NY PIORA E LIMITA GANHOS DA BOLSA, ENQUANTO REAL SUCUMBE E JUROS TOMBAM COM INDÚSTRIA

Blog, Cenário

O comportamento ainda mais negativo do mercado norte-americano durante a tarde contaminou os ativos domésticos, que só não pioraram mais porque ainda reverberam, em alguma medida, o otimismo com a aprovação da PEC dos Precatórios no Senado. Mesmo assim, no caso da Bolsa, restou bem pouco do avanço visto pela manhã, enquanto o real sucumbiu. Apenas os juros futuros seguiram trajetória própria, devolvendo mais prêmios. O desempenho dos principais índices de ações em Wall Street, sobretudo do Nasdaq, que caiu 1,92%, foi afetado pela cautela em relação aos próximos passos do Fed no momento em que a variante ômicron da covid-19 recheia os negócios de incertezas. Os dados mais fracos de emprego dos EUA, conhecidos antes da abertura das praças por lá, chegou a apaziguar a expectativa de que o banco central americano encurte o tapering e suba antes os juros. Mas isso durou pouco, na medida em que outros indicadores de atividade vieram acima do esperado e o discurso hawkish dos dirigentes do Fed não deu trégua. Tudo isso posto, o mercado passou, inclusive, a precificar chances de os juros subirem em maio nos EUA. Com tanta pressão negativa, o Ibovespa, que chegou a se aproximar dos 107 mil pontos pela manhã, acabou com avanço mais modesto, de 0,58%, aos 105.069,69 pontos, com a PEC dos Precatórios garantindo os ganhos de 2,78% na semana. No câmbio, o dólar ganhou impulso globalmente e o real não conseguiu escapar da força que sugou os pares. Assim, a moeda americana teve valorização de 0,35%, a R$ 5,6798. E não teve alívio fiscal que desse jeito: na semana, acumulou alta de 1,50%. Enquanto isso, os juros futuros caíram, e não foi pouco. Afinal, apesar da pressão externa, a atividade fraca, reforçada ontem pelo PIB e hoje pela queda da produção industrial, e a redução das incertezas fiscais trouxeram convicção aos agentes de que o Banco Central não fará nada além de manter o ritmo de alta da Selic em 1,5 ponto porcentual.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os mercados internacionais digeriram o relatório de empregos misto dos Estados Unidos ao longo do dia. Encerrando uma semana com o noticiário voltado para a variante ômicron, Wall Street fechou no vermelho, puxada pela queda nas ações de tecnologia e aéreas. Apesar do desempenho positivo no início do dia, os juros dos Treasuries viraram e terminaram em queda, de olho em comentários hawkish do Federal Reserve (Fed). Os contratos futuros do petróleo ficaram mistos, enquanto investidores absorvem notícias da Organização de Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+). No câmbio, o dólar recuou ante rivais. Além disso, o G7 reafirmou seu compromisso de US$ 100 bilhões a países de baixa renda para transição climática.

O Wells Fargo observa que esta semana foi marcada por preocupações com a cepa ômicron do coronavírus. Fora as recentes falas hawkish de Jerome Powell, presidente do Fed, o payroll divulgado hoje deixou a desejar no quesito "máximo emprego" do banco central americano. O resultado pode deter o Fed de acelerar o ritmo do tapering, como vem sendo sinalizado, diz o Wells Fargo.

Na avaliação da Stifell, porém, o recuo em um mês não deve prejudicar os planos do Fed de reduzir as compras de ativos e nem de acelerar tal processo. Ainda assim, a leitura "morna" do dado de hoje lembra os investidores e autoridades do banco central que, apesar de grandes avanços e melhorias, os riscos e a incerteza permanecem, diz a empresa.

Em novembro, os EUA tiveram criação de 210 mil postos de trabalho, bem abaixo do previsto por analistas. Por outro lado, a taxa de desempregou recuou de 4,6% a 4,2% e a participação na força de trabalho aumentou de 61,6% a 61,8%. O Conference Board avalia que o resultado demonstra uma perspectiva incerta para o mercado de trabalho, uma vez que há riscos crescentes com a nova cepa do coronavírus. Em entrevista ao Broadcast, publicada às 16h08, o economista-chefe da Moody's Analytics, Mark Zandi, prevê que os EUA devem registrar crescimento de 4% no Produto Interno Bruto de 2022, além de retomar o pleno emprego, apesar das preocupações com a ômicron.

Entre indicadores, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços nos EUA teve resultados contrastantes. Pela leitura do IHS Markit, o dado caiu de 68,7 para 58,0, mas ficou acima da previsão de analistas. Enquanto na do ISM, o índice subiu de 66,7 para 69,1 e contrariou expectativa de queda do mercado. Houve reação marginal dos investidores.

Em Nova York, os principais índices acionários caíram. O Dow Jones recuou 0,17%, a 34.580,08 pontos, o S&P 500, 0,84%, a 4.538,43 pontos, e o Nasdaq caiu 1,92%, a 15.085,47 pontos. As ações da Tesla caíram 6,42%%, depois do CEO Elon Musk anunciar que vendeu mais US$ 1 bilhão em ações. Apple (-1,17%), Facebook (-1,14%), Microsoft (-1,97%) e Amazon (-1,38%) também recuaram. A American Airlines cedeu 4,59% e foi acompanhada por outras aéreas. Os bancos também tiveram perda de cerca de 2%, como o Goldman Sachs (-1,24%).

Já na renda fixa, os retornos dos Treasuries aceleraram alta após o payroll. Ao longo da sessão, porém, com maior cautela entre os operadores, os juros viraram para o negativo. Próximo ao horário de fechamento, o juro da T-note de 2 anos caía 0,595%, o da de 10 anos recuava 1,364% e o do T-bond de 30 anos tinha baixa de 1,692%. De acordo com o CME Group, as apostas de alta de juros pelo Fed na reunião de 04 de maio de 2022 se tornaram majoritárias.

O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, esteve no holofote entre os dirigentes hoje. Bullard defendeu uma política mais hawkish pela instituição e reforçou que é muito cedo para avaliar impacto da ômicron. O presidente Joe Biden reiterou acreditar que as medidas de restrições anunciadas ontem são suficientes para conter o avanço da covid-19.

Também de olho na nova cepa, os contratos do petróleo ficaram sem sinal único. Depois de operarem a maior parte da sessão no azul, os ativos perderam fôlego próximo ao horário de fechamento. O petróleo WTI para janeiro caiu 0,36% (US$ 0,24), a US$ 66,26 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mês seguinte subiu 0,30% (US$ 0,21), a US$ 69,88 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na semana, os ativos acumularam perdas de 2,77% e 2,39%, respectivamente. Investidores ainda absorvem a decisão da Opep+ de manter aumento de oferta em 400 mil barris por dia. Para a Capital Economics, a Organização deixou aberta a oportunidade para alterar sua política no próximo encontro, no início de janeiro.

O dólar ficou misto ante rivais. No horário citado, o euro caía a US$ 1,1306 e a libra, a US$ 1,3230, enquanto o dólar cedia a 112,78 ienes. O índice DXY teve leve baixa de 0,04%, a 96,117 pontos.

Também hoje, o G7 reiterou seu compromisso com a iniciativa global <i>Build Back Better</i>, em US$ 100 bilhões para que países de baixa e média renda ampliem investimento em infraestrutura, visando resiliência climática e emissão líquida zero de gases efeito estufa. (Ilana Cardial - [email protected])

BOLSA

O Ibovespa conseguiu manter o sinal positivo e defender a linha dos 105 mil pontos na reta final mesmo com a queda forte dos índices da principal praça em que se espelha, Nova York. Durante a sessão desta sexta-feira, as ordens de compra dadas pelos investidores ainda refletiam um sentimento de alívio com o destravamento e aprovação, ontem no Senado, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios.

Logo pela manhã o indicador do mercado acionário da B3 subiu à máxima em direção aos 107 mil pontos, mas o movimento esfriou durante a tarde. A ampliação das incertezas com relação aos efeitos na economia pela variante ômicron do coronavírus, com grande impacto no mercado acionário externo hoje, acabou pesando localmente.

Ainda assim, o Ibovespa fechou em alta de 0,58%, aos 105.069,69 pontos e ganhos semanais de 2,78%. O giro financeiro ficou em R$ 33 bilhões.

Pedro Galdi, analista de investimentos Mirae Asset Corretora, ressalta que, no início desta semana, haviam "dois bodes na sala", sendo as negociações da PEC dos Precatórios e a variante ômicron. O primeiro, a resolução da fonte de financiamento para o Auxilio Brasil, que era a parte mais nervosa para o mercado, foi tirado da sala com a aprovação pelo Senado. "E isso abriu espaço para a recuperação local", diz. Mas o segundo, a incerteza a respeito da nova cepa do coronavírus, ainda está presente e tem pesado nos mercados, principalmente porque mostrou que tem poder de contágio grande, podendo se sobrepor à delta, que atualmente está afetando a Europa.

Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, ressalta que o mercado já se ajustou à PEC e que agora as atenções recaem sobre o Orçamento de 2022. "O efeito da PEC positivo e sobrepujou até dados ruins de atividade, como PIB e a produção industrial". Hoje pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção industrial caiu 0,6% em outubro ante setembro.

Do lado negativo, Bandeira complementa que os investidores, hoje, principalmente externos, estão ressabiados de que essa possibilidade de alastramento do coronavírus traga consequências para as economias. Segundo ele, pesou notícia do Reino Unido, onde a área de infectologia é bem conceituada, de que o grupo de Conselho Científico para Emergências (Sage, na sigla em inglês)concluiu que a variante ômicron, identificada pela primeira vez na África do Sul, pode causar uma nova onda de infecções por coronavírus que pode ser ainda maior do que as anteriores.

"O mercado está muito volátil, mudando de direção com velocidade. O nível de incerteza é alto e isso leva às baixas. Por pior que seja a certeza de algo, pelo menos consegue se programar", diz. Na sessão de hoje o Ibovespa oscilou 2.800 pontos entre a mínima (104.090.02 pontos) e a máxima (106.813,73 pontos).

Entre as blue chips, as ações da Petrobras foram destaque na tarde desta sexta-feira, a despeito da indefinição de direção vista nos contratos futuros de petróleo. Os papéis preferenciais encerraram o pregão com ganhos de 1,41%, enquanto os ordinários avançaram 1,86%. Os contratos do petróleo fecharam sem direção única. Na semana, porém, tanto o WTI quanto o Brent acumularem perdas de quase 3%.

As ações mais líquidas do setor financeiro, porém, pesaram negativamente na segunda etapa da sessão de negócios. Bradesco ON recuou 0,29%, Itaú Unibanco PN desceu 0,35% enquanto as Units de Santander perderam 0,44%. Banco do Brasil ON conseguiu reverter a queda no fim do pregão para encerrar o dia em leve alta de 0,12%.(Simone Cavalcanti - [email protected])

18:18

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 105069.69 0.57765

Máxima 106813.73 +2.25

Mínima 104090.02 -0.36

Volume (R$ Bilhões) 3.36B

Volume (US$ Bilhões) 5.95B

CÂMBIO

A instabilidade marcou os negócios no mercado de câmbio doméstico nesta sexta-feira (3), com o dólar trocando de sinal ao longo de todo pregão, influenciado em grande medida pelo mau humor externo. A sessão foi marcada por tombo das Bolsas em Nova York e alta da moeda americana frente a divisas emergentes, em dia de divulgação de dados decepcionantes do mercado de trabalho dos EUA.

Com uma aceleração na reta final, diante da piora do Ibovespa, o dólar encerrou a sessão em alta de 0,35%, a R$ 5,6798, perto da máxima do dia (R$ 5,6828). A mínima, pela manhã, foi de R$ 5,6023. Com o avanço de hoje, a moeda americana encerra a semana em alta de 1,50%, acumulando valorização de 9,46% neste ano.

Analistas destacam que tanto hoje quanto no restante da semana, o real, apesar de ter se depreciado, apresentou desempenho melhor que seus pares entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com o peso mexicano, o rand sul-africano e o rublo.

Boa parte do enfraquecimento do real ao longo da semana se deu em razão, sobretudo, da força global da moeda americana, na esteira de falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, dando conta de que é preciso debater o aumento no ritmo do processo de redução de estímulos (tapering). O tom de Powell surpreendeu o mercado, que esperava um discurso mais ameno, ponderando os eventuais efeitos da variante ômicron sobre a economia americana.

Parte da pressão vinda de fora foi contrabalançada pela diminuição da percepção de risco na área fiscal, com a aprovação da PEC dos Precatórios no Senado, e também pela entrada de recursos para a renda fixa brasileira, como mostraram dados do fluxo cambial. Além de atraíram o investidor estrangeiro, os juros domésticos mais elevados tornam mais custosas as apostas contra o real no mercado futuro e estimulam exportadores a internalizar recursos.

O estrategista da Davos Investimentos, Mauro Morelli, observa que o real se mostra mais resistente aos ventos contrários externos, mas que ainda não é possível avaliar se isso se dá por conta dos juros altos ou é apenas uma recuperação natural, já que a moeda brasileira ainda está bastante desvalorizada.

"O mercado já está precificando pelo menos três aumentos de juros nos Estados Unidos do ano que vem. E o Fed deve efetivamente acelerar o processo de tapering, para ganhar espaço caso precise puxar os juros mais cedo", diz Morelli, ressaltando que o cenário desenhado tem como condicionante os eventuais impactos da variante ômicron sobre a economia global.

O payroll mostrou criação líquida de 210 mil vagas de emprego em novembro, bem abaixo da previsão dos analistas (de 573 mil). O salário médio por hora subiu 0,26%, também aquém das expectativas (0,4%). Já taxa de desemprego caiu de 4,6% em outubro para 4,2% no mês passado, abaixo do consenso do mercado (4,5%).

Houve revisão, porém, dos dados de geração de vagas em outubro (de 531 mil para 546 mil) e setembro (de 312 mil para 378 mil). Além disso, serviram de contrapeso ao payroll fraco de novembro os resultados acima do esperado do setor de serviços e das encomendas à indústria nos EUA.

Com a economia americana dando sinais de vitalidade e a inflação rodando em patamares elevados, a sensação é que o Fed vai mesmo acelerar o tapering, abrindo as portas para uma alta de juros já no primeiro semestre de 2022. Dados do CME Group mostram que é majoritária a aposta em elevação dos juros já em maio do ano que vem.

A presidente da distrital de Cleveland do Fed, Loretta Mester, advertiu que a variante ômicron pode alimentar ainda mais a inflação nos EUA, ao pressionar as cadeias de suprimento. Mester disse que apoiaria a aceleração do tapering, para que o BC americano tivesse mais flexibilidade no ajuste da taxa de juros. O presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, conhecido pelo tom mais duro, foi além e disse que, logo após o fim do tapering, o BC americano deveria reduzir seu balanço - o que significa reduzir a liquidez no mercado.

No front doméstico, chamou a atenção a queda de 0,6% da produção industrial em outubro ante setembro, um dia após a divulgação de queda de 0,1% do PIB na margem no terceiro trimestre. Esse quadro reforça a expectativa de que Banco Central mantenha o ritmo de aperto monetário e eleve a taxa Selic em 1,5 ponto porcentual na semana que vem.

O mercado monitora as negociações em torno da promulgação de trechos da PEC dos Precatórios, aprovada ontem pelo Senado com alterações em relação ao texto que saiu da Câmara dos Deputados. Fontes ouvidas pelo Broadcast disseram hoje que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) teria deixado a decisão sobre a promulgação para segunda-feira (6).

O dispositivo que muda o cálculo do teto e abre espaço de R$ 62,2 bilhões no próximo ano já poderá ser promulgado pelo Congresso. O limite no pagamento de precatórios, por sua vez, que abre uma folga de R$ 43,8 bilhões, foi alterado. A discussão é se a Câmara terá que fazer uma nova votação desse item.

Apesar do alívio com a aprovação da PEC dos Precatórios, Morelli, da Davos Investimentos, não vê arrefecimento significativo do risco fiscal. "Não há menor convicção de que o governo vai parar por aí. Quando o texto estava na Câmara, se falava em reajuste para o funcionalismo. Existe uma vontade de gastar mais em ano de eleição", afirma.

O head de Tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, destaca que o real tem se comportado bem em comparação como uma cesta de moedas emergentes, que inclui o peso mexicano e o rand sul-africano. Weigt atribui boa parte da depreciação do real nos últimos tempos ao fato de o país ter convivido com juros reais negativos e ao aumento do risco fiscal, em meio a ameaça ao teto de gastos e o debate sobre o Auxílio Brasil.

"Com a redução desses riscos, e o aumento na taxa de juros para dois dígitos, a tendência é de valorização do real contra a cesta de moedas nos próximos meses", afirma Weigt, no Twitter.

Na B3, às 18h13, o dólar futuro para janeiro era negociado a R$ 5,68400, em alta de 0,11%, com giro de US$ 11,5 bilhões. (Antonio Perez - [email protected])

18:19

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.67980 0.3498 5.68280 5.60230

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5680.000 0.03522 5718.500 5633.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5723.424 26/11    

JUROS

Os juros futuros acentuaram o movimento de queda visto ontem, limpando exageros na precificação das apostas para a Selic, hoje mais no miolo da curva, onde algumas taxas terminaram com recuo perto de 40 pontos-base. Na esteira do PIB ruim, a produção industrial veio bem pior do que o esperado, reforçando percepção de que a fraqueza da economia deve inibir ajustes mais pesados na taxa básica. A precificação da curva de juros aponta agora 100% de chances de alta de 1,5 ponto porcentual nas próximas três reuniões do Copom. Esse movimento, que veio se consolidando nos últimos dias, levou a curva a ampliar a inclinação negativa desde a sexta-feira passada.

Com o alívio nos prêmios dos últimos dias, algumas taxas a partir de 2025 chegaram ao fim da semana abaixo da casa de 11%. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 fechou em 10,89% (regular e estendida), de 11,265% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 em 10,96% (regular) e 10,94% (estendida), de 11,273% ontem. Novamente com giro de quase 1 milhão de contratos, a taxa do DI para janeiro de 2023 fechou em 11,31% (regular) e 11,29% (estendida), de 11,595% ontem. O spread entre os contratos de janeiro de 2027 e janeiro de 2023 fechou a semana em -35 pontos, ante -19 pontos na sexta passada.

Um dia depois da decepção com o PIB do terceiro trimestre, nas mesas de renda fixa a queda de 0,6% na produção industrial em outubro ante setembro, número perto do piso das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (-0,7%), que tinha mediana de +0,7%, não deixou dúvidas de que, se o Copom fosse endossar as altas da Selic precificadas na curva, iria estrangular ainda mais a economia. "A ideia de um overkill do BC ganhou tração no mercado", disse um gestor.

A indústria vem acumulando quedas na margem há cinco meses, período em que a perda chega a 3,7%. Segundo o IBGE, os resultados negativos estão disseminados entre os setores pesquisados, com as indústrias extrativas (-8,6%) e produtos alimentícios (-4,2%) em destaque no mês passado.

Dado o retrato da economia e avaliação de que a meta de inflação de 2022 já está também praticamente perdida, o mercado se ajusta ao discurso do Banco Central, dado lá atrás, no comunicado da última reunião do Copom e reiterado desde então em declarações dos dirigentes. Para o Banco Fator, na próxima semana, o Copom deve elevar a Selic para 9,25%. "De fato, não há como a inflação desacelerar a tempo de as metas serem exequíveis, avaliação que a comunicação do Copom passou a incorporar, implicitamente, recentemente", afirma o economista-chefe José Francisco de Lima Gonçalves.

Nos cálculos da Greenbay Investimentos, a curva limpou totalmente apostas de aperto de mais de 1,5 ponto, indicando três aumentos desta magnitude nas reuniões de dezembro, fevereiro e março. Para o fim de 2022, projeta Selic entre 11% e 11,50%, de 12% e 12,50% ontem.

Para explicar o movimento da curva, que vinha abrindo muito e passou rapidamente a descontar prêmios, o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, cita o exemplo do jabuti em cima da árvore. "O noticiário vinha piorando na margem e foi assim que o jabuti subiu. Ninguém o colocou lá. E agora está descendo de forma rápida", disse. Para ele, é difícil dizer se a queda das taxas é ou não exagerada porque, mesmo com a PEC dos Precatórios andando, o cenário fiscal ainda é muito ruim, porque os efeitos "vão muito além de 2022". "Ninguém consegue cumprir uma meta de inflação de 3% com descalabro fiscal."

A PEC passou no Senado, onde o governo tem mais divergências do que na Câmara, mas a novela está longe de terminar. Fontes disseram ao Broadcast Político que o texto ainda provoca um impasse nos bastidores das duas Casas.

Com o texto de volta para a apreciação dos deputados, governo articulava o fatiamento da proposta, mas a redação contrariou a cúpula da Câmara por alterar um artigo essencial para a abertura de espaço fiscal em 2022. O Senado diminuiu a vigência do subteto de precatórios de 2036 para 2026 e vinculou os recursos ao Auxílio Brasil e despesas com seguridade social. A estratégia foi blindar a vinculação e forçar a Câmara a aprovar a mudança. (Denise Abarca - [email protected])

18:18

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 8.75

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 7.65

Over Selic (%a.a) 7.65

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