Uma nova arrancada do petróleo e o ingresso de recursos ao País foram mais uma vez protagonistas da sessão nos mercados domésticos. Mesmo com o noticiário mais fraco internamente, com mercado à espera do Relatório de Inflação (amanhã) e do IPCA-15 (sexta), o investidor segue vendo uma porta aberta para redobrar a compra do 'pacote Brasil'. O barril do Brent superando novamente os US$ 120 apoia países exportadores e dependentes da commodity. Além disso, no caso particular do Brasil, há o diferencial de juros atrativo, mesmo com o ajuste monetário em curso nos EUA. O resultado é dólar para baixo e Bolsa para cima, com as ações destoando - de novo - do mau humor externo. No caso do câmbio, fundos de investimento locais seguem apostando em nova apreciação do real, como observado nas movimentações no mercado futuro. Assim, a moeda americana à vista desceu a R$ 4,8442 (-1,44%), o menor fechamento desde 13 de março de 2020 - última sessão antes de o Fed extraordinariamente reduzir o juro a zero e lançar um amplo programa de estímulos para conter os danos da pandemia de Covid-19. A Bolsa se manteve no azul e até chegou a romper os 118 mil pontos, mas não sustentou essa marca, terminando em 117.457,34 pontos (+0,16%). No exterior, ainda que a subida do petróleo em meio à guerra da Rússia contra a Ucrânia auxilie ações ligadas ao setor de energia, o tom majoritário foi de baixa hoje em resposta a um reforço 'hawkish' das mensagens do Federal Reserve desde o começo da semana. Assim, Dow Jones cedeu 1,29%, S&P 500 recuou 1,23% e Nasdaq perdeu 1,32%. E mesmo com a ameaça inflacionária, os juros dos Treasuries mais longos tiveram baixa firme, diante da demanda por ativos mais seguros por causa da crise geopolítica. De volta ao Brasil, na renda fixa, os fechamentos ficaram de lado, à medida que os agentes aguardam as mensagens do Banco Central amanhã via RTI e esperam ainda o IPCA-15 na sexta-feira, para o qual é esperado alívio na margem.
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CÂMBIO
Em dia de nova arrancada do preço do petróleo, com o barril do tipo Brent superando US$ 120,00, o dólar à vista emendou seu sexto pregão consecutivo de queda e não apenas rompeu o piso de R$ 4,90 como fechou no menor nível em mais de dois anos. Commodities em patamares elevados, em meio ao prolongamento da guerra entre Rússia e Ucrânia, sustentam o apetite de estrangeiros por ativos domésticos. E o fluxo externo alimenta apostas de fundos de investimento locais em nova apreciação do real, como observado nas movimentações no mercado futuro de câmbio.
Segundo analistas, a moeda brasileira se beneficia neste momento tanto em razão da melhoria dos termos de troca quanto pela perspectiva de manutenção de juros reais elevados, até porque o Comitê de Política Monetária (Copom) elegeu a cotação do barril do petróleo como elemento crucial para suas projeções de inflação. Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterando que o pico da inflação em 12 meses deve ser em abril, não tiraram do radar a possibilidade de a taxa Selic superar 13%. Isso a despeito do plano de voo original do BC seja, aparentemente, encerrar o ciclo de aperto em meio, com uma alta final de 1 ponto porcentual, para 12,75%. Mais detalhes do cenário do BC podem vir amanhã no Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Em todo caso, a perspectiva de manutenção de taxa real expressiva ao longo de 2022 e de diferencial de juros elevado, mesmo que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) suba os juros em ritmo mais rápido, favorecem as posições em real e estimulam fluxo via operações de carry trade. Do lado da bolsa doméstica, dados da B3 mostram que os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 1,514 bilhão para ações na sessão de segunda-feira (21), o que leva a entrada em março a R$ 18,381 bilhões. No acumulado do ano, os aportes externos atingem R$ 81 bilhões.
Tirando uma ligeira alta na abertura, o dólar trabalhou em queda ao longo de todo o pregão, rompendo o piso de R$ 4,85 ainda pela manhã. Na mínima, registrada à tarde, desceu até R$ 4,8337 (-1,66%). Com uma leve recuperação, a moeda fechou em queda de 1,44%, a R$ 4,8442 - menor valor desde 13 de março de 2020 (R$ 4,8163). Nos últimos seis pregões, o dólar recuou 6,10%. Em 2022, a desvalorização é de 13,12%. Outras divisas emergentes e atreladas a commodities, como o peso mexicano e o rand sul-africano, também se apreciaram hoje, embora em menor magnitude.
O economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, ressalta que o real se beneficia tanto pela manutenção de fluxos fortes para a bolsa quanto pela percepção de taxa Selic ainda mais elevada. "Mesmo que o Fed aumente os juros para o intervalo de 2,5% à 3% até dezembro de 2022, o juro real ex-post dos EUA ainda será negativo", afirma Velho. "Isso mantém a atratividade da nossa taxa de juros para fluxos de investimentos externos e um dólar 'gravitando' na faixa de R$ 5,00".
A presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, disse hoje que uma alta os juros em 50 pontos-base em algum momento será necessária para normalizar a política monetária. Embora também tenha admitido a possibilidade de uma elevação dos Fed Funds em 50 pontos-base, a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, afirmou que o BC americano não deve mover rapidamente os juros para evitar ser tão "disruptivo". No fim da tarde, o presidente do Fed de Sant. Louis, James Bullard, que prega uma ação mais enérgica do BC americano, disse que preços do petróleo nos patamares atuais já foram vistos sem causar uma recessão no EUA. A possibilidade de um tombo da economia americana e um eventual agravamento da guerra na Ucrânia, com interferência direta do Ocidente, poderiam detonar uma onda de aversão ao risco a abalar os fluxos de capitais, dizem analistas.
A economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, chama a atenção para o fato de que o "fluxo enorme" de recursos para o Brasil ser de curto prazo, possivelmente para explorar o diferencial de juros. "Não estamos vendo alocação de longo prazo. Qualquer problema conjuntural, que pode vir com a campanha eleitoral ou até uma piora da guerra, pode fazer com que o câmbio volte para um patamar mais alto", diz Consorte, ressaltando que, por ora, "o fluxo está mandando" na formação da taxa.
Para o sócio-gestor da Trópico SF2 Investimentos, Sergio Machado, o grande responsável tanto pela alta do dólar em 2021 quanto pela apreciação do real neste ano é o nível da taxa Selic. "Tirando movimentos expressivos vindos da pandemia, a moeda basicamente flutuou na direção contrária dos juros", afirma o gestor, no Twitter, ressaltando que não houve mudanças no quadro político ou fiscal, tidos como vilões da taxa de câmbio. "Tudo está igual, a moeda não. O que mudou? Os juros. Conforme as taxas de juros voltam para ao lugar de onde não deveriam ter saído, os fluxos começam se reverter e ganham velocidade. Como sempre, o fluxo é retroalimentado".
Segundo dados da Renascença DTVM, ontem os fundos locais aumentaram suas posições vendidas (que ganham com a queda do dólar) em 25.820 contratos, tendo os bancos na contraparte. Já os estrangeiros não apresentaram movimentação relevante. No pregão de hoje, o dólar futuro para abril, mais líquido, movimentou mais de US$ 16 bilhões, o que sugere mudanças expressivas de posições.
BOLSA
O Ibovespa chegou a retomar e sustentar a linha de 118 mil pontos pela primeira vez desde o começo de setembro, mas mostrou menos fôlego à tarde, quando se acentuaram as perdas em Nova York (superiores a 1% no fechamento), em meio à perspectiva 'hawkish' para a política monetária dos Estados Unidos, o avanço de commodities como o petróleo e a falta de resolução visível para o conflito no leste europeu. Assim, a referência da B3 fechou o dia em leve alta de 0,16%, a 117.457,34 pontos, entre mínima de 117.036,14 e máxima de 118.269,79, saindo de abertura aos 117.269,91 pontos. O giro ficou em R$ 30,6 bilhões. Na semana, o índice avança 1,86%; no mês, 3,81%, e no ano, 12,05%.
Apesar das incertezas externas, o Ibovespa conseguiu emendar a sexta alta desde o fechamento do último dia 15, então aos 108.959,30. Hoje, no intradia, atingiu o maior nível desde 2 de setembro (119.396,59) e, no fechamento, o mais alto patamar desde o dia 6 daquele mesmo mês (117.868,63). Além do sexto avanço consecutivo, foi também a quarta renovação, em sequência, da máxima de encerramento do ano.
"Com o rompimento do topo anterior em 115 mil pontos, temos a confirmação de um pivô de alta no gráfico diário do Ibov", diz Pam Semezzato, analista técnica da Clear Corretora, para quem teria sido "saudável uma correção (hoje) para confirmar tendência forte de alta e descaracterizar a figura de alargamento". A sequência atual é a melhor desde os sete ganhos consecutivos entre 8 e 16 de fevereiro, quando o Ibovespa ascendeu dos 112.234,46 aos 115.180,95 pontos - uma variação de 3,1 mil pontos, considerando o fechamento do dia 7 (111.996,40). Agora, o agregado das últimas seis sessões chega a 8,5 mil pontos, considerando o fechamento do dia 15.
Em sessão majoritariamente negativa para as ações de grandes bancos, e misto para mineração e siderurgia (Vale ON -0,22%), o desempenho de Petrobras (ON +0,97%, PN +1,36%) foi essencial para que o Ibovespa auferisse ganho, ainda que leve, no fechamento. Hoje, tanto a referência global (Brent) como a americana (WTI) tiveram alta na casa de 5%, com o Brent negociado acima de US$ 120 por barril. Na ponta do Ibovespa, destaque nesta quarta-feira para Soma (+7,15%), Lojas Renner (+5,54%), CVC (+4,52%), MRV (+3,41%), Magazine Luiza (+3,27%), 3R Petroleum (+2,95%) e PetroRio (+2,94%). No lado oposto, Fleury (-4,20%), BRF (-3,83%), Copel (-3,44%), Minerva (-3,26%) e Suzano (-2,38%).
"O mercado de petróleo está muito apertado. Com a produção dos Estados Unidos permanecendo estável - e como os estoques continuam a diminuir -, os preços do petróleo têm apenas um caminho a percorrer", observa em nota Edward Moya, analista de mercado financeiro da OANDA em Nova York.
No exterior, de forma geral, os mercados de ações fizeram hoje uma pausa no "forte movimento de recuperação que ganhou fôlego no fim da semana passada e seguiu ao longo do início desta", aponta em nota a Guide Investimentos, chamando atenção também para o dólar, ainda "apresentando desempenho misto contra emergentes", enquanto os investidores globais estão "pesando maior probabilidade de um Fed mais duro no encontro do FOMC [comitê de política monetária do BC americano] em maio.
A presidente do Federal Reserve de San Francisco, Mary Daly, disse hoje que o BC dos Estados Unidos está preparado para fazer o necessário para garantir a estabilidade de preços. Segundo ela, os dados vão dizer o quanto de aperto monetário é necessário no país, sem excluir alternativas. Daly acrescentou todas as opções permanecem na mesa, inclusive elevar a taxa de juros de referência, os fed funds, em 50 pontos-base.
Por sua vez, o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, que na última reunião do FOMC votou por um aumento de 50 pontos-base, disse hoje ser necessário pensar "mais amplamente" sobre o aperto monetário nos Estados Unidos do que como foi feito no passado - e pontuou haver riscos, caso este tenha ritmo "devagar demais". (Luís Eduardo Leal - [email protected])
17:27
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 117457.34 0.15767
Máxima 118269.79 +0.85
Mínima 117036.14 -0.20
Volume (R$ Bilhões) 3.06B
Volume (US$ Bilhões) 6.28B
17:31
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 118070 -0.13955
Máxima 118925 +0.58
Mínima 117615 -0.52
MERCADOS INTERNACIONAIS
O governo dos Estados Unidos acusou a Rússia de cometer crimes de guerra na Ucrânia, no momento em que o presidente americano, Joe Biden, viaja à Europa tendo o conflito como pauta principal de seus contatos com autoridades locais e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Os EUA ainda voltaram a advertir a China para que não ajude Moscou a contornar sanções. Com a incerteza geopolítica no radar, as bolsas de Nova York fecharam em queda e a demanda pela segurança dos Treasuries levou seus retornos para baixo. No câmbio, o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, subiu no dia, mas reduziu ganhos à tarde. Como destaque, o petróleo fechou em alta de mais de 5%, com a guerra na Ucrânia e o noticiário do setor no radar, mesmo após o governo americano voltar a dizer que poderá liberar mais de suas reservas estratégicas para tentar conter os preços da commodity.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, acusou em nota a Rússia de crimes de guerra na Ucrânia, por ataques contra civis. A responsabilidade final sobre apurar isso caberá a uma corte com jurisdição sobre o caso, lembrou o próprio texto dos EUA, mas a declaração é mais um passo na escalada de tensões entre os países. Biden viaja para a Europa e deve ter contatos com autoridades locais com a Rússia em foco, com o G7 se reunindo amanhã tendo como uma de suas pautas reforçar as punições a fim de que os russos não possam contorná-las. Conselheiro de Segurança Nacional americano, Jake Sullivan ressaltou que as restrições valem também para a China, mas disse que os EUA não têm notícia sobre o envio de equipamento militar chinês para os russos.
Enquanto isso, o presidente Vladimir Putin disse que a Rússia passará a exigir pagamento em rublos por seu gás de países "hostis". A Bloomberg reportava que a Itália relutava em aceitar a condição. Na avaliação da Capital Economics, a estratégia pode apoiar a moeda russa num primeiro momento, mas pode adiante intensificar problemas no balanço de pagamentos da Rússia. A consultoria diz que não está claro se as demais nações aceitariam e comenta que isso pode aumentar a possibilidade de países do Ocidente reforçarem sanções contra o setor de energia russo. No mercado de petróleo, o contrato do WTI para maio fechou em alta de 5,18%, a US$ 114,93 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês subiu 5,30%, a US$ 121,60 o barril, na ICE. O Commerzbank diz que a Rússia encontra dificuldades para encontrar compradores de seu petróleo, enquanto na agenda do dia houve recuo nos estoques do óleo dos EUA na última semana. Vice-porta-voz da Casas Branca, Karine Jean-Pierre afirmou que os EUA continuam a avaliar a eventual liberação de mais petróleo de suas reservas estratégicas, mas sem qualquer anúncio formal.
Em Nova York, os ganhos do setor de energia foram ofuscados pelo recuo da grande maioria dos papéis, com a cautela geopolítica em foco. O Dow Jones fechou em baixa de 1,29%, em 34.358,50 pontos, o S&P 500 caiu 1,23%, a 4.456,24 pontos, e o Nasdaq registrou queda de 1,32%, a 13.922,60 pontos. A Oanda via as ações pressionadas também pela perspectiva de que, com os riscos no exterior e a inflação elevada, o Fed terá de seguir apertando a política monetária.
Os retornos dos Treasuries também caíram, com a busca por segurança. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos recuava a 2,112%, o da T-note de 10 anos tinha baixa a 2,300% e o do T-bond de 30 anos, a 2,491%. Entre os dirigentes do Federal Reserve, porém, continuavam as sinalizações de que será necessário apertar a política monetária. Mary Daly (São Francisco) afirmou que o BC americano fará o necessário para garantir a estabilidade de preços, sem descartar uma elevação de 50 pontos-base em uma próxima reunião. James Bullard (St. Louis) tem sido ainda mais hawkish e ressaltou hoje que a inflação está "muito acima da meta". Bullard considerou que os efeitos da guerra sobre a economia não se dissiparão em breve e disse ver sinais de que a inflação subirá mais nos EUA nos próximos meses.
No câmbio, o dólar avançou, mas perdeu um pouco de fôlego à tarde. O índice DXY avançou 0,13%, a 98,622 pontos. No horário citado, o dólar subia a 121,15 ienes, o euro caía a US$ 1,1009 e a libra tinha baixa a US$ 1,3207. O dólar ainda recuava a 96,785 rublos, com a moeda da Rússia apoiada pelos relatos de pressão do governo local para receber pagamentos pelo seu gás em rublos. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF), porém, previu hoje que a Rússia sofrerá contração de 15% em 2022 e de outros 3% em 2023, o que segundo a entidade reverterá quinze anos de crescimento do país. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])
Volta
JUROS
Os juros terminaram a sessão regular praticamente estáveis, com viés de baixa nos longos e de alta nos curtos. A forte queda do dólar ante o real e o recuo do rendimento dos Treasuries deram suporte ao movimento da curva a partir do miolo durante boa parte da sessão, apesar da nova escalada dos preços do petróleo acima de US$ 120 por barril no caso do Brent. Na ponta curta, a dinâmica foi limitada pela perspectiva negativa sobre a inflação, na véspera da divulgação do Relatório de Inflação (RI) e com o IPCA-15 de março na sexta-feira.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou em 12,975%, de 12,942% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 ficou em 12,64%, de 12,627% ontem. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa estável em 12,06% e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 11,87% para 11,85%.
O operador de renda fixa da Mirae Asset Paulo Nepomuceno cita o dólar como ponto central da trajetória da curva, em meio ao forte fluxo de entrada de recursos, hoje em especial para a Bolsa. "A ponta curta não se mexe em função do petróleo, mas ao mesmo tempo, com o câmbio fazendo o contraponto", disse.
O avanço dos preços das commodities - o minério de ferro também subiu - é um ponto de atração de fluxo para o Brasil, onde a Bolsa tem boa parte das blue chips atrelada a matérias-primas. Outro imã é a elevada taxa de juros brasileira, que mantém interessantes as operações de carry trade, mas hoje especificamente operadores afirmam que a renda fixa não teve tanto destaque de fluxo. O dólar fechou hoje em R$ 4,8442 (-1,44%), menor nível desde 13 de março de 2020.
A aversão ao risco geopolítico voltou a puxar os preços do petróleo, com recrudescimento do temor sobre o conflito no leste europeu, dados os sinais de que o Ocidente pode reforçar as sanções contra a Rússia. Os Estados Unidos determinaram, de forma oficial, que a país cometeu crimes de guerra na Ucrânia, e cresce o receio de que a China se torne aliada do Kremlin. Amanhã, em sua reunião, o G-7 inclusive deve alertar o país asiático sobre eventuais dribles às sanções contra a Rússia. O barril do Brent, referência para a Petrobras, subiu 5,3%, a US$ 121,60.
O economista-chefe e sócio da JF Trust, Eduardo Velho, diz que no curtíssimo prazo, está difícil um preço médio do barril de US$ 100 no cenário referencial do Banco Central, num cenário em que a defasagem crescente com o preço internacional aumenta o potencial de reajuste e da transmissão interna sobre os outros preços. "A probabilidade de a Selic atingir 14% não pode ser descartada, mas Roberto Campos do Bacen não deve se comprometer: caso sejam adotadas mais 'benesses fiscais', esse cenário será reforçado", afirmou.
Ontem, a ata do Copom reiterou a ideia de que o ciclo de ajuste da Selic terá mais uma alta de 1 ponto porcentual, para 12,75%, em maio, mas deixou a porta aberta para doses além dos 13%.
Campos Neto, em evento promovido pela Fiesp e pelo TCU, enfatizou hoje que o Brasil tem se diferenciado de outros países no combate à inflação, com um movimento mais forte de aperto monetário. "O Brasil tem sido mais atuante em uma inflação que entendemos ser mais persistente. A inflação contaminou os núcleos e hoje está acima da meta em serviços, comércio e indústria. Precisamos endereçar esse problema com serenidade e firmeza", completou. Ele também voltou a citar que o pico da inflação em 12 meses ocorrerá em abril deste ano.
A questão geopolítica também amparou o mercado de títulos do Tesouro americano, com a busca pela segurança derrubando os yields, a despeito da perspectiva hawkish para a política monetária do Federal Reserve. Os Treasuries ainda foram influenciados pelo leilão de US$ 16 bilhões em T-bonds de 20 anos, que teve demanda bem acima da média. No fim da tarde, a taxa da T-Note de 2 anos estava em 2,10% e a da T-Note de 10 anos, em 2,30%, ante 2,17% e 2,38% ontem.
Amanhã, o mercado já amanhece conhecendo o teor do RI e para o qual, segundo o Projeções Broadcast, a grande expectativa é o cenário alternativo do BC e as considerações sobre o choque das commodities. Para o IPCA-15, na sexta-feira, a mediana das estimativa aponta desaceleração para 0,86% em março, de 0,99% em fevereiro, com perspectiva de arrefecimento em todos os preços na abertura do indicador, exceto administrados. (Denise Abarca - [email protected])
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