Se os ativos brasileiros já vinham performando bem sem o apoio de Nova York, a recuperação dos mercados por lá em grande parte desta quinta-feira deu novo impulso ao apetite por Brasil. Isso levou a Bolsa para perto dos 110 mil pontos, chegou a colocar o dólar abaixo de R$ 5,40 e ajudou a retirar prêmios de risco de toda a curva de juros. E ainda que Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq tenham virado na hora final, tirando também grande parte da força dos ganhos no Brasil, o pregão foi bastante positivo para os mercados locais. Até porque, não era só o ajuste positivo de Wall Street e a descompressão dos yields dos Tresuries a conduzirem o investidor no Brasil. Há uma série de outros fatores favoráveis para os negócios aqui. Ainda que a questão fiscal seja fonte de incertezas, devido à pressão dos servidores por reajustes, desde ontem, por exemplo, o mercado recebe com algum alívio as declarações do ex-presidente Lula em favor de uma chapa com Geraldo Alckmin. No caso do Ibovespa, que terminou com alta de 1,01%, aos 109.101,99 pontos - maior nível desde 20 de outubro -, o avanço de Petrobras também ajudou. No caso do câmbio, além da questão global, há relatos de fluxo de recursos externos para Bolsa e renda fixa, além de desmonte de posições compradas em dólar futuro por parte de estrangeiros. Com isso, mesmo que a desvalorização tenha perdido algum vigor na reta final, a moeda dos EUA cedeu 0,90% ante o real, a R$ 5,4165. E se o alívio no câmbio já direcionava a queda dos juros futuros, declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, à tarde, colocaram as taxas nas mínimas. Ele não alterou a perspectiva de um novo aperto monetário de 1,5 ponto porcentual da Selic em fevereiro, mas não mostrou grandes preocupações com a inflação ou com o quadro fiscal. Disse, por exemplo, que o aumento das tarifas monitoradas tem sido menor do que se esperava, além de ter relativizado o aumento do endividamento do País, dizendo que o mesmo processo ocorre em diversas nações e que o ajuste fiscal que o Brasil fez em 2020 e 2021 foi muito maior do que o projetado.
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•BOLSA
•CÂMBIO
•JUROS
MERCADOS INTERNACIONAIS
Depois de operarem em alta firme durante quase todo o pregão, as bolsas de Nova York viraram na última hora de operação e fecharam no vermelho, com quase todos os setores do S&P 500 em campo negativo. Os ganhos de mais cedo foram impulsionados pela pausa no movimento altista dos Treasuries, que se ajustaram às perspectivas de aperto monetário pelo Federal Reserve (Fed), enquanto investidores aguardam a decisão de política monetária do banco central americano na próxima semana. O dólar oscilou ante rivais, com o euro tendo atenção especial à inflação na região e à ata da mais recente reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). O rublo russo foi pressionado pelo aprofundamento das tensões geopolíticas entre Moscou e o Ocidente, o que também foi observado no mercado petróleo, que fechou em leve queda, interrompendo uma sequência de fortes altas.
“Os declínios de final de dia que são muito piores do que a média em um determinado mês geralmente não levam a um desempenho inferior no futuro”, ponderou o Bespoke Investment Group à CNBC, ao comentar o brusco movimento visto hoje em Wall Street. Na avaliação de Edward Moya, analista da Oanda, "em apenas algumas semanas, Wall Street passou de precificar um aperto gradual da política para o Fed para uma ofensiva apressada que poderia resultar em quatro a cinco aumentos nas taxas de juros este ano e uma redução no balanço no início do próximo trimestre". Para ele, as expectativas de aperto foram exageradas e os investidores estão agora voltando a investir em ativos de risco".
Algumas big techs tiveram fortes quedas, e durante tarde, um comitê no Senado americano votou por avançar uma lei que proíbe que empresas como Amazon (-2,96%), Apple (-1,03%) e Google (-1,34%) promovam seus próprios produtos em detrimento dos concorrentes. A ação faz parte de uma perspectiva de restringir o poder de grandes companhias, e que a administração espera avançar antes das eleições de meio de mandato.
Em meio a temporada de balanços, depois de quedas recentes seguindo a publicação de resultados, parte dos bancos teve recuperação, com destaque para o Morgan Stanley (+4,28%). Divulgando números hoje, a American Airlines recuou x,xx%, tendo registrado prejuízo líquido de US$ 931 milhões no quarto trimestre. Com publicação depois do fechamento do mercado, o Netflix fechou em baixa de x,xx% com a expectativa. Ao fim, o Dow Jones fechou em baixa de 0,89%, o S&P 500 recuou 1,10% e o Nasdaq teve alta de 1,30%. Na Europa, a maioria dos principais índices também teve ganho, com o DAX avançando 0,65% em Frankfurt, e o FTSE MIB subindo 0,73% em Milão.
Nos EUA, os pedidos de auxílio-desemprego subiram 55 mil na semana passada, a 286 mil. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal previam 225 mil solicitações. A Pantheon Macroeconomics atribui o aumento ao avanço da variante Ômicron do coronavírus, que se juntou a questões sazonais. O resultado ajudou a diminuir o impulso dos rendimentos dos Treasuries, e durante a tarde, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos informou que um leilão de US$ 16 bilhões em (TIPS) de 10 anos registrou yield (retorno) de -0,540% e demanda abaixo da média. Ao fim da tarde, o retorno da T-note 2 anos caia a 1,047%, o da T-note de 10 anos recuava a 1,824% e o do T-bond de 30 anos, a 2,126%.
No câmbio, embora o rali do dólar tenha estagnado nas últimas seis semanas, e possa "andar na água por mais algum tempo", a Capital Economics acredita que ele acabará se valorizando um pouco mais neste ano e no próximo. "O principal impulsionador da alta tem sido a postura cada vez mais agressiva do Fed em resposta a uma recuperação econômica robusta e às crescentes pressões inflacionárias nos EUA", avalia. Em contraste, muitos outros bancos centrais ficarão aquém do ritmo e/ou extensão do aperto monetário que os investidores agora parecem esperar, projeta. Na zona do euro, o índice de preços ao consumidor (CPI) atingiu máxima histórica de 5% na comparação anual, mas a ata da última reunião do BCE mostrou que os dirigentes ainda veem a acomodação monetária como necessária. Ao fim da tarde, o euro recuava a US$ 1,1307, enquanto o DXY, que mede a moeda americana ante seis rivais, fechou em alta de 0,24%.
Entre emergentes, o dólar recuou a 13,3439 liras turcas, em dia no qual o banco central do país manteve as taxas de juros em 14%, interrompendo uma sequência de cortes estimulada pelo executivo de Ancara. Já o dólar subiu a 76,747 rublos, seguindo declarações do presidente Joe Biden e de autoridades ucranianas sobre as tensões com a Rússia, o que manteve líderes globais em alerta para perspectivas de uma potencial agressão partindo de Moscou.
O tema ajudou na volatilidade do mercado de petróleo. Nos EUA, o Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) informou que os estoques de petróleo subiram em 515 mil barris na semana passada, contrariando a expectativa de queda de analistas. Ainda hoje, em entrevista à Bloomberg TV, o diretor do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, Brian Deese, disse que os EUA irão trabalhar para acelerar a liberação de reservas estratégias de petróleo. O Brent para março caiu 0,07% (US$ 0,06), a US$ 88,38, e o WTI para o mesmo mês recuou 0,35% (US$ 0,25), a US$ 85,55.
BOLSA
Apoiado em boa parte desta quinta-feira por desempenho positivo das bolsas de Nova York - que no entanto perderam fôlego e viraram para o negativo na reta final -, pela primeira vez no ano o Ibovespa obtém a terceira alta consecutiva, elevando a referência da B3 ao maior nível de fechamento desde 20 de outubro, então aos 110,7 mil pontos. Na véspera do vencimento de opções sobre ações, o índice subiu 1,01%, a 109.101,99 pontos, entre mínima de 108.014,50 e máxima de 109.873,35 pontos, com giro a R$ 35,4 bilhões. Foi a segunda sessão com ganho na casa de 1% para o Ibovespa, embora mais acomodado perto do fechamento, com a guinada em Nova York. Ainda assim, acumula agora avanço de 2,03% na semana e de 4,08% no mês.
Durante a sessão, conseguiu superar a importante barreira dos 109,4 mil pontos, sem conseguir sustentá-la no fechamento devido à piora em Wall Street. De acordo com análise gráfica do Itaú BBA, tal limiar é como um "divisor de águas" que pode "definir rali para a bolsa neste início de ano". "Caso isso aconteça, o potencial de subida está em 114.500, 121.300 e 132.000 pontos", acrescenta o texto, no qual se ressalva o momento menos favorável para o mercado americano, em viés de baixa desde a ata "hawkish" do Federal Reserve, do último dia 5. "Do lado da baixa, o índice Bovespa encontra suportes em 104.900, 103.300 e 100.000 pontos", destaca o relatório, dos analistas Fábio Perina e Lucas Piza.
"O mercado acompanhava a melhora do exterior, da Europa a Nova York. À tarde, a fala do Campos Neto (presidente do BC) sobre a curva de juros, que mostraria que o ciclo de alta está chegando ao fim, foi o suficiente para o mercado começar a entender que esse aperto monetário que o Banco Central vem fazendo pode estar efetivamente chegando ao fim", diz Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos. "Assim, houve rotação de setores na sessão, com saída de materiais básicos em direção a setores mais atrasados e dependentes da economia doméstica, como os de consumo, imobiliário e construção civil", acrescenta, chamando atenção para as "small caps" performando acima do Ibovespa. "Em geral, os múltiplos mostram espaço para continuidade da recuperação (da Bolsa)."
No cenário macro, embora o "lado fiscal" permaneça "sensível", com o mercado ainda atento a "possíveis ruídos", os descontos acumulados na B3 e a recuperação até certo momento vista também em Nova York são positivos para a retomada da demanda por ações, com os investidores tendo recebido bem, desde ontem, a reiteração de que o líder nas pesquisas eleitorais para a presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, pretende ter como vice Geraldo Alckmin, em "aceno mais próximo do centro", observa em nota a Nova Futura Investimentos.
"Tendemos a comparar com as últimas eleições, quando o debate começou no centro e aos poucos foi se polarizando. Agora temos uma situação muito polarizada com alguns candidatos sinalizando que podem caminhar para o centro", disse hoje, durante participação na Conferência Anual Latino-Americana do Santander, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em que comentou que a "polarização da eleição já afeta um pouco a volatilidade do câmbio". Hoje, o dólar à vista oscilou abaixo de R$ 5,40, a R$ 5,3795 na mínima, mas fechou o dia a R$ 5,4165, ainda em queda, de 0,90%.
No melhor momento da tarde, durante a fala de Campos Neto, o Ibovespa buscou reaproximação dos 110 mil, aos 109.873,35 pontos, em alta de 1,72%, no maior nível intradia desde 21 de outubro, então aos 110.767,14 pontos. Comentários do presidente do BC sobre inflação e fiscal, durante o evento do Santander, contribuíam para colocar os juros nas mínimas do dia, pouco antes de a referência da B3 buscar novo topo para a sessão.
Contudo, em outra frente acompanhada de perto pelo mercado, os investidores mantêm a expectativa para a sanção do Orçamento de 2022, que precisa ser feita até esta sexta-feira (21) pelo presidente Jair Bolsonaro. "Ainda nesse momento não está claro se vai ter aumento no salário dos servidores públicos. Seguimos aguardando maior clareza sobre o Orçamento", aponta Pietra Guerra, especialista de ações da Clear Corretora.
Em desdobramento potencialmente negativo para os ativos, o presidente Jair Bolsonaro estaria discutindo com parlamentares a elaboração de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para reduzir o preço dos combustíveis e da energia elétrica, que elevaram a inflação e se tornaram uma dor de cabeça para o Palácio do Planalto em ano de eleição, de acordo com relato do jornal O Globo.
Na ponta do Ibovespa, destaque para mais um dia de recuperação para a Unit de Banco Inter, em alta de 13,16%, à frente de CVC (+10,47%) e de Petz (+9,71%) na sessão. No lado oposto, Carrefour Brasil cedeu 2,59%, Suzano, 2,49%, e Gerdau Metalúrgica, 1,73%. Entre as blue chips, Petrobras ON e PN fecharam respectivamente em alta de 0,64% e 0,73%, mesmo com oscilação para baixo no petróleo, em dia que se mostrou negativo para Vale (ON -1,70%) e para a maioria das ações de grandes bancos, à exceção de BB ON (+0,61%).(Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:22
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 109101.99 1.00776
Máxima 109873.35 +1.72
Mínima 108014.50 0.00
Volume (R$ Bilhões) 3.54B
Volume (US$ Bilhões) 6.53B
18:29
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 109800 0.91912
Máxima 110510 +1.57
Mínima 108795 -0.00
CÂMBIO
O dólar à vista emendou na sessão desta quinta-feira (20) o segundo pregão seguido de queda firme, em meio a relatos de fluxo de recursos externos para a Bolsa brasileira e para a renda fixa local, além de desmonte de posições compradas em dólar futuro por parte de fundos estrangeiros na B3.
Em baixa desde a manhã, em linha com as demais divisas emergentes, na esteira de mais corte de juros na China, o dólar à vista acelerou as perdas ao longo da tarde e chegou a romper o piso psicológico de R$ 5,40, em sintonia com nova máxima da bolsa. Na mínima, a moeda tocou R$ 5,3795 (menor valor intraday desde 4 de outubro), com operadores notando ordens de zeragem de posições.
A divisa até esboçava encerrar o dia abaixo de R$ 5,40, mas reduziu a queda no fim do pregão, com a aceleração do índice DXY - que mede a variação do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - para a casa dos 95,700 pontos, sobretudo por conta dos ganhos em relação ao euro.
No fim do dia, o dólar recuava 0,90%, a R$ 5,4165 - menor valor de fechamento desde 11 de novembro (R$ 5,4042). A queda acumulada nos últimos dois dias é de 2,65%. Graças ao tombo recente, a moeda agora registra perdas de 2,86% em janeiro. Ao lado do rand sul-africano, o real liderou hoje o pelotão de ganhos de divisas emergentes em relação à moeda americana.
"O fluxo para a bolsa já vinha positivo desde o começo de janeiro, mas tem acelerado nos últimos dias com o efeito da China, que quer sustentar um certo crescimento. Isso tira uma percepção de risco maior que havia se criado em relação a emergentes, já que gera fator positivo de demanda por bens e commodities", afirma o economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, ressaltando que os ativos locais estavam bem atrativos quando cotados em dólares.
Depois de reduzir a taxa de médio prazo (MLF) no início desta semana, o Banco do Povo da China (PBoC, o banco central chinês) cortou hoje suas taxas de juros de referência (LPRs) para empréstimos de curto e longo prazos.
Lima também observa que há certa acomodação do mercado à expectativa do processo de normalização da política monetária pelo Federal Reserve, que acenou com início da alta de juros em março e comentou que pretende iniciar a redução de seu balanço patrimonial neste ano. "Já se sabe mais ou menos o que o Fed vai fazer. Talvez tenha até se exagerado um pouco na precificação da alta de juros. Agora, o mercado está se acomodando", diz.
O estrategista-chefe da Renascença DTVM, Sérgio Goldenstein, nota que houve uma forte redução das posições compradas em dólar (que ganham com a alta da moeda) de estrangeiros na B3 (cerca de US$ 7 bilhões), de 5 de janeiro para cá. "Essa redução em poucos dias é bastante significativa e está por trás da boa performance do real em janeiro", afirma Goldenstein, no Twitter. "Com a Selic mais alta, o carrego negativo do hedge na moeda começa a pesar mais".
Por ora, a onda de recuperação de divisas emergentes, dada a valorização das commodities, se sobrepõe às preocupações fiscais domésticas, com as pressões de funcionalismo por reajuste salarial em meio à espera pela sanção presidencial ao Orçamento de 2022, cujo prazo final é amanhã.
Lima, da Western, observa que, levando em conta os fundamentos, é possível pensar em uma apreciação adicional da moeda brasileira. Ele chama a atenção, contudo, para as "idiossincrasias locais", como a corrida eleitoral para a presidência da República. "A taxa de câmbio ainda está em um nível depreciado e pode ir mais para baixo, pelos fundamentos. Mas não dá para descartar a volatilidade com o quadro doméstico e até por uma piora lá de fora, que não está afastada", diz.
Em evento promovido pelo banco Santander, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a "polarização da eleição já afeta um pouco a volatilidade de câmbio", mas que o BC está preparado para agir se necessário. "Mas não achamos que volumes preestabelecidos de intervenção no câmbio são uma boa solução", disse Campos Neto.
Como programado, o BC realizou hoje leilão de swap cambial para rolagem dos vencimentos de março e colocou a oferta total de 17 mil contratos, com valor de US$ 850 milhões. (Antonio Perez - [email protected])
18:29
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.41650 -0.9038 5.46130 5.37950
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5430.000 -0.44917 5474.000 5390.500
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5450.000 -1.23233 5458.000 5431.500
JUROS
Amparada em boa parte do dia pela forte desvalorização recente do dólar e pela queda dos yields dos Treasuries, a curva de juros ganhou um impulso de baixa na última hora da sessão regular, com o mercado acompanhando o primeiro discurso público do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em 2022. Ainda que não tenha alterado o jogo para a próxima reunião do Copom, as falas de Campos Neto acerca da inflação e da situação fiscal foram determinantes para que as taxas terminassem a sessão regular nos menores níveis intraday. Declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre reajuste salarial também tiraram pressão dos DIs.
Toda a curva fechou na mínima da sessão regular, mas o ímpeto de baixa se reduziu na estendida, com a virada pontual do dólar futuro para o positivo. O DI para janeiro de 2023 recuou de 12,027% no ajuste de ontem a 11,88% (regular) e 11,925% (estendida). O janeiro 2025 cedeu de 11,263% a 11,06% (regular) e 11,125% (estendida). E o janeiro 2027 caiu de 11,242% a 11,095% (regular) e 11,145% (estendida).
Com o principal evento do dia (as falas de Campos Neto) já perto do fechamento, o mercado de juros se apoiou nos dois principais drivers recentes para formação das taxas: câmbio e taxas externas.
No caso do câmbio, a moeda americana à vista tocou o menor nível intraday ante o real em quase quatro meses, diante de relatos de entrada de recursos estrangeiros para aplicação na Bolsa. Ao fim da sessão, a divisa dos Estados Unidos estava cotada a R$ 5,4165, baixa de 0,90%.
Já sobre as taxas externas, depois do susto de anteontem, com a T-note de 10 anos chegando à máxima pré-pandemia, o mercado parece passar por um alívio, à medida que ocorre a assimilação dos cenários para o Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA). O juro projetado pela T-note de 10 anos estava em 1,824% no fim da tarde de hoje, de 1,842% ontem no mesmo horário.
"Há hoje no mercado de DI um componente de reflexo do mercado internacional. Os Treasuries estão fechando bem", explica o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, que chamou a atenção ainda às falas de Bolsonaro ontem à Jovem Pan, depois do fechamento do mercado.
O presidente voltou a colocar em dúvida a concessão de um aumento salarial generalizado. "Não tem folga no Orçamento para o corrente ano", disse. A peça orçamentária tem de ser sancionada até amanhã e, nos bastidores de Brasília, o comentário é de que o reajuste deve ser dado somente às categorias policiais, como Bolsonaro havia articulado. Apesar da revolta que gerou, a percepção do governo é de que os movimentos de paralisação tiveram pouca adesão e que devem se dissipar.
Desta forma, desde cedo, as taxas de juros já apresentavam queda consistente. E assim entraram durante discurso de Campos Neto no evento do Santander. Embora as falas dele não sugiram mudanças imediatas na política monetária - inclusive a precificação da curva continua na faixa dos 80% de chance de nova alta de 1,50 ponto porcentual -, elas soaram mais 'dovish' aos agentes do mercado.
Segundo Campos Neto, ainda que haja contaminação para este ano, os modelos do BC não encontraram aumento de inércia por uma maior persistência de preços altos em 2021. Entre outros pontos, ele observou que o aumento de tarifas monitoradas tem sido menor do que se esperava e que o pico da inflação em 12 meses está próximo.
"A melhor forma que o BC pode contribuir para o crescimento da economia é atacando a inflação. Temos uma memória muito forte de inflação e indexação no Brasil, por isso temos que atacar de maneira eficaz esse problema", disse o dirigente.
Chamou atenção ainda do mercado as falas de Campos Neto acerca da situação fiscal do País. Ele voltou a argumentar que os resultados das contas públicas brasileiras no ano passado foram melhores do que os anteriormente projetados.
O presidente do BC reconheceu que parte do aumento da arrecadação no ano passado se deveu à alta da inflação, mas apontou mudanças estruturais no consumo e no recolhimento de impostos que devem permanecer. Ele alegou ainda que, apesar da aprovação de reformas nos últimos anos, as projeções de crescimento da economia brasileira para os anos à frente na verdade caíram. (Mateus Fagundes - [email protected])
17:09
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