MUDANÇA EM REGRA DO TETO E AJUDA A CAMINHONEIRO PIORAM HUMOR E ATIVOS LOCAIS TOMBAM

Blog, Cenário
O mercado brasileiro foi, mais uma vez, balançado pela insegurança em relação à política fiscal e pela quase certeza de que as bases atuais serão flexibilizadas para acomodar o aumento de programas sociais. Se o começo do dia já era ruim, refletindo declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, dizendo que o governo pediria uma "licença para gastar" além do que o teto de gastos permite, tudo piorou, contraditoriamente, quando surgiu a possibilidade de uma solução que mantenha todas as despesas dentro do teto. Isso porque, se furar o teto parecia ruim, as alas política e econômica do governo chegaram a uma proposta: alterar a regra do teto e aplicá-la retroativamente a 2016. Ou seja, o teto será aumentado de forma que abrigue ainda mais despesas do que se fosse furado. São R$ 40 bilhões apenas com essa medida. Aliada à limitação do pagamento de precatórios, que já era uma medida apresentada pela equipe econômica ao Congresso, o espaço total no Orçamento em 2022 ficará em R$ 83,6 bilhões. A cereja do bolo veio quando o presidente Jair Bolsonaro prometeu, sem explicar de onde sairiam os recursos, uma ajuda financeira aos caminhoneiros, que será anunciada nos próximos dias e que, segundo apurou o Broadcast, também deve ficar em cerca de R$ 400, assim como o Auxílio Brasil. Em um pregão de exterior vacilante, com alta dos yields dos Tresauries e do dólar, o resultado foi bastante negativo. A reação mais forte foi vista no mercado de juros, com as taxas intermediárias chegando a saltar 90 pontos no pior momento do dia. Mas a curva toda sofreu. Os vencimentos curtos, em meio a uma onda de revisões em alta para a Selic, tanto para a próxima reunião quanto para o fim do ciclo, precificam chances majoritárias de o aperto monetário ser de 1,5 ponto porcentual de uma vez só, já na semana que vem. A leitura é de que, sem a ajuda da política fiscal, recairá sobre a monetária a tarefa de conter os preços. Até porque, a desconfiança sobre o rumo das contas públicas afeta em cheio o humor do estrangeiro, o que levou o CDS de 5 anos do Brasil ao maior nível desde março e ajudou na valorização de 1,92% do dólar ante o real, a R$ 5,6676 - maior valor desde 14 de abril, após se aproximar de R$ 5,70 durante a tarde. Ao mesmo tempo, o investidor fugiu do risco da renda variável, o que chegou a colocar o Ibovespa de volta no nível de 105 mil pontos, num momento de queda de todos os papéis que compõem o índice. No fim, o tombo foi menor, de 2,75%, aos 107.735,01 pontos - menor patamar desde 23 de novembro de 2020. Ainda assim, contudo, muito distante do comportamento dos pares em Wall Street, onde o fechamento foi misto. As preocupações sobre a inflação e a desconfiança em relação aos emergentes, com temores de calote da chinesa Evergrande e corte de juros pelo BC da Turquia, foram parcialmente compensadas pela temporada de balanços dos EUA, a ponto de o S&P 500 renovar recorde de fechamento.
  • JUROS
  • CÂMBIO
  • BOLSA
  • MERCADOS INTERNACIONAIS
JUROS O que já estava ruim pela manhã piorou à tarde, quando os juros chegaram a subir 90 pontos-base nas máximas do trecho intermediário, novamente o mais penalizado pela deterioração de risco fiscal. O endosso da equipe econômica ao rompimento da teto de gastos para pavimentar o programa Auxílio Brasil catapultou as taxas e reforçou a expectativa de um aperto monetário mais agressivo. A precificação nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) mostra apostas majoritárias em alta de 1,5 ponto porcentual da Selic para o Copom da semana que vem, enquanto nos Departamentos Econômicos já surgem previsões de que a taxa básica estará novamente em dois dígitos ao fim do ciclo. Para piorar, a influência externa foi negativa em função da alta do rendimento dos Treasuries. O cenário do dia seria ainda pior se o Tesouro não tivesse reduzido drasticamente a oferta de prefixados, com o cuidado de antecipar a divulgação do edital para antes da abertura. A taxa do contrato de DI para janeiro de 2023 fechou em 10,48%, de 9,913% no ajuste e 10,16% no fechamento de ontem. A do DI para janeiro de 2025 encerrou a 11,49%, de 10,906% (ajuste) e 11,14% (fechamento), e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 11,274% (ajuste) e 11,48% (fechamento) para 11,80%. E o DI para janeiro de 2029 bateu em 12,00%, de 11,622% ontem no ajuste e 11,69% no fechamento. O avanço foi maior ante os ajustes do que em relação ao fechamento da sessão de ontem, uma vez que na etapa estendida os DIs esticaram o fôlego na esteira das declarações do ministro Paulo Guedes, admitindo a necessidade de uma “licença para gastar” R$ 30 bilhões fora do teto. Dados os estragos no mercado e para não configurar desrespeito à regra, o governo hoje propôs mudança na fórmula de correção do teto, que vai abrir um espaço de R$ 83,6 bilhões para despesas adicionais em 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro buscará sua reeleição. Mas a alteração não "colou". "Do ponto de vista legal, tudo bem. Do ponto de vista fiscal é que é muito ruim, tanto é que o mercado reage a isso", avaliou o secretário de Macroavaliação Governamental do Tribunal de Contas da União (TCU), Alessandro Caldeira. "O furo ao teto avalizado pela Economia mostra que as máscaras caíram e isso tudo às vésperas do Copom", disse o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. Ele ainda espera alta de 1 ponto da Selic na próxima reunião, mas disse que o quadro fiscal agora foi "profundamente" alterado justificando uma deterioração no balanço de riscos para a inflação e consequente aceleração do ritmo de aperto. "Será uma das reuniões mais desafiadoras dos últimos tempos", disse. A curva do DI não só apagou as apostas de aumento de 1 ponto na Selic como agora mostra expectativa majoritária de elevação de 1,5 ponto para o Copom de outubro. A Greenbay Investimentos informou que a precificação nesta tarde apontava 70% de chance de alta de 1,5 ponto contra 30% de chance de aumento de 1,25 ponto. A percepção é de que, com o risco fiscal, o Copom terá de maximizar o "whatever it takes" para recolocar a inflação de 2022 na meta de 3,5%. A Asa Investments passou a projetar alta de 1,50 ponto na Selic no Copom da semana que vem e no de dezembro e ainda elevou a aposta de 9% para 10,5% no fim do ciclo, mas ainda assim espera IPCA acima da meta em 2022, de 4,2%. Com o aperto das condições financeiras, a previsão para o PIB de 2022 cedeu de 1,5% para 0,40%. O impacto do furo do teto sobre a curva ainda foi amplificado à tarde, levando as taxas às máximas depois que o presidente Jair Bolsonaro anunciou a criação de um benefício a caminhoneiros, que ameaçam paralisação a partir de 1º de novembro. "Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão ajuda para compensar aumento do diesel", afirmou, sem oferecer detalhes sobre a medida. A ajuda pode ser de R$ 400 mensais, a ser paga de dezembro de 2021 a dezembro de 2022, segundo apurou o Broadcast. Como o mercado já amanheceu sob forte estresse, o Tesouro se antecipou divulgando o edital das condições dos leilões de prefixados logo cedo e contribuindo para dar previsibilidade aos agentes. Ofertou apenas 450 mil LTN e 100 mil NTN-F, absorvidas integralmente. (Denise Abarca - [email protected]) 17:39 Operação   Último CDB Prefixado 32 dias (%a.a) 7.18 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 6.15 Over Selic (%a.a) 6.15 CÂMBIO O mercado doméstico de câmbio foi atingido nesta quinta-feira pelo o que analistas costumam chamar de tempestade perfeita. Aos sinais inequívocos de que o governo Jair Bolsonaro está disposto a usar expedientes para driblar o teto de gastos, na tentativa de se cacifar para a corrida eleitoral, somou-se hoje uma onda de fortalecimento global da moeda americana que castigou divisas emergentes. Em meio ao azedume com o aumento do risco fiscal, o dólar à vista já iniciou o dia em forte alta, rompendo o teto de R$ 5,65 logo nos primeiros minutos do pregão. Era evidente o mau humor com declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, ontem à noite, de que o governo pode pedir um "waiver", uma "licença para gastar" além do que o teto permite para bancar o Auxílio Brasil. Tido outrora como fiador da austeridade fiscal, Guedes disse que a "política é quem decide", admitindo a perda da queda de braço dentro do Palácio do Planalto. "Guedes perdeu a credibilidade do mercado com uma série de decisões, como a taxação de dividendos, o aumento do IOF, a questão dos precatórios, que representa um calote, e agora o rompimento do teto. Ele já não tem mais condições de ancorar as expectativas do mercado", afirma o head de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, Alexandre Netto. O ministro da Economia também deixou escapar ontem que o governo trabalhava com uma mudança no cálculo do teto de gastos - uma manobra com cheiro de contabilidade criativa. Reportagem exclusiva do Broadcast revelou hoje à tarde que as alas política e econômica haviam chegado a um acordo para alterar a fórmula do teto, o que, aliada à limitação do pagamento de Precatórios, abriria uma folga de R$ 83,6 bilhões no Orçamento. Foi o que bastou para que o dólar, que havia arrefecido um pouco o ímpeto altista, voltasse a acelerar. O caldo entornou de vez com declarações do presidente Jair Bolsonaro, durante evento em Pernambuco, de que atenderia a demanda de caminhoneiros autônomos de auxílio para compensar a alta do diesel. Fontes ouvidas pelo Broadcast informaram que a tal ajuda aos caminheiros poderia ser de R$ 400 por mês (de dezembro deste ano a dezembro de 2022), em custo total estimado em cerca de R$ 4 bilhões. Em resposta a mais um sinal de que o governo está disposto a abrir os cofres, o dólar chegou a superar a casa de R$ 5,69, ao tocar na máxima de R$ 5,6905 (+2,33%). A moeda americana desacelerou o ritmo de alta em meio à divulgação de detalhes do novo texto da PEC do precatório pelo deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), amenizando um pouco o nível de incerteza sobre os planos do governo. A intenção, como adiantado pelo Broadcast, é mudar, de fato, as regras do teto. Criado em 2016 e implementado em 2017, o teto prevê correção do limite de gastos pela inflação acumulada em 12 meses até junho. A proposta é alterar a correção para inflação de janeiro a dezembro - recalculando os limites desde 2016. Essa mudança proporcionará uma folga orçamentária e R$ 40 bilhões, que aliada à limitação do pagamento de precatórios - joga o espaço fiscal em 2022 para R$ 83,6 bilhões. No fim da sessão, o dólar era negociado em alta de 1,92%, a R$ 5,6676, maior valor desde 14 de abril (R$ 5,6705). A moeda acumula valorização de 3,90% nesta semana e de 4,07% em outubro. Na B3, o giro com o contrato futuro de dólar para novembro - termômetro do apetite para negócios, era robusto, de mais de US$ 19 bilhões. O head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt observa que aumento de gastos cogitado até agora não altera de forma relevante a relação dívida/PIB, principal indicador da saúde fiscal do país. O que assusta o mercado, diz Weigt, é a incerteza em relação à magnitude das despesas e à manutenção da âncora fiscal. "A solução menos ruim seria colocar despesas pontuais extrateto. Não tem que mudar a regra do teto", afirma Weigt. "O problema é que não se sabe quanto vai ser gasto. Falam de auxílio de R$ 400, mas pode ser R$ 500, R$ 600, e podem inventar outras despesas", acrescenta o tesoureiro, dando como exemplo a notícia de que o governo pretende subsidiar o diesel para os caminhoneiros. Não bastassem as pressões internas, o dia lá fora foi marcado por uma rodada de fortalecimento da moeda americana, com investidores adotando uma postura defensiva em meio aos problemas de solvência da incorporadora chinesa Evergrande. Também dava fôlego ao dólar o aumento das apostas de que o Federal Reserve pode começar a subir os juros ainda no início do segundo semestre de 2022. A onda de inflação global não mostra sinais de arrefecimento e pode ensejar uma mudança na política monetária nos países desenvolvidos mais cedo do que se imaginava. O índice DXY - que mede a variação da moeda americana frente a seis divisas fortes - operou em alta firme ao longo do dia, na casa dos 93. O dólar subiu com força também em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities. Entre os pares do real, a valorização era de 1,60% ante o rand e superior a 0,40% frente ao peso mexicano. A maior valorização se dava na comparação com a lira Turca (+3%), reflexo da decisão do Banco Central Turco de cortar a taxa os juros (de 18% para 16%), após o presidente Recep Tayyip Erdogan ordenar a demissão de três dirigentes da autoridade monetária. "O ambiente externo é de alta do dólar. A aversão ao risco aumentou novamente com preocupações de desaceleração da economia chinesa, que enfrenta crise energética e no setor imobiliário. Além disso, o Fed deve começar o tapering mesmo em novembro", diz Netto, da Acqua-Vero Investimentos, que não vê espaço para o dólar voltar a ser negociado abaixo de R$ 5,50 no curto prazo. "Se as condições se deteriorarem, podemos ver o dólar batendo em R$ 5,70. O BC não entrou hoje, com esse estresse todo. Isso mostra que ele vai atuar apenas para dar liquidez no momento em que houver fluxos relevantes de saída". (Antonio Perez - [email protected]) 17:39 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.66760 1.9206 5.69050 5.62300 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5671.000 1.13241 5699.000 5629.500 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5719.000 2.58296 5719.000 5684.500 BOLSA O pacote de bondades sendo costurado pelo governo, com Auxílio Brasil a R$ 400 sem fonte definida de custeio e ajuda de última hora, anunciada nesta tarde pelo presidente Jair Bolsonaro, ao diesel consumido pelos caminhoneiros autônomos, para evitar paralisação que havia sido convocada para 1º de novembro, foi recebido pelo mercado com uma apreensão: a de que o manche foi assumido de vez pela ala política para viabilizar a reeleição em 2022. Assim, no pior momento, com dólar perto de R$ 5,70 na máxima do dia, o Ibovespa mergulhou 4,58%, a 105.713,81 pontos, menor nível intradia desde 20 de novembro de 2020. O índice encerrou esta quinta-feira um pouco mais "acomodado", em queda de 2,75%, a 107.735,01 pontos, mínima de fechamento desde 23 de novembro (107.378,92), sem condição de notar a máxima histórica intradia do S&P 500, renovada à tarde. O CDS de 5 anos, medida de risco-país, foi ao maior nível desde o fim de março, com a deterioração da perspectiva fiscal. Na semana, as perdas do Ibovespa chegam agora a 6,03%, com as do mês a 2,92% - no ano, o índice cede 9,48%. Na B3, apenas três ações da carteira Ibovespa conseguiram escapar da correção: Suzano (+1,65%) e BB Seguridade (+0,80%), com Klabin sem variação no fechamento desta quinta-feira, após chegar a sustentar algum ganho. As perdas em Petrobras foram a 3,38% no fechamento (PN), com queda de 1,64% em Vale ON, de até 5,41% na siderurgia (Usiminas PNA), até 6,95% em utilities (Cemig PN) e de até 4,24% (BB ON) entre os grandes bancos. Na ponta do Ibovespa, segundo dia de forte realização de lucros para a recém-estreante Getnet (-19,76%), seguida por Americanas ON (-10,76%) e por Banco Inter (Unit -10,70%). Fortalecido, o giro financeiro foi a R$ 49,0 bilhões no encerramento, com o Ibovespa saindo de abertura a 110.767,14 pontos, correspondente por certo à máxima do dia - entre o pico e o piso da sessão, a variação foi de 5.053,33 pontos, ainda maior do que a de anteontem, quando o Ibovespa conseguiu conter perdas após o cancelamento de última hora da cerimônia em que seria feito o anúncio do Auxílio Brasil, em sinal percebido então como de força da equipe econômica na queda de braço com a ala política. Ontem, pelo contrário, o índice quase zerou os ganhos no fechamento, com a reação inicial ao aceno do ministro Paulo Guedes (Economia), no fim da tarde, de que a política é quem tem voto e, portanto, a palavra final sobre o aconselhamento técnico - uma reviravolta recebida hoje como traição no mercado. Seja como excepcionalidade - 'waiver' no termo usado ontem por Guedes - ou como antecipação da revisão do teto de gastos, prevista para 2026, as palavras de ontem do ministro já contribuíam para firmar a percepção de que a política estaria ganhando a disputa contra a recomendação técnica, à medida que se aproxima a batalha eleitoral de 2022. Os desdobramentos de hoje levaram esta percepção um pouco mais adiante. "O impacto foi imediato, acentuando piora que já vinha do começo da semana, com os juros futuros impactados, em elevação muito rápida na curva - os prazos de 5, 6 anos, batendo acima de 12% ao ano, patamar que há três meses a gente jamais imaginava que fosse chegar. Obviamente, toda essa situação, de perda do alicerce fiscal, recoloca o Brasil em ciclo antigo, já conhecido, com relação à inflação e aos juros", diz Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos. "Para o mercado, o que mais surpreende é que o que sempre tinha ali era a equipe econômica, o Paulo Guedes tentando segurar o ímpeto populista do governo, que pensa em eleição. Ontem, aparentemente ele jogou a toalha, tirando o time de campo com relação ao teto, ao falar que a política é quem manda. Aversão a risco total", acrescenta Marcatti, observando que a Bolsa tende a sofrer um pouco menos do que o câmbio e os juros, mas ainda assim realizando, pelo aumento da aversão a risco. "EWZ (ETF de Brasil em Nova York) caindo praticamente 6% enquanto Ibovespa cedia 4% à tarde. Governo vendeu a alma para o Centrão, e perde a credibilidade que ainda tinha com o mercado financeiro brasileiro. Muito estresse na curva de juros, o principal termômetro da tensão no mercado, com o dólar também se valorizando, apesar da presença do BC nesta semana. O mercado é soberano, e esta semana pode ser um grande divisor de águas", diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos. "Movimentação vista nos últimos dias no governo já vinha sendo ensaiada, já vinha amadurecendo há algum tempo. Tanto o presidente como Guedes vinham abandonando o discurso de responsabilidade fiscal, sob pressão do Legislativo também. Até pela queda de popularidade de Bolsonaro, era de esperar que isso se intensificasse mesmo, com a proximidade das eleições", diz Paulo Duarte, economista-chefe da Valor Investimentos. "Mercados muito nervosos hoje, e se não houver uma correção de rumo pelo governo, a tendência é de que a reação se intensifique", acrescenta. A licença temporária para gastar, sugerida no fim da tarde de ontem por Guedes para se ajustar à pressão política para viabilizar o Auxílio Brasil, em resumo, foi vista pelo mercado como licença para matar o teto de gastos, acentuando a pressão sobre os ativos brasileiros já esboçada ontem à noite na negociação de futuros. De acordo com fontes ouvidas hoje pelas jornalistas Idiana Tomazelli e Adriana Fernandes, do Broadcast/Estadão em Brasília, o acerto entre as alas política e econômica do governo é por mudar a correção do teto: com este entendimento, o governo terá mais R$ 83,6 bilhões de espaço no teto em ano eleitoral. O espaço considera nova correção do teto e o novo limite para os precatórios. O acordo foi fechado nesta manhã entre as alas política e econômica, após dias de embates entre as equipes para viabilizar o pagamento de R$ 400 aos beneficiários do Auxílio Brasil determinado por Bolsonaro. A proposta que está na mesa e que deve ser validada com o presidente é mudar a fórmula do teto, que hoje é corrigido pelo IPCA acumulado em 12 meses até junho do ano anterior ao de sua vigência. A ideia é adotar a correção da inflação de janeiro a dezembro.(Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 107735.01 -2.75433 Máxima 110767.14 -0.02 Mínima 105713.81 -4.58 Volume (R$ Bilhões) 4.89B Volume (US$ Bilhões) 8.68B 17:39 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 108365 -1.54901 Máxima 110455 +0.35 Mínima 106610 -3.14 MERCADOS INTERNACIONAIS Os mercados internacionais operaram sem ímpeto nesta sessão, com os investidores acompanhando as discussões sobre inflação - e avaliando os possíveis impactos sobre a política monetária dos maiores bancos centrais do mundo. Os principais índices acionários de Wall Street ficaram sem sinal único, mas o S&P 500 renovou máxima histórica de fechamento, impulsionado pelas divulgações de balanços corporativos. Os retornos dos Treasuries e o dólar avançaram, com o mercado apostando em uma elevação de juros pelo Federal reserve (Fed) já em julho de 2022. Já as commodities recuaram, com a realização de lucros pesando sobre o petróleo e o cobre. No fechamento, o Dow Jones caiu 0,02%, a 35603,08, o S&P 500 avançou 0,30%, a 4.549,78, e o Nasdaq subiu 0,62%, a 15215,70. O S&P 500, que renovou seu recorde histórico neste pregão, foi favorecido pelo desempenho positivo da Tesla, que está entre seus principais componentes. A ação da companhia teve alta de 3,26%, depois de informar lucro líquido de US$ 1,6 bilhão no terceiro trimestre deste ano, um aumento de 389% na comparação com o mesmo período do ano passado. A American Airlines (+1,90%) teve lucro acima do esperado, de US$ 169 milhões, e a AT&T (-0,54%) dobrou os ganhos no trimestre mais recente, a US$ 6,27 bilhões, mas viu sua receita cair 5,7%. A IBM registrou lucro de US$ 1,13 bilhão, menor que o contabilizado um ano atrás, e viu suas ações despencarem 9,56%. Segundo Edward Moya, analista da Oanda, a economia dos EUA ainda está em uma base sólida, mas agora a inflação é a principal ameaça. "As pressões inflacionárias continuam a dominar o foco em Wall Street e isso pode continuar a empurrar os rendimentos do Tesouro para cima", diz o economista. Diversos dirigentes do Fed já demonstraram preocupação com a resistência da inflação. Hoje, o diretor da instituição Christopher Waller afirmou que os próximos meses serão cruciais para que se saiba se a força da inflação americana, de fato, é ou não transitória. Segundo ferramenta do CME Group, o mercado já aposta em elevação dos juros pelo Fed em julho de 2022 - data próxima à defendida por diferentes membros do banco central americano para o fim do tapering. No fim da tarde em Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 0,436%, o da T-note de 10 anos avançava a 1,678% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,131%. Conforme reportagem especial publicada pelo <b>Broadcast</b> às 14h13, a inflação persistente tem levado a previsões de aperto monetário antecipado em países desenvolvidos, como Reino Unido e Canadá. Na América Latina e Caribe, a elevação de juros já se deu por vários bancos centrais, lembrou hoje o Fundo Monetário Internacional (FMI), destacando que a inflação é um fator de preocupação na região. Segundo o FMI, as expectativas para a trajetória inflacionária estão desancoradas na Argentina. Nigel Chalk, diretor interino do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo, afirmou que "sem dúvidas" a inflação é um ponto de cautela, diante dos gargalos nas cadeias de produção e alta dos preços das commodities. O BBH observa que, com o Federal Reserve (Fed) pronto para o tapering, o mercado está precificando uma elevação do juros no terceiro ou no quarto trimestre de 2022, enquanto as pressões inflacionárias ainda estão subindo. "Acreditamos que o movimento mais alto nas taxas americanas e no dólar eventualmente ganhará força de novo", dizem analistas. O índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais, avançou 0,23%, a 93.770 pontos. Entre as emergentes, a lira turca operou em baixa ante o dólar, com a decisão do Banco Central da Turquia de cortar sua taxa básica de juros em dois pontos porcentuais, a 16%, pesando no câmbio. Na Ásia, os problemas gerados pela Evergrande estiveram no radar. Com o dólar mais forte e a realização de lucros após sucessivas altas, as commodities fecharam em baixa. No petróleo, o WTI para dezembro caiu 1,10% (US$ 0,92), a US$ 82,50 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês recuou 1,41% (US$ 1,21), a US$ 84,61 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Também na Nymex, o cobre com entrega prevista para o mesmo mês caiu 3,72%, a US$ 4,5585 por libra-peso. O IHS Markit atribuiu ao ciclo inflacionário e aos efeitos da pandemia sua revisão para baixo da projeção de crescimento econômico global, que passou de 5,6% a 5,5% neste ano e de 4,5% a 4,3% no próximo. (Ilana Cardial - [email protected])
Gostou do post? Compartilhe:

Pesquisar

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Categorias

Newsletter

Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Posts relacionados

Receba nossos conteúdos por e-mail
Captcha obrigatório
Seu e-mail foi cadastrado com sucesso!

Copyright © 2023 Broker Brasil. Todos os direitos reservados

Abrir bate-papo
Olá!
Podemos ajudá-lo?