A robustez da economia dos Estados Unidos atestada pelo relatório de emprego conduziu nesta sexta-feira os mercados internacional e doméstico, ainda que neste em menor medida. O payroll de julho trouxe uma série de surpresas em suas aberturas, com criação de vagas acima do esperado, revisões em meses anteriores, diminuição da taxa de desemprego e maiores salários, e afastou, por ora, as dúvidas quanto à saúde da economia americana. Os números fortes destoam um pouco da retórica do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que mostrou preocupação com o avanço da variante delta e a desaceleração do ritmo de vacinação, e deram subsídio para a ala mais "hawkish" do BC dos EUA questionar, de novo, a compra de ativos e argumentar que é necessário iniciar o 'tapering', como verbalizado por Robert Kaplan (Fed Dallas). Nos mercados, as taxas dos Treasuries tiveram forte abertura, levando o dólar a reboque. Mas nas bolsas americanas a reação foi distinta. Por um lado, se a perspectiva de juros mais altos afastou investidores de ações de tecnologia (o Nasdaq caiu 0,40% hoje), a aposta em uma economia sólida garantiu avanço de papéis mais sensíveis à atividade, concentrados no Dow Jones (+0,41%) e no S&P 500 (+0,17%), que renovaram as máximas históricas de fechamento. Os ventos externos provocaram, internamente, reações similares. Com composição forte de ações cíclicas, o índice Ibovespa terminou aos 122.810,36 pontos, valorização diária de 0,97%. O dólar foi a R$ 5,2363 (+0,40%). Os juros fecharam perto da estabilidade, mas com a curva ganhando forte inclinação na semana. O mercado brasileiro teve de lidar com o recrudescimento da crise institucional e fiscal nos últimos dias. Mesmo com o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, condenando as falas de Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (o que garantiu certo alívio hoje mais cedo), o presidente da República voltou a atacar membros da Corte. Por outro lado, os impasses em torno dos precatórios também seguem monitorados, colocando em lados distintos Ministério da Economia e ala política do governo. Este cenário limitou as performances de ativos domésticos. No caso dos juros futuros, por exemplo, o diferencial entre os contratos de janeiro 2022 e janeiro 2027 saltou 40 pontos-base na semana, mesmo com o endurecimento do tom do Copom. O dólar ganhou 0,51% no período. A Bolsa, contudo, reagiu após duas semanas de baixa e teve ganho de 0,83% em relação à sexta-feira passada.
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