível saída de Moro e não houve alta do petróleo - e da Petrobras - capaz de amparar o ímpeto vendedor. No fim, o Ibovespa teve baixa de 1,26%, aos 79.673,30 pontos, depois de ter se aproximado dos 82 mil pontos pela manhã. Vale notar que uma parte do otimismo no mercado acionário americano foi contido pela informação de que um possível medicamento para covid-19 falhou em testes recentes.  
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  CÂMBIO O câmbio teve uma quinta-feira movimentada, com o dólar renovando sucessivas máximas, levando o Banco Central a fazer duas intervenções não previstas, ofertando ao todo US$ 1 bilhão em swap. Mesmo assim, o dólar fechou em novo nível recorde, influenciado por fatores externos, por conta do dia de fortalecimento generalizado da moeda americana no exterior, e também locais, principalmente o temor de piora fiscal do Brasil e os rumores de saída do ministro da Justiça, Sergio Moro. O dólar à vista fechou em alta de 2,22%, cotado em R$ 5,5287 e já acumula valorização de 38% em 2020.   No final da tarde, com o mercado à vista já fechado, o BC anunciou o terceiro leilão de swap do dia, de US$ 500 milhões. Antes do leilão, o dólar futuro para maio havia batido em R$ 5,56 e, com o anúncio, desacelerou o ritmo de valorização, passando a operar na casa dos R$ 5,52.   O ritmo recente de valorização do dólar tem assustado mesmo diretores veteranos de grandes bancos. "Não vejo mais motivos que possam explicar tamanho movimento", disse um deles. Outro executivo, de um banco estrangeiro, ressalta que, mesmo com as intervenções diárias do BC, a sensação é que "o câmbio está largado", pois precisaria de "artilharia mais pesada" da autoridade monetária, por exemplo, utilizando as reservas internacionais de forma mais intensa.   O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto participou de evento fechado hoje pela internet com investidores do Morgan Stanley. Segundo um dos participantes, "foi mais do mesmo", na medida em que o dirigente repetiu o que vinha dizendo em eventos recentes, de cenário mais nebuloso e da disposição do BC em cortar juros. "Não vi nada de lá que possa ter tido algum efeito no câmbio hoje", disse este executivo.   Hoje, assim como já havia ocorrido ontem, o real foi uma das moedas que mais se depreciou ante o dólar, considerando uma cesta de 34 divisas internacionais. Perto do fechamento, assim como ontem, o dólar acelerou a alta. O dia foi marcado por forte volume de negócios, com giro de US$ 25 bilhões no dólar maio.   O analista em Toronto do Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), Luis Hurtado, acredita que, mesmo neste nível, não há muito espaço para apreciação do real, diante da tendência de piora do crescimento econômico, das contas fiscais e de juros menores no Brasil. A tendência é que o dólar continue na casa dos R$ 5,00 a R$ 5,25. "A situação no Brasil é particularmente frágil, na medida em que uma rápida desaceleração no crescimento está pondo em risco o processo de ajuste fiscal, com possibilidade de um desvio em relação ao teto de gastos."   Além da deterioração de curto prazo, por conta das medidas do coronavírus, Hurtado vê risco de que, na medida em que a economia piore, o apoio às reformas estruturais diminua, elevando os riscos pela frente. Uma medida deste temor foi vista hoje nas taxas do Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil, que bateram nesta tarde no maior nível em 30 dias, chegando 340 pontos no final da tarde, de 321 ontem, segundo a IHS Markit.   "Acho que o teto de gastos terá que ser abandonado, ao menos temporariamente", afirma o economista sênior para a América Latina da consultoria internacional Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia. "Mas acho que o governo vai tentar trazer as contas fiscais de volta ao controle tão logo a crise atual comece a se dissipar", disse ele, alertando para o risco de piora dos mercados, da dificuldade de manter juros baixos e também de retomar o crescimento da atividade caso o ajuste fiscal não prossiga.   Em meio à crise, os economistas no Brasil do banco UBS, Tony Volpon e Fabio Ramos, tentaram traçar cenários para o câmbio. No pessimista, o dólar terminaria este ano em R$ 5,75 e ao final de 2021 chegaria a R$ 7,30. Já no otimista, a moeda americana fica, respectivamente, em R$ 4,45 e R$ 4,30. Qual dos cenários tende a prevalecer no câmbio, ressaltam, depende das respostas de política econômica do governo. No cenário-base, o dólar fica em R$ 4,95 ao final deste ano e em R$ 4,60 no próximo. Fonte: Altamiro Silva Junior - [email protected]     Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.52870 2.2186 5.52870 5.40220 Dólar Comercial (BM&F) 5.3082 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5524.000 1.0981 5560.000 5404.500 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5530.000 2.14259 5557.000 5438.500     JUROS O mal-estar com o ambiente político se acentuou à tarde, impondo grau ainda maior de inclinação à curva de juros, após a informação, extraoficial, de que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, pode deixar o cargo em função da decisão do presidente Jair Bolsonaro de trocar o comando da Polícia Federal, afastando Maurício Valeixo. A notícia estressou sobretudo a ponta longa, que passou a operar com ganho de 30 pontos em alguns contratos, de cerca de 20 pela manhã, em relação aos ajustes de ontem. Além do ruído político e do ganho natural de inclinação imposto pelo aumento nas apostas de um Copom mais agressivo nos próximos meses, a ponta longa captou ainda o desconforto com crescimento das pressões fiscais em meio à crise do coronavírus, num dia de disparada do dólar e Tesouro Nacional retomando leilões de NTN-F após várias semanas de suspensão e vendendo lote grande de LTN.   A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou a sessão regular em 2,720%, de 2,644% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 subiu de 3,189% para 3,37%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 7,18%, máxima, de 6,802% ontem.   Apesar da melhora do humor no exterior, com a recuperação nos preços do petróleo e expectativa de saída gradual da quarentena das economias centrais, por aqui o clima esteve pesado. "Nosso lado político e fiscal estão fazendo preço, uns dias mais outros menos, mas cada dia vão pesando mais", disse o trader da Sicredi Asset Cassio Xavier Andrade.   Há percepção de que o ambiente político deteriorado que pode comprometer a agenda de reformas, num momento em que Executivo e Legislativo não se entendem mais. Não por acaso as máximas dos DIs na sessão se deram logo após a notícia sobre Moro, que, se confirmada, é vista como grave. "Se for isso mesmo, pode bater forte na curva. Bolsonaro parece querer trocar muitas peças ao mesmo tempo em plena crise. Está chamando para si um protagonismo que está minando sua estabilidade", afirmou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, lembrando que o presidente acabou de trocar o ministro da Saúde.   Não passou despercebido ainda que o governo tenha lançado ontem no fim da tarde um programa (Pró-Brasil), que prevê aumento dos gastos para os próximos anos, sem a presença da equipe econômica, com aspiração de ser um "Plano Marshall brasileiro" e com coordenação do ministro-chefe da Casa Civil, Braga Netto. O projeto prevê um incremento de R$ 300 bilhões para infraestrutura.   “Acho até difícil comentar um plano econômico que não tem a participação da equipe econômica. É o que venho falando desde o começo desta pandemia: o governo não consegue dar uma resposta à crise com todos os atores importantes à mesa”, disse a economista e head do escritório Oliver Wyman no Brasil, Ana Carla Abrão, ao se referir à ausência do ministro da Economia, Paulo Guedes, no anúncio do Plano. "Na verdade, esse plano nem é para ser levado em consideração", avaliou o diretor executivo da Instituição Fiscal Independente, o economista Felipe Salto.   Perfeito, da Necton, afirma que, mais do que a curva longa, é o dólar a captar com mais sensibilidade a deterioração do risco político. "Se o mercado vê que o Estado fraqueja, mina a moeda", disse. Ele vê certa "disfuncionalidade" no mercado de renda fixa porque a demanda por títulos privados, em meio à crise, está se deslocando para os públicos, ainda mais agora que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra, se aprovada, vai permitir ao Banco Central atuar na compra e venda de papéis. "Com o Tesouro e o BC se dispondo a atuar, ninguém se mete à besta na curva. Há uma sobredemanda por títulos públicos, num processo que infelizmente esconde a real natureza que é a atividade fraca", disse.   O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse hoje que o caixa do governo ainda não está pressionado, mas precisará se financiar por meio da emissão de dívida pública à frente. Fato é que a instituição vem elevando a oferta de LTN nas últimas semanas, de 4,5 milhões, para 5,5 milhões nas últimas duas semanas e, hoje, 6 milhões - vendeu 5,675 milhões. Ainda, depois de suspender por semanas as ofertas de NTN-F, hoje retomou e vendeu todo o lote de 100 mil.   Dado o estresse do mercado, na precificação da curva de juros, as apostas de corte de 0,75 ponto porcentual na Selic para maio arrefeceram um pouco, mas ainda são majoritárias (60%), ante 40% de chance para queda de 0,5 ponto. Nesta tarde, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu, em live privada organizada pelo Morgan Stanley, a sinalização "dovish" em relação à Selic expressada ao mercado nos últimos dias, mesmo com dólar hoje batendo em R$ 5,50. Segundo ele, o cenário estava nebuloso no último Copom, em março, mas que agora há mais clareza sobre a contração da economia e o efeito desinflacionário causados pela pandemia do novo coronavírus, ainda que permaneçam incertezas. Fonte: Denise Abarca - [email protected]     Operação CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 3.24 Capital de Giro (%a.a) 7.02 Hot Money (%a.m) 0.82 CDI Over (%a.a) 3.65 Over Selic (%a.a) 3.65   BOLSA O Ibovespa perdia fôlego desde o começo da tarde, em linha com Nova York e em meio à escalada do dólar à vista, mas o movimento nas ações se acentuou notavelmente no meio da tarde, com a notícia de que o presidente Jair Bolsonaro comunicou ao ministro da Justiça, Sergio Moro, a decisão de substituir o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, homem de confiança do ministro e com o qual atuou durante a Operação Lava-Jato. Ao ser comunicado, Moro teria dito não estar de acordo com a decisão e que reavaliaria sua permanência no governo.   A iniciativa ocorre pouco depois de Bolsonaro ter enviado carta ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, em que condenou protesto em defesa do fechamento do STF e do Congresso ocorrido no último domingo, do qual o presidente tomou parte em Brasília. A manifestação, contrária à Constituição, está sendo apurada pelo Ministério Público federal. Em outra derrota política para a família Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), assegurou tempo para que a CPMI das Fake News chegue à conclusão, uma vez que sejam retomadas as sessões após a normalização dos trabalhos no Congresso.   Na mínima do dia, após a divulgação da notícia pela "Folha de S. Paulo", o Ibovespa chegou a 78.621,92 pontos, mas conseguiu limitar as perdas e encerrar a sessão em baixa de 1,26%, aos 79.673,30 pontos, saindo de 81.993,50 pontos na máxima, no que foi seu maior nível intradia desde 16 de março, quando atingiu 82.564,88 durante aquela sessão. O giro de hoje totalizou R$ 24,7 bilhões e, com o desempenho negativo desta quinta-feira, os ganhos da semana foram limitados agora a 0,86%. No mês, o Ibovespa sobe 9,11%, mas cede 31,11% no ano.   Após ter chegado a limitar as perdas, recuperando a linha de 80 mil pontos - que tem se mostrado resistência importante -, o índice não conseguiu sustentá-la no fechamento. Entre as blue chips, destaque negativo para as ações de bancos, com perdas entre 1,22% (Santander) e 2,88% (Bradesco ON) no fechamento da sessão, enquanto o desempenho favorável de Petrobras e Vale contribuiu para mitigar a correção do dia - Petrobras ON e PN fecharam respectivamente em alta de 1,11% e 1,19%, enquanto Vale ON subiu 1,42%. Na ponta de alta do Ibovespa, Suzano ganhou 3,83%, beneficiada por dólar a R$ 5,5287 (+2,22%) no fechamento, dando fôlego às exportadoras. No lado oposto, IRB cedeu 8,50% na sessão.   Aliados de Moro afirmaram ao Estado que o ministro não vai aceitar a troca de Valeixo nas condições que o presidente está colocando, de "cima para baixo". Interlocutores de Valeixo dizem que a tentativa de substituí-lo ocorre desde o início do ano, mas que não teria relação com o que ocorreu no ano passado, quando Bolsonaro tentou pela primeira vez trocá-lo por outro nome. Na ocasião, o presidente teve que recuar diante da repercussão negativa que a interferência no órgão de investigação poderia gerar.   "A eventual saída do Moro significaria isolamento maior do Bolsonaro, a perda de uma figura muito popular e no momento em que começa a dar sinais de caminhar para o Centrão. E isso vem logo depois de os militares do Palácio anunciarem um plano de investimentos sem a presença do Guedes", observa Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, ressaltando que tais iniciativas ocorrem no momento em que a economia está "rateando" e da qual se espera recuperação "muito gradual". "A agenda eleitoral está sendo antecipada, como visto no embate entre Bolsonaro e os governadores. O que se teme é uma guinada em direção a resultados não fiscalistas, em que se perderão conquistas que já tivemos, como a Previdência", acrescenta.   Nesta penúltima sessão da semana, "o dia até começou bem, com o bom humor lá fora, mas já na passagem para a tarde as coisas ensaiaram azedar quando veio a notícia do fracasso do tratamento experimental que vinha sendo testado (para o novo coronavírus)", diz Marcel Zambello, analista da Necton, referindo-se à notícia divulgada pelo diário britânico "Financial Times" de que o Gilead teria fracassado em primeiro teste clínico com a droga Remdesivir contra o coronavírus, de acordo com documento vazado.   "Para piorar, depois veio a história do Moro, uma saída que, caso venha a se confirmar, ocorreria em momento de enfraquecimento da popularidade do presidente, após a demissão do Mandetta (ex-ministro da Saúde) e o desgaste na relação com os governadores e o Congresso", observa Zambello, acrescentando que tanto Moro como o ministro da Economia, Paulo Guedes, são vistos pelo mercado e até por parte dos eleitores como pilares ou mesmo fiadores do governo Bolsonaro. (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Fausto Macedo e Rafael Moraes Moura)     Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 79673.30 -1.25652 Máxima 81933.50 +1.54 Mínima 78621.92 -2.56 Volume (R$ Bilhões) 2.46B Volume (US$ Bilhões) 4.53B Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 79730 -0.95652 Máxima 81980 +1.84 Mínima 78710 -2.22     MERCADOS INTERNACIONAIS Após oscilarem entre altas e baixas durante a tarde, as bolsas de Nova York fecharam sem direção única, com os índices de ações perto da estabilidade. O otimismo registrado no mercado acionário americano pela manhã foi contido pela informação de que um possível medicamento para covid-19 falhou em testes recentes. O petróleo, cujo movimento de recuperação impulsionou o sentimento do mercado durante a maior parte do pregão, avançou pelo segundo dia consecutivo, com as tensões entre EUA e Irã no radar, além de possível retomada da demanda. A maior cautela no final da sessão levou os investidores a comprarem Treasuries e, com isso, os juros caíram. No mercado cambial, o dólar acelerou os ganhos sobre o euro, após o Conselho Europeu anunciar planos para um fundo de recuperação econômica, mas sem dar detalhes.   "A capacidade do mercado de descartar dados econômicos devastadoramente ruins é evidência de que as ações estão voltadas para o futuro", comentam analistas da corretora LPL Financial, em referência à pouca reação das bolsas ao aumento do desemprego nos EUA. O otimismo em Wall Street, no entanto, foi reduzido por informações do Financial Times de que o medicamento Remdesivir, produzido pela Gilead Sciences, apresentou resultados "decepcionantes" no primeiro teste clínico para verificar a eficácia contra o novo coronavírus.   Com isso, após oscilações entre altas e baixas, o índice acionário Dow Jones subiu 0,17%, a 23.515,26 pontos, o S&P 500 recuou 0,05%, a 2.797,80 pontos e o Nasdaq cedeu 0,01%, a 8.494,75 pontos, quase estável. Durante a manhã, as bolsas de Nova York haviam perdido força de forma pontual com a divulgação da leitura preliminar do índice de gerentes de compras (PMIs) de serviços dos EUA, que recuou de 39,1 em março a 27,0 em abril. Além disso, o país registrou 4,427 milhões de novos pedidos de auxílio-desemprego na semana encerrada em 18 de abril, um aumento menor do que o registrado na semana passada. Na visão de analistas do Citi, embora o nível ainda seja elevado, é um sinal de que o volume de demissões semanais atingiu o pico.   Na visão do economista Mohamed A. El-Erian, consultor da Allianz, porém, existe uma "tentação de obter consolo" da queda no número de novos pedidos de auxílio-desemprego. "Todos devemos resistir a isso, pois, nesse caso específico, o estoque é tão importante quanto o fluxo", alertou em sua conta oficial no Twitter. Em relação à economia global, a Capital Economics disse projetar um encolhimento de 5,5% em 2020. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por sua vez, defendeu hoje que os bancos centrais ampliem as condições de financiamento para empresas.   Mais cedo, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que a instituição fornecerá mensalmente detalhes "substanciais" sobre seus programas para apoiar o fluxo de crédito na economia. Segundo o Wall Street Journal, o Fed deve ampliar a compra de dívida estadual e local. Como mostrou o Broadcast na semana passada, analistas avaliam que o Fed ainda tem espaço para a agir e projetam que o balanço da autoridade monetária pode chegar a US$ 10 trilhões. (Leia mais em matéria especial publicada na sexta-feira, 17, às 17h14)   O petróleo, que foi negociado abaixo de US$ 0 pela primeira vez na História nesta semana, estendeu o rali de ontem, em meio a uma nova tensão entre os Estados Unidos e o Irã, que pode resultar em um bloqueio na oferta da commodity no Oriente Médio. Além disso, segundo o banco suíço Julius Baer, "uma recuperação da demanda um pouco mais rápida do que o esperado deve impedir o transbordamento do mercado de petróleo". Para o ING, no entanto, os estoques em Cushing nos EUA devem atingir a capacidade máxima na primeira metade de maio, "aumentando o risco de mais pressão descendente nos preços". Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o WTI para junho fechou em alta de 19,74%, a US$ 16,50 o barril. Já o Brent para o mesmo mês subiu 4,71%, a US$ 21,33 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).   Em relatório divulgado hoje, o Banco Mundial estima que a demanda por petróleo cairá 9,3 milhões de barris por dia (bpd) este ano, a cerca 91,7 milhões de bpd. Com isso, o preço médio do barril ficará em US$ 35, uma queda de 43% em relação a 2019, embora o relatório não tenha especificado qual dos tipos de óleo é usado como referência.   No final do pregão, o cautela levou os investidores a comprar Treasuries e os juros caíram, depois de terem operado em alta durante o pregão. No final da tarde em Nova York, o rendimento da T-note de dois anos recuava a 0,217% e o da T-note de dez anos, a 0,597%.   No mercado cambial, o índice DXY, que mede a variação do dólar ante outras seis moedas fortes, encontrou espaço para subir 0,04%, a 100,433 pontos, com o avanço da divisa americana sobre o euro, que tem o maior peso no índice. A moeda única se enfraqueceu após o Conselho Europeu frustrar expectativas ao anunciar planos para um pacote de recuperação econômica, mas sem bater o martelo em relação aos detalhes. "O tempo está passando", resume o economista Claus Vistesen, da Pantheon Macroeconomics. Fonte: Iander Porcella - [email protected]  
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