OTIMISMO COM ARCABOUÇO LEVA BOLSA DE VOLTA AOS 101 MIL PONTOS, A DESPEITO DE ATA E NY

Blog, Cenário

A recuperação técnica do Ibovespa ante as perdas recentes ganhou bastante fôlego na sessão desta terça-feira, apesar da pressão de baixa vinda de Nova York e do tom duro adotado pelo Banco Central na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). O índice saiu da zona de 99 mil pontos na abertura, superou a marca dos 100 mil e avançou até a região dos 101,5 mil na máxima do dia. Ao fim, marcava 101.185,09 pontos, uma valorização firme de 1,52%. A Bolsa pegou carona ainda no noticiário político, marcado pela informação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quanto à divulgação esta semana do novo arcabouço fiscal. Segundo ele, uma reunião conclusiva será feita amanhã com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que tinha resistências ao primeiro desenho apresentado. Mesmo que detalhes da proposta sejam mistério, o investidor viu espaço para recomprar papéis no mercado de ações, que estão em sua maioria com preços bastante descontados ante os pares externos. E isso tudo ocorreu mesmo com a sinalização de juros altos por mais tempo pelo BC - ou ao menos até que as expectativas se reancorem, conforme reforçado pela ata de viés hawkish divulgada logo cedo -, o que elevou os juros futuros no vértice curto. A curva hoje precifica uma probabilidade apenas residual de redução dos juros em maio e cerca de 60% de chance de um corte de 0,25 ponto porcentual da Selic em junho. Nas reuniões seguintes, a precificação é de quedas médias de 0,35 ponto - o que equivale a algo entre 0,25 e 0,50 ponto -, até um nível próximo de 12,0% no fim de 2023. A manutenção das taxas altas por mais tempo e o relato de fluxo de recursos para o Brasil fez o dólar ceder a R$ 5,1648 (-0,80%), também ajudado pelo sinal de queda da moeda americana no exterior em meio à percepção de que bancos centrais na Europa, como o BCE e o BoE, estão atrás do Federal Reserve no aperto monetário. Mas como esse processo ainda está em curso nos Estados Unidos, as taxas dos Treasuries tiveram avanço hoje. As referências de 2 e 10 anos superaram a marca psicológica de 4% e 3,5%, respectivamente, pressionando ações do setor de tecnologia, destaque nas baixas das bolsas americanas. O Nasdaq caiu 0,45%, o S&P 500 cedeu 0,16% e o Dow Jones recuou 0,12%.

•BOLSA

•JUROS

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

BOLSA

O Ibovespa emendou o terceiro dia de ganhos mesmo com o tom "hawkish" da ata do Copom, que contribuiu para apreciar o real frente ao dólar, em dia também de recuo para a moeda americana no exterior. Assim, a referência da B3 conseguiu recuperar a linha dos 101 mil pontos, não vista em fechamento desde o último dia 17, quando vinha dos 103,4 mil no encerramento anterior. Mais uma vez, o giro se manteve restrito, a R$ 21,0 bilhões nesta terça-feira.

Hoje, o Ibovespa oscilou entre 99.488,19 e 101.559,17, saindo de abertura aos 99.672,17 pontos. Na semana, o índice sobe 2,38%, limitando as perdas do mês a 3,57% - no ano, ainda cede 7,79%.

Entre as principais ações, poucas ficaram de fora da recuperação vista na sessão, como Bradesco (ON -0,52%, PN -0,15%) e Santander Brasil (Unit -0,19%). Petrobras ON (na máxima do dia no fechamento) e PN subiram, respectivamente, 1,73% e 1,77%, enquanto Vale ON teve alta de 1,06% na sessão.

Na ponta do Ibovespa, destaque para Hapvida - após anunciar acordo para venda de 10 imóveis por R$ 1,2 bilhão, e um potencial follow on -, cuja ação subiu 18,47% nesta terça-feira, à frente de Qualicorp (+6,35%), Petz (+5,98%) e Braskem (+5,77%). No lado oposto, Rede D´Or (-4,85%), MRV (-2,83%), JBS (-2,02%) e Yduqs (-1,29%).

Apesar da recuperação parcial nas últimas três sessões, após ter despencado para a faixa dos 97 mil na última quinta-feira, mínima desde julho, ações de primeira linha ainda acumulam perdas substanciais em março, mês que termina na sexta-feira. Mesmo com ganhos acima de 3% no acumulado nas duas primeiras sessões da semana, Petrobras ON e PN recuam 7,83% e 6,54% em março. Vale ON, por sua vez, sobe 0,89% na semana e recua 4,93% no mês. Entre os grandes bancos, as perdas de março chegam a 8,30% (Unit do Santander) e na siderurgia, a 13,50% (CSN ON, que hoje subiu 4,12%).

Dessa forma, mesmo considerando o afastamento do Ibovespa de mínimas abaixo dos seis dígitos, o atraso e barateamento do índice segue visível, vindo já de mergulho de 7,49% em fevereiro.

Evento mais aguardado do dia, a ata do Copom não aliviou a dura perspectiva para a política monetária que havia surpreendido o mercado, na semana passada, no comunicado sobre a manutenção, conforme esperado, da Selic em 13,75% ao ano - sem qualquer sinal de alívio à frente, mesmo com estreitamento de crédito, aqui, e dificuldades no sistema bancário, no exterior. Na ata de hoje, "alguma flexibilização do discurso se deu apenas na discussão do cenário fiscal", aponta em nota Sergio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, especialista em política monetária.

"Além de o Comitê ter reconhecido que a execução do pacote apresentado pelo Ministério da Fazenda atenua os estímulos sobre a demanda (reduzindo o risco de alta sobre a inflação de curto prazo), destacou que a materialização de arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno, através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos", aponta Goldenstein.

"O que me chamou a atenção foi o grau de explicação, principalmente, em torno da questão das expectativas, metas de inflação e o canal de transmissão entre a política monetária e a economia", observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research. "O Copom deixou claro que não alterará o plano de voo da política monetária enquanto não houver uma sinalização clara de ancoragem das expectativas em horizontes mais longos e uma redução do risco fiscal, que passa por um novo arcabouço fiscal crível", acrescenta.

Durante evento com prefeitos nesta tarde em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a reforma tributária é um dos caminhos necessários para que o Brasil recupere tempo na economia, juntamente com a reforma do crédito e a apresentação do novo arcabouço fiscal. "Reforma tributária está no topo das nossas prioridades, talvez entre as 3 ou 5 mais importantes", disse. Segundo ele, o arcabouço fiscal será apresentado ainda nesta semana "para o público e para o Congresso."

Mesmo com a ata do Copom ainda emitindo sinais hawkish, o Bank of America (BofA) reiterou a expectativa de início do ciclo de cortes da Selic em maio, com risco de postergação. O banco espera redução da Selic a 11,0% no fim de 2023. "O estresse no mercado financeiro global e um 'credit squeeze' mais profundo localmente devem pesar na decisão de política monetária à frente", escrevem os estrategistas do BofA David Beker e Natacha Perez em relatório a clientes, reporta o jornalista Cicero Cotrim, do Broadcast. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 101185.09 1.51963

Máxima 101559.17 +1.89

Mínima 99488.19 -0.18

Volume (R$ Bilhões) 2.09B

Volume (US$ Bilhões) 4.05B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 101875 1.52474

Máxima 102055 +1.70

Mínima 99765 -0.58

JUROS

A curva de juros futuros perdeu inclinação na sessão desta terça-feira, 28, resultado do aumento das taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) na parte curta da curva. O movimento refletiu o sinal hawkish do Banco Central na ata do Comitê de Política Monetária (Copom). Para o mercado, o texto confirmou que a autarquia não vê espaço para debater uma redução da Selic no curto prazo.

Como resultado, a taxa do contrato de DI para janeiro de 2024 aumentou de 13,054% no ajuste da véspera para 13,130% no fechamento da sessão, enquanto o DI para janeiro de 2025 avançou de 11,880% para 11,970%. Em contrapartida, o DI para janeiro de 2027 caiu de 12,140% para 12,130%, enquanto o DI para janeiro de 2029 recuou de 12,656% para 12,580%.

"O que vimos foi uma desinclinação da curva de juros hoje, depois da ata reforçar a preocupação do BC com o processo de desancoragem das expectativas de inflação", explica a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack. "A recomposição dos prêmios nos vértices mais curtos está atrelada a essa postura mais dura de combate ao processo inflacionário."

O BC ressaltou, na ata, que eventuais problemas de estabilidade financeira ou crédito não exigiriam resposta de política monetária, mas poderiam ser tratados com instrumentos macroprudenciais. Em outro trecho, informou que não há uma “relação mecânica” entre o arcabouço fiscal e a convergência da inflação, dependente do efeito que a nova regra terá sobre as expectativas.

Horas depois, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, reforçou os recados da ata durante participação em evento do Goldman Sachs, em São Paulo. O dirigente - que acumula também o cargo de diretor de Política Monetária - disse que a desancoragem aumenta o custo da desinflação no País e reforçou que o impacto do arcabouço no cenário dependerá do comportamento das expectativas.

Pesquisa do Projeções Broadcast feita após a divulgação da ata mostra que a mediana das expectativas do mercado ainda indica Selic em 12,75% no fim de 2023. A maior parte das instituições consultadas (35%) espera que o ciclo de cortes comece no terceiro trimestre. Apenas 14% preveem início dos cortes no segundo trimestre - contra 18% na pesquisa pós-Copom de março.

"A ata descontou pontos mais dovish levantados por alguns integrantes do mercado (crise de crédito e fiscal) e reforçou o viés hawkish, se amarrando, quase que por completo, na desancoragem das expectativas", afirma o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi. Após a divulgação do texto, a precificação de Selic embutida na curva subiu para o fim de 2023 (11,97% a 12,05%) e 2024 (11,07% a 12,23%), conforme o analista.

O economista da BlueLine Asset Flávio Serrano calcula que a curva hoje precifica uma probabilidade apenas residual de redução dos juros em maio e cerca de 60% de chance de um corte de 0,25 ponto porcentual da Selic em junho. Nas reuniões seguintes, a precificação é de quedas médias de 0,35 ponto dos juros - que equivale a algo entre 0,25 e 0,50 ponto -, até um nível próximo de 12,0% no fim de 2023.

Durante a tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, prometeu duas vezes entregar a proposta de novo arcabouço fiscal ainda esta semana, após uma reunião “conclusiva” sobre o tema marcada para amanhã. Para Serrano, a publicação da regra pode fazer a curva precificar mais cortes, mas a dinâmica das expectativas é o principal fator que vai determinar a dinâmica dos juros.

“Se tiver uma correção importante no câmbio, pode ajudar. Mas o BC falou que não é mecânica a relação com o arcabouço, que é o quanto ajudar nas expectativas e nos prêmios dos ativos. Como parte da desancoragem é pela chance de mudança da meta, eu acho que o arcabouço não vai fazer que as expectativas caiam, mas podem parar de piorar. Então, um arcabouço mínimo poderia ajudar”, explica.

O Tesouro Nacional vendeu hoje 1.772.200 NTN-B de oferta total de 1,800 milhão de títulos. O risco para o mercado em DV01 ficou 103% maior em relação ao leilão da semana passada, segundo a Warren Rena. O Tesouro também vendeu o lote integral de 500 mil LFT. (Cícero Cotrim - [email protected]).

CÂMBIO

O dólar emendou o terceiro pregão consecutivo de queda firme no mercado doméstico de câmbio nesta terça-feira, 28, e voltou a fechar abaixo da linha de R$ 5,20, em dia marcado por nova onda de enfraquecimento global da moeda americana. Operadores relataram fluxo de estrangeiros para ações brasileiras e ressaltaram a perspectiva de manutenção de taxas reais de juros atrativas por mais tempo após o tom duro da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Entre máxima a R$ 5,1950 e mínima a R$ 5,1490, ambas pela manhã, o dólar fechou cotado a R$ 5,1648, em queda de 0,80%. Com perda de 2,36% nos últimos três pregões, a moeda acumula desvalorização de 1,15% em março e de 2,18% ano. Termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para abril movimento mais de R$ 14 bilhões. Investidores já começam a se posicionar para a disputa da formação da última taxa Ptax de março, na sexta-feira, 31.

O gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, nota que, a despeito das idas e vindas nas últimas semanas, o dólar segue rodando basicamente em uma banda entre R$ 5,00 e R$ 5,30, sem assumir uma tendência mais firme. "Depois da ata do Copom, todas as expectativas estão voltadas para o novo arcabouço fiscal. Há risco de piora forte se houver decepção com o projeto" afirma Galhardo.

À tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que amanhã haverá reunião conclusiva sobre o novo arcabouço fiscal, que será divulgado ainda nesta semana. Instigado a comentar a ata do Copom, Haddad disse que o documento "veio com termos mais condizentes com as perspectivas futuras de harmonização da política fiscal com a política monetária" - tese que é reiteradamente defendida pelo ministro.

Embora tenha dito que não "relação mecânica entra convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal", o Copom afirmou na ata que regras fiscais sólidas e críveis podem "levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativa". O Banco Central identificou "dinâmica inflacionária movida por excessos de demanda", o que mostra necessidade de desaceleração da atividade. "Tal processo demanda serenidade e paciência na condução da política monetária para garantir a convergência da inflação para suas metas", afirma a ata.

"A ata do Copom trouxe uma recomposição nos vértices mais curtos das taxas de juros futuros, o que levou a uma melhora do real, em razão do diferencial de juros entre o Brasil e o exterior", afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, ressaltando que não há, contudo, uma leitura mais otimista para o país que dê força à moeda brasileira.

Para a economista-chefe do Credit Suisse no Brasil, Solange Srour, o fato de o governo não ter intensificado os ataques contra o Banco Central após a publicação da ata do é uma surpresa positiva que explica parte dos ganhos de ativos brasileiros hoje.

"Estou surpresa que a ata não gerou um ataque generalizado ao BC. Vejo isso como positivo, porque aumenta a chance de harmonizar o fiscal e o monetário", afirmou a economista. "Inclusive, acho que é por isso que o câmbio está apreciando hoje, o que mostra como distensionar o clima político é muito importante."

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou o dia inteiro em queda, abaixo da linha dos 102,500 pontos. O dólar também caiu em relação à maioria de divisa de exportadores de commodities e emergentes, com destaque para as perdas de mais de 1% frente ao peso chileno, um dos principais pares do real.

Embora ainda haja preocupações com bancos nos Estados Unidos e na Europa, diminuíram, por ora, os temores de uma deterioração mais aguda do sistema financeiro. Monitoramento da CME mostra o mercado dividido nas apostas entre manutenção da taxa de juros nos EUA ou elevação de 25 pontos-base no encontro de política monetária do Federal Reserve em maio.

"No curtíssimo prazo, a deterioração financeira foi suavizada parcialmente com a assistência de

liquidez do Federal Reserve para bancos regionais, a garantia dos depósitos do banco Silcon Valley e a compra desse banco falido pelo First Citizen, mas ainda existe incerteza sobre as taxas de juros de curto prazo", afirma, em relatório, o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho. (Antonio Perez - [email protected] / com Cícero Cotrim)

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.16480 -0.8009 5.19500 5.14900

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5170.000 -0.66289 5198.000 5151.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5191.500 -1.15194 5207.500 5179.000

MERCADOS INTERNACIONAIS

Mais sensíveis às altas de juros, ações de empresas ligadas à tecnologia tombaram nesta terça-feira e levaram os índices de Nova York para o negativo. Isso aconteceu na esteira do ajuste de expectativas, entre investidores, pelos próximos passos do Federal Reserve (Fed), sendo que as apostas por uma alta de 25 pontos-base na taxa de juros na reunião de maio chegaram a ser maioria hoje. Assim, os rendimentos dos Treasuries avançaram. Por outro lado, o dólar perdeu ante seus dois principais rivais europeus, enquanto os temores do setor bancário arrefecem e banqueiros centrais do Velho Continente continuam reforçando aperto monetário. A divisa americana mais fraca, por sua vez, favoreceu o petróleo no mercado futuro, que também recebeu apoio de aquecimento da demanda global e problemas na oferta.

"As pessoas estão esperando para ver se haverá outra perna para essa história bancária, e há um aspecto de que nenhuma notícia é uma boa notícia", disse o economista-chefe do Citi nos Estados Unidos, Andrew Hollenhorst, ao Wall Street Journal. "Mas se as preocupações com a estabilidade financeira diminuírem um pouco, a atenção se volta para a inflação", completa. Craig Erlam, da Oanda, comenta que a poeira ainda está baixando, e cada dia que passa reconstrói a confiança e permite que os investidores se sintam um pouco mais relaxados.

Diante desse quadro, o foco hoje se voltou para os próximos passos do Fed. O Citi analisa que os mercados têm se concentrado em tensões no setor bancário, porém condições macroeconômicas na economia real não mudaram substancialmente. "A inflação está bem acima da meta, a demanda supera a oferta, e o mercado de trabalho está historicamente apertado. À medida que as questões de estabilidade financeira desaparecem das manchetes, os mercados podem precisar avaliar rapidamente os aumentos do Fed necessários para alcançar a estabilidade de preços", conclui.

Monitoramento do CME Group chegou a mostrar que a possibilidade de uma alta de 25 pontos-base (pb) nos juros pelo BC americano em sua próxima decisão voltava a ser majoritária, em 50,6%. Já a possibilidade manutenção dos Fed funds na faixa atual, entre 4,75% e 5,00%, estava em 49,4%. Ontem, os níveis estavam em 40,2% e 59,8%, respectivamente. "Dados econômicos continuam a reforçar a posição do Fed de que uma política restritiva continua garantida no futuro previsível, e o mercado continua supervalorizando a probabilidade de cortes em 2023", destaca o BMO.

Assim, com a perspectiva de juros de volta aos holofotes, papéis de big techs perderam hoje, com Meta (-1,06%), Alphabet (-1,40%), Apple (-0,40%) e Amazon (-0,82%). O Dow Jones fechou em queda de 0,12%, em 32.394,25 pontos, o S&P 500 recuou 0,16%, a 3.971,27 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 0,45%, a 11.716,08 pontos. Já no fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos tinha alta a 4,043%, o da T-note de 10 anos subia a 3,546% e o do T-bond de 30 anos avançava a 3,762%, este bem perto da estabilidade.

No câmbio, o índice DXY recuava 0,41%, a 102,430 pontos. O dólar cedia a 130,73 ienes, o euro avançava a US$ 1,0850 e libra tinha alta a US$ 1,2346. Na visão do ING, a divergência da política monetária é o que pode estar impulsionando a maior parte da dinâmica cambial, e a forte divergência entre as narrativas do Fed e dos bancos centrais europeus aponta para riscos de queda do dólar. "Podemos definitivamente ver como os banqueiros centrais europeus estão mais confortáveis do que seus colegas dos EUA ao avançar com uma narrativa hawkish", destaca.

Entre os dirigentes do BC americano, o presidente da distrital do Fed de St. Louis, James Bullard, afirmou hoje que a manutenção de uma política macroprudencial apropriada pode conter o estresse financeiro no cenário atual. Já o vice-presidente de Supervisão do Fed, Michael Barr, comentou que o sistema bancário dos Estados Unidos "segue forte e resiliente". Ele também afirmou que o órgão está trabalhando com o governo dos Estados Unidos para "melhorar regras sobre capital e liquidez".

Do outro lado do Atlântico, presidente do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andrew Bailey, disse hoje não acreditar que os recentes transtornos envolvendo bancos na Europa e nos EUA estejam causando estresse no Reino Unido. Ele ainda comentou que a questão do Credit Suisse foi um problema específico do banco suíço. Bailey admitiu, no entanto, que "estamos atravessando um período de tensão elevada e estado de alerta". Já o presidente do Conselho Supervisor do Banco Central Europeu (BCE), Andrea Enria, disse que os recentes transtornos no setor bancário global confirmam que uma "supervisão forte e exigente é mais necessária do que nunca".

Entre as commodities, o petróleo fechou em alta, com sinais de demanda global e problemas na oferta. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI para maio subiu 0,53% (US$ 0,39), a US$ 73,20, enquanto o do Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 0,49% (US$ 0,38), a US$ 78,14.

Para o Commerzbank, os preços do petróleo encontraram suporte nesta semana em notícias indicando aquecimento da demanda global e surgimento de problemas na oferta. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) não deve ajustar a produção de petróleo na próxima semana, informou a Bloomberg. Por outro lado, a China deve expandir suas importações de petróleo bruto. Por fim, a Reuters reportou que a Rússia redirecionou com sucesso todas as exportações do óleo afetadas pelas sanções ocidentais, embora ainda deva manter o corte na produção neste ano. (Letícia Simionato - [email protected])

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