MERCK GERA OTIMISMO GLOBAL E LIMITA PERDAS DA SEMANA PARA BOLSA E REAL

Blog, Cenário
Uma onda de otimismo global varreu os mercados nesta primeira sessão de outubro, após os solavancos de setembro. O principal motor para o movimento veio logo cedo, com a notícia de que o molnupiravir, que a Merck desenvolveu, reduziu significativamente os riscos de hospitalização e morte pela covid-19. Isso porque, embora o processo de vacinação esteja bastante avançado nas principais economias do planeta, novas variantes, como a Delta, ainda aparecem como fantasmas ao pleno funcionamento da atividade. Dessa forma, a aliança entre imunizantes e remédios cientificamente eficazes fez o investidor ir em busca de ativos de risco. Destaque para o salto de ações ligadas ao setor aéreo, ainda muito penalizado pelas restrições atuais de viagem. O petróleo também subiu, impulsionando o segmento de energia. Assim, em Nova York, Dow Jones avançou 1,43%, S&P 500 ganhou 1,15% e Nasdaq teve alta de 0,82%, incapazes, contudo, de apagar as perdas semanais, causadas pela inclinação da curva de rendimento dos Treasuries. Como pano de fundo externo, importante notar ainda que o feriado de uma semana na China, iniciado hoje, tira a pressão do noticiário vindo do país. Neste contexto, os ativos domésticos tiveram forte alívio diário, que reduziram sensivelmente as perdas da semana. No melhor momento do pregão, o Ibovespa superou o nível de 113 mil pontos e o dólar, depois da escalada dos últimos dias, cedeu a R$ 5,35. Ao fim, o principal índice da B3 terminou o dia aos 112.899,64 pontos, valorização na sessão de 1,73% e perda semanal de 0,34%. E o dólar à vista encerrou a R$ 5,3691, baixa diária de 1,42% e ganho de 0,47% ante sexta-feira passada. Apesar desses movimentos, o mercado não deixou de acompanhar a tensão fiscal do País. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou algum otimismo quanto à resolução do impasse para financiamento do 'novo' Bolsa Família e do pagamento de precatórios em 2022. "Acredito que vamos virar essa página em breve", disse. E o Bradesco, em revisão mensal, assumiu um cenário de "certa preservação" do teto de gastos, ponderando que os riscos persistem. Nesse contexto, como observam profissionais de renda fixa, a desinclinação da curva de juros seria até maior, não fosse o temor com populismo fiscal. Para semana que vem, atenções voltadas a indicadores de inflação e atividade econômica no Brasil, além do relatório de emprego (payroll) dos Estados Unidos.
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MERCADOS INTERNACIONAIS Após oscilar entre altas e baixas, as bolsas em Nova York se firmaram no positivo e fecharam com ganhos ao redor de 1%. Novos comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed) consolidam no mercado a ideia de que o tapering está a caminho - o que, segundo analistas, já está precificado. Com o shutdown sendo evitado no último minuto e dados econômicos nos EUA próximos aos projetados pelo mercado, o dólar devolveu parte da alta dos últimos dias e os juros dos Treasuries recuaram. A notícia de que a Merck apresentou resultados positivos para um medicamento contra a covid-19 alimentou as expectativas de aumento na demanda por petróleo e levou para cima os preços da commodity. Segundo a Merck, o molnupiravir, remédio que desenvolveu para o tratamento da covid-19, "reduziu significativamente" os riscos de hospitalização e morte pela doença. A notícia fez a ação da empresa saltar 8,37% neste pregão, mas não evitou que os mercados acionários em Nova York tivessem mais um dia de sobe-e-desce. Mas, depois de encerrar setembro com a maior baixa desde março de 2020, as bolsas de Nova York começaram o mês de outubro com recuperação. A LPL Markets lembra uma série de potenciais responsáveis pela cautela recente: variante delta do coronavírus, problemas da cadeia de abastecimento global, aumento da regulamentação chinesa, possível insolvência da Evergrande e tapering do Fed, além das questões no Congresso dos EUA. "Com o S&P 500 agora com 5% de baixa em seu recorde histórico, muitos investidores individuais parecem estar pessimistas em relação ao mercado no curto prazo", apontou LPL, que por sua vez concluiu que "os temores podem ser exagerados e que, com base em leituras históricas, esse pessimismo pode ser um indicador contrário de alta para as ações". As ações das aéreas dispararam mais de 5% neste pregão, com American Airlines (+5,51%), Delta Air Lines (+6,50%) e United Airlines (+7,86%) em destaque. O Dow Jones fechou em alta de 1,43%, o S&P 500 subiu 1,15% e o Nasdaq ganhou 0,82%. Na Europa, porém, o DAX teve baixa de 0,68% em Frankfurt e o FTSE 100 teve queda de 0,84% em Londres. O petróleo ganhou impulso com o cenário, em sessão que antecede a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) sobre produção. A Capital Economics espera "um grande aumento na produção de petróleo Opep+ no próximo ano, à medida que o grupo reduz seus cortes anteriores, mas tem havido pedidos crescentes de uma redução ainda mais rápida, o que enfraqueceria os preços do petróleo". Hoje, o WTI para novembro avançou 1,13% (US$ 0,85), a US$ 75,88 o barril. O Brent para dezembro, por sua vez, subiu 1,24% (US$ 0,97%), a US$ 79,28 o barril. Depois da divulgação do índice de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos EUA em agosto, que subiu 4,3% na comparação anual, maior avanço do período desde 1991, a Stifel Economics avaliou que: "os mercados parecem cada vez mais nervosos à medida que um nível sustentado de inflação mais alto, resultando em um nível mais alto de juros, parece estar finalmente aparecendo". Embora o Fed tenha garantido que o tapering é apenas o primeiro passo para a remoção da acomodação e será lento e controlado, os investidores estão cada vez mais focados em uma alta de juros, aponta. Hoje, o presidente da distrital da Filadélfia do Federal Reserve, Patrick Harker, afirmou que quer começar o tapering "logo" para que a entidade possa elevar os juros nos EUA caso seja necessário. No fim da tarde em Nova York, o dólar caía a 111,06 ienes, o euro subia a US$ 1,1598 e a libra tinha alta a US$ 1,3551. O índice DXY recuou 0,21%, a 94,035 pontos. Por sua vez, na semana, o DXY subiu 0,76%, impulsionado especialmente pelas perspectivas de tapering. Já os rendimentos dos Treasuries operaram pressionados, e no final da tarde o juro da T-note de 2 anos recuava a 0,261%, o da T-note de 10 anos cedia a 1,470%, e o do T-bond de 30 anos, a 2,038%. Embora o Congresso dos EUA tenha evitado que o governo americano entrasse em shutdown, o impasse político no Capitólio em relação ao teto da dívida continua (veja mais na reportagem publicada às 16h28). Com isso, a questão deverá seguir impactando os mercados na próxima semana. (Matheus Andrade - [email protected]) BOLSA O dia foi de alguma recuperação para o real e o Ibovespa neste começo de último trimestre do ano, após um mês de setembro difícil para os ativos brasileiros, em que o grau maior de incerteza sobre o cenário externo se conjugou às persistentes dúvidas domésticas sobre a evolução do fiscal, com indefinição sobre como ficará o Auxílio Brasil e a PEC dos Precatórios. Assim, o índice de referência da B3 fechou a primeira sessão de outubro em alta de 1,73%, aos 112.899,64 pontos, com o maior ganho em porcentual desde o último dia 22 (1,84%) e buscando se reaproximar do nível de encerramento de 27 de setembro (113.583,01 pontos). Na semana, o Ibovespa limitou a perda do intervalo a 0,34%, vindo de ganho de 1,65% acumulado na semana anterior, que havia sido o primeiro em quatro semanas. Assim, das últimas cinco semanas, incluindo a que chega agora ao fim, o Ibovespa avançou em apenas uma delas. Hoje, oscilou entre mínima de 110.979,75, da abertura, e máxima de 113.019,62 pontos, com giro financeiro a R$ 34,2 bilhões no encerramento. No ano, o índice cede 5,14%. Após instabilidade pela manhã, os índices de ações em Nova York encerraram o dia com ganhos firmes, buscando recuperação frente à sessão anterior, mas em terreno negativo no acumulado da semana, com destaque para o Nasdaq, que registrou perda de 3,20% no período. Os gargalos nas cadeias internacionais de insumos, a escassez de fontes de energia, as dúvidas sobre o ritmo de retomada econômica e o aumento da inflação global permanecem como pano de fundo para os negócios. "Setembro teve muitos pontos de atenção e outubro começa quase da mesma maneira", observa Rodrigo Franchini, sócio da Monte Bravo Investimentos, acrescentando que os investidores continuarão muito atentos aos dados sobre a inflação americana, em meio a sinais de desaceleração econômica global, especialmente na China em momento de substituição de matrizes de energia, com redução do uso de carvão. "O investidor precisará ser paciente no médio prazo, após um mês de setembro muito volátil." Nesta sexta-feira, os principais mercados acionários da Europa fecharam o dia em baixa, reagindo à leitura sobre a inflação na zona do euro, em alta de 3,4% ao ano em setembro, comparada a 3% em agosto. No mês, a inflação ao consumidor no bloco, no maior nível desde 2008, também foi puxada pela energia, aponta Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora. "Esse cenário inflacionário, pressionando o aumento de custos, está acontecendo em diferentes países", acrescenta. Ainda assim, apesar dos diversos fatores de incerteza externa e doméstica, o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira traz alterações marginais na percepção do mercado para as ações no curtíssimo prazo, que seguem com tendência bastante otimista, com o Ibovespa barateado, vindo de três meses de perdas consecutivas, em retração de 12,47% no terceiro trimestre. Entre os participantes, 69,23% acreditam que a próxima semana será de ganhos para o Ibovespa e os demais 30,77% preveem estabilidade. Nenhum deles espera baixa. Na pesquisa anterior, as repostas também se dividiam apenas em alta (72,73%) e variação neutra (27,27%). Na ponta do Ibovespa nesta sexta-feira, destaque para a recuperação da Unit do Banco Inter (+9,54%), assim como para a ação PN (+9,31%) da instituição, ocupando o topo da lista do índice na sessão, ao lado de Banco Pan (+8,46%). Na face oposta do Ibovespa, destaque para Suzano (-3,76%), Pão de Açúcar (-2,56%) e Fleury (-2,12%). Entre as blue chips, em dia positivo para o petróleo com a retomada de apetite por risco no exterior, Petrobras ON e PN fecharam o dia respectivamente em alta de 1,88% e 2,83% (esta na máxima da sessão), enquanto Vale ON cedeu 0,05% em dia positivo para o setor de siderurgia, com destaque para Usiminas PNA (+4,65%). Entre os grandes bancos, os ganhos chegaram a 4,01% (Unit do Santander) nesta sexta-feira. "Hoje, houve animação em Nova York, com resposta muito positiva à possibilidade de medicamento (da Merck) para Covid, e o Ibovespa acompanhou. Foi o principal catalisador do dia", diz Leonardo Aparecido, especialista em renda variável da Valor Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected]) 17:32 Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 112899.64 1.73054 Máxima 113019.62 +1.84 Mínima 110979.75 0.00 Volume (R$ Bilhões) 3.41B Volume (US$ Bilhões) 6.34B 17:39 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 112865 1.98798 Máxima 113160 +2.25 Mínima 110935 +0.24 CÂMBIO Após fechar setembro com valorização de 5,30% e flertar com o patamar de R$ 5,45, o dólar iniciou o mês outubro em terreno negativo, interrompendo uma sequência de sete pregões seguidos de alta. Nas mesas de operação, o diagnóstico é que o ambiente externo benigno, marcado por avanço dos mercados acionários e enfraquecimento global da moeda americana, abriu espaço para uma correção na taxa de câmbio, embora o clima ainda seja de cautela por causa da questão fiscal doméstica. Muito castigado nos momentos de maior aversão ao risco, o real hoje liderou os ganhos entre emergentes - desempenho que se deve em parte, segundo operadores, ao menor apetite para especular contra a moeda brasileira, dada a percepção de que o Banco Central está mais vigilante, depois da intervenção de ontem à tarde com a oferta de swaps cambiais. O recado parece ser de que, caso não haja vendedor de dólares no mercado e a moeda americana entre em um movimento unidirecional, o BC vai intervir. Embora a autoridade monetária diga que atua para evitar disfuncionalidades e não para defender determinado patamar para a taxa de câmbio, comenta-se nas mesas de operação que, dado o nível das expectativas inflacionárias, o BC vai tentar conter qualquer movimento maior de depreciação do real. Em queda já pela manhã, o dólar à vista aprofundou o movimento de baixa ao longo da tarde, em meio à aceleração das Bolsas em Nova York, que foi acompanhada com Ibovespa. Com mínima a R$ 5,3535 (-1,70%), a moeda americana fechou em queda de 1,42%, a R$ 5,3691. Apesar do tombo nesta sexta-feira, o dólar ainda encerra esta semana em leve alta (+0,47%). Para o operador Hideaki Iha, da Fair Corretora, o BC deveria ser até mais atuante dar uma referência de taxa de câmbio ao mercado. "Quando o BC atua, o mercado fica mais cauteloso. Se o dólar se aproxima do nível em que o BC costuma entrar, já aparece vendedor e o exportador vem para o mercado, sabendo que não vai conseguir uma taxa mais alta", afirma Iha. Em sua avaliação, a queda da moeda americana hoje foi um "movimento natural de correção" e não pode ser interpretado como um sinal de nova rodada de apreciação do real. "Nenhum dos nossos problemas fiscais foi resolvido e o cenário externo está bem mais complicado, com o Fed perto de retirar os estímulos e a crise energética na China", diz. No exterior, o mercado celebrou hoje a notícia do desenvolvimento de um medicamento capaz de reduzir significativamente os riscos de hospitalização e morte pela covid-19, o que diminui os temores de novas variantes do coronavírus possam levar a eventuais lockdowns e agravar a disrupção nas cadeias globais, insuflando ainda mais a inflação. O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes - trabalhou a maior parte do dia em queda de cerca de 0,20%, no limiar dos 94 pontos. Por aqui, o mercado monitora as negociações para possível prorrogação do auxílio emergencial (adotado por conta da pandemia da Covid-19) e a tramitação da PEC precatórios e da reforma do Imposto de Renda, ambos tidos como essenciais para a criação do Auxílio Brasil, a versão ampliada do Bolsa Família. O ministro da Economia, Paulo Guedes, cometeu um ato falho hoje ao dizer, em evento do Palácio do Planalto, que o ministro da Cidadania, João Roma, iria estender o auxílio emergencial. Diante da repercussão no mercado financeiro, Guedes disse que havia trocado, sem intenção, o Auxílio Brasil (que precisa ser abrigado no teto dos gastos) por auxílio emergencial (que pode ser financiado por crédito suplementar e, portanto, fora do teto). Em webinar do banco Morgan Stanley, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto reiterou que vai fazer levar a taxa Selic até o nível necessário para atingir a meta de inflação. Segundo Campos Neto, o volume de precatórios de 2022 tirou espaço de manobra do orçamento de 2022 e que "muitas perguntas sobre programa social ainda não foram respondidas", o que provoca apreensão. "Acredito que vamos virar essa página em breve". Para a economista do Banco Ourinvest Cristiane Quartaroli o mercado segue muito preocupado com as questões fiscais internas, o que torna difícil ver uma tendência de valorização da moeda brasileira. "A queda do dólar hoje esteve ligada muito ao cenário esterno. Os juros dos Treasuries caíram hoje e isso acaba impactando muito nas moedas emergentes", diz Quartaroli, ressaltando que o real tem o melhor desempenho hoje entre os emergentes "por uma questão técnica", já que havia sofrido mais que as demais divisas nos últimos dias. O Bradesco revisou hoje estimativa para taxa de câmbio para o fim deste ano (de R$ 5,00 para R$ 5,15) e de 2022 (de R$ 5,50 para R$ 5,60). Na avaliação do banco, embora a alta da taxa Selic "venha contendo os fluxos de saída de dólares", a queda dos termos de troca - na esteira de desaceleração da China - a retirada de estímulos monetários nos países desenvolvidos jogam contra o real. O valor justo da moeda brasileira, segundo o Bradesco, segue abaixo de R$ 5,00, mas o recuo do dólar depende da resolução dos problemas fiscais e redução da inflação. Na B3, o dólar futuro para novembro recuava 1,49%, a R$ 5,3875, com giro na casa de US$ 14,8 bilhões. (Antonio Perez - [email protected]) 17:39 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.36910 -1.4157 5.43290 5.35350 Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5395.000 -1.35308 5456.000 5377.000 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5495.633 24/09 JUROS O rali no exterior ganhou força à tarde, ampliando o apetite por ativos de risco de modo geral e ajudando os juros a acentuarem a queda, com mínimas na ponta longa no fim da sessão, que já vinha sendo antes embalada pelo alívio no mercado de Treasuries - a taxa da T-note de 10 anos voltou a ficar abaixo de 1,5%. Assim, a curva acabou fechando a semana com perda de inclinação. O movimento, porém, seria até maior se o cenário interno ajudasse. Não fosse o pessimismo em relação ao quadro fiscal, em meio às investidas populistas para aumento de gastos e que acabam pesando no balanço de riscos para a política monetária, a devolução de prêmios seria mais profunda. Ao término da sessão regular, o trecho longo tinha alívio entre 12 e 13 pontos-base, mas ainda há um caminho de melhora a se percorrer para que as taxas abandonem a marca de dois dígitos. A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 terminou em 10,16%, de 10,285% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027, a 10,55%, de 10,694%. Nos mais curtos, a taxa do DI para janeiro de 2023 caiu de 9,21% para 9,125%. O spread entre estes dois últimos fechou a semana em 142,5 pontos, de 149 pontos na sexta-feira passada. A franca melhora no ambiente internacional, amparada no otimismo com um antiviral experimental produzido pela Merck e que se mostrou ativo contra o coronavírus e pela redução do risco de shutdown nos EUA, acabou se sobrepondo ao desconforto com o quadro local. O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, vê a trajetória das taxas hoje mais ligada ao exterior, sem notícias relevantes internamente que pudessem justificar o fechamento da curva. "O cenário fiscal é muito conturbado, não existe perspectiva de queda firme para o pré longo", disse, destacando que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vai priorizar a questão dos precatórios e combustíveis em detrimento da agenda de reformas. Em evento promovido pelo Morgan Stanley, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, hoje citou justamente que a curva está mais alta no Brasil porque há incertezas fiscais. “Há debate sobre como programas do governo pós-covid serão financiados”, afirmou, reforçando que os ruídos fiscais têm trazido apreensão. Em meio ao debate de nova rodada de auxílio emergencial e ampliação do Bolsa Família, o presidente do BC afirmou que há dúvidas se o programa social será temporário ou permanente. Não à toa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, cometeu um ato falho ao falar da prorrogação do auxílio emergencial durante evento no Palácio do Planalto. No seu discurso, disse que o ministro da Cidadania, João Roma, iria estender o auxílio emergencial, cujas despesas ficam fora do teto de gastos. Mais tarde, diante da repercussão rápida no mercado, esclareceu que trocou o Auxilio Brasil. O ato falho aconteceu em meio à pressão política para a extensão do auxílio emergencial, como revelou ontem o Broadcast/Estadão. O desconforto fiscal acaba, indiretamente, também pesando na ponta mais curta, na medida em que exige uma compensação da política monetária para recolocar a inflação na meta. "O fiscal acaba batendo no curto e no longo", afirma Sanchez. Enquanto isso, a inflação corrente segue surpreendendo e as perspectivas futuras, piorando. O IPC-S de setembro, divulgado hoje, teve alta de 1,43%, acima do teto das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast (1,42%). "Ao que tudo indica teremos o IPCA fechado do mês no mesmo patamar e que pode trazer pressão na curva de juros que já está tensionada com a perspectiva de juros mais elevados nos EUA por conta do tapering", disse o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. O IPCA de setembro sai na próxima sexta-feira e deve confirmar o movimento visto no IPCA-15 em 12 meses, que rompeu 10%. O Bradesco informou nesta tarde que revisou o IPCA de 2021 para 9% e o de 2022, para 3,8%, com previsão de Selic em 8,25% e 8,50% no fim de 2021 e 2022. Mas no meio do caminho deve atingir um pico entre 8,75% e 9%. "Nosso cenário assume certa preservação do teto de gastos, embora riscos persistam", afirma a instituição, em relatório, a respeito da área fiscal. (Denise Abarca - [email protected]) 17:39 Operação   Último CDB Prefixado 31 dias (%a.a) 6.25 Capital de Giro (%a.a) 6.76 Hot Money (%a.m) 0.63 CDI Over (%a.a) 6.15 Over Selic (%a.a) 6.15
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