OTIMISMO COM PEC DÁ GÁS A ATIVOS LOCAIS NA SEMANA, ENQUANTO PAYROLL PESA NO DIA EM NY

Blog, Cenário

Redobrada aposta em extrateto de só dois anos e desidratação da PEC da Transição - com a possibilidade agora até de um entendimento híbrido dela com a proposta do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) - continuou dando fôlego aos ativos domésticos nesta sexta-feira. Com isso, os papéis brasileiros acumularam ganhos semanais. O mercado também recebe melhor a cristalização do nome de Fernando Haddad como ministro da Fazenda na esperança de que ele faça um gabinete técnico de qualidade, ainda que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenha dito que as indicações para a Esplanada devem ocorrer só depois de sua diplomação, em 12 de dezembro. Por fim, o descarte do nome de Gleisi Hoffmann (PT) para um ministério agrada adicionalmente. Neste ambiente, os juros futuros tiveram queima forte de prêmios hoje e na semana. Os contratos de 2025 e 2027 tiveram recuo de mais de 100 pontos na semana, sendo mais de 20 pontos somente hoje. O Ibovespa subiu aos 111.923,93 pontos, valorização diária de 0,90% e semanal de 2,70%. E o dólar à vista terminou em R$ 5,2150, queda semanal de 3,61%. No dia, contudo, houve alta de 0,34%, em linha com pares emergentes, pressionados pelas commodities. Vale lembrar que a liquidez local diminuiu na etapa da tarde, com as mesas de olho no terceiro jogo do Brasil na Copa do Catar. Lá fora, o peso hoje veio do relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) de novembro bem melhor que as expectativas. O dado não chegou a anular a sinalização, feita anteontem pelo presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que haverá redução da intensidade de alta em dezembro, mas consolidou apostas em taxa terminal na casa de 5%. Assim, juros curtos dos Treasuries foram para cima e bolsas ficaram mistas. Entre as commodities, o petróleo teve queda hoje, pressionado pela decisão da União Europeia e do G7 de impor teto de US$ 60 ao óleo da Rússia.
•JUROS
•BOLSA
•CÂMBIO
•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS
Os juros futuros encerraram tanto a sessão de hoje quanto a semana em queda firme, refletindo basicamente a melhora na percepção fiscal relacionada à PEC da Transição, que nesta sexta garantiu às taxas locais um descolamento em relação à abertura das curvas no exterior. Lá fora, dados do relatório de emprego nos EUA pressionaram para cima os rendimentos dos Treasuries e também o dólar ante as demais moedas, mas o mercado local se apegou às questões domésticas. Na semana, a curva registrou perda de inclinação, com as taxas longas caindo mais de 100 pontos-base

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou a sessão regular em 13,825% e a estendida em 13,820%, de 13,981% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 13,13% para 12,90% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2027 encerrou em 12,49% (regular) e 12,46% (estendida), de 12,75%. Na semana, devolveram, nesta ordem, 65, 100 e 114 pontos-base, com relação à sexta-feira passada.

Como esperado, a dinâmica das taxas se deu em boa medida pela manhã, uma vez que muitos players fecharam o expediente mais cedo em função da partida entre Brasil e Camarões na Copa do Catar, o que reduziu não somente a oscilação das taxas mas também a liquidez na jornada vespertina. A etapa matutina teve ainda o payroll americano, que trouxe criação de 263 mil vagas em novembro, ante consenso de 200 mil, e aumento nos salários acima do previsto. Os yields dos Treasuries reagiram em alta, dado o reforço das apostas de que o Federal Reserve vai elevar o juro em 75 pontos-base em dezembro, mas por aqui as taxas sustentaram o sinal de baixa.

A realização de lucros que ontem puxou as taxas para cima acabou não avançando nesta sexta-feira, com o mercado voltando a reduzir prêmios de olho na PEC da Transição. Mesmo sem nada concreto hoje no noticiário, a possibilidade de um modelo híbrido que passou a circular ontem à noite foi bem recebida pelos agentes. A ideia é mesclar a proposta do PT que retira o Bolsa Família do teto de gastos e cerca de R$ 20 bilhões em investimentos, com a de Tasso Jereissati (PSDB-CE), de aumento do teto em R$ 80 bilhões. Nesta combinação, a retirada do teto ficaria restrita aos R$ 70 bilhões do Bolsa Família e as demais despesas seriam acomodadas sob o teto expandido, o que na soma dá R$ 150 bilhões. Além disso, a nova proposta seria válida por apenas dois anos, e não quatro, o que segundo fontes, já seria consenso no Congresso.

Para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não há "sinal" de desidratação PEC mas ele disse hoje que, se for preciso um acordo, está disposto a negociar. Lula disse esperar que o Congresso tenha “sensibilidade” para votar a PEC "como queremos". E que aprendeu, na vida política, a nunca ceder na proposta principal antes de chegar ao limite da negociação. A PEC deve começar a tramitar na próxima semana, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, vê um certo exagero na reação do mercado, não só de juros, mas também na Bolsa, à possibilidade de um modelo híbrido, na medida em que o total de aumento das despesas segue alto e não há discussão sobre receitas que vão patrocinar os gastos. "Há uma percepção de que o 'pacote' está diminuindo, mas a evolução é pequena para o tamanho do problema", disse Lima, para quem o prazo é um fator secundário, pois a tendência é que ao longo do tempo tudo seja incorporado de forma definitiva.

Para a próxima semana, havia expectativa ainda pelo anúncio dos nomes que vão compor o ministério da nova gestão, mas Lula indicou que só começará a definir as escolhas após ser diplomado, no dia 12. Ele evitou responder sobre as chances de Fernando Haddad assumir a Fazenda, nome que o mercado parece estar digerindo melhor na esperança de que esteja acompanhado de perfis técnicos na equipe econômica.

Na agenda, o grande evento da semana que vem é a reunião do Copom, na quarta (7). O consenso das estimativas coletadas pela pesquisa Projeções Broadcast é de manutenção do atual nível de 13,75%, mas duas das 48 instituições consultadas projetam aumento de 0,25 ponto porcentual, para 14%. A curva mantém prêmio também para um aumento desta magnitude, mas a aposta é minoritária.

A Pesquisa Industrial Mensal (PIM) ficou hoje em segundo plano, mas parte do mercado já vê sinais de efeito do aperto monetário no comportamento de alguns setores, especialmente os ligados ao crédito, entre eles bens de capital, com queda de 4,1% em outubro na margem. No agregado, houve alta de 0,3% em outubro ante setembro, acima da mediana negativa de 0,1%. (Denise Abarca - [email protected])
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BOLSA
Após ter acumulado perda de 3,06% em novembro, o Ibovespa registrou, nesta semana de transição para dezembro, ganho de 2,70% no intervalo das últimas cinco sessões, construído com altas acima de 1% na terça e quarta, mas não nesta sexta-feira. Hoje, perdeu parte da força perto do fechamento - assim como a seleção brasileira -, ficando aquém de recuperar a perda de ontem (-1,39%) ao encerrar em alta de 0,90%, aos 111.923,93 pontos. No intradia, mais cedo, atingiu a melhor marca desde 14 de novembro (114.322,31), aos 113.760,75 pontos, saindo de mínima a 109.963,02 após abertura aos 110.925,74 pontos nesta sexta-feira. O giro financeiro foi de R$ 32,3 bilhões, mesmo com o jogo do Brasil contra Camarões, às 16h.

Na semana anterior, o Ibovespa havia acumulado leve ganho de 0,10%, vindo de perdas de 3,01% e de 5,00% nos dois períodos precedentes. Neste começo de dezembro, com duas sessões apenas, o índice cede 0,50% no mês, colocando a alta do ano a 6,77%.

Nesta sexta-feira, o Ibovespa se manteve desgarrado do sinal negativo, ao fim misto em Nova York, onde as três referências mostraram variação entre -0,18% (Nasdaq) e +0,10% (Dow Jones) no fechamento do dia, refletindo ainda a forte leitura desta manhã sobre o mercado de trabalho americano em novembro, no momento em que o Federal Reserve vinha sinalizando a chance de um aumento de juros mais ameno, de meio ponto porcentual, para a reunião de política monetária de dezembro.

"Após a (recente) fala de Jerome Powell (presidente do Fed), de dirigentes do BC americano e a divulgação do Livro Bege (desta semana), acredito que o aperto monetário ainda será em patamar de 50 pontos-base, advindo da preocupação de não penalizar a atividade econômica, em detrimento do nível de preços. Esse racional considera que 50 pontos-base não é uma atitude 'dovish', principalmente quando se considera o histórico da economia americana", aponta Ariane Benedito, economista especializada em mercado de capitais.

Acima do que o mercado esperava, os Estados Unidos criaram 263 mil vagas de trabalho em novembro, e a taxa de desemprego permaneceu em 3,7%. "Vale mencionar que, desde março, a taxa tem oscilado entre 3,5% e 3,7%, o que mostra a resiliência do mercado de trabalho americano", observa Rafael Perez, economista da Suno Research. Ele acrescenta que "será difícil conciliar uma queda mais acentuada da inflação com um mercado de trabalho ainda bastante aquecido". Ainda assim, o Fed deve manter um ritmo menor de aumento de juros nesta última reunião do ano para avaliar os "efeitos cumulativos do ciclo de alta" sobre a economia.

Após mais cedo o payroll forte chegar a reduzir as expectativas de uma elevação de 50 pontos-base (pb) nos juros pelo Federal Reserve em dezembro, aumentando a chance de uma alta de 75 pontos, no meio desta tarde voltou a crescer a possibilidade de alta menos agressiva. Segundo o monitoramento do CME Group, a chance de alta de 50 pontos no dia 14 foi a 79,4%, de 78,2% ontem, enquanto a de uma elevação de 75 pontos caiu para 20,6%, de 21,8% na quinta-feira.

"O aspecto mais preocupante do relatório desta manhã foi a atualização dos salários. Mantiveram-se surpreendentemente firmes, o que confirmou tendência recente. Infelizmente um retrocesso, em uma história de inflação que, de outra forma, estaria melhorando. Embora estejamos em um caminho melhor do que há alguns meses, ainda não estamos fora de perigo. A política (monetária) provavelmente continuará restritiva no curto prazo", observa em nota Matt Peron, diretor de pesquisa da Janus Henderson Investors.

Na B3, a grande maioria das ações que compõem o Ibovespa operaram em alta ao longo do dia, com destaque, no encerramento, para Natura (+10,15%), Locaweb (+6,66%) e Hapvida (+6,52%). As ações e os setores de maior liquidez também tiveram boa performance na sessão, embora moderada na Petrobras (ON +1,30%, PN +1,25%) em direção ao fim da sessão, com as ações da empresa acumulando ganhos de 7,78% (ON) e de 8,59% (PN) na semana. Vale ON subiu hoje 0,72% e avançou 7,29% no mesmo período. Entre os grandes bancos, o dia também foi majoritariamente positivo, com BB (ON +2,24%) à frente - à exceção de Bradesco (ON -0,30%, PN -0,07%) no fechamento. Do lado negativo do Ibovespa, destaque para Eletrobras (ON -4,58%), Suzano (-3,37%) e Pão de Açúcar (-2,18%).

No começo da tarde, o mercado tomou nota da entrevista do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em Brasília, em que evitou responder sobre o papel que o ex-ministro Fernando Haddad (PT), nome mais cotado para a Fazenda, poderá exercer no governo. "Se eu responder o que você quer, você já vai saber o que eu penso, então eu não vou responder", disse Lula. Ele observou também que a diplomação como presidente eleito será realizada no dia 12 de dezembro, e que só então começará a definir ministérios.

O presidente eleito disse também estar "convencido" de que o Congresso irá aprovar a PEC da Transição, que busca a manutenção do pagamento do Bolsa Família em R$ 600 e abrir espaço no orçamento para demandas em outras áreas.

Pela manhã, agradou aos investidores a leitura positiva sobre a produção industrial, em alta de 0,3% em outubro ante setembro, quando a mediana do Projeções Broadcast apontava leitura negativa, de -0,1%, para o período. Em relação a outubro de 2021, a produção subiu 1,7%, também acima da mediana das estimativas, de 1,2%.

O quadro das expectativas para o desempenho das ações na próxima semana segue equilibrado no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, a fatia dos que esperam queda para o Ibovespa na semana que vem subiu de 30,00% no Termômetro anterior para 37,50%, mesmo porcentual dos que esperam ganho, que na semana passada era de 40,00%. Para 25,00%, o índice terá variação neutra, ante 30,00% que esperavam estabilidade na pesquisa da semana passada. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:24

Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 111923.93 0.9
Máxima 113760.75 +2.56
Mínima 109963.02 -0.87
Volume (R$ Bilhões) 3.22B
Volume (US$ Bilhões) 6.20B

18:28

Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 112475 0.80663
Máxima 114190 +2.34
Mínima 110240 -1.20

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CÂMBIO
Após uma sequência de quatro pregões de queda firme, período em que acumulou desvalorização de 3,94%, o dólar subiu na sessão desta sexta-feira, 2, e voltou a fechar acima da barreira dos R$ 5,20, com ajustes de posições e realização de lucros em sessão de liquidez reduzida por conta do jogo do Brasil contra Camarões na Copa do Qatar.

A alta do dólar no mercado doméstico se deu em sintonia com a tendência de valorização da moeda americana em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. O dia foi marcado por dados acima do esperado da geração de emprego nos Estados Unidos em novembro, o que dá sustentação à tese de que o Federal Reserve (Fed, o BC americano), embora possa desacelerar o ritmo de aumento de juros neste mês, deve prolongar o aperto monetário em 2023. O payroll mostrou criação de 263 mil vagas em novembro, acima do esperado por analistas (200 mil) e aumento dos salários superior ao previsto.

Por aqui, investidores monitoraram as negociações em torno da tramitação da PEC da Transição no Senado, com possível redução de valor e do prazo de validade de quatro para dois anos, e digeriram declarações do presidente eleito. Em coletiva de imprensa, Luiz Inácio Lula da Silva disse que só anunciará seus novos ministros após sua diplomação, marcada para o dia 12 de dezembro, e defendeu a configuração atual da PEC da Transição, embora tenha dito que possa haver negociação.

Após uma manhã volátil, que chegou a recuar e registrou mínima a R$ 5,1634, em meio a relatos de entrada de exportadores e de fluxo financeiro para a Bolsa, o dólar se firmou em alta ao longo da tarde. A máxima da sessão, a R$ 5,2409 (+0,84%), se deu em meio à fala de Lula e ao pico da valorização do dólar frente a pares do real, como o peso mexicano. No fim do dia, a divisa era negociada a R$ 5,2150, em alta de 0,32%. Com quatro pregões de baixa firme e o suspiro de hoje, o dólar encerra a semana com desvalorização de 3,61%.

"Como domesticamente não tivemos uma grande novidade hoje, o que balizou os negócios foi o movimento externo. Com o payroll forte, o dólar tende a subir mesmo", afirma o analista de câmbio analista de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, acrescentando que é natural haver um ajuste de alta após uma sequência expressiva de pregões de baixa.

A desvalorização do dólar ao longo da semana é atribuída à possibilidade crescente de desidratação da PEC da Transição e à perspectiva de uma articulação política mais efetiva por parte do governo eleito com a presença de Lula em Brasília. Fontes afirmaram ao Broadcast que está "pacificado" no Congresso o prazo de dois anos para retirada das despesas com o Bolsa Família do teto de gastos, em vez dos quatro anos pleiteados pelo futuro governo.

Haveria divergências, contudo, em relação ao valor, estipulado em R$ 198 bilhões no texto apresentado. Petistas já admitiriam, contudo, a possibilidade de redução para a faixa de R$ 150 bilhões. Circulam rumores também que poderia vingar uma proposta híbrida, com elevação do teto em R$ 80 bilhões e gastos extrateto de R$ 70 bilhões para bancar o Bolsa Família.

Segundo o diretor de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, o quadro político e fiscal seguiu dando o tom ao comportamento dos ativos locais nos últimos dias. "Na semana, tanto a curva futura de juros quanto o real experimentaram um alívio considerável, após mercado digerir a possibilidade de uma desidratação da PEC proposta pelo PT", afirma Rolha.

O mercado também acompanha a novela em torno da escolha do ministro da Fazenda, peça-chave para saber qual como será a condução da política econômica. Lula evitou responder questão sobre a possibilidade do ex-prefeito Fernando Haddad, nome mais cotado neste momento, ocupar a Fazenda. "Se eu responder o que você quer, você já vai saber o que eu penso, então eu não vou responder", disse.

O presidente eleito deixou uma pista ao dizer que o comandante da Economia será "a cara do sucesso" do seu primeiro mandato, há 20 anos e que terá "autonomia". Segundo apurou o Broadcast Político, no entorno de Lula se vê pouca chances de Haddad não assumir a Fazenda. Em encontro com o presidente eleito, o presidente do Conselho de Administração do BTG Pactual, André Esteves, teria se prontificado a tentar amenizar as resistências ao nome de Haddad no mercado financeiro, segundo noticiou o "Valor Econômico". (Antonio Perez - [email protected])

18:29

Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.21500 0.3444 5.24090 5.16340
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5248.500 0.65203 5270.500 5193.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5257.009

MERCADOS INTERNACIONAIS
O petróleo não sustentou os ganhos de mais cedo e fechou em baixa de mais de 1%, com investidores atentos a notícias do setor. A União Europeia confirmou acordo com o G7 e outros aliados para estabelecer um teto para o preço dos barris de óleo da Rússia, em US$ 60, e há expectativa pela reunião no domingo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), que pode discutir ajustes em sua política para o mercado. No câmbio, o índice DXY do dólar avançou mais cedo com o payroll que mostrou geração de vagas e altas nos salários acima do previsto em novembro nos EUA, mas a moeda americana perdeu fôlego à tarde, oscilando perto da estabilidade. As bolsas de Nova York caíram, com a perspectiva de mais altas de juros pelo Federal Reserve, enquanto entre os Treasuries não houve sinal único dos retornos, com aposta ainda amplamente majoritária de alta de 50 pontos-base nos juros pelo Fed no próximo dia 14.

O contrato do petróleo WTI para janeiro fechou em baixa de 1,53%, em US$ 79,98 o barril, na Nymex, e o Brent para fevereiro caiu 1,51%, a US$ 85,57 o barril, na ICE. A commodity inverteu o sinal, após chegar a subir mais cedo, mas registrou ganho na semana, apoiado pela perspectiva de relaxamento nas regras rígidas da China contra a covid-19. Hoje, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que há um acordo entre os membros da UE, do G7 e outros países aliados sobre um teto em US$ 60 para o barril do petróleo da Rússia. A intenção é punir Moscou pela guerra na Ucrânia, mas manter a oferta global, impedindo mais altas do óleo e a inflação consequente.

A Capital Economics lembra que ministros da Opep+ se reúnem neste domingo para discutir os níveis de produção. Para a consultoria, é improvável uma mudança nas cotas agora, diante da incerteza sobre a produção da Rússia. A Capital acredita que a produção de petróleo russa deve cair, de qualquer modo. Já a Oanda comenta que muitos no mercado esperam manutenção da produção da Opep+, mas a própria corretora diz não descartar mais cortes na oferta. A Oanda afirma ainda que será difícil fazer valer o limite ao preço russo. O TD Securities, por sua vez, diz que há divisão nos mercados sobre o desfecho da reunião do grupo, mas vê mais chance de um corte na oferta para apoiar os preços.

Na semana, o WTI subiu 4,85% e o Brent, 2,32%. A perspectiva de relaxamento na política rígida contra a covid-19 na China ajudou. O Goldman Sachs afirma que o crescimento chinês pode "acelerar de modo substancial" no segundo semestre de 2023, com reabertura total no segundo trimestre, mas também lembra que existem incertezas sobre o ritmo e a extensão desse processo. O banco acredita que ações de mercados emergentes, inclusive da própria China, e commodities devem ser os maiores beneficiários nos mercados desse movimento de Pequim, enquanto o dólar pode mostrar fraqueza generalizada, sobretudo ante divisas ligadas a commodities.

Hoje, os mercados também digeriam os números do payroll de novembro, com geração de vagas em 263 mil, acima do previsto, e avanços dos salários também superiores ao esperado. O dado inicialmente levou o mercado acionário americano para baixo, mas houve tempo para recuperação de perdas e quadro misto mais para o fim do pregão. O Dow Jones fechou em alta de 0,10%, em 34.429,88 pontos, o S&P 500 recuou 0,12%, a 4.071,70 pontos, e o Nasdaq caiu 0,18%, a 11.461,50 pontos.

No câmbio, o dólar também oscilou, sem direção única. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, recuou 0,17%, a 104,545 pontos, e na comparação semanal caiu 1,41%. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 134,27 ienes, o euro avançava a US$ 1,0537 e a libra tinha alta a US$ 1,2284.

Inicialmente, o payroll reforçou a chance de uma alta de 75 pontos-base nos juros pelo Fed neste mês, mas a possibilidade de uma elevação de 50 pontos-base seguiu majoritária e inclusive crescia um pouco em relação a ontem nesta tarde, segundo o monitoramento do CME Group. Nesse quadro, os retornos dos Treasuries não tiveram direção única. No horário citado, o juro da T-note de 2 anos subia a 4,263%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,486% e o do T-bond de 30 anos caía a 3,537%. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected])

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