A disparada das cotações do petróleo, tanto em Londres quanto em Nova York, apoiou nesta segunda-feira as ações de empresas do setor de energia pelo mundo, o que aparou as perdas das bolsas americanas e ajudou a deixar o Ibovespa no azul - ainda que timidamente. A commodity reage à possibilidade de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, grupo conhecido como Opep+, corte a oferta do óleo. A temporada de furacões no Atlântico, o impasse no acordo nuclear do Ocidente com o Irã e a crise política no Iraque também impulsionam a cotação do barril. O petróleo WTI para outubro fechou em alta de 4,24%, em US$ 97,01, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para novembro avançou 3,96%, a US$ 102,93, na Intercontinental Exchange (ICE). Em ambos os casos, são as maiores cotações de encerramento desde 29 de julho, considerando-se os contratos mais líquidos. Apesar de estarem no pico do mês, ainda há baixa no acumulado de agosto - respectivamente de 1,63% e 1,00%. Aqui no Brasil, os papéis da Petrobras (ON +2,16% e PN +2,50%) foram na esteira dessa valorização internacional do petróleo. O peso da petroleira no índice foi um dos motivos que manteve o Ibovespa em alta - 112.323,12 pontos (+0,02%) no fechamento. Contudo, os ganhos perderam bastante ímpeto nos minutos finais da sessão, em meio à queda dos mercados americanos. O Dow Jones recuou 0,57%, o S&P 500 perdeu 0,67% e o Nasdaq cedeu 1,02%. Por lá, seguiu pesando o recado 'hawkish' do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que disse, na sexta-feira, em Jackson Hole, que o aperto monetário para controlar a inflação poderá causar "alguma dor" às famílias e às empresas dos Estados Unidos. O juro da T-note de 2 anos teve máxima hoje a 3,482%, o mais alto nível desde 2007. A despeito deste tom do Fed, o dólar teve mais um dia de queda ante o real. A moeda americana à vista caiu aos R$ 5,0334 (-0,88%) no fechamento. Entre os argumentos no mercado para justificar esse movimento estiveram a continuidade do ingresso de recursos externos para renda fixa e variável e a especulação típica de final de mês, com investidores buscando influenciar na formação da última Ptax de agosto. Na renda fixa, o comportamento do câmbio ajudou, mais cedo, a segurar as taxas a despeito do petróleo, mas, ao fim, fatores técnicos prevaleceram e jogaram os retornos para cima.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•BOLSA
•CÂMBIO
•JUROS
MERCADOS INTERNACIONAIS
Pesa nos mercados acionários a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), assim como Banco Central Europeu (BCE), seguirá com sua trajetória hawkish, após comentários dos banqueiros centrais. Com o mercado precificando 0,75 ponto porcentual de alta nos juros tanto na Europa como nos EUA em setembro, as bolsas nos dois lados do Atlântico fecharam em queda, os rendimentos dos Treasuries subiram e o dólar não firmou direção única. O euro ainda é impactado pela crise energética que atinge a Europa, que reforça os temores de recessão na região. O petróleo encontra nos riscos de oferta, com a possibilidade de corte de produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), espaço para novas altas de preços.
"Os mercados estão se concentrando em discutir a mensagem de 'aperto coordenado' de Jackson Hole. Os rendimentos estão subindo e os ativos de risco estão um pouco mais baixos desde a semana passada", disse o Danske Bank, em nota. Hoje, os comentários hawkish de dirigentes continuaram. Economista chefe do BCE, Philip Lane alertou que manter um ritmo "estável" de altas de juros será importante, de forma a não provocar choques no mercado. Já o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que ficou "na verdade feliz" com a reação do mercado ao discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, em Jackson Hole. Durante entrevista nesta segunda-feira, Kashkari disse que a forte queda nos mercados após Powell falar mostra que "as pessoas agora entendem a seriedade de nosso compromisso de levar a inflação de volta a 2%".
O índice Dow Jones fechou em queda de 0,57%, em 32.098,99 pontos, o S&P 500 caiu 0,67%, a 4.030,61 pontos, e o Nasdaq recuou 1,02%, a 12.017,67 pontos. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos avançava a 3,437%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 3,104% e o do T-bond de 30 anos subia a 3,242%. O juro da T-note de 2 anos chegou a alcançar o nível mais alto desde novembro de 2007 no intraday, a 3,482%.
"As ações dos EUA estão em queda após um fim de semana repleto de falas hawkish dos bancos centrais globais reforçar a mensagem de que o aperto prejudicará as famílias e as empresas. A forte liquidação de sexta-feira continua com as expectativas de que a crise global de energia persista, o que manterá os riscos de inflação elevados e levará a uma rápida deterioração dos dados econômicos", analisa Edward Moya, da Oanda. O CEO da Shell, Ben van Beurden, destacou hoje que acredita que a atual crise energética enfrentada pela Europa ainda deve durar vários invernos. "Pode ser que tenhamos vários invernos em que tenhamos que encontrar soluções de alguma forma", disse van Beurden, durante uma coletiva de imprensa que concedeu na Noruega.
A União Europeia (UE) está preparando uma "intervenção de emergência" e uma reforma estrutural do mercado de eletricidade do bloco, segundo a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. Já o governo da Dinamarca informou que aumentará sua capacidade eólica offshore no Mar Báltico para 3 gigawatts, um avanço para afastar a Europa de sua dependência do gás russo. Quando concluído em 2030, o hub deverá ser capaz de fornecer eletricidade a até 4,5 milhões de lares europeus.
De acordo com o Financial Times, as apostas dos investidores de que o euro cairá em valor atingiram seu nível mais alto desde que a pandemia atingiu a Europa há mais de dois anos, à medida que cresce o risco de que os preços recordes da energia arrastem a região para a recessão. Apesar disso, hoje, a divisa do BC comum se valorizou ante o dólar, voltando à paridade e pressionando o índice DXY em grande parte da sessão - marcada pela volatilidade. "O euro se manteve firme com os sinais hawkish do BCE sugerindo que poderia aumentar as taxas em 75 pontos-base na reunião da próxima semana", analisa a Western Union. De acordo com a Reuters, operadores dos mercados monetários da zona do euro estão precificando agora 67% de probabilidade de que o BCE eleve seus juros em 75 pontos-base na reunião de política monetária de 8 de setembro. Na sexta-feira, as chances de um aumento dessa magnitude já haviam saltado de 24% para 48%. No fim da tarde em Nova York, o dólar avançava a 138,74 ienes, o euro subia a US$ 0,9996 e a libra tinha baixa a US$ 1,1703. O índice DXY registrou alta de 0,03%, a 108,835 pontos.
Entre as commodities, os contratos futuros de petróleo fecharam com ganhos, apoiados pela possibilidade de que a Opep+ corte sua oferta, com a temporada de furacões na região do Atlântico também no radar. Além disso, o Irã continua a negociar com potências um acordo nuclear, sem desfecho nesse diálogo. O petróleo WTI para outubro fechou em alta de 4,24% (US$ 3,95), em US$ 97,01 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para novembro avançou 3,96% (US$ 3,92), a US$ 102,93, na Intercontinental Exchange (ICE). [Letícia Simionato - [email protected]]
BOLSA
O desempenho do petróleo, em alta de cerca de 4% nesta segunda-feira, impulsionou as ações da Petrobras (ON +2,16%, PN +2,50%) e do setor de energia - apesar da perda de fôlego também no segmento perto do fim da sessão. No melhor momento, chegou a devolver o Ibovespa aos 113 mil pontos neste começo de semana. Hoje, nos mercados acionários do exterior, ainda prevaleceu cautela decorrente dos sinais 'hawkish' sobre a política monetária não apenas nos Estados Unidos mas também na zona do euro, onde no próximo dia 8 haverá nova deliberação sobre os juros.
Aqui, descolada do sinal de Wall Street, a referência da B3 atingiu na máxima da sessão a marca de 113.221,54, saindo de abertura aos 112.295,87 - na mínima, foi a 111.689,15 pontos. Mas praticamente zerou os ganhos nos minutos finais da sessão, ao fechar aos 112.323,12 pontos, em leve alta de 0,02%. Bem fraco, o giro financeiro limitou-se a R$ 20,8 bilhões, mas as compras de ações eram favorecidas, mais cedo, por forte ajuste no câmbio: o dólar à vista cedeu 0,88%, cotado a R$ 5,0334 no fechamento, com mínima a R$ 5,0110 nesta segunda-feira.
“Além do setor de petróleo, as ações sensíveis a juros, como as de varejo e construção, tiveram desempenho positivo na B3, com o boletim Focus trazendo projeções mais baixas para a inflação no Brasil. Se Vale e siderurgia tivessem operado na mesma direção de Petrobras, o desempenho do Ibovespa seria melhor na sessão. Mas o setor tem sido afetado pela baixa no preço do minério, em meio a incertezas sobre a demanda e o grau de crescimento efetivo da economia chinesa no ano, que pode ficar em algo como 2% a 3%, muito baixo para os padrões do país”, diz Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, destacando que o setor de construção e infraestrutura responde por 20% a 30% do PIB chinês.
Assim, Vale ON fechou hoje em queda de 1,93% enquanto no setor de siderurgia as perdas chegaram a 5,19% (Usiminas PNA, na mínima da sessão no fechamento). Na ponta de ganhos do Ibovespa, Banco Pan (+10,74%) à frente de Vibra (+2,88%), CVC (+2,62%), PetroRio (+2,52%) e Petrobras (PN +2,50%). No lado contrário, IRB (-5,58%), Usiminas (-5,19%), Hapvida (-4,84%) e CSN (-3,40%). Hoje, o minério para janeiro em Dalian, China, caiu 1,38%, a US$ 103,18 por tonelada, enquanto, em Cingapura, o contrato mais negociado, para outubro, cedeu 3,54%, a US$ 102,25.
"Bolsas europeias e asiáticas também começaram a semana em baixa, adicionando ao momento de alta de juros nos EUA o risco de uma crise energética, no primeiro [grupo de mercados], e crescentes preocupações sobre uma crise imobiliária, no segundo", observa Alvaro Feris, especialista da Rico Investimentos.
Se o minério de ferro perde fôlego ante sinais mais fracos sobre a atividade na China, a recente recuperação do petróleo, caso se prolongue, traz incerteza quanto ao efeito para a inflação americana, com o WTI, a referência dos EUA, reaproximando-se gradualmente de US$ 100 por barril, negociado a US$ 97,37 na máxima desta segunda-feira - o Brent, referência global e da Petrobras, foi hoje aos US$ 105,48 no pico da sessão.
Acompanhando perda de fôlego do Ibovespa em direção ao fechamento, com parte das ações de bancos oscilando e se firmando em baixa a despeito do bom desempenho de BB (ON +2,07%), Petrobras ON e PN, que mostravam ganhos acima de 3% no começo da tarde, também se acomodaram, especialmente após a estatal comunicar redução de 15,7% nos preços de venda da gasolina de aviação (GAV) para distribuidoras. O reajuste, que entra em vigor em 1º de setembro, ocorre após o corte de 5,7% divulgado pela companhia no início de agosto.
Como pano de fundo macro para os mercados globais, persiste a incerteza sobre o grau de ajuste ainda necessário nos juros para que os maiores BCs, especialmente Fed e BCE, deixem de estar "atrás da curva". “O Fed enfrenta um duplo desafio: reduzir a inflação com um mercado de trabalho aquecido; e as empresas operando abaixo da capacidade com contínuos aumentos salariais”, aponta Rodrigo Simões, professor da FAC-SP, especialista em finanças e economia. Na sexta-feira, os mercados estarão concentrados em nova leitura sobre o mercado de trabalho americano, com os dados oficiais de agosto sobre a geração de vagas, a taxa de desemprego e o ganho salarial médio.
“O que pode aliviar a alta da inflação americana é a queda da cotação do petróleo abaixo de US$ 90 o barril, e a taxa de juros chegando a 4% ao ano”, acrescenta Simões, referindo-se aos Fed funds, a taxa de referência dos Estados Unidos, hoje em faixa até 2,50% ao ano.
“Ativos de risco globais abriram a semana no mesmo tom negativo com que fecharam a sessão de sexta-feira, após Jerome Powell reiterar o comprometimento do Fed com o mandato de estabilidade de preços, mesmo que isso resulte em 'alguma dor para as famílias e negócios nos EUA'”, aponta em nota a Guide Investimentos. “Ao longo do fim de semana, autoridades de outros grandes bancos centrais seguiram a mesma linha, com destaque para as falas de Isabel Schnabel, do BCE [Banco Central Europeu], que admitiu que é possível que a instituição tenha de continuar a subir os juros mesmo que a economia europeia entre em recessão”, acrescenta a Guide.
A conjunção de declarações 'hawkish', nos Estados Unidos e na Europa, produziu estresse nas curvas de juros americana e de outras grandes economias nesta abertura de semana, com efeito sobre as bolsas de fora e respectivas moedas.
Dessa forma, ainda movido pelo noticiário externo e pela expectativa de aperto monetário nas economias centrais, o noticiário doméstico permanece em segundo plano, mesmo no dia seguinte ao acalorado debate presidencial - especialmente entre Lula e Bolsonaro - que, na visão de analistas políticos, contribui para eventual definição em segundo turno da disputa nas urnas em outubro. “O debate atraiu muita atenção, mas não fez preço hoje”, diz Farto, da Renova Invest. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 112323.12 0.0216
Máxima 113221.54 +0.82
Mínima 111689.15 -0.54
Volume (R$ Bilhões) 2.08B
Volume (US$ Bilhões) 4.12B
17:30
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 113965 -0.15769
Máxima 114915 +0.67
Mínima 113145 -0.88
CÂMBIO
Bastante descolado do mercado internacional, o dólar ampliou o ritmo de queda nos negócios da tarde e atingiu mínimas no patamar dos R$ 5,01. A moeda chegou a operar em alta pela manhã, mas inverteu o sinal com influência externa e passou a perder fôlego gradativamente, até colocar o real como a divisa de melhor desempenho entre as de países emergentes e exportadores de commodities.
Ao final das negociações, o dólar à vista foi cotado a R$ 5,0334, em queda de 0,88%. Na mínima do dia, a cotação chegou aos R$ 5,0110 (-1,32%). No mercado futuro, a divisa para liquidação em 1º de setembro recuava 0,70% às 17h07, aos R$ 5,0345. O Dollar Index (DXY), que mede a variação do dólar ante uma cesta de seis moedas fortes, operava estável, aos 108,806 pontos.
Entre os argumentos no mercado para justificar a queda expressiva estiveram a continuidade do ingresso de recursos externos para renda fixa e variável e a especulação típica de final de mês, com investidores buscando influenciar na formação da última taxa Ptax do mês - medida de referência para liquidação de contratos.
O dólar já vinha descolado do mercado global de moedas nos últimos dias, principalmente na sexta-feira, quando a moeda teve queda moderada, em dia de estresse dos mercados internacionais com o discurso duro do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.
"Depois do impacto da sexta-feira, hoje já há uma percepção de que o Fed não vai fazer o que está falando, uma vez que os indicadores estão mostrando fragilidade da economia americana. Aumentos mais fortes terão impacto ainda maior sobre atividades como a construção de casas, por exemplo", disse o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ao justificar a continuidade da atratividade do mercado brasileiro aos olhos do investidor estrangeiro.
Segundo ele, há ingresso de recursos para ações na Bolsa, especialmente em ações de commodities, mas é necessário ver esse movimento com cautela. "Temos uma eleição presidencial à frente e nenhum dos candidatos na polarização explicou como vai tratar questões como a rolagem da dívida pública com juros a 13,75%", diz ele. Segundo Velloni, um eventual movimento mais forte de realização de lucros na bolsa pode ter reflexos diretos no câmbio, que se aproxima de um suporte psicológico importante.
Para o gerente de operações da B&T Corretora, Marcos Trabbold, o dólar tem pouco espaço para novas quedas, à medida que se aproxima do piso informal das últimas semanas, em torno de R$ 4,90. "O dólar está bastante descolado do exterior, puxado pelo fluxo e já pela disputa pela Ptax, que tem sido antecipada. Mas a cotação vem se mantendo no intervalo entre R$ 4,90 e R$ 5,40. Fora desse patamar, o mercado aciona ordens de compra e de venda", afirma o profissional, que acredita que somente fatos novos poderão alterar esse quadro no curto prazo.
No decorrer da semana, alguns indicadores econômicos relevantes serão divulgados nos Estados Unidos e na Europa, que poderão trazer mais elementos para o cenário de estagflação que se desenha nessas economias. Os investidores operam sob expectativas pela inflação ao consumidor na zona do euro, na quarta-feira, que tende a se manter elevada, e pelo relatório de empregos nos EUA, o payroll, de agosto, que será conhecido na sexta-feira. (Paula Dias - [email protected])
17:30
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.03340 -0.8803 5.09070 5.01100
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5031.000 -0.76923 5095.500 5014.500
DOLAR COMERCIAL 5074.000 -1.16868 5116.000 5055.500
JUROS
Os juros futuros fecharam a segunda-feira em alta, definida na última hora de negócios, após percorrerem a sessão, marcada pela liquidez fraca, em marcha lateral. O mercado se equilibrou em meio a um jogo de forças, tendo de um lado a alta do petróleo e dos retornos dos Treasuries e de outro, a queda do dólar. Mas no fim do dia fatores técnicos prevaleceram e jogaram as taxas para cima. Agenda e noticiário domésticos até foram movimentados pela pesquisa Focus, Caged e repercussões do debate entre os presidenciáveis, mas ainda assim não foram capazes influenciar as taxas futuras.
Nos vencimentos de curtíssimo prazo, as taxas fecharam estáveis, com a do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrando em 13,74% (máxima), de 13,73% no ajuste de sexta-feira. A do DI para janeiro de 2024 também encerrou na máxima, de 13,17%, de 13,07% na sexta-feira. A taxa do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,99% para 12,11% e a do DI para janeiro de 2027, de 11,77% para 11,88% (máxima).
Enquanto a Bolsa e o câmbio conseguiram, de alguma forma, ao longo da sessão se desvencilhar da cautela que prevaleceu no exterior, no mercado de juros o investidor mostrou uma postura mais conservadora. O viés de alta prevaleceu desde o início dos negócios, zerado por vezes pela queda importante do dólar, em meio à entrada de fluxo. Nas mínimas do dia, a moeda chegou à casa de R$ 5,01.
"O mercado precisava se alinhar ao movimento visto lá fora desde sexta-feira e tentou fazer isso, ainda que de forma tímida porque parece que há uma perspectiva de fluxo segurando um ajuste mais firme", comentou o operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, André Alírio. No fim da sessão regular, porém, operadores relatam que houve entrada pontual de fluxo tomador, sobretudo no vencimento de janeiro de 2025, o que normalmente acaba potencializando movimentos em dia de liquidez mais baixa.
Lá fora, as apostas em postura mais agressiva tanto do Federal Reserve quanto do Banco Central Europeu (BCE) vêm crescendo desde sexta-feira. A probabilidade de o Fed elevar o juro em 75 pontos-base na reunião de setembro chegava a 70% e, no caso do BCE, já estava perto disso (67% pela manhã) para o encontro de 8 de setembro. Ainda assim, a curva dos Treasuries ganhou inclinação, com a taxa da T-Note de dois anos subindo em ritmo mais lento, no fim da tarde, em torno de 5 pontos-base e a de 10 anos, 10 pontos, ante os níveis de sexta-feira.
Outro fator a limitar a melhora da curva, o petróleo Brent, referência para os preços da Petrobras, continua rodando acima da marca de US$ 100, fechando hoje em alta de quase 4%, a US$ 102 por barril, num sinal de alerta às perspectivas inflacionárias. O desempenho reflete riscos à oferta global da commodity, ameaça de corte na produção da Opep e a temporada de furacões na região do Atlântico.
Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), o preço do diesel nas refinarias brasileiras voltou a ficar, em média, abaixo da paridade internacional, mas o da gasolina, que afeta diretamente a inflação ao consumidor, está mais cara no Brasil do que no exterior.
O BTG Pactual avalia em relatório que os prefixados estão mais atrativos à alocação de recursos após a sinalização do Banco Central sobre o fim do ciclo de aperto da Selic, mas ainda assim dizem que é necessário ter cautela, dada a falta de clareza sobre manutenção de algum tipo de arcabouço que transmita credibilidade fiscal e com o Fed endurecendo o discurso. "Incertezas sobre a evolução das expectativas de inflação (tanto em 2023 quanto em 2024) mantêm nossa postura cautelosa sobre a classe de ativo. No entanto, ressaltamos que o timing está mais atrativo em relação aos meses anteriores", destacam.
No Boletim Focus desta segunda-feira, a mediana das estimativas para o IPCA de 2023 voltou a cair, de 5,33% para 5,30%, mantendo-se acima do teto da meta (5,00%). Mostrando sinais de desancoragem mais ampla, a mediana para o IPCA de 2024 continuou em 3,41%. Quanto à Selic, não houve mudança nas medianas de 13,75% e 11,00% no fim de 2022 e fim de 2023. O BTG classifica como "otimista" o cenário de Selic em 11% no fim de 2023 em função dos juros mais altos nos EUA ainda não precificados pelo mercado, pelas flexibilizações fiscais que podem incorrer em piora da credibilidade e expectativas de inflação ainda desafiadores para o horizonte relevante.
Na agenda, o saldo do Caged (218.902 vagas) em julho ficou abaixo da mediana das estimativas (250 mil), mas não chegou a fazer preço na curva do DI. Tampouco o desempenho dos principais candidatos a presidente ontem no debate, que, na avaliação dos cientistas políticos, reforçou a possibilidade de haver decisão em segundo turno. (Denise Abarca - [email protected])
17:28
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.67
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 13.65
Over Selic (%a.a) 13.65