A subida forte de ações de tecnologia na etapa da tarde levou os índices Nasdaq e S&P 500 a fecharem no azul nesta quarta-feira, com reflexo em um algum fôlego também no Ibovespa. Notícias sobre o desenvolvimento de inteligência artificial do Google fizeram as ações da Alphabet saltarem 4% e serviram de gatilho para a retomada do setor tech como um todo. Desde cedo, as condições macro para o segmento eram favoráveis, já que a desaceleração maior do que a prevista do índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos em base anual consolidou as apostas de que o Federal Reserve pausou o seu aperto monetário e pode dar início ao ciclo de queda em setembro, com reflexo na queda dos juros dos Treasuries. Mas os temores com o desaquecimento econômico americano bloqueavam uma performance melhor dos índices. Embora esses não tenham se dissipado, ao menos deram lugar à narrativa das techs no fim do pregão. O Nasdaq avançou 1,04% e o S&P 500 ganhou 0,45%. O Dow Jones recuou 0,09%. Internamente, além do fôlego externo, foi vista também recuperação de ações de bancos. O Ibovespa conseguiu, desta forma, o quinto avanço consecutivo, aos 107.448,21 pontos (+0,31%). Os juros e o câmbio locais mantiveram as tendências vistas desde a manhã: queda consolidada, em linha com pares externos. Na renda fixa, a quarta entrevista do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, após a sua indicação para a diretoria de Política Monetária do Banco Central foi assimilada hoje com viés de baixa para as taxas na hora final da sessão. À BandNews TV, ele sancionou as apostas de corte da Selic embutidas na curva de juros, mas se recusou a projetar uma trajetória para a taxa de referência. "Já não fazia projeção como secretário-executivo, e muito menos como indicado", disse. Ele também ressaltou que sua produção acadêmica não é identificada com a nova teoria monetária, chamada de MMT. O DI para janeiro de 2025 recuou a 11,685%. Afora uma alta muito limitada e pontual nos primeiros minutos de negócios, quando registrou máxima a R$ 4,9901 (+0,05%), o dólar operou em baixa firme ao longo do pregão. No encerramento, a moeda à vista estava em R$ 4,9499 (-0,75%).
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•BOLSA
•JUROS
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MERCADOS INTERNACIONAIS
O avanço do setor de tecnologia em Nova York conduziu o Nasdaq a um ganho de 1% no pregão e se contrapôs a queda dos bancos, que pesou no Dow Jones. Alphabet emergiu como particular destaque da sessão, após o anúncio de novos produtos que incorporam a inteligência artificial ao Google. As techs foram apoiadas por expectativas de cortes de juros do Federal Reserve (Fed) este ano, renovadas após a desaceleração da taxa anual da inflação ao consumidor (CPI) em abril. Por outro lado, as perspectivas de relaxamento monetário pressionaram os rendimentos dos Treasuries e o dólar, prejudicados também pelo impasse sobre o teto da dívida americana. Neste contexto, o crescente risco de calote da maior economia do planeta elevou o Credit Default Swap (CDS) de 12 meses dos EUA a nível superior ao de várias economias emergentes, entre elas Brasil e México. Já o petróleo caiu mais de 1% nesta sessão, diante de preocupações com a demanda da commodity.
Amazon (+3,35%) e Google (+4,10%) lideraram a alta do setor de tecnologia, esta última após notícias de que integrará recursos de inteligência artificial generativa em seu mecanismo de pesquisa e lançará um chatbot para facilitar os serviços de computação na nuvem. Ainda no setor, Microsoft subiu 1,73% e Apple avançou 1,04%, enquanto Meta recuou 0,12%. O movimento contrabalançou o peso de bancos e petroleiras, levando as bolsas de Nova York a encerrarem mistas. No final da tarde, o índice Dow Jones caiu 0,09%, a 33.531,33 pontos; o S&P 500 subiu 0,45%, a 4.137,64 pontos; e o Nasdaq avançou 1,04%, a 12.306,44 pontos.
Entre bancos, o First Citizens manteve a tendência de alta (+7,45%) na esteira de salto no lucro durante o primeiro trimestre, revelado por balanço corporativo divulgado nesta manhã. Western Alliance (+1,97%) e JPMorgan (+0,05%) também acompanharam o movimento positivo, na contramão de outras empresas do setor: o Bank of America caiu 1,23%, o Goldman Sachs recuou 0,68% e o PacWest cedeu 0,49%. Segundo levantamento da Ortex obtido pelo Broadcast, operadores ganharam cerca de US$ 1,84 bilhão utilizando estratégia de vendas a descoberto contra bancos regionais na semana passada, em meio à venda do First Republic Bank ao JPMorgan. Os bancos First Horizon e Western Alliance geraram os maiores lucros, conforme as estimativas. Bancos americanos têm culpado a estratégia pelas recentes turbulências no setor e requisitado ação de órgãos reguladores dos Estados Unidos.
Já as petroleiras, entre elas Exxon Mobil (-1,28%) e Chevron (-1,28%), sofreram pressão com a queda nos preços do petróleo, que devolveu hoje parte dos ganhos obtidos nas últimas três sessões consecutivas. O TD Securities aponta que o mercado de energia começou a precificar os riscos de uma recessão nos Estados Unidos, o que poderia afetar a demanda pela commodity. Além disso, investidores acompanharam um aumento inesperado nos estoques de petróleo dos EUA, conforme relatório semanal do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês). No fechamento, o petróleo WTI para junho caiu 1,56% (-US$ 1,15), a US$ 72,56 por barril, e o Brent para julho recuou 1,33% (-US$ 1,03), a US$ 76,41 por barril.
A baixa no petróleo ocorreu apesar do enfraquecimento do dólar no exterior, após a divulgação do CPI dos Estados Unidos. O índice de preços desacelerou de 5,0% em março a 4,9% em abril na taxa anual, abaixo da projeção de analistas consultados pelo Projeções Broadcast, o que renovou expectativas de cortes de juros do Fed em setembro. Por volta das 17 horas (de Brasília), as apostas majoritárias(51,4%) para as taxas básicas em setembro recaíam sobre a faixa de 4,75% a 5,00% e, em segundo lugar (29,0%), sobre o intervalo de 4,50% a 4,75%, enquanto a chance de que elas estejam no nível atual de 5,00% a 5,25% era de 19,3%, segundo plataforma de monitoramento do CME Group. Os números representam uma ampliação na expectativa de relaxamento monetário em relação a ontem. Ainda, o CME Group demonstrou crescimento nas apostas de manutenção das taxas em junho, de 78,8% ontem para 93,9% hoje, contra apenas 6,1% de chance de alta de 25 pontos-base.
No horário citado, o dólar caía a 134,35 ienes, o euro subia a US$ 1,0985 e a libra tinha alta a US$ 1,2628. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,13%, a 101,477 pontos.
Esta perspectiva também pressionou os juros dos Treasuries e, no final da tarde, o retorno da T-note de 2 anos caía a 3,903%, o da T-note de 10 anos baixava a 3,436% e o do T-bond de 30 anos diminuía a 3,797%.
O BMO nota que o mercado também está monitorando o impasse sobre o teto da dívida dos EUA e que a "ansiedade" relacionada ao tema está crescendo. O risco crescente de um calote da dívida soberana dos EUA elevou o Credit Default Swap (CDS) de um ano do país a 163,42 pontos-base nesta quarta-feira, nível superior ao de várias economias emergentes, entre elas Brasil, México e Peru, de acordo com dados do FactSet. (Laís Adriana - Contato: [email protected])
BOLSA
O Ibovespa resistiu em terreno positivo pela quinta sessão seguida, igualando série entre 24 e 30 de março, quando saiu de 97,9 mil, no encerramento do dia 23, para os 103,7 mil pontos. Agora, tenta se consolidar em patamar mais alto, aos 107 mil, reconquistado ontem em fechamento pela primeira vez desde 23 de fevereiro - e preservado hoje mais uma vez sem a contribuição de Nova York, que operou com viés indefinido, tendendo ao negativo em boa parte da sessão.
Por lá, persiste cautela quanto à elevação do teto da dívida pública, ainda não decidida. Assim, o sinal no fechamento foi misto em Nova York (Dow Jones -0,09%, S&P 500 +0,45% e Nasdaq +1,04%), em sessão na qual a atenção também esteve concentrada, pela manhã, na leitura sobre a inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em abril. O dado trouxe desaceleração no mês, o que ajuda pelo lado dos juros deliberados pelo Federal Reserve, mas traz incerteza quanto ao ritmo de atividade na maior economia, ainda sob risco de recessão na visão do mercado, aponta Judah Nunes, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.
Conforme observa Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos, a inflação acumulada ficou abaixo de 5% (ao ano) pela primeira vez em dois anos. "No entanto, continua forte e historicamente alta. O resultado de abril demonstrou que os preços mensais ao consumidor [nos EUA] ainda estão subindo, com destaque para o setor de serviços, especialmente aluguéis", ressalva o analista.
Aqui, mais acomodado, o índice de referência da B3 subiu hoje 0,31%, aos 107.448,21 pontos, ainda no maior patamar de encerramento desde 23 de fevereiro (107.592,87), operando nesta quarta-feira entre mínima de 106.538,01 e máxima de 107.744,37, maior nível intradia desde 12 de abril (108.277,02). Como ontem, o giro financeiro voltou a se enfraquecer, a R$ 22,0 bilhões, após a reaproximação do limiar de R$ 30 bilhões vista na última sexta e na segunda-feira. Na semana, o Ibovespa sobe 2,19% e, no mês, 2,89%, limitando a perda do ano a 2,08%.
"Boa notícia o Ibovespa estar sustentando recuperação, o que mostra uma melhora da percepção sobre o cenário macro: nos últimos meses, quando subia, a devolução vinha rápido. Muita coisa já foi para o preço dos ativos e, é provável, o pior parece ter ficado para trás. Com o arcabouço fiscal avançando em plenário, de preferência com algumas alterações corretivas que possam aprimorá-lo, o caminho vai se abrindo para juros mais baixos", diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.
"O noticiário político também tem melhorado, com declarações dadas por Arthur Lira [presidente da Câmara] defendendo aperfeiçoamento no arcabouço fiscal, no qual o não cumprimento da meta traga, de fato, consequências mais pesadas", observa Matheus Sanches, sócio e analista da Ticker Research.
"Investidores seguem atentos a essa questão, dado que um arcabouço crível pode contribuir para a redução do risco fiscal, aumentando a confiança dos agentes econômicos na sustentabilidade das contas públicas, com efeito para os juros, bolsa, câmbio e a economia como um todo", diz Antonio Sanches, da Rico.
Na B3, a sessão foi negativa para as ações do setor metálico, em nomes como Vale (ON -1,88%) e Gerdau (PN -3,14%), que ainda acumulam perdas no mês (-4,20% e -3,22%, respectivamente), mas a resiliência mostrada em boa parte da sessão por Petrobras em dia negativo para a commodity - ainda que enfraquecida no fim do dia (ON +0,18%, PN -0,24%) - contribuiu para o Ibovespa, assim como o desempenho dos bancos, com Itaú (PN +1,47%), Santander (Unit +1,31%) e BB (ON +1,30%) à frente.
Na ponta do Ibovespa, destaque nesta quarta-feira para Yduqs, que saltou 23,80%, com balanço acima do esperado para o primeiro trimestre, em que o destaque foi a redução da dívida líquida, o que abre caminho para um ano sólido para a empresa, na avaliação do Bank of America. O desempenho de Yduqs puxou o de outra empresa do segmento de educação, Cogna, em alta de 6,98% no fechamento, em sessão positiva também para MRV (+6,54%), do setor de construção. No canto oposto do Ibovespa, Cielo (-3,50%), Gerdau (-3,14%) e JBS (-2,75%).
"Ativos cíclicos e que tinham caído muito nos últimos meses continuaram, hoje, em recuperação, com destaque para o setor educacional", diz Matheus Sanches, da Ticker Research. "Caso a perspectiva de queda de juros e de avanço de reformas se materialize, setores como tecnologia, varejo e construção civil devem continuar subindo nas próximas semanas, inclusive apoiados por dados econômicos acima das expectativas aqui no Brasil, como, por exemplo, o número de produção industrial divulgado hoje pela manhã." (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Caroline Aragaki)
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 107448.21 0.31233
Máxima 107744.37 +0.59
Mínima 106538.01 -0.54
Volume (R$ Bilhões) 2.20B
Volume (US$ Bilhões) 4.44B
18:03
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 108935 0.26231
Máxima 108990 +0.31
Mínima 107600 -0.97
JUROS
A curva de juros futuros achatou-se nesta quarta-feira, 10, em sessão marcada por quedas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) médios e, mais acentuadamente, longos, diante da desaceleração da inflação anual nos Estados Unidos. O índice de preços ao consumidor (CPI) menor que o esperado no acumulado de 12 meses reforçou a avaliação de que o Federal Reserve (Fed) encerrou o ciclo de aperto monetário e pode começar a cortar juros já em setembro, o que derrubou os rendimentos dos Treasuries e o dólar e favoreceu o rali das taxas domésticas.
Na comparação com o ajuste de terça-feira, 9, a maior parte dos contratos de juros futuros fechou em baixa, com quedas nos vencimentos de janeiro de 2025 (11,763% para 11,685%), 2027 (11,608% para 11,465%) e 2029 (12,019% para 11,850%). O spread entre os DIs para janeiro de 2025 e janeiro de 2029 caiu de 25,6 para 16,5 pontos-base, o menor desde a última sexta-feira (14,4 pontos). Em contrapartida, o contrato para janeiro de 2024 avançou de 13,246% para 13,265%.
O recuo dos Treasuries - de 8 a 11 pontos-base nos vencimentos de dois, cinco e dez anos até o fechamento dos DIs - balizou a queda das taxas domésticas ao longo da sessão, enquanto agentes do mercado observavam os sinais positivos da inflação americana na passagem de março para abril, tanto no CPI cheio (5,0% para 4,9%), quanto no núcleo do índice (5,6% para 5,5%). As medianas da pesquisa Projeções Broadcast indicavam taxas de 5,0% e 5,5% para as leituras, respectivamente.
Os resultados fortaleceram no mercado a avaliação de que o Fed não só encerrou o de aperto monetário nos Estados Unidos na semana passada como pode iniciar um ciclo de afrouxamento em breve. Na comparação com esta terça-feira, o monitoramento do CME Group mostra aumento na chance de manutenção dos juros americanos na faixa de 5,0% a 5,25% em junho (78,77% para 99,63%), enquanto a aposta em um corte da taxa dos Fed Funds em setembro tornou-se majoritária, com probabilidade de 80,14%.
"Sem dúvida, grande parte do rali de juros do mercado doméstico é por causa desse otimismo com a queda de juros lá fora", diz a estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patricia Pereira. "O mercado ficou muito otimista vendo uma desaceleração da inflação dos Estados Unidos, o que acabou fazendo não só a curva americana fechar, mas ajudou a nossa curva a fechar e levou a essa valorização de quase 1% do real."
A estrategista lembra que a ausência de notícias domésticas acabou atrelando o desempenho do mercado local ainda mais ao exterior, especialmente após o relator da proposta de novo arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), ter afirmado em entrevista à GloboNews que aguarda devolutivas do Poder Executivo e os desdobramentos de negociações para apresentar o parecer.
Na última hora de negócios, os DIs chegaram a tocar as mínimas da sessão durante entrevista do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, à BandNews TV. O indicado para a diretoria de Política Monetária do Banco Central sancionou as afrouxamento monetário embutidas na curva de juros, mas se recusou a fazer projeções sobre a taxa Selic, alvo de críticas do governo. "Já não fazia projeção como secretário-executivo, e muito menos como indicado", afirmou.
Galípolo repetiu que tem bom diálogo com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e voltou a dizer que seu papel será de facilitar a relação entre BC e Fazenda, de forma a harmonizar as políticas fiscal e monetária. Ele negou ainda que sua produção acadêmica seja ligada à Teoria Monetária Moderna (MMT, na sigla em inglês).
O mercado observou ainda a queda das commodities no exterior, em especial a baixa do petróleo, que tem potencial desinflacionário. A matéria-prima foi enfraquecida diante de incertezas sobre a demanda, após aumento inesperado dos estoques nos Estados Unidos e por temores de recessão na maior economia do mundo. Houve baixa de 1,33% do barril do Brent, para US$ 76,41. O contrato é a referência de preços para a Petrobras. (Cícero Cotrim - [email protected])
Volta
CÂMBIO
O dólar emendou nesta quarta-feira, 10, o segundo pregão consecutivo de queda no mercado doméstico de câmbio, em dia marcado por sinal predominante de baixa da moeda americana no exterior. Leitura do índice de inflação ao consumidor nos EUA em abril não apenas reforçou a perspectiva de pausa no aperto monetário pelo Federal Reserve em junho como alimentou apostas em cortes da taxa americana a partir de setembro.
Afora uma alta muito limitada e pontual nos primeiros minutos de negócios, quando registrou máxima a R$ 4,9901 (+0,05%), o dólar operou em baixa firme ao longo do pregão. Com mínima a R$ 4,9391 (-0,97%), a moeda fechou em queda de 0,75%, cotada a R$ 4,9499. Apesar de dois recuos seguidos, a divisa ainda acumula leve valorização na semana (+0,13%), em razão do avanço de 1,37% na segunda-feira.
No exterior, o índice DXY - que mede o comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em baixa ao longo do dia e furou a linha dos 101,500 pontos, com perdas mais fortes da moeda americana frente ao iene. O dólar caiu na comparação com a maioria das divisas de países exportadores de commodities emergentes, com destaque para as perdas de mais de 1% em relação ao peso mexicano.
Nos EUA, os números do CPI e de seu núcleo - que exclui itens voláteis como alimentos e energia - vieram em linha com o esperado por analistas em abril. Na comparação anual, o índice subiu 4,9%, enquanto a expectativa era de 5%. Já o núcleo do CPI marcou alta de 5,5%, de acordo com o consenso do mercado e com leve desaceleração na comparação com março (5,6%).
"Parte do movimento do dólar aqui é por fator externo. A leitura de inflação esta corroborando a narrativa de pausa do Fed na alta de juros. Outras moedas emergentes também estão se apreciando frente ao dólar", afirma o economista Rafael Rondinelli, do banco Modal, que vê espaço para uma rodada de queda da taxa de câmbio.
Segundo Rondinelli, o real tende a ser favorecido pelos superávits comerciais elevados, em especial com exportações de soja e minério de ferro, e a manutenção de um diferencial de juros interno e externo ainda elevado nos próximos meses, o que estimula as operações de "carry trade". O economista do Modal ressalta que o real apresenta um desempenho abaixo de seus pares nos últimos anos, em razão de prêmios de risco associados à turbulência política e a incertezas em relação às contas públicas.
"A redução da incerteza no cenário fiscal com o novo arcabouço, ainda que não tão forte quanto o desejado pelo mercado, pode abrir espaço para maior apreciação do real", diz Rondinelli, que mantém ainda projeção de dólar a R$ 5,25 no fim do ano, mas com viés para baixo. "Provavelmente, o Banco Central terá espaço para reduzir juros antes do Fed, o que vai diminuir o diferencial de juros e o câmbio pode voltar um pouco".
Em entrevista à BandNews quando o mercado de câmbio spot já estava fechado, o secretário-executivo do ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, indicado pelo governo Lula à diretoria de Política Monetária do Banco Central, disse que não faz projeções sobre a política monetária, mas pontuou que a curva de juros futuros local já mostra que pode haver cortes da Selic no segundo semestre.
Pela manhã, o relator do projeto do novo arcabouço fiscal, deputado Claudio Cajado (PP-BA), disse, em entrevista à Globo News, que o texto está concluído e aguarda apenas o retorno do governo. Há possibilidade de que o parecer seja divulgado amanhã, o que abriria possibilidade de votação na próxima semana.
Estudo elaborado pelo departamento de estudos econômicos do Bradesco, com base em metodologia chamada de "controle sintético do câmbio", mostra que a taxa de câmbio poderia estar ao redor de R$ 4,70 se o real tivesse se comportado como seus pares desde janeiro de 2020.
O Bradesco mantém projeção de taxa de câmbio em R$ 5,00 no fim deste ano, mas observa vetores que apontam para um real mais apreciado, "podendo até alcançar um nível próximo pelo exercício do controle sintético".
"A apresentação do arcabouço fiscal reduziu os riscos de cauda do cenário. Assim, sua aprovação e o cumprimento das metas fiscais também podem ajudar na apreciação do real à frente", afirmam os economistas do banco. (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.94990 -0.7539 4.99010 4.93910
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DOLAR COMERCIAL FUTURO 4968.500 -0.83824 5012.000 4959.500
DOLAR COMERCIAL 5053.000 09/05