NY PIORA AO PRECIFICAR MAIS JUROS E TIRA FORÇA DOS ATIVOS BRASILEIROS

Blog, Cenário

A piora dos mercados em Wall Street durante a tarde afetou os ativos brasileiros, ainda que sem apagar completamente os ganhos da Bolsa e do real. E não é que algo de novo tenha ocorrido na segunda metade do dia, mas o investidor passou a ponderar as informações positivas e negativas que tinha sobre a mesa, o que resultou em bastante volatilidade para as bolsas em Nova York, até terminaram sem direção única, mas com o Nasdaq amargando perdas de 1,40%. O PIB americano acima do previsto no quarto trimestre chegou a animar os negócios, mas a visão de que isso apenas reforça apostas em um aperto monetário mais duro, ainda mais num dia de balanços aquém do esperado, fez prevalecer a cautela. Assim, o Ibovespa, que chegou a superar os 113 mil pontos na máxima do pregão, acabou com ganho mais modesto, mas não deixou de repetir a dinâmica recente, em que tem se descolado da piora verificada no exterior. A leitura é de que algumas ações brasileiras, após os tombos de 2021, estavam descontadas, a ponto de atrair o investidor, inclusive estrangeiro, num momento de busca por retorno antes do aperto monetário que o mundo deve enfrentar. Assim, o principal índice da B3 teve alta de 1,19%, aos 112.611,65 pontos. E até por conta desse fluxo de recursos para a Bolsa - e também para a renda fixa brasileira -, o real também não sucumbiu totalmente à piora externa. Pela manhã, em meio ao clima global de tomada de risco, o dólar chegou a cair para R$ 5,35, mas a queda ficou limitada, no fim da sessão, a 0,32%, com a moeda valendo R$ 5,4238. E por falar em renda fixa, os juros futuros brasileiros estão mais aderentes ao comportamento internacional. Assim, com a possibilidade de taxas maiores ao redor do mundo, sobretudo nos EUA, além da resiliência dos preços no Brasil e da incerteza fiscal, os retornos dos DIs chegaram a subir mais de 30 pontos, precificando uma Selic perto de 12,50% no fim deste ano.

•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Os mercados internacionais operaram com certa volatilidade nesta sessão. As bolsas de Nova York oscilaram entre perdas e ganhos, mas finalmente fecharam no negativo. Em meio à temporada de balanços, as ações da Tesla, Intel e Boeing pesaram sobre os índices, após publicação de resultados trimestrais. As apostas e projeções atualizadas para aumento dos juros básicos pelo Federal Reserve (Fed) também estiveram no radar. Na renda fixa, os juros dos Treasuries ficaram sem sinal único. De olho no Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos e nas questões geopolíticas na Europa, o dólar se fortaleceu ante rivais, com o índice DXY tendo renovado suas máximas desde meados de 2020. Os ativos das commodities, por sua vez, foram penalizados, com o petróleo fechando próximo à estabilidade no mercado futuro e os metais em queda de até 2%.

A Intel informou lucro acima do esperado no quarto trimestre de 2021. Ainda assim, suas ações caíram 7,04%. As da Tesla recuaram 11,55%, após resultado abaixo do esperado. Hoje, Elon Musk, CEO da Tesla, disse que a empresa não lançará novos modelos este ano para focar no aumento da produção. A Boeing, por sua vez, decepcionou os mercados, ao informar prejuízo de mais de US$ 7 por ação no período, quando analistas esperavam perdas de US$ 0,36 por ação. Seus papéis cederam 2,33% hoje. Após o fechamento dos mercados hoje, o foco passa aos balanços da Apple e Visa.

Já na política monetária, economistas e operadores revisam suas previsões para altas de juros pelo Fed. Ontem, o banco central americano sinalizou que deve fazer o primeiro aumento "em breve" e que há espaço para tanto sem prejuízo ao mercado de trabalho. Após as falas do presidente da instituição, Jerome Powell, que adotou tom hawkish, o BNP Paribas aposta em seis aumentos neste ano e o Deustche Bank, em cinco. A Capital Economics, por sua vez, mantém sua previsão de quatro altas. A consultoria espera que o aperto monetário sustentado pelo Fed leve a uma alta maior do que a esperada da ponta longa dos juros dos Treasuries e do dólar. A casa também aponta que as ações estão sentindo uma pressão renovada.

Assim, Wall Street ficou no vermelho. O Dow Jones caiu 0,02%, o S&P 500, 0,54% e o Nasdaq teve baixa de 1,40%. Os juros dos Treasuries, por sua vez, ficaram mistos. O retorno da T-note de 2 anos subia a 1,183%, o da T-note de 10 anos caía a 1,803% e o do T-bond de 30 anos recuava a 2,086%.

A divisa americana também subiu ante suas principais rivais. O crescimento de 5,7% do PIB americano em 2021, comparado à contração de 3,4% no ano anterior, contribuiu para tal fortalecimento. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) avalia que a recuperação dos EUA foi robusta, enquanto a zona do euro enfrenta uma desaceleração no médio prazo. Próximo ao horário de fechamento em NY, o euro caía a US$ 1,1146, depois de ter atingido seu menor nível desde novembro ante o dólar. A libra cedia a US$ 1,3381 e o dólar avançava a 115,36 ienes. O índice DXY avançava a 0,89%.

Na geopolítica, os olhos seguem voltados para a crise com a Rússia. Porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki disse hoje que as portas ainda estão abertas para uma saída diplomática das atuais tensões. No entanto, reforçou a recomendação para que cidadãos americanos deixem a Ucrânia e afirmou que tropas russas pode invadir o país a qualquer momento. O presidente Joe Biden deve receber o chanceler alemão, Olaf Scholz, no próximo dia 7, para debater a questão.

A alta do dólar somada ao conflito na Europa tiveram reflexos sobre as commodities. O barril do petróleo WTI para março caiu 0,85% (US$ 0,74), a US$ 86,61, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o do Brent para o mês seguinte teve queda de 0,64% (US$ 0,57), a US$ 88,17, na Intercontinental Exchange (ICE). Na análise do Commerzbank, a crise na Ucrânia evitou um recuo maior. Os contratos mais ativos do ouro e do cobre caíram 2%, de olho também nas questões ligadas ao Fed. (Ilana Cardial - [email protected])

Volta

BOLSA

Assim como Nova York, com os três índices de lá revertendo ao negativo, o Ibovespa perdeu parte da força ao longo da tarde, após ter chegado a testar a linha de 113 mil pontos no melhor momento do dia. Ao fim, a referência da B3 ainda mostrava boa alta de 1,19%, aos 112.611,65 pontos, o terceiro avanço consecutivo, em recuperação desde a última segunda-feira, quando encerrou aos 107,9 mil pontos. O ganho acumulado na semana está em 3,37% e a retomada no mês chega a 7,43%, com o índice parecendo a caminho de seu melhor desempenho desde dezembro de 2020 (9,30%), já superando o de maio de 2021 (6,16%), o melhor do ano passado.

Na máxima de hoje, no começo da tarde, o Ibovespa chegou aos 113.057,03 pontos, em alta de 1,59%, o melhor nível intradia desde 19 de outubro, então aos 114,4 mil. Hoje, saiu de mínima na abertura aos 111.302,93 pontos, com giro financeiro a R$ 35,4 bilhões no encerramento. O fechamento de hoje, aos 112,6 mil, segue como o melhor desde 18 de outubro (114.428,18 pontos).

Enquanto os principais índices europeus encerraram o dia em terreno positivo, com ganhos de até 1,13% (Londres), as referências de Nova York continuam a refletir um grau maior de cautela sobre a economia americana, no momento em que o Federal Reserve tem emitido sinais claros quanto a uma orientação mais restritiva para a política monetária, com provável aumento de juros em março.

O banco ING avalia que há uma chance real de os Estados Unidos registrarem contração do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2022. "Como os gastos do consumidor em janeiro provavelmente não mostrarão melhora significativa em relação a dezembro, estamos projetando crescimento estável dos gastos do consumidor para o trimestre", diz o banco em relatório a clientes.

Por sua vez, o BNP Paribas Markets 360 elevou projeção para a taxa básica de juros do Fed neste ano: a previsão foi de quatro para seis altas de 25 pontos-base em 2022. A instituição espera que os Fed Funds estejam na faixa de 2,25% a 2,50% ao fim de 2023, 25 pontos-base acima do previsto anteriormente. O economista-chefe global, Luigi Speranza, disse que esta nova projeção traz desafios para a perspectiva 'bullish' nas ações dos EUA. "No entanto, não é suficiente para descarrilar de forma independente se o crescimento dos lucros continuar forte, em nossa opinião."

“O tom do comitê de política monetária do Fed, ontem, foi mais duro e contracionista, com sinalização de aumento da taxa de juros no curto prazo, após os Estados Unidos terem encerrado 2021 com inflação a 7%. É o grande dilema: aumento de juros vai rebater na atividade econômica; como combater a inflação sem obstruir muito o nível de atividade?”, observa Túlio Nunes, especialista de finanças da Toro Investimentos, chamando atenção para os rendimentos de 10 anos dos títulos americanos batendo quase 2% após a comunicação do Federal Reserve.

“Os investidores ainda (estão) avaliando uma série de incertezas que permaneceram após os anúncios do Federal Reserve na tarde de ontem”, aponta em nota a Guide Investimentos, destacando que o Fed abordou “os temas de alta de juros e redução do balanço, mas trouxe poucos detalhes”.

"Elevar os juros não chega a ser novidade. Era pra ser neutra a reação do mercado, mas ficou em aberto a sinalização de quantos aumentos de juros haverá este ano e quando o balanço patrimonial do Fed vai começar a ser reduzido, balanço que cresceu bastante durante a pandemia para estimular a economia - e o mercado fica agora com medo, com relação à pressão vendedora de alguns ativos", diz Natalia Monaco, estrategista da Veedha Investimentos.

Ela destaca, por outro lado, a "grata surpresa" proporcionada hoje pela "forte" elevação do PIB americano em 2021 e, ao longo de janeiro, o fluxo de ingresso de investimento estrangeiro na B3, a princípio por commodities e depois bancos, e que chega agora também às ações do varejo, dando sustentação à Bolsa mesmo em dias menos propícios em Nova York, como nesta quinta-feira.

Antes de perderem força, em boa parte da sessão, especialmente pela manhã, os índices de ações em Nova York conseguiram sustentar recuperação, repercutindo a expansão de 5,7% registrada pela economia dos Estados Unidos em 2021, aponta em nota a equipe de Research e Estratégia da Terra Investimentos. Foi a melhor taxa de crescimento para a economia americana desde 1984.

Na B3, os ganhos que se mostravam bem distribuídos por setores e empresas de peso até o começo da tarde chegaram a dar lugar a desempenho misto, embora com alguma recuperação na reta final. No encerramento, o desempenho era positivo para siderurgia, à exceção de Usiminas PNA (-0,49%), assim como para Petrobras (ON +0,38%, PN +0,03%) e Vale (ON +0,23%). Os grandes bancos, que também oscilaram entre ganhos e perdas ao longo da tarde, também se firmaram em alta no fim da sessão, com destaque para Santander (Unit +1,56%) e BB (ON +1,38%). Na ponta do Ibovespa, Magazine Luiza (+6,96%), Banco Inter (Unit +6,28%) e Via (+6,21%). No lado oposto, Intermédica (-4,70%), Hapvida (-3,43%) e Natura (-3,24%). (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:22

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 112611.65 1.18832

Máxima 113057.03 +1.59

Mínima 111302.93 +0.01

Volume (R$ Bilhões) 3.54B

Volume (US$ Bilhões) 6.58B

18:27

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 112865 0.70039

Máxima 113595 +1.35

Mínima 112165 +0.08

CÂMBIO

A piora do apetite por risco no exterior ao longo da tarde, com queda das bolsas em Nova York e aceleração dos ganhos da moeda americana frente a divisas fortes e emergentes, acabou respingando no mercado doméstico de câmbio. Depois de furar o piso de R$ 5,40 pela manhã e tocar no patamar de R$ 5,35 - em meio a relatos de fluxo estrangeiro (para Bolsa e renda fixa) e provável internalização de recursos de emissões externas -, o dólar à vista diminuiu bastante o ritmo de queda e fechou na casa de R$ 5,42.

Apesar da perda de fôlego no fim do dia, o real foi uma das duas únicas moedas emergentes que se apreciaram na sessão desta quinta-feira (27). A outra foi o rublo, beneficiado pelo arrefecimento das tensões geopolíticas envolvendo a Ucrânia, após autoridades da Rússia se mostrarem abertas a diálogo com os Estados Unidos.

No dia seguinte à decisão de política monetária do Federal Reserve e à fala dura do presidente da instituição, Jerome Powell, que ratificou a aposta de alta de juros em março, o mercado absorveu a alta de 5,7% do PIB dos EUA em 2021 - o maior ritmo de crescimento desde 1984. Isso deve levar parte dos investidores a ousar pôr suas fichas na possibilidade de que o Fed promova uma elevação inicial de 0,50 ponto porcentual.

A resultante foi uma rodada de apreciação do dólar frente a divisas fortes, sobretudo o euro - o que levou o índice DXY a uma escalada até o patamar dos 97,200 pontos. Além do real e do rublo, outras moedas emergentes até esboçaram uma alta pela manhã, mas acabaram sucumbindo ao longo da tarde.

Por aqui, o dólar até se fortaleceu e tocou R$ 5,43, mas não conseguiu virar o jogo contra o real. Com mínima a R$ 5,3541 (menor valor intraday desde 1° de outubro) e máxima a R$ 5,4354, a divisa fechou a R$ 5,4238, em queda de 0,32% - o que leva a perda acumulada em janeiro a 2,73%.

Analistas atribuem a resiliência do real ao fato de o Banco Central brasileiro liderar o movimento de aperto monetário entre economias emergentes, levando o Brasil a ter um dos maiores juros reais do mundo. Após a divulgação ontem do IPCA-15 de janeiro acima do esperado, cresceu a aposta não apenas em nova alta de 1,50 ponto porcentual da Selic na reunião do Copom na semana que vem, para 10,75%, como de taxa básica terminal acima de 12%.

A MB Associados, por exemplo aumentou a projeção de alta do IPCA de 2022 de 4,70% para 5,80%, acima do teto da meta do ano (5,0%). Com a mudança, a consultoria elevou também a estimativa de taxa Selic no fim do ciclo, de 11,75% para 12,25%.

Também joga a favor da moeda brasileira o movimento de rotação internacional de carteiras, com investidores reduzindo posições em ações americanas para alocar e mercados emergentes cujos preços são vistos como depreciados, caso da bolsa brasileira.

O economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, observa que, além do fluxo estrangeiro, o real é beneficiado por uma reversão do posicionamento do investidor local, que vinha carregando posições pesadas a favor do dólar. "Esse movimento foi capitaneado pelo gringo, mas tem muito local que teve que 'stopar' (emitir ordem para liquidar posição)", afirma Vieira, acrescentando que o real, após ter ficado muito para trás em relação a outras divisas emergentes, agora se recupera e é até utilizado como opção de hedge.

Embora descarte a possibilidade de que a taxa Selic suba até 12% e destoe do consenso ao prever alta de 1,25 ponto no Copom da próxima semana, Vieira vê o Brasil como muito atraente para as operações de carry trade (que exploram diferencial de juros), uma vez que as taxas brasileiras são bem mais elevadas em comparação com outros mercados.

Para o economista da Infinity, o real destoa, por ora, do fortalecimento global do dólar porque, além dos juros locais elevados, estava muito depreciado em relação a outras divisas emergentes. "Não é uma questão de fundamentos. Vamos ver até quando essa posição do estrangeiro em Brasil vai se manter e de certa forma isolar o real desse dólar mais forte no mundo", diz.

"As contas externas demonstram que está havendo retorno dos investidores brasileiros que remeteram para comprar ativos financeiros no exterior", afirma, no Twitter, o sócio-fundador e CEO da Armor Capital, Alfredo Menezes, que vê o dólar a R$ 5,35 como valor bem próximo do que considera o ponto de equilíbrio (em torno de R$ 5,30). (Antonio Perez - [email protected])

18:29

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.42380 -0.318 5.43540 5.35410

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5405.000 -0.62511 5438.500 5356.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5442.000 -0.91042 5473.500 5398.500

JUROS

O discurso mais 'hawkish' do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, impulsionou as taxas de juros domésticas nesta quinta-feira, com alguns contratos subindo mais de 30 pontos-base. O cenário interno de inflação resiliente e de dilema fiscal são problemas adicionais, que fazem com que a curva brasileira fique ainda mais premiada. Dessa forma, em termos de precificação, os DIs apontavam para uma Selic ao fim do ano mais próxima de 12,50%.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 12,027% no ajuste de ontem a 12,22% (regular) e 12,235% (estendida). O janeiro 2024 saltou de 11,43% para 11,755% (regular) e 11,785% (estendida). O janeiro 2025 avançou de 11,043% para 11,315% (regular e estendida). O janeiro 2027 passou de 11,092% para 11,325% (regular, na máxima) e 11,29% (estendida). E o janeiro de 2029 foi de 11,261% a 11,46% (regular) e 11,42% (estendida).

Ontem, Powell praticamente confirmou a elevação de juros nos Estados Unidos em março e deu ainda pistas sobre o formato do ajuste monetário a ser implementado pela instituição depois do primeiro trimestre.

O presidente do BC dos EUA não descartou elevação sequencial de juros nem negou que possa haver aumentos em todas as reuniões de 2022. E mesmo sem dar muitos detalhes, Powell fez questão de dizer que o cenário de ajuste monetário anterior (iniciado em 2015) é muito distinto do visto agora, com a inflação em nível muito alto, e que "essas diferenças provavelmente terão implicações importantes para o ritmo apropriado dos ajustes de política".

"O que o Powell deixou claro é que desta vez será diferente, com portas abertas para uma postura mais 'hawk'", diz a economista-chefe da Panamby Capital, Tatiana Pinheiro. "A 'tradução' disso para os emergentes é que o vento externo mudou. Até agora, estava de vento em popa, levando o barco para frente, com liquidez abundante. Daqui para frente a situação será outra", acrescenta.

Desta forma, Tatiana vê ainda mais espaço para que a curva de juros americana de curto prazo acumule mais prêmios, o que acaba tendo impacto mundial e nos emergentes, em especial. "Há uma porta aberta, uma vereda de altas seguidas nos juros nos EUA. Isso ainda não está precificado lá", afirma.

Aqui no Brasil, a economista vê ainda questões adicionais refletidas nos prêmios contidos na curva de juros. Além da situação fiscal, com os impasses decorrentes do debate eleitoral e do futuro das contas públicas, o mercado segue atentamente os dados de inflação, depois da surpresa com o IPCA-15 ontem. "O mercado vinha tendo uma percepção um pouco mais otimista com a inflação. Mas o IPCA-15 mexeu com as expectativas. O processo de desinflação será um ritmo eventualmente mais lento", diz.

Tatiana estima que o IPCA termine 2022 entre 5% e 5,50%. Para a Selic, ela projeta alta de 1,50 ponto porcentual semana que vem, a 10,75%, e um último aumento, de 0,75 ponto, em março, deixando a taxa em 11,50% até o fim do ano.

No mercado de juros, contudo, os números são mais altos. A curva projetava uma Selic de 12,39% no fim de 2022, ou seja, com 56% de chance de taxa a 12,50% e 44%, de 12,25%. No ajuste de ontem, a taxa implícita era de 12,21%, ou 84% de aposta em 12,25% e 16% em 12,00%.

Já no levantamento do Projeções Broadcast divulgado hoje, o mercado agora prevê juros de 12,00%, ante 11,75% na última pesquisa. As estimativas vão de 10,75% a 13,25% - de 41 instituições, 28 reportaram viés de alta nas estimativas. (Mateus Fagundes - [email protected])

18:29

 Operação   Último 

CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 10.30

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

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