NY EM ALTA E ORÇAMENTO SANCIONADO PUXAM ATIVOS LOCAIS, MAS DÓLAR TEM REALIZAÇÃO

Blog, Cenário
O clima favorável ao risco no exterior ajudou a interromper um sequência de quedas do Ibovespa, ao mesmo tempo em que manteve a tendência de baixa dos juros futuros. O real, por outro lado, passou por um processo de ajuste, após o bom desempenho dos últimos dias garantir recuo firme da moeda americana ante a brasileira na semana. Como pano de fundo do movimento de todos os ativos esteve a sanção ao Orçamento de 2021, na noite de ontem e publicada hoje no Diário Oficial da União. Ainda que analistas vejam fragilização da política fiscal na peça final, a leitura hoje e ao longo dos últimos dias foi de que a publicação do orçamento coloca um ponto final nas incertezas em relação ao tema e abre espaço para que o Congresso volte a discutir reformas. Não por acaso, tanto juros quanto câmbio tiveram desempenhos favoráveis na semana, ainda que a Bolsa tenha ficado descolada após três períodos consecutivos de ganhos. Nesta sexta, o dólar em alta do meio da tarde em diante acabou limitando a queda dos DIs, sobretudo de curto prazo, mas sem apagar a devolução de prêmios dos vencimentos mais longos. A divisa dos EUA terminou o dia com valorização de 0,78%, a R$ 5,4973 no mercado à vista. Ainda assim, além de seguir abaixo de R$ 5,50, teve queda de 1,6% desde a última sexta-feira. Na renda variável, as bolsas americanas e brasileira ganharam ainda mais fôlego à tarde, na medida em que a Casa Branca entendeu a contraproposta republicana para o pacote de infraestrutura como uma sinalização de boa vontade para negociar. Além disso, houve algum alívio com a informação do governo Joe Biden de que o aumento de impostos sobre ganho de capital atinge uma parcela muito pequena dos americanos. Ainda assim, alguns fatores de risco seguiram pesando, como o avanço da covid-19 pelo mundo. Isso não impediu, contudo, o forte desempenho dos principais índices em Wall Street, ajudando a acelerar o passo do Ibovespa para uma alta de 0,97%, aos 120.530,06 pontos, antes de uma semana recheada de balanços corporativos.
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MERCADOS INTERNACIONAIS As bolsas de Nova York ganharam fôlego nesta tarde, amparadas por dados melhores que o esperado da economia dos Estados Unidos. De olho em um pacote de infraestrutura, a Casa Branca considerou "um bom começo" a proposta da oposição republicana sobre o tema. O quadro de menor busca por segurança levou a uma alta nos juros dos Treasuries e, no câmbio, deixou o dólar em queda frente a outras moedas principais. O recuo do dólar colaborou para a alta do petróleo, embora continue a haver certa incerteza sobre a retomada na demanda global, diante da piora da pandemia da covid-19 na Índia e no Japão. No encerramento da Cúpula do Clima, o presidente americano, Joe Biden, enfatizou as oportunidades geradas, inclusive de empregos, com as mudanças almejadas na economia para conter o aquecimento global. O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto dos EUA, elaborado pela IHS Markit, foi mais um em "uma série de dados fortes vistos recentemente, conforme o processo de reabertura continua", nas palavras do BMO Capital. O dado de vendas de moradias novas também surpreendeu de modo positivo, no momento em que os EUA conseguem manter um ritmo forte de vacinação contra a covid-19. A perspectiva de mais reabertura econômica tem apoiado o otimismo com a trajetória do país em 2021, mas o Federal Reserve (Fed) segue comprometido a manter postura dovish, que não deve ser alterada na decisão da próxima quarta-feira. O governo Biden, além disso, almeja mais investimentos, com foco em infraestrutura. Durante entrevista coletiva, a porta-voz da Casa Branca disse que a proposta republicana sobre o assunto, embora bem menor do que a do presidente (US$ 568 bilhões versus US$ 2,3 trilhões), era "um bom começo" para as negociações bipartidárias. A porta-voz ainda comentou sobre a proposta de Biden para elevar impostos sobre ganhos de capital, mas ela disse que apenas 0,3% dos contribuintes do país seriam afetados, aqueles que ganham mais de US$ 400 mil ao ano. O próprio Biden voltou a falar na Cúpula do Clima e exaltou a oportunidade de geração de empregos, com as adaptações para uma economia mais limpa. A LPL Financial também destaca, a partir de indicadores antecedentes do Conference Board, o impulso da economia americana, com a retirada de restrições à mobilidade e estímulos ficais. Em outro relatório, a LPL comenta que o impulso positivo para os balanços continua, na atual temporada americana de resultados corporativos, com o setor financeiro entre os melhores resultados. Nas bolsas, a perspectiva forte para a economia americana se traduziu em compra de ações. O Dow Jones bateu máxima histórica intraday e fechou em alta de 0,67%, em 34.043,49 pontos, o S&P 500 subiu 1,09%, a 4.180,17 pontos, e o Nasdaq avançou 1,44%, a 14.016,81 pontos. Entre os Treasuries, os juros subiram com a menor busca por segurança. No fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos avançava a 0,149% e o da T-note de 10 anos, a 1,557%. A Oxford Economics comenta que uma pausa na alta dos juros dos Treasuries de longo prazo, desde o fim de março, tem ajudado a apoiar condições financeiras "ainda mais relaxadas". A consultoria acredita, porém, que os juros devem retomar trajetória de alta. Nesse quadro, a Oxford projeta que o Fed comece a reduzir seu programa de compra de bônus em 2022 e eleve a taxa básica de juros nos EUA em 2023. No câmbio, o mesmo otimismo levou o dólar para baixo, enquanto moedas europeias ganharam fôlego com indicadores positivos da zona do euro e do Reino Unido. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de divisas principais, recuou 0,52%, a 90,859 pontos. No horário mencionado, o dólar caía a 107,88 ienes, o euro avançava a US$ 1,2100 e a libra subia a US$ 1,3887. O movimento cambial ajudou o petróleo, com o dólar mais fraco apoiando a demanda de detentores de outras moedas. O contrato do WTI para junho fechou em alta de 1,16%, em US$ 62,14 o barril, na Nymex, e o Brent para o mesmo mês subiu 1,07%, a US$ 66,11 o barril, na ICE. Analista da Rystad Energy, Paola Rodriguez-Masiu vê o mercado entre dois polos: apoiado por sinais mais fortes de EUA e Europa, mas cauteloso com a piora da covid-19 em alguns países, como Índia e Japão. EUA, Canadá, Noruega, Catar e Arábia Saudita anunciaram um fórum de produtores de petróleo e gás, a fim de ter como meta futura zerar as emissões líquidas nesses países. (Gabriel Bueno da Costa - [email protected]) Volta JUROS Os juros futuros deram sequência ao movimento de ontem e fecharam em baixa, sustentando o sinal de queda mesmo com a pressão do câmbio, embora as máximas da moeda à tarde tenham desacelerado o ritmo de recuo das taxas. Essencialmente, o alívio com o Orçamento continuou reverberando, num dia mais fraco de notícias e indicadores, tanto aqui quanto lá fora, a não ser os detalhes do texto, sancionado ontem com veto parcial. A curva fechou a semana com redução nos níveis de inclinação, de cerca de 25 pontos-base, promovida pela melhora de percepção do risco fiscal pós-Orçamento e acomodação dos Treasuries nos últimos dias. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 encerrou em 4,615%, de 4,641% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 7,776% para 7,69%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 8,34%, de 8,424% ontem no ajuste. O diferencial entre os DIs para janeiro de 2022 e janeiro de 2027 ficou em 372 pontos-base, o menor desde 22 de março (361 pontos), de 395 na última sexta-feira. Para o operador de renda fixa da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno, a questão fiscal e a abundância da liquidez pelo mundo são os principais responsáveis pela queda das taxas longas desde ontem. "Com o Orçamento sancionado, passou a preocupação com a descontinuidade do governo e agora dificilmente vão emplacar o impeachment, mas tendo o Centrão como parceiro o viés não é de austeridade", afirmou. O desenho final do Orçamento acabou saindo como esperava a equipe econômica, com ajuste total de R$ 29 bilhões, mas não sem exigir extensas negociações com os parlamentares e não sem críticas de especialistas, uma vez que as despesas com a pandemia (classificadas oficialmente como extraordinárias) estão fora da meta fiscal e do teto de gastos e podem ser imprevisíveis. "Seria melhor ter um valor estimado, haver uma revisão para uma meta maior. Seria mais transparente se tivesse sido feito dessa maneira", afirmou o diretor da ASA Investments e ex-secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall. Para Nepomuceno, o mercado está olhando agora mais o curto prazo e vendo que o Banco Central "está conseguindo conter as expectativas no gogó" e também sente que há fluxo para o Brasil, considerando que as commodities estão "bombando" e vide o fato de o Tesouro ter conseguido vender ontem um lote de 300 mil NTN-F, para, segundo ele, atender à demanda de estrangeiros. "Hoje os juros não sentem tanto a virada do câmbio porque a ponta longa tinha subido muito em função do imbróglio do Orçamento e isso agora saiu da frente", explicou. Com prêmios elevados, liquidez farta e redução no risco de ruptura política, na curva ainda há "oportunidade na venda", na avaliação da JF Trust, uma vez que seria exagerada a precificação atual de Selic de mais de 6% no fim deste ano. "A Selic deveria subir a 5,75% até dezembro para que a o IPCA não supere 5% em 2021", afirma relatório da instituição, que tem Eduardo Velho como economista-chefe, argumentando que a desaceleração recente dos preços das commodities e a queda do dólar (caso se sustente em patamar não superior à R$ 5,5), tende a provocar uma devolução mais rápida da inflação dos IGPs e do IPCA entre junho e agosto. (Denise Abarca - [email protected]) 17:27 Operação   Último CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 3.14 Capital de Giro (%a.a) 6.35 Hot Money (%a.m) 0.64 CDI Over (%a.a) 2.65 Over Selic (%a.a) 2.65 CÂMBIO O dólar fechou a sexta-feira em alta, em um movimento de realização de ganhos, devolvendo parte da queda recente, mas acumulou baixa de 1,6% nos últimos cinco dias. Foi a quarta semana consecutiva de desvalorização ante o real, impulsionada pela maior propensão do investidor internacional a tomar risco, por conta das quedas das taxas de retorno dos juros longos americanos, o que tem trazido fluxo de capital externo para o país. A resolução do imbróglio do orçamento, que já durava quase um mês, também teve peso decisivo na melhora do real e a expectativa nas mesas é que agora a agenda de reformas volte a andar, embora a preocupação fiscal siga no radar. No encerramento da semana mais curta, o dólar terminou cotado em R$ 5,4973, em alta de 0,78%. No mercado futuro, era negociado com ganho de 0,89%, a R$ 5,5005 às 17h. Apesar de ter deixado gastos extra teto no orçamento, em nível acima do esperado, o fato de o governo ter encontrado uma solução para a novela envolvendo o texto sem decretar o estado de calamidade acabou dando algum alívio para os mercados, avalia a economista-chefe da Armor Capital, Andrea Damico, em sua carta semanal. No caso do câmbio, a economista destaca ainda o crescimento das exportações este mês, ajudado pelas vendas da safra de soja, com superávit comercial de R$ 3 bilhões até a terceira semana do mês. Pela frente, a perspectiva de fluxo via comércio exterior é boa, por conta da exportação da safra de grãos e minério que acontecem em momento de alta dos preços das commodities. Para o economista de América Latina da Capital Economics, Nikhil Sanghani, a sanção do orçamento por Bolsonaro traz alívio porque "tira o governo de uma buraco" e resolve a questão "por ora", deixando um ambiente que pode ser positivo para reformas. Por isso, o alívio no câmbio. Mas o orçamento mostra um Congresso propenso a querer mais gastos e o governo ainda teve que cortar despesas que podem afetar o funcionamento da máquina pública pela frente. O resultado, observa Sanghani, é que o risco fiscal segue alto no Brasil, e deve continuar tendo efeito nos prêmios de risco, pressionando o câmbio, que deve fechar o ano em R$ 5,75, segundo previsões da consultoria. A Fitch Ratings também elogiou a preservação do teto de gastos pelo governo, mas alertou para a situação fiscal frágil do país, que precisa ser ajustada. Embalado pelo capítulo virado do orçamento de 2021, investidores estrangeiros fizeram ontem forte redução de apostas compradas no mercado futuro da B3, que ganha com a valorização do dólar. Estas apostas foram cortadas em US$ 1,34 bilhão somente ontem, dia em que a moeda americana testou mínimas desde 25 de fevereiro, considerando operações em dólar futuro, minicontratos de dólar futuro, swap cambial e cupom cambial (DDI), de acordo com números da B3 monitorados pela corretora Commcor. Nos últimos 5 dias até ontem, o saldo total destas operações caiu de US$ 32,3 bilhões para US$ 30 bilhões. No exterior, uma combinação de taxas mais comportadas dos juros americanos e alguns dados melhores da economia europeia ajudaram a fortalecer o euro, fazendo assim o dólar perder força nos últimos dias, destaca o analista de mercados do Western Union, Joe Manimbo. Após indicadores de serviços e da indústria melhores que o previsto em abril na zona do euro, a moeda testou nesta tarde as máximas ante o dólar desde 3 de março, a US$ 1,21. O índice DXY, que mede a divisa dos EUA ante moedas fortes, acumula queda de 3% em abril e de 10% em 2021. (Altamiro Silva Junior - [email protected]) BOLSA O Ibovespa interrompeu nesta sexta-feira série de três ganhos semanais, iniciada ainda no fim de março, quando o índice da B3 saiu dos 115 mil pontos para gradualmente ascender aos 121,1 mil do fechamento do último dia 16, sexta-feira passada, quando atingiu seu maior nível desde o encerramento de 18 de janeiro. Nas quatro sessões desta semana que chega ao fim, o Ibovespa registrou perdas em três. Hoje, fechou em alta de 0,97%, aos 120.530,06 pontos, entre mínima de 119.372,04, da abertura, e máxima de 120.814,83 pontos. Na semana, acumulou perda de 0,48%, após ganhos de 2,93%, 2,10% e 0,41% nas anteriores. No mês, faltando apenas uma semana para o fim de abril, registra alta de 3,34%, com avanço de 1,27% em 2021. Nesta sexta-feira, o giro financeiro ficou em R$ 31,3 bilhões. O dia positivo em Nova York, com ganhos de até 1,44% (Nasdaq), contribuiu hoje para o Ibovespa sair de três perdas seguidas para retomar a linha de 120 mil pontos que tem prevalecido desde o último 14, com o índice em intervalo sem grandes correções, tampouco com fôlego para seguir muito adiante no momento, superada a longa espera pela definição do Orçamento de 2021 - recebida pelo mercado como um copo meio cheio. "Os mercados americanos se recuperaram hoje do dia anterior, quando refletiram as notícias sobre planos de aumento de impostos por Joe Biden (sobre ganhos de capital para a alta renda), muito acima do esperado tanto por republicanos como por democratas, o que pode ser um obstáculo para a aprovação do arrojado programa de investimentos em infraestrutura", aponta Paloma Brum, economista da Toro Investimentos. "No Brasil, a sanção do Orçamento, com corte de R$ 19,8 bilhões, e o bloqueio de recursos para o cumprimento do teto de gastos são positivos para a esfera fiscal." "Nos EUA, os dados econômicos acima da expectativa mostram ritmo acelerado de recuperação da economia. O PMI Composto, que engloba indústria e serviços, subiu de 59,7 em março para 62,2 em abril, atingindo o maior nível da série histórica iniciada em outubro de 2009", observa Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. "Por aqui, além da recuperação das empresas do setor financeiro (Bradesco ON +1,92%, Santander +2,11%), as ações da Vale (ON +1,66%) impulsionaram o índice, em dia de alta para o minério de ferro e também repercutindo os bons números de volume de vendas da Usiminas, um belo sinal do que pode ser o resultado das empresas ligadas às commodities metálicas", acrescenta o analista. Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para Gol (+4,12%), à frente de Via Varejo (+3,88%) e de Braskem (+3,56%). No lado oposto, Cielo cedeu 3,10%, com Cosan em baixa de 2,49% e Marfrig, de 2,06%, no fechamento. O mercado financeiro ficou mais cauteloso sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A expectativa de ganhos para o Ibovespa na próxima semana ainda conserva a fatia de 50% entre os participantes, como na pesquisa anterior, mas a percepção de que o período entre 26 e 30 de abril será de queda para o índice subiu de 25,00% para 37,50%. A previsão de estabilidade recuou de 25,00% para 12,50%. (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:26 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 120530.06 0.97057 Máxima 120814.83 +1.21 Mínima 119372.04 0.00 Volume (R$ Bilhões) 3.13B Volume (US$ Bilhões) 5.71B 17:27 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 121100 0.72361 Máxima 121305 +0.89 Mínima 120300 +0.06
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