A combinação de commodities em alta e recuperação, durante a tarde, dos mercados em Nova York impulsionaram o Ibovespa, ao mesmo tempo em que ajudaram na queda do dólar ante o real e na retirada de prêmios da ponta curta da curva de juros. Até porque, os grandes eventos do dia ou não vieram com grandes surpresas ou trouxeram algum alívio para os investidores. Para começar, o IPCA de dezembro e de 2021 no Brasil, apesar de um pouco acima do previsto, não chegou a mudar as perspectivas dos agentes para a inflação e Selic em 2022. Depois disso, todos os olhos se voltaram para o Senado norte-americano, onde o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou com alta de juros e disse que, se a inflação seguir alta, a política monetária poderá ser "mais dura". Ele, no entanto, afirmou que a redução do balanço patrimonial não será imediata e deu prazo para isso: "entre três e quatro encontros" para decidir sobre o início do processo. E como o mercado gosta de previsibilidade, a reação foi positiva. As bolsas americanas, que vacilaram durante toda a manhã, mudaram de rumo e terminaram com ganhos, sobretudo o Nasdaq, que concentra os papéis de tecnologia, os que mais sofrem com a possibilidade de aumento de juros nos EUA. Ao mesmo tempo, os yields dos Treasuries perderam vigor, bem como o dólar. Com tudo isso em mãos e diante do avanço de petróleo e minério, o que puxa para cima as ações das maiores empresas brasileiras, a cautela com o quadro fiscal brasileiro ficou em segundo plano e o Ibovespa terminou com ganhos de 1,80%, aos 103.778,98 pontos. Já a moeda dos EUA teve desvalorização firme de 1,67%, a R$ 5,5798. Por fim, no caso dos juros futuros, apesar do alívio nos vencimentos mais curtos, os longos ainda subiram, num movimento influenciado por fatores técnicos relacionados à montagem de posições em inflação implícita e ao leilão de NTN-B do Tesouro, com risco bem maior para o mercado.
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MERCADOS INTERNACIONAIS
Os índices acionários americanos reverteram as perdas da abertura e fecharam em alta nesta terça-feira. O Nasdaq, em particular, subiu mais de 1%, à medida que a queda dos juros dos Treasuries apoiou ações do setor de tecnologia. A melhora no sentimento de risco em Wall Street acompanhou o testemunho do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que reiterou compromisso com o combate à inflação. O banqueiro central também esclareceu que o debate sobre redução do balanço patrimonial deve se alongar por mais "três a quatro encontros" do FOMC. Nesse cenário, o dólar operou em viés de baixa ante rivais e forneceu suporte ao petróleo, que saltou quase 4%, ainda de olho em questões de oferta e demanda. Apesar do quadro benigno nos negócios, a variante Ômicron ainda segue no radar de operadores.
No Comitê Bancário do Senado, Powell afirmou que o Fed usará todos os instrumentos a seu alcance para assegurar um firme crescimento econômico combinado com inflação em níveis estáveis nos Estados Unidos. A audiência com parlamentares foi parte do processo que culminará na votação sobre possível nomeação de Powell a um segundo mandato à frente da autoridade monetária.
Segundo Powell, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ainda não tomou decisão sobre as configurações do processo de redução do balanço patrimonial do BC americano. Desde a divulgação da ata do Fed, na última quarta-feira, investidores vinham observando de perto as perspectivas relativas à carteira do banco central, que já soma cerca de US$ 9 trilhões. O cronograma apresentado por Powell para uma definição - daqui a três a quatro encontros - ajudou a fornecer mais clareza sobre a questão e dissipou parte das incertezas que preocupavam os mercados.
O resultado disso foi que os juros dos Treasuries se mantiveram em baixa e a renda variável se revigorou ao longo da tarde. Perto do fechamento das bolsas de Nova York, o retorno da T-note de 2 anos caía a 0,898%, o da T-note de 10 anos cedia a 1,739% e o do T-bond de 30 anos recuava a 2,067%. Um leilão de US$ 52 bilhões de T-notes de 3 anos do Departamento do Tesouro teve juro de 1,237% e, de acordo com o BMO Capital Markets, demanda acima da média.
Em Wall Street, a queda dos rendimentos dos títulos públicos ofereceu sustentação aos papéis de tecnologia, com os principais em alta de mais de 1%. No fechamento, ainda com base em dados preliminares, o índice Dow Jones subiu 0,51%, a 36.252,02 pontos, o S&P 500 avançou 0,92%, a 4.713,04 pontos, e o Nasdaq ganhou 1,41%, a 15.153,45 pontos.
Além das techs, o setor petrolífero também operou na dianteira dos ganhos das bolsas, diante da escalada dos preços de petróleo. ExxonMobil subiu 4,21% e Chevron, 2,29%. Já o barril do WTI com entrega marcada para fevereiro encerrou a sessão em alta de 3,82%, a US$ 81,22, na Nymex, e o do Brent para março avançou 3,52%, a US$ 83,72.
Apesar do arrefecimento das tensões sociais no Casaquistão, que pode normalizar a oferta local, a analista Louise Dickson, da Rystad Energy, explica que o mercado se beneficia de um horizonte positivo para a demanda. "As perspectivas de demanda global para 2022 são sólidas, já que muitos países mantêm suas fronteiras abertas e evitam implementar os rígidos bloqueios", explica.
O petróleo capitaliza também do viés negativo do dólar no exterior. O índice DXY, que mede a variação da divisa americana ante uma cesta de seis rivais fortes, perdeu 0,38% hoje, a 95,624 pontos, com euro em alta a US$ 1,1369 e libra, a US$ 1,3627. Na visão do estrategista de câmbio do Silicon Valley Bank, Scott Petruska, o movimento reflete uma percepção de que o aperto monetário do Fed já estava precificado. "Será um ano desafiador para o dólar continuar subindo", disse.
As declarações de Powell no Senado, nesse sentido, trouxeram poucas novidades que pudessem levar participantes do câmbio a reavaliarem portfólio. A Fitch revelou hoje que prevê duas altas de juros do Fed este ano e outras quatro em 2023. A Capital Economics, por outro lado, se juntou ao grupo que projeta quatro elevações em 2022. "Concordamos que o primeiro aumento da taxa de juros provavelmente ocorrerá agora na reunião do FOMC de março, enquanto anteriormente esperávamos uma decolagem em junho", destaca a consultoria.
A variante Ômicron do coronavírus, entretanto, adiciona mais uma camada de incertezas a esse cenário. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje que, se mantidos os índices de transmissão atuais, a cepa poderá infectar mais da metade da população europeia em até oito semanas. As bolsas europeias, contudo, ignoraram o prognóstico e acompanharam Nova York em alta. (André Marinho - [email protected])
Volta
BOLSA
O Ibovespa conseguiu retomar hoje o nível de 103 mil pontos, visto nos encerramentos das duas primeiras sessões do ano, neutralizando o efeito da ata do Federal Reserve, que o derrubou aos 101 mil pontos na quarta-feira passada, quando fechou aquela sessão em baixa de 2,42%. Hoje, com o câmbio a R$ 5,5688 na mínima do dia, a referência da B3 foi a 103.778,98 pontos, em alta de 1,80% no fechamento, o maior ganho em porcentual desde a sessão de 2 de dezembro (3,66%), entre mínima nesta terça-feira de 101.918,40 e máxima de 103.780,45, renovada ao longo da tarde até os ajustes finais, saindo de abertura a 101.946,05 pontos. No ano, o índice ainda acumula perda de 1,00% frente aos 104,8 mil pontos do fim de 2021. Na semana, sobe agora 1,03%, com giro financeiro a R$ 30,4 bilhões nesta terça-feira.
Os índices de Nova York, que vinham em baixa até o começo da tarde, mudaram de direção e passaram a subir durante a audiência do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no Senado dos Estados Unidos. "Desde a ata do Fed, o mercado começou a precificar quatro aumentos na taxa de juros este ano, com início já em março. Hoje, foi importante a referência do Powell a duas, três ou quatro reuniões para tomar decisão", diz Victor Miranda, sócio da One Investimentos - no caso, sobre a redução do balanço patrimonial, as configurações desse processo. No entendimento de Powell, o Fed deve demorar "entre três e quatro encontros" para decidir a questão do balanço, mas ele manteve a indicação de primeiro aumento de juros em março.
Ainda assim, mesmo com o viés de alta para a taxa de referência, Powell ressalvou que os Estados Unidos estão em "uma era de juros extremamente baixos", o que agrada ao mercado. "Powell acredita que o Fed tomará medidas para normalizar a política este ano. Wall Street sabe que os aumentos das taxas de juros estão chegando e as expectativas agora são de até 85% para um aumento em março", observa em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova York.
A Capital Economics avalia que o presidente do Federal Reserve ecoou hoje "uma retórica crescentemente mais hawkish" que, para a consultoria, tem sido também mostrada por outros dirigentes. Em relatório a clientes, a consultoria diz que a postura de Powell ainda é condizente com uma provável elevação de juros em março.
Enquanto os Estados Unidos estão cortando estímulos e acenando com juros mais altos, a China mantém viés afrouxado para sua política monetária, o que tem resultado em recuperação para os preços de commodities como o petróleo, em retomada ante o nível observado no surgimento da Ômicron, e especialmente o minério de ferro, este no maior nível em três meses, aponta Miranda, da One Investimentos.
No entanto, com o avanço da covid-19 na China, grandes empresas estão fechando fábricas, portos estão paralisados e há falta de trabalhadores, no momento em que autoridades impõem lockdowns rígidos e testes em massa em escala não vista em quase dois anos. A perspectiva de continuados problemas na segunda maior economia do mundo, com estratégia de tolerância zero para casos de coronavírus, reforça temores de que os problemas na economia global possam se prolongar.
O dia, contudo, foi de mais um degrau na recuperação dos preços de commodities importantes para a B3. Com o Brent para março em alta de 3,5% nesta terça-feira, a US$ 83,7 por barril, e o aumento anunciado pela Petrobras para gasolina e diesel, as ações ON e PN da empresa fecharam em alta, respectivamente, de 4,13% e 2,96%, enquanto Vale ON avançou 1,90% - em Qingdao (China), o minério encerrou a terça-feira a US$ 129,17 por tonelada, em alta de 2,74%. "A paralisação de parte das atividades da mineradora em Minas Gerais, em razão das chuvas, oferece suporte adicional para o preço do metal", diz em nota a Terra Investimentos.
Na ponta do Ibovespa, destaque para Méliuz (+7,32%), Petz (+7,07%) e Natura (+6,33%). No lado oposto, BRF (-1,28%), Braskem (-1,19%) e Embraer (-1,10%).
Pela manhã, o foco esteve no IPCA de dezembro, em linha com a perspectiva de que o BC manterá o ajuste restritivo da política monetária: o índice oficial de inflação mostrou desaceleração ante novembro, mas ainda acima da mediana das estimativas para o mês, contribuindo para o ajuste do real frente à moeda americana na sessão, em que o dólar cedeu 1,67%, a R$ 5,5798 no fechamento, ajudando na recuperação do Ibovespa.
"Havia uma incerteza acima da usual quanto ao resultado de dezembro em função da possibilidade, que acabou se concretizando, de uma retomada mais forte em subitens de higiene pessoal e alimentação fora do domicílio, pela recomposição de preços após a Black Friday em novembro", observa em nota o Banco ABC Brasil. "Apesar da desaceleração do índice cheio, a média dos núcleos acelerou na margem e no acumulado em 12 meses." (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:20
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 103778.98 1.79879
Máxima 103780.45 +1.80
Mínima 101918.40 -0.03
Volume (R$ Bilhões) 3.03B
Volume (US$ Bilhões) 5.39B
18:24
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 104760 1.3643
Máxima 104850 +1.45
Mínima 102575 -0.75
CÂMBIO
Uma recuperação mais acentuada do apetite por ativos de risco ao longo da tarde, na esteira de declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, e do leilão bem-sucedido de títulos do Tesouro americano, abriu espaço para uma queda expressiva do dólar na sessão desta quarta-feira (11).
Já em baixa pela manhã, mas ainda acima da linha de R$ 5,60, a moeda renovou sucessivas mínimas na segunda etapa de negócio, em sintonia com o ambiente externo, marcado por enfraquecimento da moeda americana, recuo das taxas dos Treasuries mais longos e alta das commodities.
Com as bolsas em Nova York se firmando em terreno positivo e o Ibovespa batendo novas máximas, na casa dos 103 mil pontos, o dólar à vista desceu até a mínima de R$ 5,5688 (-1,86%). No fim da sessão, recuava 1,67%, a R$ 5,5798 - menor valor desde 30 de dezembro, último pregão de 2021, quando fechou a R$ 5,5759. Com o tombo de hoje, o dólar praticamente zerou a alta acumulada no ano, que passou a ser de apenas 0,07%
Em audiência no Senado americano, Powell disse que a economia americana não precisa mais de uma política monetária altamente acomodatícia e que este é o momento ideal para redução de estímulos. Apesar da perspectiva de alta de juros nos próximos meses para conter a inflação, o dirigente afirmou que os Estados Unidos estão - e provavelmente permanecerão - em "uma era de juros extremamente baixos".
Em relação à parte mais dura e surpreendente da ata divulgada na semana passada (a menção ao objetivo de reduzir do balanço patrimonial da instituição), o presidente do BC disse que ainda não há uma decisão. "Devemos demorar de três a quatro encontros para decidir sobre balanço patrimonial", afirmou Powell, ressaltando, porém, que essa redução será em ritmo mais rápido do que durante o último ciclo semelhante, no período subsequente à crise financeira de 2008.
Na avaliação do economista Eduardo Velho, sócio da JF Trust, embora tenha mantido o tom duro da última ata do Fed, Powell não chancelou apostas mais agressivas em torno da política monetária, de cinco a seis altas de juros em 2022. "Depois da ata e da queda da taxa de desemprego, o mercado ficou mais pessimista e puxou muito a aposta em alta de juros. E hoje está corrigindo", afirma Velho, que ainda considera plausível o cenário de três elevações da taxa básica de juros nos EUA no ano que vem, com a primeira já em março. "A fala de Powell mostra intensidade e o tamanho do ajuste em termos de juros e liquidez ainda não estão definidos pelo Fed".
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes - passou a trabalhar em queda firme e registrou mínimas na casa de 95,500 pontos ao longo da tarde. A moeda americana também caiu em relação à maioria das divisas de países emergentes e de exportadores de commodities.
A economista-chefe do Banco Ourinvest, Fernanda Consorte, atribui a apreciação do real hoje a dois fatores: a queda das taxas dos Treasuries, que tirou pressão sobre as divisas emergentes, e a perspectiva de mais aumentos da taxa Selic, na esteira do IPCA de dezembro.
Após subir 0,95% em novembro, o índice oficial de inflação desacelerou para 0,73% em dezembro, mas veio acima da mediana de Projeções Broadcast (0,65%). A taxa de inflação acumulada em 2021 foi de 10,06%, patamar bem superior ao centro da meta, de 3,75%.
A economista do Ourinvest pondera, contudo, que não é possível vislumbrar uma calmaria no mercado de câmbio doméstico. "O Fed segue com discurso duro sobre a inflação, sugerindo que esse movimento da taxa longa americana é momentâneo. Aqui, mesmo que o BC aumente os juros até onde achamos que vai aumentar, para 12%, ainda teremos motivos locais de pressão e volatilidade no câmbio, como as eleições", afirma.
Operadores também ressaltam que, a despeito do ambiente desafiador para emergentes, há apetite por captações de empresas brasileiras no exterior. O Bradesco fechou ontem captação de US$ 500 milhões para financiar projetos ambientais e sociais, mas a demanda foi bem superior, de US$ 1,5 bilhão, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast. Já a Açu Petróleo, parceria da Prumo Logística com a alemã Oiltanking, fechou sua primeira emissão externa hoje. Segundo apurou o Broadcast, a empresa captou US$ 600 milhões em papéis de 10 anos. (Antonio Perez - [email protected])
18:24
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.57980 -1.6654 5.67520 5.56880
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5592.000 -1.72232 5701.000 5591.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5644.000 -1.79311 5644.000 5644.000
JUROS
Os juros futuros fecharam o dia com viés de queda nos vencimentos curtos e de alta na ponta longa, mesmo com o IPCA acima do consenso e o dólar em baixa e, no exterior, o discurso considerado "dovish" de Jerome Powell que estancou a trajetória altista do rendimento da T-Note de dez anos. Em boa medida, a curva foi influenciada por fatores técnicos relacionado à montagem de posições em inflação implícita e ao leilão de NTN-B do Tesouro com risco bem maior para o mercado.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 12,025% (regular e estendida), de 12,082% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 passou de 11,508% para 11,525% (regular) e 11,515% (estendida) e a do DI para janeiro de 2027, de 11,392% pra 11,45% (regular) e 11,445% (estendida).
A leitura negativa do IPCA de dezembro estressou o mercado durante a manhã, mas já no fim da primeira etapa o efeito se esvaiu e as taxas viraram para baixo, com o mercado ainda envolto pelas operações relacionadas ao leilão de NTN-B. "Ontem foi um dia de movimento forte nas implícitas, então um pedaço disso foi antecipado", explica o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier.
De acordo com a Renascença, ontem, houve volume relevante de negócios nos vencimentos mais curtos das implícitas. A da B22 subiu de 5,64% para 5,94% e a da B23 de 5,77% para 5,96%. A para o ano de 2022, pelo DAP (futuro de Cupom de IPCA - derivativo usado para precificação do IPCA), passou de 5,52% para 5,63%.
O IPCA de dezembro de 0,73% desacelerou menos que o esperado - a mediana das estimativas era de 0,65% - ante os 0,95% de novembro. A inflação de 2021, de 10,06%, superou marginalmente o consenso de 10%, sendo a mais elevada desde 2015 (10,67%), mas estourou em larga medida o teto da meta de inflação do ano passado, de 5,25%.
Por isso, o Banco Central teve cumprir a formalidade e publicar uma carta aberta ao presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), o ministro da Economia, Paulo Guedes, para justificar o descumprimento e indicar providências para o retorno à meta, assim como o prazo para que isso ocorra.
No documento, o BC alegou o avanço das commodities, gargalos nas cadeias produtivas, a escassez hídrica e os riscos fiscais, lembrando ainda que a escalada inflacionária foi um fenômeno global. Repetiu a sinalização de uma nova alta de 1,5 ponto da Selic no Copom de fevereiro e que "irá perseverar em sua estratégia até que se haja ancoragem de expectativas para as metas".
Sobre o recuo da ponta curta, André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, diz que, apesar do IPCA, dados de preços mais recentes em janeiro indicam continuidade da desaceleração da inflação e, diante dos indicadores fracos de atividade, "não dá para imaginar que o BC vai subir além de 150 pontos-base". "Mas temos de ir monitorando, vide hoje a Petrobras", disse, referindo-se ao aumento no preço dos combustíveis anunciado pela companhia.
Os ventos externos hoje até que foram favoráveis, com a T-Note rodando na casa de 1,74%, mas não conseguiram aliviar prêmios de risco da ponta longa. Em depoimento no Senado, Powell disse que a autoridade monetária ainda não tomou uma decisão sobre a eventual redução do balanço patrimonial e que os Estados Unidos permanecerão na configuração de juros baixos, mesmo com as perspectivas de elevação da taxa básica nos próximos meses. "A mensagem é de que o caminho para a normalização será longo e gradual e que é o mercado que terá de descobrir qual é o juro de equilíbrio", comentou Perfeito.
Um gestor acredita que uma explicação para o desempenho dos vértices longos pode estar relacionada também ao leilão de NTN-B, que teve risco bem maior para o mercado em relação aos anteriores. A oferta total era de 2,050 milhões da títulos, mas foram vendidos 1,975 milhão, uma vez que no papel mais longo, na estreia do vértice 15/8/2060, foram vendidos 225.400, ante lote de 300 mil, com taxas abaixo do consenso. Já as demais - 750 mil para 2027 e 1 milhão para 2035 - tiveram demanda integral. (Denise Abarca - [email protected])
18:23
Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 9.60
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 9.15
Over Selic (%a.a) 9.15