Com ganho de três mil pontos na sessão, o Ibovespa conseguiu apagar as perdas acumuladas na semana e terminou o dia aos 105.148,48 pontos, valorização de 2,91% hoje e de 0,69% ante a sexta-feira passada. O salto do pregão veio tanto de um otimismo com a cena externa quanto de fatores locais. Lá de fora, da parte corporativa, os bancos regionais tiveram uma recuperação das fortes perdas recentes ao mesmo tempo que o balanço da Apple reforçou o bom humor com as techs - a ação subiu 4,69% e o Nasdaq, referência do setor, avançou 2,25%. Já do ponto de vista macroeconômico, o relatório de emprego (payroll) dos Estados Unidos revelou um mercado de trabalho aquecido em abril, com criação de postos e aumento dos salários além do esperado. Mas a despeito de isso ter puxado os rendimentos dos Treasuries, prevaleceu a visão de que o dado forte mostra que o aperto monetário não deve levar a maior economia do mundo a uma recessão e sim a um "pouso leve", algo visto como positivo pelos detentores de ações. O Dow Jones subiu 1,65% e o S&P 500 ganhou 1,85%. Aqui, o modo "risk-on" puxou para cima papéis de primeira linha como Vale ON (+3,26%) e Bradesco (ON +3,63% e PN +4,98%), que divulgou balanço ontem. Com o salto de 4% do petróleo, aparando parcialmente as perdas semanais, Petrobras teve ganhos de 4,20% (ON) e 4,26% (PN). A companhia também foi ajudada pela disparada de 23,62% da Braskem, da qual é sócia. A petroquímica teria recebido uma proposta da estatal Abu Dhabi National Oil Company (Adnoc), a maior empresa de petróleo dos Emirados Árabes, e do fundo americano Apollo por seu controle. No leilão de fechamento, por meio de fato relevante, a Braskem negou que tenha recebido uma proposta. Diante da entrada de fluxo (comercial e financeiro) para ativos locais e desmonte de posições cambiais defensivas, o dólar à vista desceu a R$ 4,9436, queda de 0,99% hoje e 0,88% na semana. Nos juros futuros, a semana foi marcada pelo recuo forte das taxas nos contratos médios e longos, em meio à percepção de suavização de trechos do comunicado do Copom.
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BOLSA
Com salto de mais de 23% para a ação da Braskem nesta sexta-feira - em meio a rumores de que a Adnoc, maior petroleira dos Emirados Árabes, está se juntando ao fundo Apollo para formalizar proposta pelo controle da maior petroquímica da América Latina - e ganhos de 3% a 4% para as pesos-pesados do Ibovespa (Petrobras e Vale), o índice conseguiu chegar ao fim da semana acumulando ganho de 0,69% no intervalo e também no mês, após virtual estabilidade (+0,06%) na semana anterior.
Hoje, a referência da B3 escalou três andares em relação ao fechamento anterior e retomou o nível dos 105 mil pontos, no que foi seu maior nível de encerramento desde 18 de abril, então aos 106.163,23 pontos. Nesta sexta, oscilou entre mínima de 102.174,73, da abertura, e máxima de 105.305,64 pontos (+3,06%). Ao fim, mostrava alta de 2,91%, aos 105.148,48 pontos, em seu maior avanço em porcentual desde o último dia 11 (+4,29%). O giro financeiro subiu a R$ 28,1 bilhões na sessão. No ano, o Ibovespa ainda acumula perda de 4,18%.
“O Ibovespa voltou a operar acima dos 105 mil pontos, em dia de payroll [relatório sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos] e de declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, mostrando confiança na aprovação do arcabouço fiscal até o final de maio e da reforma tributária, até o fim de junho, o que contribuiu para o otimismo da sessão. Apesar dos dados fortes sobre o mercado de trabalho americano, com peso sobre os juros do Fed, Nova York teve recuperação hoje, embalada pelas ações de bancos e também com balanços de algumas empresas, lá fora”, diz Lucas Martins, especialista em renda variável da Blue3 Investimentos.
No exterior, o movimento foi pautado, desde a manhã, não apenas pela retomada parcial das ações de bancos regionais americanos, mas também pelo avanço dos papéis de tecnologia, após a Apple trazer números de vendas bons na tarde de ontem, aponta em nota a Guide Investimentos. Em Nova York, Dow Jones fechou hoje em alta de 1,65%, S&P 500, de 1,85%, e Nasdaq, de 2,25%, com os índices blue chip e amplo ainda acumulando perdas de 1,24% e 0,80% na semana, respectivamente, e o tecnológico em leve avanço de 0,07% no intervalo.
Em Wall Street, a ação do PacWest, que tombou no dia anterior em meio a dúvidas sobre a solvência de bancos regionais nos Estados Unidos, chegou a disparar mais de 80% à tarde, em meio a uma onda de compras técnicas. Nas redes sociais, operadores relataram intenção de promover um "short squeeze" no papel do banco regional, intensificando a pressão de compra sobre o ativo para forçar a saída de posições de operadores que fizeram vendas a descoberto - ante temores, que prevaleciam ontem, quanto à saúde financeira das instituições financeiras de menor porte nos EUA.
Assim, no exterior, com retomada do apetite por ativos de risco, houve recuperação parcial para o petróleo nesta sexta-feira, com o Brent e WTI em alta em torno de 4% no fechamento, mas ainda acumulando perdas na casa de 6% a 7% no intervalo, em meio a dúvidas sobre o ritmo de atividade global, em especial na China, grande consumidora da commodity. O dia também foi de retomada parcial para o setor metálico, muito pressionado na semana, em particular Vale, cuja ação subiu hoje 3,26%, ainda cedendo 4,64% no acumulado da semana. Petrobras ON e PN, por sua vez, avançaram 4,20% e 4,26% na sessão, obtendo ganhos de 0,45% e 1,27% na semana.
A sexta-feira foi amplamente positiva também para outro setor de peso no Ibovespa, o financeiro, com ganhos nas ações de grandes bancos que chegaram a 4,98% (Bradesco PN) no fechamento, mesmo com certa decepção dos investidores em relação ao balanço trimestral da instituição. Na ponta da carteira Ibovespa, além de Braskem (+23,62%), destaque para Petz (+15,99%), Alpargatas (+11,98%) e Soma (+11,23%). No lado oposto, Assai (-8,54%), Embraer (-2,48%), Cemig (-2,38%) e Carrefour (-2,00%).
A Adnoc, estatal de petróleo de Abu Dhabi, e o fundo de private equity americano Apollo querem comprar o controle da Braskem. Para tentar avançar com o negócio, ofereceram perto de US$ 7,2 bilhões - R$ 36 bilhões por uma das maiores petroquímicas do mundo, atualmente nas mãos da Petrobras e da Novonor (antiga Odebrecht). A esse preço, cada ação da empresa sairia a R$ 47, um prêmio alto em relação aos níveis atuais do papel, que havia fechado ontem em R$ 19,22, reportam os jornalistas Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt.
Hoje, a ação da Braskem encerrou o dia cotada a R$ 23,76, com máxima na sessão a R$ 27,20. No leilão de fechamento, por meio de fato relevante, a empresa negou que tenha recebido uma proposta.
Depois de uma semana marcada pela volatilidade, os profissionais do mercado financeiro diminuíram o otimismo em relação ao desempenho que o Índice Bovespa terá nos próximos pregões. É o que aponta o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, que traz uma redução de 50% para 37,5% nas estimativas de alta para o índice da B3 na semana que vem. Houve redução também nas apostas de queda para o índice, de 33,3% na semana passada para 25% nesta semana. Por outro lado, houve incremento na perspectiva de estabilidade para o Ibovespa, com um porcentual que saltou de 16,6% para 37,5% entre a semana passada e esta. (Luís Eduardo Leal - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 105148.48 2.91085
Máxima 105305.64 +3.06
Mínima 102174.73 0.00
Volume (R$ Bilhões) 2.81B
Volume (US$ Bilhões) 5.66B
18:03
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 106600 2.59865
Máxima 106935 +2.92
Mínima 103800 -0.10
MERCADOS INTERNACIONAIS
O forte avanço na ação da Apple ajudou a conduzir o Nasdaq a uma alta de 2%, em um pregão marcado pela melhora do clima em Wall Street após uma semana turbulenta. O movimento reflete a recuperação dos bancos regionais, puxada pelo salto de 80% do PacWest, além de alívio nos riscos de recessão após a surpresa com o relatório payroll. Assim, com maior demanda pela renda variável, os juros dos Treasuries avançaram, enquanto o ouro caiu e o dólar não firmou direção única. Já o petróleo teve alta de 4%, embora ainda tenha acumulado queda semanal de cerca de 6%. Nesta tarde, dirigente do Fed, James Bullard (St. Louis), corroborou as expectativas de que o aperto monetário não deve levar a maior economia do mundo a uma recessão e sim a um "pouso leve". Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou que a covid-19 não é mais classificada como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional.
As bolsas de Nova York encerraram o pregão corrigindo parte das perdas registradas ao longo de uma semana marcada por renovação das turbulências bancárias, após a venda do First Republic ao JP Morgan (+1,95%). Hoje, a recuperação de bancos regionais, liderada pelo PacWest (+81,70%) e pelo Western Alliance (+49,23%), deu fôlego ao mercado acionário. No final da tarde, o índice Dow Jones encerrou o pregão com ganho de 1,65%, a 33.674,38 pontos, enquanto o S&P 500 ganhou 1,85%, a 4.136,25 pontos. Contudo, ambos registraram perdas de 1,24% e 0,80% na semana, respectivamente.
Já o Nasdaq avançou 2,25% hoje, a 12.235,41 pontos, garantindo uma valorização semanal de 0,07%, impulsionado por papéis da Tesla (+5,50%) e da Apple (+4,69%). Esta última foi particularmente beneficiada após informar vendas "recordes" do iPhone nos três primeiros meses do ano, que apoiaram lucro acima do esperado pelo mercado.
Na visão do Citi, a relativa estabilidade nas preocupações com o setor bancário permitiram que os mercados focassem em dados macroeconômicos nesta sexta-feira. Destaque na agenda de indicadores, o relatório de empregos (payroll) dos Estados Unidos apontou abertura de 253 mil vagas em abril, acima da mediana das expectativas dos analistas consultados pelo projeções Broadcast, de 185 mil. A taxa de desemprego recuou de 3,5% em março a 3,4% em abril, enquanto o salário médio por hora cresceu 0,48% na taxa mensal e 4,4% na anual do mesmo período.
Os dados reforçaram a força do mercado de trabalho e da economia americana, reduzindo apostas por cortes de juros do Fed. Segundo monitoramento do CME Group, a chance de que a taxa básica esteja na faixa atual entre 5,00% e 5,25% em julho saltou de 34,5% ontem para 56,7% há pouco, ao passo em que a probabilidade de corte de 25 pontos-base reduziu de 59,8% para 39,1%. Ainda, a possibilidade de nova alta dos juros ao nível de 5,25% a 5,50%, que não era cotada ontem, subiu ao longo da tarde, encerrando o dia em 4,2%.
A perspectiva de aperto prolongado, no entanto, não chegou a pesar nas bolsas de Nova York, concentradas no arrefecimento das tensões nos bancos e na resiliência da economia. A Capital Economics apontou que o relatório não deve mudar os planos do Fed de pausar o aperto monetário em breve. Para o BMO, o foco do BC americano deve permanecer sobre o desempenho dos bancos regionais, à medida que dirigentes enfatizam a eficácia de instrumentos macroprudenciais para conter o contágio no setor bancário.
À tarde, Bullard comentou que o Fed trabalha com um cenário base de "pouso suave" e não de recessão nos Estados Unidos, o que implicaria em menor crescimento e uma desaceleração no mercado de trabalho. O dirigente ainda minimizou os estresses recentes no sistema bancário americano e disse que o ocorrido atingiu apenas uma pequena parcela de bancos regionais.
Com o maior apetite por risco, os retornos dos Treasuries tiveram alta, também de olho nas perspectivas de juros restritivos por mais tempo. Por volta das 17 horas (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos subia a 3,907%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,435% e o do T-bond de 30 anos subia a 3,750%.
Já o dólar não conseguiu manter direção única e, no horário citado, avançava a 134,84 ienes, enquanto o euro subia a US$ 1,1026 e a libra tinha alta a US$ 1,2641. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou queda de 0,18%, a 101,214 pontos, com recuo semanal de 0,44%. O ouro, também visto como ativo de segurança, com entrega para junho fechou em baixa de 1,45%, em US$ 2.055,70 a onça-troy, mas teve alta de 1,29% na semana.
Já o petróleo WTI para junho fechou em alta de 4,05% (+US$ 2,78), A US$ 71,34 por barril, enquanto o Brent para julho fechou em alta de 3,86% (+US$ 2,80), a US$ 75,30 por barril. Na semana, entretanto, os contratos caíram 7,08% e 6,26%, respectivamente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou hoje que a covid-19 não é mais classificada como uma emergência de saúde pública de âmbito internacional (PHEIC, na sigla em inglês). A decisão foi oficializada pelo diretor da instituição, Tedros Adhanom Ghebreyesus, após integrantes do Comitê aconselharem que está na hora de implementar a transição para o gerenciamento de longo prazo da doença. Ainda, o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, anunciou um pacote de 80 milhões de libras (500 milhões de reais) para o Fundo Amazônia, durante reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). (Laís Adriana - [email protected])
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou a sessão desta sexta-feira, 5, em queda de 0,99%, cotado a R$ 4,9436 - menor valor de fechamento desde 17 de abril. O dia foi marcado por forte apetite ao risco no exterior, com disparada de ações de bancos médios americanos e recuperação dos preços das commodities, em especial do petróleo, diante de menor temor de recessão nos EUA. Operadores relataram entrada de fluxo (comercial e financeiro) para ativos locais e desmonte de posições cambiais defensivas no mercado futuro.
Afora uma alta pontual pela manhã, quando atingiu máxima a R$ 5,0084 (+0,31%), na esteira da divulgação de dados fortes do mercado de trabalho americano, o dólar trabalhou em baixa ao longo de todo o pregão, renovando mínimas à tarde, quando desceu até R$ 4,9267 (-1,32 %), em sintonia com máximas do Ibovespa e das bolsas em Nova York. Na semana, o dólar tem baixa de 0,88%, o que leva a desvalorização acumulada no ano a 6,37%.
No exterior, o índice DXY - termômetro do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em leve baixa, com mínima aos 101,124 pontos, com perdas da moeda americana frente ao euro e esterlina. Divisas emergentes e de países exportadores de commodities subiram em bloco frente ao dólar, com raras exceções, como o rand sul-africano. Entre as divisas latino-americanas, o real apresentou o segundo melhor desempenho, atrás do peso colombiano, com ganhos acima de 2%.
Principal falcão do Banco Central americano, o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, minimizou o estresse no sistema bancário e disse à tarde que o cenário-base da instituição não é de recessão, mas de "pouso suave" da economia americana. Bullard foi além e afirmou não acreditar que o mercado de trabalho aquecido se traduz necessariamente em alta da inflação.
"Interessante a dinâmica do mercado, apesar de números do payroll fortes, mostrando resiliência da economia americana ao aperto monetário. Como o Fed já falou que não vai querer mais subir juros, gera esse otimismo. O Brasil surfa a onda", afirma o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig. "O mercado parece que quer acredita que os EUA vão seguir crescendo com o mercado de trabalho super apertado e mesmo assim a inflação vai cair. Eu não compro isso".
Foram geradas 253 mil vagas de emprego nos EUA no mês passado, bem acima da medida de Projeções Broadcast (185 mil). A taxa de desemprego caiu de 3,5% em março para 3,4% em abril, ante projeção de 3,6%. Houve revisão, contudo, da geração de empregos em março (de 236 mil para 165 mil) e em fevereiro (de 326 mil a 248 mil).
"Apesar de o payroll maior que o esperado pela mediana, a revisão líquida negativa dos meses anteriores 'compensou' a alta no mês e deixou a média de três meses com leve desaceleração. Isso mitigou muito o impacto no mercado hoje", afirma o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, que vê tendência de apreciação do real. "Mantemos o call de que os fundamentos da economia devem manter o dólar no 'range' entre R$ 4,85 e R$ 4,95 nas próximas semanas".
Por aqui, investidores monitoraram falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em entrevista à CBN pela manhã, Haddad disse que acredita na aprovação da nova proposta do arcabouço fiscal por "mérito" do próprio Congresso. Ele também disse que a reversão da decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), da suspensão a um julgamento no Superior Tribunal de Justiça (STJ) que pode render R$ 90 bilhões por ano ao governo abre caminho para o ganho da causa no STF. Trata-se de um valor, segundo o ministro, que equivale à metade do esforço fiscal que precisa ser feito em 2024.
Segundo apuração do Broadcast, em encontro nesta tarde com economistas que participam do Prisma Fiscal, Haddad afirmou que a reforma tributária será a "bala de prata" no processo de ajuste fiscal. A ideia do governo é que a redução dos litígios tributários permitirá um corte relevante nas despesas do Judiciário.
"A decisão ontem do ministro André Mendonça favorece o governo e é crucial para o sucesso do novo arcabouço fiscal", afirma o CEO do Transferbank, Luiz Felipe Bazzo. "O Ibovespa e o câmbio devem operar positivos na próxima semana, apoiados pelo clima global de menor aversão a risco e pela continuidade da queda das taxas de juros locais". (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.94360 -0.9854 5.00840 4.92670
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4984.000 -0.58841 5034.000 4950.500
DOLAR COMERCIAL 5046.903 23/12
JUROS
As taxas dos contratos de juros futuros fecharam praticamente de lado nesta sexta-feira, 5, em um dia de ajuste de posições após a semana de decisões de política monetária no Brasil, Estados Unidos e Europa. Apesar da forte valorização do real e do Ibovespa, os DIs encerraram o pregão entre leves quedas nos trechos curto, médio e longo da curva.
Na comparação com o ajuste de ontem, o DI para janeiro de 2024 recuou 1,2 pontos-base, de 13,207% para 13,195%, mesmo movimento visto nas taxas para janeiro de 2025 (11,760% para 11,680%) e janeiro de 2027 (11,484% para 11,435%). No trecho longo da curva, o contrato para janeiro de 2029 ficou praticamente estável, com baixa de 0,7 pontos-base (11,837% para 11,830%).
O comportamento dos juros domésticos acabou descolado dos rendimentos dos Treasuries, que avançaram durante o dia, refletindo o alívio de temores com o setor bancário dos Estados Unidos e a surpresa com os dados do payroll de abril. O relatório de empregos americano mostrou criação de 253 mil postos de trabalho no mês passado, acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de 185 mil.
Diante do consenso do mercado de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pausou o ciclo de aperto monetário na última quarta-feira, os dados do payroll acabaram sendo vistos como um sinal de que os EUA podem escapar de uma recessão este ano, o que aumentou o apetite global por risco, que ajudou a amparar a valorização do real e do Ibovespa na sessão.
“A gente teve um movimento de tomada de risco no mercado financeiro e, aqui no Brasil, o dólar renovou mínimas, o que ajuda a justificar esse movimento de queda dos DIs mais curtos”, afirma a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.
A estrategista-chefe da MAG Investimentos, Patrícia Pereira, avalia que declarações do presidente do Fed de St. Louis, Jim Bullard, ajudaram a diminuir o impacto do payroll na curva local. Visto como nome hawkish no BC americano, Bullard destacou durante a tarde avaliar que um mercado de trabalho apertado não significa “exatamente” alta da inflação, e disse que o controle dos preços não envolve necessariamente o aumento do desemprego.
A agenda doméstica esvaziada também ajuda a explicar o viés de estabilidade dos DIs, segundo a estrategista. Hoje, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está na Inglaterra para participar da coroação do rei Charles III, enquanto o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), está em viagem aos Estados Unidos. “Em dias sem notícias, a tendência é o mercado ficar de lado”, diz Pereira.
Na comparação com o ajuste da última sexta-feira, 28, o DI para janeiro de 2024 mostrou leve viés de queda, com baixa de 9,9 pontos-base. O recuo foi maior nos vértices de janeiro de 2025 (-37 pontos-base) e janeiro de 2027 (-37,5 pontos-base). Para o economista-chefe do Banco BV, Roberto Padovani, o comportamento dos juros na semana mostra que a leitura de manutenção da Selic em nível alto por mais tempo continua.
“Ainda há uma inclinação negativa da curva de juros, com a parte curta mais pressionada do que a parte longa, por causa da leitura de que o BC não vai ter espaço para cortar a Selic agora, mas que essa política não é sustentável e, ao longo do tempo, os cortes virão”, diz Padovani. “O mercado está lendo que não tem espaço para cortes no curto prazo, e por isso vemos uma queda pequena dos juros, mesmo com o dólar caindo bem.” (Cícero Cotrim - [email protected])