NY TEM FORTE ALTA, MAS QUEDA DE COMMODITIES E CAUTELA LOCAL PESAM EM BOLSA E REAL

Blog, Cenário

O desempenho positivo dos mercados em Wall Street não conseguiu impedir nova rodada de deterioração dos ativos brasileiros, exceção feita aos juros futuros, que devolveram prêmios na esteira da queda do petróleo. Mas foi justamente o recuo da commodity e o motivo pelo qual ocorreu que fizeram Ibovespa e real sofrerem. O aumento de casos de Covid-19 na China, que já decretou lockdown em algumas cidades, trouxe o temor de que a economia do país volte a patinar e, por consequência, afete o crescimento global. Isso reduziria a demanda por matérias-primas, o que ajuda a explicar os tombos superiores a 5% e 7% de minério de ferro e petróleo, respectivamente. No caso deste último, o recuo também teve impulso da expectativa positiva sobre as negociações entre Rússia e Ucrânia para tentar colocar fim ao conflito. Foi isso, aliás, que puxou os índices acionários de Nova York, todos com ganhos entre 1,8% e quase 3%, nesta véspera de decisão do Fed, quando o BC dos EUA deve elevar os juros pela primeira vez desde 2018. Mas as perdas de Vale e Petrobras, bem como as incertezas domésticas com a possibilidade de greve dos caminhoneiros e de medidas com custo fiscal para contornar a alta dos combustíveis, fizeram o Ibovespa cair pelo quarto pregão seguido, desta vez em 0,88%, aos 108.959,30 pontos. Nesses quatro dias, aliás, perdeu 4,33%. O dólar, por outro lado, emendou a quarta sessão de alta diante do real, encerrando esta terça-feira em R$ 5,1591 (+0,76%). A avaliação é de que, além da natural correção técnica diante da baixa das commodities, houve uma pausa no fluxo recente de entrada de recursos no País. Nos juros, entre o tombo do petróleo para abaixo de US$ 100 por barril e o estresse no câmbio, prevaleceu o primeiro fator, ainda mais por reduzir a defasagem nos preços dos combustíveis e, por consequência, a pressão por novos reajustes nas bombas. Assim, os investidores voltaram a precificar chances majoritárias de aperto de 1 ponto porcentual na reunião do Copom de amanhã, bem como devolveram as apostas para o final do ciclo para, no máximo, 14%.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Na sessão que antecede a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), quando é esperado que a autoridade eleve juros pela primeira vez desde o começo da pandemia, as bolsas de Nova York fecharam em alta, enquanto os rendimentos dos Treasuries operaram sem sinal único. Uma elevação de 25 pontos base na taxa de juros do Fed é quase consenso entre especialistas, que veem o aumento com precificado pelos mercados e buscam indicativos sobre a continuidade do aperto monetário. Outro foco de investidores, as negociações sobre a guerra na Ucrânia, prosseguiram, o que pressionou o petróleo, que perdeu a marca de US$ 100, também observando as perspectivas para a covid-19 na China. O país vem adotando uma série de restrições para tentar conter o vírus, o que levanta temor sobre o impacto no crescimento global. Neste quadro, o dólar teve uma sessão volátil, e operou sem sinal único ante rivais.

O Citi espera que o Fed eleve em 0,25 ponto porcentual os juros na reunião de amanhã. Mas a escalada da inflação é tão substancial nos EUA que o banco prevê que as taxas serão elevadas sete vezes em 2022, com incremento de 0,50 ponto porcentual em maio. "O avanço expressivo dos preços do petróleo e gasolina são sentidos pela economia americana no curto prazo, a ponto de puxar a inflação para uma marca tão alta que demandará um forte sinal pelo Fed de que fará tudo que for necessário para reduzi-la", avalia o Citi. Diante de tal quadro, os rendimentos dos Treasuries operaram sem sinal único, e, ao fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos subia a 1,859%, o da T-note de 10 anos tinha alta a 2,146% e o do T-bond de 30 anos avançava a 2,494%. No câmbio, o dólar operou sem sinal único, e o DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais, teve uma alta de 0,10%, enquanto o euro recuava a US$ 1,0952 no fim da tarde.

Os preços do petróleo recuaram, caindo abaixo de US$ 100 pela primeira vez em três semanas, à medida que a China sofre outro surto de covid-19 e restabelece bloqueios localizados que reduzirão a demanda, aponta a Rystad Energy. O risco é real, e estima-se que um lockdown severo no país poderia colocar em risco 500 mil de barris por dia de consumo de petróleo, aponta a consultoria. O WTI com entrega para abril recuou 6,38% (US$ 6,57), a US$ 96,44, enquanto o Brent para maio baixou 6,54% (US$ 6,99), a US$ 99,91. Para a Capital Economics, o agravamento da pandemia no país ameaça ainda piorar a escassez global, e a abordagem mais rigorosa da para conter surtos de vírus sugere que haverá um impacto maior na atividade lá.

Quanto à Ucrânia, o presidente do país, Volodymyr Zelensky, disse serem nebulosas as respostas sobre a aspiração da Ucrânia em integrar a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), já que não teve respostas da aliança. A não adesão é uma das demandas da Rússia para uma resolução do conflito. Hoje, o embaixador de Moscou na ONU, Vasily Nebenzya, afirmou que um cessar-fogo está na mesa de negociações. No entanto, segundo ele, o acordo só deve ser aprovado quando a Ucrânia aceitar as condições impostas pela Rússia. Por outro lado, o presidente Vladimir Putin acusou hoje a Ucrânia de não "demonstrar atitude séria" nas negociações por uma solução. As declarações foram feitas em conversa com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, que pediu a retirada das tropas russas da Ucrânia. Na próxima semana, o presidente dos EUA, Joe Biden, irá a Europa, onde vai participar de reuniões da Otan e do Conselho Europeu.

Segundo Edward Moya, analista da Oanda, as ações em Nova York avançaram diante da pressão econômica e política por um cessar-fogo no conflito, além da queda nos preços do petróleo. Levando em conta as perspectivas para os combustíveis, as aéreas dispararam. American Airlines (+9,26%), Delta Air Lines (+8,70%) e United Airlines (+9,19%) tiveram algumas das principais altas do dia. Ao fim da sessão, o Dow Jones avançou 1,82%, o S&P 500 subiu 2,14% e o Nasdaq teve alta de 2,92%. Já na Europa, o quadro foi misto, com o FTSE MIB avançando 0,31% em Milão e o FTSE 100 recuando 0,25% em Londres. (Matheus Andrade - [email protected])

BOLSA

Preocupações com relação à China em meio a novo avanço da covid-19, e a política de "zero caso" perseguida pelo governo chinês com retomada de restrições sociais, somam-se à falta de evolução palpável entre Rússia e Ucrânia por uma solução diplomática para o conflito no leste europeu, combinação que sustenta o tom menor visto na B3, onde o Ibovespa estendeu hoje série negativa pelo quarto dia seguido - as três últimas com correção diária acima de 1%.

Nesta terça-feira, mesmo com ganhos que chegaram a 2,92% em Nova York - colocando os três índices de referência no positivo neste começo de semana -, o Ibovespa fechou em baixa de 0,88%, a 108.959,30 pontos. Como ontem, no menor nível de encerramento desde 24 de janeiro (107.937,11). Hoje, oscilou entre mínima de 107.780,86 pontos, menor nível intradia desde 25 de janeiro (107.185,38), e máxima de 109.924,54 pontos, da abertura. O giro ficou em R$ 35,8 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa cede 2,47% e, no mês, 3,70% - no ano limita os ganhos a 3,95%. Nas últimas quatro sessões, acumulou perda de 4,33%.

"O fator positivo do dia foi que a queda das commodities deu uma segurada nos DIs. Há muita atenção amanhã para os sinais que virão do Copom e do Fed, especialmente os do BC americano: no início do ano, a expectativa de mercado era por três ou quatro aumentos em 2022, e agora já se precificavam sete elevações", diz Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest. "Os dados da China, sobre produção industrial e vendas do varejo (em janeiro e fevereiro), foram bons, acima do esperado, mas a atenção está agora na retomada de lockdown em Shenzhen, importante centro financeiro do país, o que está produzindo reflexo generalizado nas commodities, principalmente o petróleo", acrescenta.

A Monte Bravo Investimentos chama atenção para desdobramentos recentes na esfera doméstica e também na externa: o Ministério Público solicitou ao Tribunal de Contas da União (TCU) a apuração de possível interferência indevida do governo na política de preços da Petrobras; e o corte, ontem, pelo Morgan Stanley, da projeção de PIB para a China no primeiro trimestre de 2022, em 0,6 ponto porcentual, após o novo surto de covid-19 no país, que resultou em retomada de restrições em algumas grandes cidades, com potencial de afetar o ritmo da economia como um todo e a demanda por matérias-primas - bem como a perspectiva para os preços.

Os novos casos diários de covid-19 na China mais que dobraram, alimentados por surto cada vez pior no nordeste de Jilin, o que fez com que as autoridades proibissem as viagens de ou para a província e restringissem a movimentação de milhões de residentes.

Neste cenário de incerteza, o mercado se mantém "tenso" e passa a focar a "super-quarta", com decisões de política monetária, amanhã, no Brasil e nos Estados Unidos, aponta Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo. "O recuo das commodities, de todas elas, especialmente o petróleo, negociado hoje abaixo de US$ 100 por barril, mas também dos grãos, teve impacto direto nos DIs, todos no campo negativo (na sessão), com algum arrefecimento da percepção sobre a inflação", diz Madruga.

Na ponta negativa do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para Magazine Luiza (-8,63%), após a divulgação de resultados trimestrais abaixo do consenso, na noite de ontem. Com o ajuste nas commodities, especialmente no minério de ferro (em queda de 5,23% em Qingdao, na China), o índice de materiais esteve entre os punidos do dia. Logo após Magalu, destaque nesta terça-feira para CSN Mineração (-5,30%), Gerdau PN (-4,54, na mínima do dia no fechamento), Usiminas (-4,29%) e CSN (-4,19%). Na ponta oposta, Azul (+6,91%), Petz (+5,87%), Cielo (+5,33%) e Natura (+5,16%).

Nos segmentos de maior peso no índice, o dia foi negativo tanto para Petrobras (ON -1,86%, PN -2,42%) e Vale (ON -2,87%) como para as ações de grandes bancos, com perdas mais moderadas, limitadas a 1,33% na sessão (Unit do Santander).

"Entre os 107,8 mil e os 110 mil pontos, o Ibovespa se mantém em indefinição. Se perder, em fechamento, suporte na zona de 107,5 a 108 mil pontos, tende a buscar os 105 mil e os 103 mil, antes de eventualmente convergir para os 100 mil pontos. Por outro lado, precisará de uma vela forte acima dos 110 mil para chegar aos 115,9, 116 mil pontos, limiar a partir do qual firmaria tendência de alta, que chegou a ser vista este ano. Mas é preciso de notícia boa para levar pra cima, o gráfico não opera sozinho", diz Farto, da Renova Invest. (Luís Eduardo Leal [email protected])

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 108959.30 -0.88087

Máxima 109924.54 -0.00

Mínima 107780.86 -1.95

Volume (R$ Bilhões) 3.57B

Volume (US$ Bilhões) 6.97B

17:29

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 109510 -1.14642

Máxima 110620 -0.14

Mínima 108570 -1.99

CÂMBIO

O dólar à vista fechou em alta pelo quarto pregão seguido na sessão desta terça-feira (15) e atingiu o patamar de R$ 5,15. Operadores atribuem a perda de fôlego do real, que vinha exibindo o melhor desempenho entre as divisas emergentes, a uma correção técnica induzida pela baixa das commodities. Novo surto de covid na China lança dúvidas sobre a demanda global e parece se esgotar o excesso especulativo em torno dos preços das matérias-primas provocado pela eclosão da guerra na Ucrânia. O preço do minério de ferro fechou em baixa superior a 5% no porto de Qingdao, na China. As cotações do petróleo caíram mais de 6% no mercado internacional, rompendo o piso de US$ 100.

Nas mesas de operação, avalia-se que a parte mais expressiva do movimento de rotação global de portfólios (que resultou em forte fluxo de capitais para o Brasil nos dois primeiros meses do ano) pode ter ficado para trás. As bolsas americanas voltam a exibir desempenho superior ao Ibovespa, que não encontra forças para se manter acima dos 110 mil pontos. A expectativa em torno do tom do comunicado da decisão de política monetária do Federal Reserve, que deve anunciar amanhã (16) uma alta de juros em 0,25 ponto porcentual, e as incertezas relacionadas aos desdobramentos do conflito no leste europeu também contribuem para a postura mais cautelosa dos agentes.

Pesa ainda contra a moeda brasileira a percepção de deterioração dos fundamentos domésticos, com alta contínua das expectativas inflação e piora da percepção fiscal diante de propostas para subsidiar combustíveis. O presidente Jair Bolsonaro cutucou a direção da Petrobras ao dizer, hoje à tarde, esperar que a empresa "acompanhe a queda do preço [do petróleo] lá fora" nos últimos dias. "Com toda certeza fará isso daí", disse o presidente.

Tirando uma pequena baixa nos primeiros minutos dos negócios, o dólar trabalhou em alta ao longo de todo pregão, renovando máximas à tarde, quando atingiu R$ 5,1691. No fim da sessão, era cotado a R$ 5,1591, avanço de 0,76%. Apenas dois últimos pregões, a moeda já subiu 2,08% e, assim, passou a apresentar sinal levemente positivo em março (+0,07%). No ano, ainda tem baixa de 7,48%.

As máximas do dólar à tarde coincidiram com leve aceleração da alta do DXY - que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis divisas fortes - para a casa dos 99,100 pontos. Na contramão do real, a maioria das divisas emergentes ganhou força em relação ao dólar.

"O dólar sobe e a bolsa cai com um movimento forte de correção das commodities. Havia a expectativa de que a China fosse recuperar a intensidade de crescimento após a Olimpíada de Inverno, mas o país enfrenta agora novo lockdown", diz Charo Alves especialista da Valor Investimentos, ressaltando que há também uma acomodação dos preços das commodities após a alta exponencial provocada pela guerra.

Para o gestor da Vitreo Rodrigo Knudsen, o real passa por uma correção técnica, com investidores retomando posições defensivas às vésperas da decisão do Fed. Há apreensão em torno da possibilidade de o BC americano acenar com uma postura mais agressiva daqui para frente, prejudicando o desempenho das divisas emergentes.

Pela manhã, saiu o índice de preços ao produtor (PPI) nos EUA em fevereiro, que apresentou alta de 0,8%, abaixo da expectativa dos analistas (0,9%). Já o núcleo do PPI, que exclui energia e alimentos, subiu 0,2%, ritmo bem inferior ao esperado (0,6%).

"Com os juros locais cada vez mais altos, o dólar tenderia a cair e até ficar abaixo de R$ 5, mas o momento é de correção. O mercado está buscando hedge (proteção) com essa questão do Fed e a continuidade da guerra. É um movimento mais técnico que fundamentalista", afirma Knudsen, acrescentando que o tombo das commodities e o estresse interno em torno dos preços dos combustíveis também dão suporte aos compradores.

Por aqui, a expectativa majoritária do mercado é que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anuncie amanhã à noite uma alta da taxa Selic em 1 ponto porcentual, para 11,75% ao ano, e deixe a porta aberta para continuidade do ciclo de aperto. Analistas avaliam que o nível expressivo da taxa real brasileira e a manutenção de um diferencial de juros interno e externo ainda elevado tendem a amenizar eventuais movimentos de depreciação do real. (Antonio Perez - [email protected])

17:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.15910 0.7637 5.16910 5.09410

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5187.500 0.68905 5195.500 5119.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5191.000 0.01927 5191.000 5191.000

JUROS

A baixa nos preços das commodities, principalmente do petróleo, sustentou os juros em queda durante toda a sessão desta véspera de decisão do Copom, tendo como efeito um alívio na precificação da curva para a Selic. A probabilidade de aumento de 1 ponto porcentual na decisão de amanhã voltou a ser majoritária na curva, enquanto a projeção de taxa para o fim do ciclo também refluiu. Com o barril do Brent voltando a ser negociado abaixo de US$ 100, a leitura é de que a pressão para novos repasses da Petrobras para os combustíveis diminui, podendo dar algum alívio nas expectativas de inflação e reduzindo o risco de paralisação dos caminhoneiros e de soluções fiscais heterodoxas para os preços.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular em 13,12%, de 13,288% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 encerrou em 12,93% (mínima), de 13,216%. O DI para janeiro de 2025 também fechou na mínima, de 12,43%, ante 12,683% ontem. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 12,25%, de 12,502%. Profissionais relatam ainda queda consistente nas taxas de inflação implícita, que, a exemplo dos DIs, também vinham acumulando alta nas últimas semanas, com a do DAP indicando IPCA 2022 acima de 7%.

Os preços do petróleo caíram mais de 6%, em meio à expectativa de um saída negociada para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e o aumento de casos de Covid na China provocando aperto nas medidas de isolamento social. Parte das matérias-primas agrícolas e metálicas também cederam, como o minério, que caiu mais de 5%.

Cássio Andrade Xavier, gestor de renda fixa da Sicredi Asset, lembra que, desde que a guerra começou, a variação das commodities é praticamente o que tem comandado os movimentos da curva, pelos potenciais impactos nos preços de alimentos e energia. Na semana passada, saíram ainda o IPCA de fevereiro - muito ruim -, reajuste da Petrobras e ameaça de greve dos caminhoneiros, numa espécie de combo do mal que agora pode se desfazer se houver normalização das commodities. "O ponto dominante parece ser a China, tanto pela questão do lockdown quanto pela guerra", disse Xavier, lembrando que os Estados Unidos alertaram o país asiático sobre as consequências de um apoio militar à Rússia.

Internamente, o mercado também vê com bons olhos as tentativas, até o momento frustradas, de soluções para os preços de combustíveis que não sejam fiscalmente responsáveis. O governo negou ontem a possibilidade de elevar temporariamente o valor do Auxílio Brasil, enquanto a de zeragem do PIS e Cofins sobre a gasolina, que poderia gerar renúncia fiscal na casa dos R$ 30 bilhões, lançada pelo presidente Jair Bolsonaro no fim de semana, parece ter perdido força.

Amanhã o Copom decide sobre a Selic, e a chance de aumento de 1 ponto porcentual, o que levaria a taxa a 11,75%, voltou a ganhar terreno e ser majoritária na precificação da curva. Segundo cálculos da Greenbay Investimentos, a probabilidade, que ontem era de 55%, hoje avançou para 75%, enquanto a chance de alta de 1,25 ponto passou de 45% para 25%. Para o fim do ciclo, a curva aponta Selic entre 13,75% e 14,00%, do intervalo ontem entre 14,00% e 14,25%.

Nos Departamentos Econômicos, as expectativas para a Selic terminal são menos agressivas do que nas mesas de operação, ainda que os economistas sigam revisando para cima suas projeções. Hoje, o Citi elevou sua estimativa, de 12,75% para 13,25%, enquanto a Terra Investimentos ajustou seu número para 12,75%, de 12,5%.

A despeito da queda da commodities, o cenário permanece com alto grau de incertezas, o que é visto como um argumento favorável a que o Copom opte por esticar o ciclo em vez de concentrar as doses. Seria um plano de voo mais prudente até pelo atual estágio do ciclo de aperto monetário. "Iremos monitorar com atenção a evolução do barril e em especial a decisão de taxa de juros amanhã pelo Banco Central, que tende a subir 100 pontos-base, valor que entendemos como insuficiente para ancorar as expectativas que se deslocaram no último relatório Focus", diz André Prefeito, economista-chefe da Necton Investimentos. Para ele, o movimento do petróleo não deve gerar cortes de preços no Brasil, lembrando que há pouco tempo o contrato do Brent era cotado a US$ 139,00. "Não devemos ver recuo de preços no país, uma vez que há ainda alguma diferença entre os preços domésticos e externos", comentou. (Denise Abarca - [email protected])

17:29

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 11.61

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 10.65

Over Selic (%a.a) 10.65

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