NY PIORA, MAS BOLSA RESISTE E FECHA EM 108 MIL PONTOS, ENQUANTO DÓLAR CEDE A R$ 5,46

Blog, Cenário

A piora dos mercados em Nova York, à tarde, não impediu os ativos brasileiros, sobretudo Bolsa e real, de exibirem ganhos robustos, em um movimento de apetite por risco favorecido pela alta das commodities e pelo já elevado nível de juros no País, com perspectivas de ir além. Esse comportamento, que tem se repetido nos últimos dias, compensa parte do que se viu no ano passado, quando os ativos brasileiros apanharam e foram preteridos ante o de outros países. Assim, com a alta de Vale e siderúrgicas, o Ibovespa subiu 1,26%, aos 108.013,47 pontos, voltando a níveis que não eram vistos desde meados de dezembro do ano passado. Um cenário bem distinto do que se passa em Wall Street, onde as bolsas até ensaiaram ganhos mais cedo, mas sucumbiram à tarde e registram perdas acumuladas de até 8,34% neste ano, como é o caso do Nasdaq. Tudo porque o investidor começa a colocar nos preços uma política monetária mais dura por parte do Fed, uma vez que a inflação não dá sinais de alívio. No câmbio, a boa vontade do investidor com a Bolsa e a volta de algumas operações pontuais de carry trade jogaram o dólar para baixo de R$ 5,50 por aqui, terminando com desvalorização de 1,70%, a R$ 5,4659, menor valor desde 12 de novembro. Hoje, até mesmo declarações do ex-presidente Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto, em favor de uma chapa com Geraldo Alckmin foram, de alguma forma, bem recebidas. A combinação de dólar fraco e alívio nos yields dos Treasuries, após terem batido nas máximas em anos, permitiram uma importante retirada de prêmios da curva de juros brasileira, sem que mudasse, no entanto, as apostas em nova elevação de 1,50 ponto porcentual para a Selic na próxima reunião do Copom.

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BOLSA

De ontem para hoje, o Ibovespa passou de 106 mil para 108 mil pontos, acentuando as melhores leituras desde meados de dezembro, a despeito de piora do humor externo, que coloca as perdas em Nova York em até 8,34% em 2022, no caso do Nasdaq, mais afetado pela perspectiva de elevação de juros nos Estados Unidos. Retardatária no ano passado, a referência da B3 corre atrás do tempo perdido, acumulando ganho de 3,04% em janeiro, com forte recuperação em ações de commodities (Petrobras ON +11,56%, PN +10,69%, Vale ON +13,15%) e de bancos (Itaú PN +12,18%, Bradesco PN +9,95%), segmentos com grande peso no índice e favorecidos, respectivamente, pela retomada de preços das matérias-primas e pelo viés de alta para os juros.

Nesta quarta-feira, o Ibovespa subiu 1,26%, aos 108.013,47 pontos, entre mínima de 106.668,94 e máxima de 108.601,77 pontos, com giro financeiro a R$ 29,3 bilhões e emendando o segundo ganho diário. Na semana, o índice sobe 1,02%, enquanto as perdas em Nova York variam entre 2,46% (Dow Jones) e 3,72% (Nasdaq) no mesmo intervalo. Com aproximação de nova temporada de balanços trimestrais, o mercado local, com um fim de ano marcado por vendas efetivadas por investidores domésticos, tanto os institucionais como pessoas físicas, para os estrangeiros, tenta voltar a olhar um pouco mais para os fundamentos, ante os descontos que se acumularam.

"O cenário macro falou mais alto do que o micro, nesse momento de aumento de juros e incerteza eleitoral", diz Ygor Altero, head de Real Estate da XP, ao comentar prévias operacionais positivas para o setor de construção, com o segmento de baixa renda demonstrando "resiliência", em alguns casos até com recorde de vendas, e o de médio e alto padrão com algumas prévias "tendendo mais para o neutro", com parte dos nomes mostrando um pouco de dificuldade para fazer "crescer velocidade de vendas". "Muita gente esperava queda de velocidade de vendas mais acentuada, no segmento de média e alta", acrescenta.

Na ponta do Ibovespa nesta quarta-feira, destaque para o setor de varejo, com Americanas ON (+9,90%), Lojas Americanas (+9,41%) e Magazine Luiza (+7,13%), logo atrás de Locaweb (+12,65%), em retomada na sessão após ceder 10,61% ontem. Destaque também para recuperação da Unit de Banco Inter (+8,70%) e para avanço de Cyrela (+7,59%). No lado oposto, Embraer (-2,79%), Cogna (-2,22%), Azul (-1,33%), Yduqs (-1,32%) e Minerva (-1,30%). Entre as blue chips, Vale ON fechou hoje em alta de 2,20%, com Petrobras em pausa na recuperação (ON -0,93%, na mínima do dia no fechamento; PN -0,47%), assim como boa parte das ações de grandes bancos (BB ON +0,88%, Unit do Santander +0,19%, Bradesco PN -1,26%, Itaú PN -0,68%).

O petróleo segue nos maiores níveis em sete anos, com o Brent alcançando hoje a marca de US$ 89 e o WTI, de quase US$ 88 por barril, nas respectivas máximas do dia, o que contribui para reforçar as incertezas quanto à inflação global e à reação dos BCs nas maiores economias.

"Resta ver se toda essa volatilidade faz sentido pelo que está por vir, com muita coisa acontecendo em juros e commodities, desde ontem. É preciso ver o que é risco e o que é real", diz Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, chamando atenção para o avanço, na terça-feira, do yield americano de 10 anos a 1,87%, no maior nível em dois anos - hoje, chegou a bater em 1,89%, mas se acomodou à faixa de 1,82% a 1,84%.

Mais cedo, os rendimentos do Tesouro americano subiam, mas "encontraram forte resistência no nível de 1,90% (para a T-note de 10 anos)", observa em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York. "Para que os rendimentos continuem a subir, Wall Street precisará da confirmação adicional do Fed de que 5 aumentos nas taxas de juros estão na mesa e que a redução do balanço patrimonial pode ter um escoamento de US$ 500 bilhões este ano", acrescenta.

"A forte pressão inflacionária deve resultar em aumento de juros provavelmente no mundo todo. Na Europa, o rendimento de 10 anos dos títulos públicos da Alemanha ficou acima de zero pela primeira vez desde 2019. Inflação ainda é o tema do momento", diz Helder Wakabayashi, analista da Toro Investimentos.

"A inflação segue no centro das atenções, e agora foi a vez do Reino Unido apresentar dado de inflação acima do esperado, fechando o ano de 2021 no maior nível dos últimos 30 anos. O mercado começa a projetar uma política monetária mais restritiva à frente, por parte do Banco Central do país", aponta Antônio Sanches, especialista da Rico Investimentos. Por outro lado, observa Sanches, "a China segue na contramão do mercado", com o BC sinalizando estímulos à economia e à expansão do crédito, o que tem contribuído para a recuperação dos preços de commodities, como o minério de ferro. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:20

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 108013.47 1.26169

Máxima 108601.77 +1.81

Mínima 106668.94 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.92B

Volume (US$ Bilhões) 5.32B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 108750 1.16279

Máxima 109320 +1.69

Mínima 107570 +0.07

MERCADOS INTERNACIONAIS

Wall Street fechou no vermelho nesta quarta-feira, com ações do setor financeiro liderando a queda, apesar do desempenho melhor que o esperado nos lucros do Bank of America e Morgan Stanley no trimestre passado. O índice Nasdaq chegou a tocar território de correção, às vésperas da análise, pelo Senado americano, da legislação antitruste que terá como foco as gigantes de tecnologia. Na renda fixa, os juros dos Treasuries chegaram ao fim da tarde em queda, após terem registrado mais cedo o maior valor em dois anos. Já o petróleo avançou, com a menor oferta da commodity e enfraquecimento do dólar ante rivais, e renovou sua máxima em 7 anos. A mudança climática e a transição para um modelo econômica mais sustentável estiveram no foco das discussões no Fórum Econômico Mundial e também foram tema de evento que contou com a participação do presidente do Banco Mundial, David Malpass.

Os papéis do Bank of America e do Morgan Stanley subiram 0,39% e 1,83%, respectivamente hoje, depois dos bancos apresentarem resultados melhores do que o previsto para o quarto trimestre de 2021. No mesmo setor, porém, Goldman Sachs (-2,00%), JPMorgan (-1,55%), Citigroup (-1,62%) e Wells Fargo (-1,98%) recuaram. Recentemente, os três primeiros informaram ter tido menor lucro no último trimestre do ano passado do que em igual período de 2020. A UnitedHealth viu suas ações subirem 0,36%, após seu lucro ter superado as expectativas do mercado, e a Procter & Gumble avançou 3,36%, pela mesma razão.

No início da tarde, o Nasdaq chegou a acumular 10% de queda frente ao último pico, em novembro passado, e entrou em território de correção. Amanhã, um painel do Senado americano deve analisar uma legislação sobre o controle das 'big techs'. A medida antitruste visa impedir que as gigantes da tecnologia deem preferência para seus próprios bens e serviços nas plataformas online. As ações de Meta (+0,41%) e Microsoft (+0,24%), enquanto Alphabet (-0,65%), Apple (-2,10%) e Amazon (-1,65%) recuaram neste pregão. No fechamento, Nasdaq caiu 1,15%, o Dow Jones cedeu 0,96% e o S&P 500, 0,97%.

Neste cenário, e de olho nas apostas de aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed), as T-notes de 2 e 10 anos renovaram, pelos segundo dia consecutivo, suas máximas em cerca de dois anos. Os juros foram a 1,079% e 1,898%, respectivamente. Ao longo do dia, porém, perderam forças: o retorno da T-note de 2 anos chegou ao fim da tarde em queda de 1,034%, o da T-note de 10 anos cedia a 1,842% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa para 2,154%.

Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta e renovaram suas máximas em sete anos, em meio às preocupações com oferta da commodity. Um oleoduto que liga a Turquia ao Iraque e transporta até 450 mil barris por dia explodiu hoje. Recentemente, houve cortes inesperados na Líbia, Equador e Casaquistão por impasses políticos, pontua a Rystad Energy. Questões entre Rússia e Estados Unidos, por conta da Ucrânia, também podem impulsionar a demanda por petróleo, afirma a consultoria. Em relatório mensal, a Agência Internacional de Energia (AIE) projeta que a demanda pela commodity deve superar os níveis pré-pandemia ainda neste ano. O petróleo Brent para março subiu 1,06% (US$ 0,93), a US$ 88,44 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE), enquanto o WTI para o mesmo mês avançou 1,14% (US$ 0,97), a US$ 85,80 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex).

A baixa do dólar também contribuiu para a negociação das commodities. O índice DXY, que mede a divisa americana ante seis rivais, caiu 0,23%, a 95,510 pontos. No horário citado, o euro subia a US$ 1,1353 e a libra, a US$ 1,3624.

Em evento virtual organizado pelo Instituto Peterson para Economia Internacional (PIEE, na sigla em inglês), Malpass, do Banco Mundial, disse que o ciclo de aperto monetário no mundo deve trazer riscos às economias emergentes. Segundo ele, dada a "anomalia histórica" de juros baixos em países desenvolvidos, o fluxo de capital se dá por outros fatores, o que prejudica os emergentes. "Problemas de desigualdade devem se estender por anos", afirmou.

No Fórum Econômico Mundial, que excepcionalmente ocorre virtualmente, o enviado especial dos EUA para o Clima, John Kerry, projetou que se todas as medidas da COP26 forem cumpridas, a temperatura global deve subir 1,8 °C em relação aos níveis pré-industriais - acima do objetivo de 1,5°C do Acordo de Paris - e frisou a importância do setor privado para financiar a chamada "transição verde". O tema também esteve nos discursos de outros líderes globais que participaram do evento hoje, como o chanceler da Alemanha Olaf Scholz, que reforçou a meta do país de atingir a emissão neutra de carbono em 2045.

Para combater os impactos da crise climática, o presidente da Colômbia, Ivan Duque, disse que o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) deveria ter mais recursos para elevar o financiamento de tais projetos na América Latina. (Ilana Cardial - [email protected])

Volta

CÂMBIO

Em dia marcado por enfraquecimento global da moeda americana, o dólar à vista apresentou forte queda no mercado doméstico de câmbio, fechando abaixo do patamar de R$ 5,50 pela primeira vez desde 16 de novembro do ano passado. O real, que costuma ter desempenho inferior ao de seus pares, apresentou hoje os maiores ganhos entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities.

Segundo analistas ouvidos pelo Broadcast, ao pano de fundo externo positivo, marcado por valorização das commodities e recuo do yield dos Treasuries, somaram-se peculiaridades locais. O Ibovespa, em patamares atrativos e com peso relevante de commodities, é um forte chamariz para investidores estrangeiros em meio às altas do petróleo e do minério de ferro. Além disso, o Brasil promove um ajuste mais forte da política monetária e exibe juros bem mais atraentes que outros emergentes, o que estimula operações de carry trade.

"Estamos vendo o ingresso de mais ou menos R$ 1 bilhão de estrangeiro por dia para a Bolsa, motivado pela valorização das commodities", diz Bruno Mori, economista e planejador financeiro CFP pela Planejar. "Há um fluxo grande de estrangeiro atrás de oportunidades. É puxado principalmente por ações, mas também tem dinheiro vindo para aproveitar os juros altos", afirma Pieter Carvalho, economista da Valor Investimentos

Já em queda desde a abertura, o dólar à vista rompeu a faixa R$ 5,50, considerada uma relevante barreira técnica e psicológica, no fim da manhã, provando reversão de posições compradas (que apostam na alta da moeda americana). Rapidamente, a divisa emendou uma sequência de baixas adicionais, descendo para a casa de R$ 5,46. Na mínima, atingiu R$ 5,4588 (-1,83%).

No fim do dia, o dólar à vista recuava 1,70%, a R$ 5,4659, menor valor de fechamento desde 12 de novembro, quando encerrou a R$ 5,4569. Foi também o maior tombo porcentual em um único pregão desde a última sessão de 2021, dia 30 de dezembro, quando recuou 2,06%.

Além de aspectos técnicos e da atratividade dos ativos domésticos, operadores citaram um componente extra que contribuiu para o desempenho da moeda brasileira: declarações em tom conciliador do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que reforçou a disposição de ter o ex-governador paulista como companheiro de chapa, na construção de uma frente ampla no pleito de outubro. "Eu não terei nenhum problema se tiver que fazer uma chapa com o Alckmin para ganhar as eleições e para governar esse país", disse Lula, em entrevista coletiva a sites.

"As declarações do ex-presidente Lula ajudaram. O candidato líder nas pesquisas diz que é necessário ter uma aliança ampla, o que incluiria o centro e até o campo de centro-direita. Uma base como essa deixaria o discurso menos radical, o que agrada o mercado financeiro", afirma Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos.

O Banco Central informou que o fluxo cambial registrado em janeiro, até o dia 14, ficou negativo em US$ 1,196 bilhão, com entradas líquidas de US$ 674 milhões pelo canal financeiro e saída de US$ 1,871 bilhão via comércio exterior. Esses números não abrangem os últimos dias, o que explica o aperto ainda modesto, embora positivo, do lado financeiro.

A economista e especialista em câmbio do Banco Ourinvest, Cristiane Quartaroli observa que o ambiente externo é positivo para todas as divisas emergentes, em meio à alta das commodities, e que houve hoje uma queda das taxas dos Treasuries, aliviando as pressões observadas ontem. "O leilão de swap cambial do BC pode ter dado um empurrão adicional para a queda do dólar por aqui", afirma Quartaroli, ressaltando que a agenda de indicadores foi fraca.

O Banco Central vendeu no fim da manhã a oferta integral de 17 mil contratos de swap cambial (US$ 750 milhões), em operação já programada para rolagem dos contratos que vencem em março.

A despeito do desempenho positivo do real, analistas dizem que é cedo para falar em uma rodada mais forte de apreciação da moeda brasileira. "Essa queda do dólar é motivada pela alta das commodities e fluxo para a bolsa. Isso pode se reverter a qualquer momento. E a alta de juros nos Estados Unidos tende a fortalecer o dólar", diz Mori, da Planejar. "Devemos ter ainda muita volatilidade no câmbio com as eleições aqui e com o aumento de juros no exterior", diz Morelli, da Davos. (Antonio Perez - [email protected])

18:27

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.46590 -1.6978 5.55270 5.45880

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5454.000 -2.29308 5567.000 5452.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5518.000 -1.55219 5541.000 5518.000

JUROS

A correção nos rendimentos dos Treasuries e a queda do dólar globalmente conduziram as taxas de juros a um forte alívio na sessão desta quarta-feira. Não que os fundamentos tenham mudado, mas, à medida que o investidor externo aparou os excessos, o local viu espaço para fazer o mesmo, diante da agenda de indicadores minguada. No começo da tarde, os DIs tiveram baixa adicional, atribuída à sinalização do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - líder das pesquisas para a corrida ao Planalto este ano - à união com o centro e a centro-direita.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passou de 12,097% ontem a 12,015% (regular) e 12,045% (estendida). O janeiro 2025 foi de 11,473% a 11,26% (regular) e 11,28% (estendida). O janeiro 2027 recuou de 11,452% a 11,24% (regular) e 11,29% (estendida). E o janeiro 2031 caiu de 11,571% a 11,37%(regular) e 11,45% (estendida).

Que o Federal Reserve ajustará sua política monetária em breve e pode endurecer ainda mais o discurso contra a inflação ninguém tem dúvidas. Também não há sinalizações, até o momento, de mudanças no plano de voo do Banco Central brasileiro, que está com um tom firme para reancorar as expectativas de inflação. Mas a agenda mais fraca, lá fora e aqui, deu espaço para apagar excessos.

Ontem, por exemplo, a T-note de 10 anos caminhou até perto de 1,88% na máxima, maior taxa desde o pré-pandemia. Hoje, no encerramento dos negócios em Nova York, ela estava em 1,842%. Globalmente, o dólar caiu, com o DXY - que mede a moeda americana contra seis pares fortes - a 95,5 pontos, de 95,8 pontos no pico de ontem. Aqui, a moeda à vista cedeu a R$ 5,4659 (-1,70%), menor valor de fechamento desde 12 de novembro.

"O que ocorreu hoje foi bem na linha de uma correção de um movimento de exagero, uma correção técnica. A tendência [para taxas externas] é altista, mas ontem esse movimento foi um pouco exacerbado", comenta o operador e economista da Nova Futura, André Alírio.

O profissional lembra ainda que a curva de juros doméstica também já está sujeita aos humores da corrida eleitoral deste ano. Dessa forma, declarações de Lula hoje mais cedo circularam entre agentes do mercado e até alguns deles atribuíram a elas um alívio adicional nas taxas no começo da tarde.

Em entrevista a blogueiros independentes, o petista se mostrou aberto a compor uma chapa com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (sem partido) e fez afagos aos tucanos Fernando Henrique Cardoso e José Serra. Ele também disse que, se for necessário, está disposto a fechar acordos com o centro e a centro-direita.

"O discurso do Lula é menos agressivo, menos de esquerda, e colaborou com o tom positivo nos mercados", afirma o gerente de renda fixa de uma corretora paulista, que pediu anonimato. "Mas o determinante tem sido mesmo o exterior", pondera o profissional.

O economista-chefe da Necton, André Perfeito, discorda dessa percepção do mercado. "Não se trata da fala de Lula (se bem que o fato do mercado achar que é diz muito do mercado no atual momento), mas antes da leitura de que o Fed irá controlar a inflação subindo os juros e simultaneamente diminuindo seu balanço. Se isso se confirmar, a diminuição do balanço tem efeito análogo à uma política monetária contracionista, o que faria, em tese, que os juros não tivessem de subir tanto", avalia, em nota.

Em termos de precificação dos próximos passos do BC brasileiro, as apostas de alta de 1,50 ponto porcentual da Selic (como expresso na comunicação recente da autarquia) seguem amplamente majoritárias, na casa dos 80%. Os dados são do modelo do professor Alexandre Cabral.

Para esta quinta-feira, o único destaque da agenda doméstica é o leilão do Tesouro. Serão ofertadas LTNs para 1º/4/2023, 1º/4/2024 e 1º/7/2025 e NTN-Fs para 1º/1/2029 e 1º/1/2033. As quantidades são conhecidas amanhã cedo. (Mateus Fagundes - [email protected])

17:07

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 9.91

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

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