PETROBRAS DESCOLA BOLSA DA ALTA DE NY, ENQUANTO DÓLAR SEGUE EXTERIOR E CAI A R$ 4,60

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CENÁRIO-2: PETROBRAS DESCOLA BOLSA DA ALTA DE NY, ENQUANTO DÓLAR SEGUE EXTERIOR E CAI A R$ 4,60

A maioria dos ativos brasileiros acompanhou o apetite por risco verificado no exterior, mesmo diante do recrudescimento das tensões sobre o conflito no Leste Europeu, uma vez que o Ocidente voltou a ameaçar Moscou com mais sanções após relatos de crimes de guerra na Ucrânia. A exceção ao dia positivo foi bolsa brasileira, limitada pelas incertezas envolvendo a Petrobras. Afinal, desde o fim de semana até hoje, os dois escolhidos pelo governo para tocar a estatal, Rodolfo Landim, no conselho de administração, e Adriano Pires, na diretoria executiva, decidiram declinar das indicações, o que fez o investidor fugir dos papéis da petroleira mesmo num dia de alta firme da commodity. Assim, a despeito do avanço dos pares em Wall Street, influenciados pela disparada do Twitter após o dono da Tesla, Elon Musk, informar que já possui quase 10% da rede social, o Ibovespa cedeu 0,24%, aos 121.279,51 pontos. No mais, o dólar caiu pela terceira sessão consecutiva diante do real. O movimento da divisa americana por aqui, além de replicar o que ocorreu ante algumas outras emergentes devido ao forte avanço das commodities, também esteve relacionado ao fluxo de recursos em busca de operações de carry trade, à desmontagem de posições defensivas no mercado futuro e à internalização de recursos por parte de exportadores. Tudo isso somado fez o dólar ceder 1,27%, a R$ 4,6081 - menor valor desde 4 de março de 2020 e desvalorização de mais de 17% no ano. Na renda fixa, o recuo do dólar mais do que compensou a pressão sobre o petróleo, o que resultou em nova sessão de queda dos juros futuros, sobretudo nos vencimentos intermediários e longos.

•BOLSA

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•CÂMBIO

•JUROS

BOLSA

O Ibovespa perdeu a carona do exterior positivo nesta segunda-feira e fechou a sessão em baixa de 0,24%, aos 121.279,51pontos, com giro financeiro fraco, a R$ 21,8 bilhões no encerramento. Hoje, oscilou em margem estreita, dos 120.753,69 aos 121.570,09 entre a mínima e a máxima do dia, saindo de abertura aos 121.569,05 pontos. Nestas duas primeiras sessões de abril, o Ibovespa acumula ganho de 1,07%, com alta no ano de 15,70%.

Destaque nesta segunda-feira para avanço de 1,90% no Nasdaq e para recuperação parcial dos petróleos Brent e WTI, após terem cedido terreno em razão dos recentes anúncios de liberação de reservas estratégicas para compensar a escalada dos preços da commodity, em meio ao conflito entre Rússia e Ucrânia.

No fim de semana, a descoberta de covas coletivas e corpos de civis expostos em Bucha, nos arredores de Kiev, reforçou a pressão sobre a Rússia, com alegações de que suas tropas teriam cometido crimes de guerra. Hoje, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que continuará a implantar novas restrições, o que contribuiu para alguma recuperação das cotações do petróleo.

Aqui, apesar de retomada parcial dos preços da commodity, recolocando o barril do Brent acima de US$ 107, Petrobras (ON -1,02%, PN -0,92%) contribuiu, com as ações de grandes bancos (Unit do Santander -1,84%, Itaú PN -0,91%, BB ON -1,10%), para que o Ibovespa se descolasse do exterior positivo, bem como do câmbio favorável, com o dólar à vista em queda de 1,27%, a R$ 4,6081 no fechamento. O dólar "rompeu o suporte de R$ 4,770, mostrando continuação da tendência de baixa", aponta Pam Semezzato, analista técnica da Clear Corretora. Se der prosseguimento ao movimento de baixa, o "próximo suporte forte se encontra em R$ 4,50", acrescenta a analista.

Apesar do fortalecimento do real - indicativo de fluxo - e da recuperação do petróleo, as incertezas sobre a troca de comando na Petrobras mantiveram as ações da estatal no vermelho ao longo da sessão, limitando o ajuste à tarde, o que contribuiu para que o Ibovespa fechasse acima dos 121 mil pontos pelo segundo dia, ainda nos maiores níveis desde meados de agosto passado.

No fim de semana, Rodolfo Landim desistiu da indicação do governo para presidir o Conselho de Administração da Petrobras, e hoje foi a vez de Adriano Pires, para a presidência executiva. Pires desistiu de assumir o cargo depois de o governo Bolsonaro receber informações de que o nome dele não passaria no "teste" de governança da empresa, segundo apurou o Estadão/Broadcast.

O problema central é o conflito de interesses, reportou de Brasília a jornalista Adriana Fernandes. Como sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Pires tem contratos de longo prazo com petroleiras e empresas de gás, como a Cosan. Ele teria que abrir mão dos negócios. Segundo fontes, Pires achou que poderia transferir ao filho, o que não é permitido pelas regras de governança da estatal. Com o impedimento, ele decidiu abrir mão da Petrobras, mas a desistência ainda não foi confirmada oficialmente pelo governo. O Comitê de Pessoas da estatal deve se reunir amanhã.

Emissários do governo fazem sondagens junto a investidores destacados do setor de petróleo sobre novos nomes para o comando da empresa e do seu Conselho de Administração, segundo apurou o Broadcast/Estadão.

Apesar do apetite por risco visto nesta segunda-feira tanto nos Estados Unidos como na Europa, a inversão dos rendimentos dos títulos americanos de 2 anos e dos de 10 anos, e mesmo em relação a mais longos, de 30 anos, sugere cautela e risco de recessão, em cenário de provável elevação da taxa de juros de referência nos EUA além do que o mercado precificava inicialmente, no atual ciclo de restrição da política monetária.

"Mesmo que por um breve momento, a curva de juros trouxe mais um sinal de que uma recessão pode estar no horizonte para os EUA, com os rendimentos dos títulos de 2 anos superando o rendimento dos títulos de 30 pela primeira vez desde 2007, frente a expectativa cada vez maior de que o Fed irá acelerar o ritmo de alta dos juros em maio", observa em nota a Guide Investimentos. Além disso, "em meio à divulgação recente de uma série de dados mais fracos de atividade no país, a China anunciou a instauração de um lockdown completo em Xangai, fato que tem contribuído para limitar as altas dos preços das commodities", acrescenta.

Assim, o desempenho do setor de mineração e siderurgia foi misto nesta segunda-feira, com Vale ON em alta de 1,01%, Usiminas PNA, de 1,96%, e perdas de 1,57% para Gerdau PN e de 0,82% para Gerdau Metalúrgica. CCR puxou a fila das maiores perdas na sessão, em baixa de 3,09%, à frente de Qualicorp (-2,89%). Na ponta oposta, Minerva (+3,05%) e Positivo (+2,35%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 121279.51 -0.23907

Máxima 121570.09 -0.00

Mínima 120753.69 -0.67

Volume (R$ Bilhões) 2.17B

Volume (US$ Bilhões) 4.71B

17:48

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 121620 -0.31148

Máxima 122275 +0.23

Mínima 121040 -0.79

MERCADOS INTERNACIONAIS

As bolsas de Nova York fecharam em alta, com grande destaque para o avanço das ações do Twitter, que subiram quase 30% após o anúncio de que o CEO da Tesla, Elon Musk, é detentor de 9,2% dos papéis da empresa. Enquanto aguardavam por mais sanções contra a Rússia, investidores foram às compras nas bolsas nos dois lados do Atlântico. Embora tanto o presidente dos EUA, Joe Biden, quanto autoridades europeias tenham defendido o anúncio de novas punições à Rússia, não excluindo embargo ao gás vindo do país, nenhum anúncio foi feito até o momento. Enquanto EUA e aliados buscam ampliar a oferta de petróleo para lidar com os riscos energéticos impostos pela guerra, o secretário-geral da ONU, António Guterres classifica como "loucura moral e econômica" investir em infraestrutura para combustíveis fósseis", reforçando que o mundo está em "trajetória rápida para desastre climático". Com alta de mais de 3% nesta sessão, o petróleo segue acima dos US$ 100 por barril.

O presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, afirmou hoje que a UE está pronta para aumentar sanções contra a Rússia. Ele ressaltou, entretanto, que o grupo ainda não decidiu os detalhes dessas novas sanções. Após a reunião ministerial da zona do euro hoje, o comissário europeu para Economia, Paolo Gentiloni, disse que o embargo do gás russo pelo bloco não está descartado. Já o assessor de Segurança Nacional americano, Jake Sullivan, afirmou hoje que o governo do país deve anunciar mais sanções contra a Rússia nesta semana. Segundo ele, os EUA e seus parceiros da Europa trabalham para "coordenar mais sanções" contra a Rússia, que poderiam ter o setor de energia como foco.

A Alemanha anunciou hoje a expulsão de um "número significativo" de diplomatas da Rússia do país, enquanto assumirá temporariamente o controle de uma unidade chave da estatal russa Gazprom, em uma tentativa de garantir entregas de gás. Já o JPMorgan pode perder até US$ 1 bilhão por sua exposição na Rússia, segundo o CEO do banco, Jamie Dimon. Ainda assim, em carta a acionistas o defendeu mais sanções contra Moscou e "soluções fortes" para enfrentar o ataque russo.

Sem maiores definições até o momento, as bolsas ganharam impulso. Em Nova York, o Twitter avançou 27,12% e a Tesla subiu 4,87% após a notícia que Musk é o maior acionista da rede social. Nos últimos meses, o bilionário vinha fazendo uma série de comentários sobre a liberdade de expressão no Twitter. Ao final, Dow Jones avançou 0,30%, S&P 500 teve alta de 0,81% e o Nasdaq ganhou 1,90%. Na Europa, os principais índices também subiram, com destaque para o CAC 40, que subiu 0,70% em Paris.

O petróleo voltou a subir com as tensões, que incluíram o pedido do presidente da França, Emmanuel Macron, para que a União Europeia interrompa as compras de petróleo e carvão da Rússia. Sobre os movimentos da semana passada, o UBS acredita que a liberação de reservas estratégicas de petróleo pelos EUA fornecerá algum alívio, mas não é solução de longo prazo para os gargalos nas cadeias produtivas e a escalada dos preços. No entendimento da instituição, a medida não resolve problemas estruturais oriundos de anos de baixo de investimento na produção. Ainda hoje, a Arábia Saudita elevou preços do petróleo em embarques de maio à Ásia para US$ 9,35 acima do valor de referência que usa para o barril. O WTI para maio fechou em alta de 4,04% (US$ 4,01), em US$ 103,28 o barril, e o Brent para junho avançou 3,00% (US$ 3,14), a US$ 107,53 o barril.

Sobre novos investimentos, as críticas de Guterres vieram no cenário em que um novo relatório do Painel Intergovernamental sobre o Clima (IPCC) da ONU mostrou que 2025 é o limite para que a média anual global das emissões de gases do efeito estufa atinja seu ponto de inflexão e passe a cair. Segundo os cientistas do grupo, medidas como incentivar energias renováveis, novas tecnologias e preservar florestas para retirar da atmosfera o carbono resultante da queima de combustíveis fósseis serão cruciais.

Já o dólar avançou ante rivais, impulsionado pelos temores geopolíticos. Ao fim da tarde, o euro se desvalorizava a US$ 1,0974, enquanto o DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais, subiu 0,37%. Investidores observam ainda a postura do Federal Reserve (Fed), e a divulgação da ata da última reunião de política monetária da autoridade na próxima quarta-feira tende a ser relevante para o mercado. Também de olho no banco central americano, os rendimentos dos Treasuries não tiveram sinal único. Ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos caia a 2,412%, e o da T-note de 10 anos avança a 2,410%, enquanto o do T-bond de 30 anos subia a 2,469%. Levando a inflação em conta, Biden disse hoje que o caminho para combater a alta dos preços é reduzindo gargalos nas cadeias de fornceimento, e defendeu novos investimentos em infraestrutura. (Matheus Andrade - [email protected])

Volta

CÂMBIO

Em dia de apetite ao risco no exterior, alta das commodities e perdas da moeda americana frente a divisas emergentes pares do real, o dólar à vista sucumbiu mais uma vez no mercado doméstico de câmbio, emendando o terceiro pregão seguido de queda. Operadores voltaram a relatar fluxo de recursos estrangeiros, desmonte de posições defensivas no mercado futuro e movimentação de exportadores, com internalização de recursos e fechamento adiantado de contratos de câmbio para aproveitar a taxa Selic elevada.

Tirando uma alta pontual logo após a abertura, o dólar à vista trabalhou em queda durante toda a sessão. Na mínima, pela manhã, desceu até R$ 4,6060 (-1,31%). Após operar na casa de R$ 4,61 ao longo da tarde, a moeda acelerou as perdas na reta final da sessão fechou em baixa de 1,27%, a R$ 4,6081 - menor valor de fechamento desde quatro de março de 2020 (R$ 4,5801). Na prática, isso significa que o dólar está voltando ao patamar visto antes do início dos lockdowns no país para conter a Covid-19.

Lá fora, o índice DXY - que mede o desempenho dólar frente uma cesta de seis moedas fortes - operou em alta ao longo do dia, ao redor dos 99,000 pontos, sobretudo em razão da fraqueza do euro. Em relação a divisas emergentes, o dólar caiu frente aos pesos mexicano, chileno, colombiano e ao rand sul-africano. O rublo russo também se recuperou hoje, com ganhos superiores a 3%, embora ainda amargue queda de dois dígitos neste ano.

"A grande história dos emergentes em 2022 não é a do rublo russo, mas a da reprecificação do real, após longo período de uma grande subvalorizacão", afirma, no Twitter, o economista-chefe do Instituto Finanças internacionais (IIF), Robin Brooks, que mantém preço justo de R$ 4,50 para a taxa de câmbio. "A última vez que o real apresentou esta força foi em março de 2022, justamente quando a primeira onda de Covid estava fechamento a economia global. O real foi punido de forma injusta nos últimos dois anos".

Depois do tombo da semana passada, na esteira do anúncio de liberação de reservas estratégias por parte dos Estados Unidos, as cotações do petróleo voltaram a subir com as discussões de novas sanções econômicas à Rússia, acusada de ter cometido crimes de guerra na Ucrânia. O barril tipo Brent para junho fechou em alta de 3%, a US$ 107,53 o barril. Dando sequência ao movimento ascendente, o minério de ferro negociado em Qingdao, na China, subiu 0,98% nesta segunda-feira, cotado a US$ 142,54 a tonelada. Commodities agrícolas como milho e trigo avançaram mais de 2% na Bolsa de Chicago.

Commodities em alta e leituras de inflação corrente apertadas levam o mercado a apostar que o Banco Central vai ter que estender o ciclo de aperto monetário para além de maio e levar a taxa Selic, hoje em 11,75% ao ano, para mais de 13%. A valorização das commodities se sobrepõe à apreciação do real e impede um recuo das expectativas de inflação. O IPC-Fipe fechou março com alta de 1,28%, aceleração ante fevereiro (0,90%) e acima da mediana de Projeções Broadcast (1,23%).

Por ora, com os juros reais negativos nos Estados Unidos, dado que o processo de ajuste monetário está no início, a taxa brasileira é muito atraente e estimula operações de carry trade (que exploram diferencial de juros entre países). Lá fora, além do conflito na Ucrânia, as atenções estarão voltadas para a divulgação, na quarta-feira (6), da ata do Federal Reserve.

"O real não está caro sob o ponto de vista econométrico mesmo nessa região. A gente segue com um juro real muito forte e spread de juros entre Brasil e Estados Unidos que atrai fluxo estrangeiro. Além disso, tem setores específicos da Bolsa que ainda estão baratos", afirma Flávio de Oliveira, Head de Renda Variável da Zahl Investimentos.

A B3 informou hoje que os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 21,355 bilhões em março. Em razão de um ajuste de metodologia, o fluxo positivo para renda variável em 2022 caiu de R$ 91,1 bilhões para R$ 64,1 bilhões, ainda um nível elevado.

A novela em torno da sucessão no comando da Petrobras, que ganhou um novo capítulo com a desistência do economista Adriano Pires de assumir a presidência da petroleira, segundo informou o Broadcast, foi monitorada, mas não teve papel relevante na formação da taxa de câmbio. (Antonio Perez - [email protected])

17:48

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 4.60810 -1.2684 4.67500 4.60560

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4624.000 -1.43877 4708.000 4621.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 4689.000 -3.51852 4689.000 4689.000

JUROS

O recuo do dólar ante o real continuou aliviando prêmios de risco na curva de juros nesta segunda-feira de noticiário e agenda sem poder de influência sobre a renda fixa. As taxas intermediárias e longas tiveram queda firme e as curtas fecharam estáveis, após mais cedo ensaiarem realização de lucros a partir da alta nas cotações das commodities. Mesmo com o Copom marcado para daqui a um mês e com os preços das matérias-primas em patamar elevado, a melhora do câmbio acaba por reforçar o plano de voo do Banco Central de apenas mais um aumento da Selic.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular na mínima de 12,62%, estável em relação ao ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2024 terminou em 11,825%, de 11,84%. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,159% para a mínima de 11,095%. E a do DI para janeiro de 2027 fechou em 10,855%, de 10,979%.

As taxas se movimentaram num ambiente de liquidez reduzida, como costuma ocorrer às segundas-feiras e com a agenda de eventos e indicadores por ainda se desenrolar nos próximos dias. Na quarta-feira, sai a ata da reunião do Federal Reserve e na sexta-feira, o IPCA de março. Ainda, no exterior, o mercado acompanha a evolução do conflito no Leste Europeu, que continua pressionando para cima os preços do petróleo e das commodities agrícolas diante da expectativa de mais aperto nas sanções contra a Rússia.

Nas mesas de operação, a leitura é que o impacto das commodities na inflação deve ser amortecido pelo câmbio, com o dólar em queda livre e chegando hoje a R$ 4,60. "O dólar cai e a curva vai junto. A Selic deve permanecer ainda por um bom tempo acima de 12%, o que dá para aguentar ainda muito desaforo da inflação", comentou o operador de renda fixa da Mirae Asse Paulo Nepomuceno.

Para ele, porém, o ciclo de queda deve ocorrer somente em meados de 2023 e, até lá, o Brasil tende a continuar recebendo o fluxo de carry trade. "Com isso, ao menos a ponta longa fica tranquila, a não ser que os Treasuries ou as commodities explodam, o que não deve acontecer", disse. Só com o início do ciclo de distensão monetária é que a curva deve se livrar da inclinação negativa. "Vai demorar um pouco até se normalizar", afirmou.

A inclinação tem ficado cada vez mais negativa entre os vencimentos de longo e curto prazos nos últimos dias, em variados tipos de contratos. Entre os DIs para janeiro de 2027 e janeiro 2024, o spread fechou hoje no patamar inédito de -97 pontos-base, não visto desde que a inversão da curva entre outubro e novembro do ano passado. Na sexta-feira, o diferencial era de -86 pontos.

Em sua Carta Mensal, a Greenbay Investimentos afirma que, diante da proximidade do fim de "um grande ciclo de aperto monetário", mantém posição aplicada nos vértices mais curtos da estrutura a termo e comprada em inclinação de juros. "Ainda que o fim do processo de elevação dos juros possa ser adiado na margem, por conta do cenário inflacionário ainda pressionado no curto prazo, acreditamos que ambas as posições deverão performar com a redução da inflação à frente", afirma a instituição, que projeta inflação de 2023, horizonte relevante da política monetária, de 3,3%, muito próximo do centro da meta no ano que vem (3,25%).

Por ora, a greve dos funcionários do Banco Central e a mobilização dos servidores do Tesouro seguem apenas sendo monitoradas, na medida em que operações essenciais têm sido preservadas. O Sindicato Nacional de Funcionários do Banco Central (Sinal) informou que terá reunião com o secretário de Gestão e Desempenho Pessoal do Ministério da Economia, Leonardo Sultani, nesta terça-feira. Se não houver proposta oficial do governo, o Sinal avisa que a greve deverá ser intensificada, mas sinalizou disposição à negociação. (Denise Abarca - [email protected])

16:56

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 11.74

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 11.65

Over Selic (%a.a) 11.65

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