A subida dos preços das commodities no exterior ajudou a aparar as perdas do mercado acionário local, segurando o Ibovespa na faixa de 114 mil pontos, mesmo em dia de queda firme da Petrobras. A volta do feriado da Bolsa de Hong Kong mostrou otimismo do investidor com o crescimento da China, o que reverberou nos mercados que mantêm estreita dependência do gigante asiático - como é o caso das commodities e dos ativos brasileiros. Desta forma, o cobre, em Londres e Nova York, e o minério de ferro, em Cingapura, subiram, com ações do setor mínero-metalúrgico a reboque. Vale subiu 1,87%, Usiminas ganhou 3,74% e CSN saltou 4,43%. Mas a despeito do peso relevante desses papéis no índice, o Ibovespa cedeu aos 114.177,55 pontos (-0,08%). A queda se deu na esteira de incertezas quanto ao futuro da Petrobras, cujo conselho aprovou hoje o nome de Jean Paul Prates para a presidência. O mercado teme o rumo das discussões sobre a distribuição de dividendos e a política de preços. Os papéis da estatal cederam 2,79% (ON) e 2,75% (PN). A Bolsa brasileira também teve uma ajuda de Nova York, onde Dow Jones avançou 0,61%, Nasdaq saltou 1,76% e S&P 500 ganhou 1,10%. No mercado acionário de lá, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que subiu acima do projetado no quarto trimestre, trouxeram a visão de que o fim do aperto monetário pode não vir acompanhado de uma recessão. Mas essa percepção provocou a subida dos Treasuries e do dólar ante as moedas fortes. Aqui no Brasil, os juros futuros sentiram a pressão externa, mas tiveram o contraponto do câmbio, que, em meio a sequenciais relatos de ingresso de recursos no País, cedeu a R$ 5,0745 (-0,11%) no mercado à vista.
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BOLSA
O Ibovespa caiu 0,08% hoje, aos 114.177,55 pontos, em realização de parte do ganho de 2,27% acumulado entre terça e quarta-feira. A incerteza quanto ao futuro da Petrobras, após a confirmação do ex-senador petista Jean Paul Prates como presidente da estatal, predominou sobre os sinais positivos do exterior e puxou a queda da Bolsa brasileira. Na outra ponta, empresas relacionadas a commodities metálicas limitaram as perdas do índice, reflexo do otimismo com a reabertura da economia chinesa.
Na contramão dos ganhos do petróleo no mercado internacional, entre 1,26% (Brent) e 1,07% (WTI), os papéis da Petrobras encerraram o dia em queda (-2,79% ON, -2,75% PN), diante da percepção de que a gestão Prates deve agir para alterar a política de preços da empresa. “A queda do Ibovespa hoje é muito em função da Petrobras, basicamente por causa da discussão aberta sobre como fica a distribuição de dividendos e a política de preços para a frente”, resume o economista Álvaro Bandeira.
A incerteza foi renovada a partir das 16 horas, quando o mercado aguardava informações sobre a reunião agendada entre Prates e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O governo não divulgou informações sobre o encontro. Como resultado, as ações da estatal ficaram entre as cinco maiores baixas do índice.
Esse movimento foi o principal vetor negativo para o desempenho do Ibovespa hoje, mas o dia também foi marcado pela realização em segmentos como o varejo, que acumulou ganhos nas últimas sessões. O índice de referência de consumo encerrou o dia em queda de 0,22%, após ter acumulado alta 4,23% desde a segunda-feira, 23, em três pregões seguidos de resultados positivos. Ao todo, 43 das 88 ações listadas no Ibovespa encerraram o dia em baixa.
Na ponta positiva, o destaque ficou com empresas ligadas a commodities metálicas, que se beneficiam das expectativas pela reabertura da economia da China. Embora os mercados do país continuem fechados devido ao feriado de Ano Novo Lunar, o ganho próximo de 2% registrado pela bolsa de Hong Kong hoje e a valorização de 0,60% do minério de ferro em Cingapura aumentaram o otimismo. A Vale subiu1,87%, na máxima, acompanhada pelos papéis de CSN (+4,43%) e Usiminas (+3,74%) - estes últimos entre as cinco maiores altas do pregão.
“O desempenho de siderurgia e mineração é reflexo desse interesse estrangeiro no Ibovespa, por causa da China e do PIB dos Estados Unidos, que veio acima do consenso, mas em desaceleração em relação ao trimestre anterior, e mostrou que o trabalho do Fed [Federal Reserve, o banco central americano] está sendo feito”, diz o operador de renda variável da Manchester Investimentos Felipe Cima.
O PIB dos Estados Unidos subiu 2,9% no quarto trimestre em relação aos três meses anteriores, em números anualizado, acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast (2,5%). O sinal de atividade mais forte amparou as bolsas de Nova York, mas não alterou as expectativas de desaceleração do aperto monetário no país. Conforme a ferramenta de monitoramento do CME Group, a chance de um aumento de 0,25 ponto porcentual da taxa dos Fed Funds em 1º de fevereiro era de 98,12% hoje, contra 96,76% uma semana atrás.
Às vésperas da temporada de balanços dos grandes bancos do quarto trimestre, que será aberta pelo Santander no próximo dia 2, os papéis do setor tiveram desempenho misto hoje, com destaque para as units de Santander (+0,69%) na ponta positiva e para Bradesco ON (-0,24%) na negativa.
As maiores quedas do Ibovespa foram puxadas por Hapvida (-3,06%), Suzano (-2,93%) e Cemig (-2,82%), além da Petrobras. As cinco maiores altas ficaram com CVC (+4,29%), Eztec (+3,21%) e Qualicorp (+2,25%), além de CSN e Usiminas. (Cícero Cotrim - [email protected])
18:20
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 114177.55 -0.08097
Máxima 114835.35 +0.49
Mínima 113591.04 -0.59
Volume (R$ Bilhões) 2.24B
Volume (US$ Bilhões) 4.39B
18:24
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 114830 -0.39899
Máxima 115570 +0.24
Mínima 114280 -0.88
MERCADOS INTERNACIONAIS
O arrefecimento dos temores de recessão sustentou as bolsas de Nova York, petróleo e os juros dos Treasuries nesta quinta-feira. No entanto, a relativa força do dólar no mercado internacional indica resquícios de cautela nas mesas de operações. Afinal, embora os dados do Produto Interno Bruto (PIB) tenham se juntado a outros indicadores na composição de um quadro de resiliência na maior economia dos EUA, a avaliação ainda é a de que o cenário pode se deteriorar. A temporada de balanços, no geral, tem mostrado desempenho misto das empresas no quarto trimestre de 2022, mas boa parte delas sinaliza incertezas no horizonte e algumas delas, como a IBM, já anunciam demissões em massa.
"Para que as ações tenham uma recuperação sustentada, ainda precisamos de uma recessão e esses dados estão atrasando as esperanças de que isso aconteça antes do meio do ano", avalia o analista Edward Moya, da Oanda, em referência à bateria de indicadores divulgada pela manhã. O PIB dos EUA cresceu mais que o esperado no trimestre final de 2022, enquanto as vendas de moradias novas e as encomendas de bens duráveis superaram as expectativas do mercado em dezembro.
Os indicadores repercutiram positivamente em Wall Street. Em Nova York, o índice Dow Jones chegou a ameaçar virar para o negativo, pressionado sobretudo pela tombo de mais de 4% da IBM após balanço. Mas no fim prevaleceu o clima benigno na renda variável e tanto o Dow Jones (+0,61%, aos 33.949,41 pontos) quanto Nasdaq (+1,76%, aos 11512,41 pontos) e S&P 500 (+1,10%, a 4.060,43 pontos) terminaram no positivo. O papel da Mastercard caiu 1,35%, após sinalizar crescimento fraco da receita neste ano.
O bom humor observado na renda variável ajudou também o petróleo. Nesse caso, predomina ainda o otimismo em relação à rápida reabertura da economia da China, diante do relaxamento das restrições contra a covid-19. O barril do WTI para março subiu 1,07%, a US$ 81,01, e o do Brent para abril avançou 1,26%, a US$ 87,82. "O petróleo deve subir com a reabertura da China, mas a ação dos preços provavelmente será instável, devido à incerteza sobre a inflação e o crescimento", analisa a EA Research ao The Wall Street Journal.
Apesar do ânimo exibido em Wall Street, Edward Moya, da Oanda, alerta para o fato de que a economia forte pode ter implicações indesejadas para a inflação. "Uma recessão ajudará a fazer o trabalho de reduzir a inflação, caso contrário, um pouso suave inicial apenas manterá o Fed preservando a política restritiva", ressalta.
Nesse cenário, os juros dos Treasuries operaram em alta: no fim da tarde em Nova York, o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,117%, o do T-note de 10 anos aumentava a 3,490% e o do T-bond de 30 anos se elevava a 3,628%. À tarde, os ganhos perderam um pouco de força, depois que um leilão de US$ 32 bilhões em T-notes de 7 anos Departamento do Tesouro teve demanda acima da média, conforme o BMO Capital Markets.
No mercado cambial, o dólar subiu ante iene e euro, mas oscilou ao redor da estabilidade ante a libra. A moeda americana vem de um período de fraqueza sustentada, em meio à expectativa de que o Fed reduza o ritmo de aperto monetário e suba juros em 25 pontos-base na próxima reunião, em 1° de fevereiro. Contudo, para a Capital Economics, a desaceleração da economia impulsionará a divisa dos EUA. O índice DXY, que mede o dólar ante seis rivais fortes, fechou em alta de 0,19%, a 101,839 pontos. No fim da tarde em Nova York, o euro caía a US$ 1,0892 e a libra aumentava a US$ 1,2412, enquanto o dólar aumentava a 130,28 ienes.
Para o Instituto de Finanças Internacionais (IIF), a recente recuperação do euro reflete a queda nos preços de energia, mas pode ser um sinal errôneo. Isso porque, para a entidade, o choque energético na região é "substancial e contínuo". (André Marinho - [email protected])
CÂMBIO
Em sessão marcada por instabilidade e trocas constantes de sinal, o dólar à vista se firmou em baixa nas últimas horas de negócios e encerrou o pregão desta quinta-feira, 26, em leve queda (-0,11%), cotado a R$ 5,0745, entre mínima a R$ 5,0595 e máxima a R$ 5,1174. Segundo operadores, após acumular perda de 2,45% nas três sessões anteriores, voltando a níveis vistos no início de novembro de 2022, era natural que houvesse certa turbulência, com ajustes de posições e movimentos de realização de lucros. Embora a divisa já apresente baixa de 3,89% em janeiro, analistas veem chances de nova rodada de apreciação do real e dólar abaixo de R$ 5,00 no curto prazo.
Na ausência de novidades no front político doméstico, as cotações ficaram sujeitas a fluxos esporádicos e ao comportamento da moeda americana no exterior. Crescimento mais forte que o esperado do PIB nos Estados Unidos no quarto trimestre, embora não altere a expectativa de alta menor dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), amenizou as pressões sobre a moeda americana no exterior.
Referência do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta ao longo do dia e, na máxima, voltou a superar a linha dos 102,00 pontos. As taxas dos Treasuries subiram, embora de forma modesta, com o retorno da T-note de 10 anos na casa de 3,46%. Em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities, o comportamento foi misto.
"As perspectivas emergentes e para o real são positivas com a economia da China reabrindo e alta das commodities. Hoje, teve essa volatilidade por conta dos números mais fortes dos Estados Unidos. As taxas de juros lá fora estão subindo um pouco e o dólar se valorizando frente outras moedas de países desenvolvidos", afirma o head da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt.
O PIB americano subiu 2,9% no quarto trimestre (taxa anualizada), acima da mediana de analistas consultados por Projeções Broadcast (+2,5%). Medida de inflação preferida pelo Fed, o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos EUA avançou à taxa anualizada de 3,2% no quarto trimestre de 2022. O núcleo do PCE, que exclui alimentos e energia, subiu 3,9%.
"A economia americana parece mais resiliente e com inflação aparentemente mais controlada. Esses números puxaram as bolsas de Nova York e o dólar lá fora para cima", afirma o líder de renda variável da Manchester Investimentos, Marco Noernberg.
A surpresa com o PIB ameniza os temores de recessão pronunciada nos EUA neste ano, mas não altera a aposta amplamente majoritária em redução do ritmo de alta de juros de 50 pontos-base para 25 pontos-base na reunião de política monetária do Fed na próxima semana (1º de fevereiro). Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar no mesmo dia a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano.
A economia Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, observa que, mesmo com continuidade do aperto monetário nos EUA, o diferencial entre taxa de juros externa e interna segue em níveis muito elevados, o que estimula operações de 'carry trade' e é dá suporte ao real, favorecido também pela reabertura da economia chinesa.
Além do fluxo expressivo de estrangeiros para a bolsa em janeiro, parece haver demanda por ações e títulos públicos brasileiros. O Tesouro Nacional vendeu hoje 1,4 milhão de NTN-F, papel preferido pelos estrangeiros, de uma oferta total de 1,5 milhão. O giro financeiro foi de R$ 1,2 bilhão.
"Há incertezas no Brasil, mas a nossa taxa real de juros é disparada a maior do mundo. Na falta de notícias ruins, o real vai se valorizar aos poucos. Não é preciso nem notícia boa. É só não ter nada ruim que o dólar vai escorregando", afirma Weigt do Travelex. "Olhando duas cestas de moedas, uma com emergentes e outra com exportadores de commodities, vemos espaço para o real se valorizar mais 5%, o que significa dólar a R$ 4,80. Não quer dizer que vai para R$ 4,80, mas há espaço para isso."
O Banco Central informou hoje que houve uma revisão extraordinária nas estatísticas de câmbio contratado devido à constatação de erro de apuração desde outubro de 2021, especialmente em relação a importações. Com isso, o fluxo cambial total de 2022 passou de entrada de US$ 9,574 bilhões para saída de US$ 3,233 bilhões. (Antonio Perez - [email protected])
18:24
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 5.07450 -0.1063 5.11740 5.05950
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5073.500 -0.11812 5123.500 5065.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 5100.000 -0.11751 5125.000 5100.000
JUROS
Os juros futuros fecharam a quinta-feira com alta nas taxas intermediárias e longas, enquanto as curtas terminaram bem perto dos ajustes de ontem. Com exceção do leilão grande de prefixados do Tesouro pela manhã, a sessão não teve fatores específicos a conduzir os negócios. Após a devolução consistente de prêmios nas últimas duas sessões, o mercado hoje ficou dividido entre acompanhar mais um dia positivo para o real, ao menos em termos relativos, e a abertura das curvas no exterior. Sem impacto nos ativos, o destaque do noticiário da renda fixa foi o Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida de 2023, com meta de estoque considerada agressiva pelos agentes.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou 13,50%, de 13,48% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 12,64% para 12,74%. A do DI para janeiro de 2027 encerrou a 12,72%, de 12,64%, e a do DI para janeiro de 2029 ficou em 12,95%, de 12,85%.
A maior pressão sobre a curva se deu pela manhã, quando as taxas atingiram as máximas, com os players na expectativa pelo leilão do Tesouro. A instituição não vinha tendo êxito em suas emissões ao longo de janeiro, mas diante do alívio na curva esta semana, a previsão de que hoje haveria espaço para lotes maiores se cumpriu. O risco para o mercado em DV01, que na semana passada foi muito baixo - apenas US$ 18,3 mil - saltou para US$ 697 mil, segundo a Warren Renascença. A oferta de 17 milhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) foi absorvida integralmente, enquanto o lote de 1,5 milhão de Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-F) foi quase todo vendido (1,4 milhão).
O professor de assuntos ligados a Mercado Financeiro na B3, na Anbima e na FIA, Alexandre Cabral, considerou, no Twitter, o leilão "excelente". "Muito bom leilão, gringo voltando!", comemorou. Segundo ele, foi o melhor volume vendido desde agosto e o 3º melhor desde fevereiro do ano passado. O volume total do leilão foi de R$ 13,4 bilhões. Ele observou ainda que a NTN-F de 2029 teve só um comprador - "deve ter sido encomenda" - e que as taxas ficaram um pouco maiores do que o leilão de semana passada.
O resultado do leilão, especialmente a melhora da demanda nas NTN-F (na semana passada a oferta foi de apenas 100 mil), é visto como mais um indício do aumento de apetite ao risco dos investidores estrangeiros, uma vez que o papel normalmente é preferido pelos não residentes. "Com o risco de desaceleração nas economias dos Estados Unidos e Europa, o dólar se enfraquece e há um movimento maior de alocação em emergentes, com o Brasil em boa posição", avalia o operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos, André Alírio.
Com a perspectiva de retomada da China e a Selic elevada ainda jogando a favor, os ativos brasileiros têm atraído recursos nos últimos dias, tornando o real destaque positivo entre moedas emergentes, o que têm suavizado os prêmios de risco na ponta longa. Nesta quinta, o resultado do PIB dos Estados Unidos no quarto trimestre, alta de 2,9% ante o mesmo período de 2021, superou o consenso dos analistas (2,5%), e colocou dúvidas sobre a ideia de que o fim do ciclo de alta de juros pelo Federal Reserve está próximo, mas manteve a aposta majoritária de redução do ritmo de aumento para 25 pontos na reunião da semana que vem.
Nesse contexto, os juros dos Treasuries longos avançaram, com a taxa de dez anos chegando próxima a 3,50%, de 3,45% ontem, mas o efeito sobre a curva local foi amenizado pelo bom comportamento do câmbio. O dólar à vista fechou em baixa de 0,11%, aos R$ 5,0745.
No Brasil, os players já começam a se posicionar para o Copom, que, assim como o Fed, tem reunião na próxima quarta-feira. É unânime a previsão de manutenção da Selic em 13,75% das 50 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast e, na curva de juros, a precificação de aumento de 25 pontos-base é bastante residual.
Apesar do movimento expressivo de desancoragem das expectativas, os economistas da MCM Consultores afirmam que "não há muito o que o BC deva fazer neste momento, além de reforçar os sinais de alerta" no comunicado. "Caso a política econômica do novo governo siga efetivamente a direção sugerida pelas recentes falas populistas de Lula, ficará claro em pouco tempo que quem semeia vento colhe mais inflação e juros altos", avaliam.
Nesse contexto de incertezas, profissionais da renda fixa consideram que a gestão da dívida pública será desafiadora para o Tesouro, que hoje divulgou o PAF 2023. O destaque foram as bandas determinadas para o estoque da dívida, de R$ 6,4 trilhões e R$ 6,8 trilhões, ante R$ 5,951 trilhões no fechamento de 2022. A Necessidade Líquida de Financiamento é de R$ 1,487 trilhão.
O estrategista de renda fixa da Necton Investimentos Fernando Cervi Ferez, afirma que para um estoque de R$ 6,6 trilhões, as emissões semanais de títulos nos leilões deveriam ficar perto de R$ 28 bilhões em média, valor bastante acima da média semanal de 2023 até agora, de R$ 18,4 bilhões. "A sinalização é de intenção de fazer a rolagem integral da dívida", afirma Ferez, para quem o Tesouro deve evitar recorrer ao colchão de liquidez, preferindo aumentar a emissão das Letras Financeiras do Tesouro (LFT), que têm tido boa demanda. (Denise Abarca - [email protected])