MERCADOS SOFREM COM NOVAS MEDIDAS CONTRA A RÚSSIA E DISCURSO MAIS DURO DO FED

Blog, Cenário

Novas sanções à Rússia, tanto por parte da Europa quanto dos EUA, e declarações mais duras de dirigentes do Fed, na véspera da divulgação da ata da última reunião. Estes foram os ingredientes que impulsionaram a busca global por segurança, resultando em queda firme das bolsas, além do avanço do dólar e dos juros. Afinal, os sinais recentes de avanço nas negociações para pôr fim à guerra no Leste Europeu praticamente desapareceram das mesas, dando lugar às incertezas com o recrudescimento do conflito e medidas contra Moscou que podem deteriorar ainda mais a atividade global. Em meio a isso, os membros do banco central dos EUA aumentaram o tom contra a inflação e já indicam até mesmo um ritmo mais acelerado na redução do balanço da instituição. Até porque, quanto mais incertezas sobre o embate entre Rússia e Ucrânia, maior a pressão sobre os preços e, consequentemente, sobre a política monetária. Essa combinação derrubou os principais índices acionários de Wall Street, com destaque para o Nasdaq, que perdeu 2,26%. E o Ibovespa não fez por menos, ao ceder 1,97%, aos 118.885,15 pontos. Enquanto isso, o real finalmente sucumbiu ante o dólar e, alinhado ao comportamento de outras divisas emergentes, devolveu um pouco do ganho acumulado no mês e no ano. No fim, a moeda dos EUA subiu 1,11% ante a brasileira, a R$ 4,6591 no mercado à vista. Com o dólar e os yields dos Treasuries para cima, os juros futuros tomaram o mesmo rumo de alta, com destaque para o trecho intermediário da curva a termo.

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MERCADOS INTERNACIONAIS
Depois da União Europeia, nesta tarde foi a vez do Tesouro americano anunciar mais sanções contra a Rússia, focando serviços utilizados em crimes cibernéticos. Os aliados buscam cada vez mais isolar a Rússia e ainda avaliam novas restrições, incluindo o petróleo. As pressões ocorrem também pelas vias diplomáticas, com cobranças de responsabilização da Rússia por crimes de guerra na Ucrânia em mais uma sessão do Conselho de Segurança da ONU. Com a guerra impactando fortemente a inflação em todo o globo, comentários de dirigentes do Federal Reserve e do BCE sobre o controle inflacionário seguiram influenciando os negócios. O dólar se fortaleceu ante rivais e os juros dos Treasuries avançaram. A curva dos retornos das T-notes de 2 e 10 anos voltou à normalidade, com a inversão interrompida, ao menos por enquanto. Em Wall Street, o dia foi de perdas para as ações.

O Departamento do Tesouro impôs sanções ao Hydra Market, um mercado ilegal e online russo, e informou estar identificando mais de 100 endereços de moedas virtuais ligadas a operações ilícitas. A decisão pelos Estados Unidos seguiu a proposta um quinto pacote de sanções contra Moscou feita pela Comissão Europeia mais cedo. Sinalizando um banimento ao carvão russo, mas não ao petróleo, as medidas apresentadas pressionaram os ativos da commodity. Depois de uma sessão volátil, o petróleo WTI para maio fechou em queda de 1,28% (-US$ 1,32), a US$ 101,96 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para junho caiu 0,83% (-US$ 0,89), a US$ 106,64 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).

O fortalecimento do dólar ante rivais contribuiu para puxar os preços da commodity para baixo, uma vez que torna os ativos mais caros para detentores de outras moedas. O índice DXY, que mede a divisa americana ante seis rivais, subiu 0,48%, a 99,472 pontos, depois de ter atingido as máximas desde maio de 2020. No fim da tarde em Nova York, o euro caía a US$ 1,0903 e a libra, a US$ 1,3070.

No Conselho de Segurança das Nações Unidas, a China criticou a eficácia das sanções impostas pelo Ocidente e defendeu que países promovam diálogo "abrangente" com a Rússia. Já os EUA, União Europeia e Reino Unido reforçaram acreditar que a Rússia cometeu crimes de guerra - o que foi negado pelo embaixador russo - e pediram por investigações no Tribunal Penal Internacional. O representante brasileiro na ONU, Ronaldo Costa Filho, disse que o Conselho tem fracassado em promover um diálogo entre Kiev e Moscou por uma solução pacífica. Em discurso, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apelou para que a ONU aja imediatamente pelo fim da guerra. O secretário-geral da Organização, António Guterres, destacou os problemas nas cadeias de suprimentos e pediu para que países atuem pela garantia de liquidez nos mercados internacionais.

Nos EUA, na avaliação do ANZ, a virada hawkish da diretora do Fed Lael Brainard pesou sobre o sentimento do mercado. Em evento do Fed de Minneapolis, Brainard disse que o banco central americano está preparado para adotar ações "mais fortes" para controlar a alta inflação, caso necessário. Indicada à vice-presidência da instituição, a diretora frisou a importância "crucial" de levar os preços para baixo. Já a presidente do Fed de Kansas City, Esther George, que vota nas decisões neste ano, não se comprometeu com alta de 50 pontos-base, mas disse que é uma opção que será considerada. Na distrital em São Francisco, a presidente Mary Daly avaliou que o mercado de trabalho está "extremamente apertado" nos EUA e afirmou que os americanos têm confiança de que os preços não se manterão elevados para sempre.

Em relatório, o BMO Capital Markets destaca que Brainard é considerada uma das mais dovish entre os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e a mais dovish dos diretores. Com seus comentários, os juros dos Treasuries subiram antecipando uma comunicação mais agressiva pelo Fed na ata da mais recente reunião monetária, a ser divulgada amanhã, avalia o banco canadense. No horário citado, o juro da T-note de 2 anos subia a 2,518%, o da T-note de 10 anos avançava a 2,553% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 2,587%.

As bolsas ficaram no vermelho, com Dow Jones tendo queda de 0,80%, S&P 500, de 1,26%, e Nasdaq de 2,26%. O recuo de papéis importantes, como Boeing (-4,46%), Disney (-2,12%), Apple (-1,89%) e Tesla (-4,73%), pressionou os índices. Na contramão, as ações do Twitter subiram 2,02%, estendendo os ganhos de 27% da sessão anterior. Com 9,2% da participação da empresa, o CEO da Tesla, Elon Musk, será nomeado diretor de classe 2 no Conselho da companhia, como consta em documento protocolado na Securities and Exchange Comission (SEC, a CVM americana). (Ilana Cardial - [email protected])

BOLSA
A combinação entre novas sanções a caminho para a Rússia - após sinais que emergiram no fim de semana sobre crimes de guerra nos arredores de Kiev, em meio à retirada de tropas russas da região - e comentários "hawkish" de autoridades do Federal Reserve, na véspera da ata do comitê de política monetária americano, azedou o humor dos investidores globais nesta terça-feira, carregando o Ibovespa para baixo dos 120 mil pontos, linha que havia sido reconquistada no fechamento do dia 29 pela primeira vez desde agosto, e mesmo dos 119 mil pontos.

Ao final, a referência da B3 indicava perda de 1,97%, aos 118.885,15 pontos, entre mínima de 118.793,87 (-2,05%) e máxima de 121.628,22 pontos, saindo de abertura aos 121.279,33 pontos - uma variação de 2.394 pontos do início ao encerramento da sessão. Moderado, embora superior ao de ontem, o giro foi a R$ 28,4 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 2,21% e, no mês, 0,93%. No ano, o ganho está em 13,42%.

A sessão foi amplamente negativa para as ações de grandes bancos, com perdas até 2,79% (Bradesco PN). A tarde também foi de correção para Vale ON (-2,89%), que ainda acumula ganho de 26,7% no ano, bem acima do Ibovespa (+13,42% em 2022). Entre as maiores perdas do dia, destaque para Banco Inter (-8,89%), Qualicorp (-7,34%) e Locaweb (-6,73%). Na ponta positiva, Multiplan (+2,10%), 3R Petroleum (+1,45%) e CVC (+1,35%).

"Houve um forte avanço (no ano) especialmente nas 'big caps' e agora ocorre uma correção natural, em cima do dia, com preocupação sobre inflação e juros nos Estados Unidos, na véspera da ata do Fed. Mais difícil do que o ajuste de hoje é entender o próprio avanço do Ibovespa ao patamar em que se encontra, com tantos fatores de risco em torno. E, mais do que a duração da guerra, o maior fator de risco e incerteza é: até onde irão os juros nos Estados Unidos", diz Rodrigo Knudsen, gestor da Vítreo.

"O mês de março nos mostrou uma enorme inconsistência no mercado: a diferença entre as taxas de inflação e juros, principalmente nos mercados desenvolvidos. A inflação acumulada em 12 meses é de 9,8% na Espanha, 7,9% nos Estados Unidos e 7,3% na Alemanha, ao mesmo tempo em que as taxas de juros nominais nesses países continuam deprimidas como no caso dos Estados Unidos (1,68% para títulos de 1 ano) ou mesmo negativas como no caso de muitos países europeus", observa em relatório mensal a Âmago Capital.

Para a casa, "a tendência inflacionária no setor de commodities deverá continuar e o alívio pós-guerra - quando ocorrer - será temporário". "Ao mesmo tempo, estamos mais cautelosos com empresas com expectativas de crescimento elevado em um cenário desafiador para PIB, inflação e juros em todo o mundo", acrescenta a Âmago.

Nesta terça-feira, boa parte da cautela do mercado derivou de comentários de Lael Brainard, integrante do board do Federal Reserve, no sentido de que a instituição, para se contrapor às pressões inflacionárias, venha a ter de acelerar o ritmo de redução dos ativos no balanço. Por sua vez, Esther George, do Fed de Kansas City, defendeu aumento de 0,50 ponto porcentual para a taxa de juros americana, em aceleração ante o ritmo de 0,25 ponto deflagrado na última reunião, em março.

"Hoje, os dados de atividade (PMI) dos Estados Unidos mostraram forte leitura, um fator a mais na expectativa para a ata de amanhã. Na Europa, as leituras sobre a atividade também têm mostrado recuperação, mas isso pode ser afetado, assim como a recente moderação nas commodities, por nova rodada de sanções à Rússia. Além disso, temos aqui esta incerteza sobre quem assumirá o comando da Petrobras", aponta Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.

Petrobras fechou com sinal negativo (ON -0,11%; PN -0,95%, na mínima da sessão no encerramento). O dia também foi de contenção para os preços da commodity, com o barril do WTI na casa de US$ 100 e o do Brent, de US$ 105, no final da tarde.

"O Ibovespa seguiu a aversão a risco do exterior, principalmente nos Estados Unidos, com as novas sanções contra a Rússia e a expectativa de aperto da política monetária americana para conter a inflação, o que se refletiu aqui em Bolsa pra baixo e dólar pra cima", diz Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investimentos. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:27

Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 118885.15 -1.97425
Máxima 121628.22 +0.29
Mínima 118793.87 -2.05
Volume (R$ Bilhões) 2.83B
Volume (US$ Bilhões) 6.11B

17:30

Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 119015 -2.06139
Máxima 121935 +0.34
Mínima 118800 -2.24

CÂMBIO
Após três quedas consecutivas, em que acumulou desvalorização de 3,74% e esboçou romper o piso de R$ 4,60, o dólar à vista subiu na sessão desta terça-feira (5), em sintonia com a valorização da moeda americana no exterior. Segundo profissionais do mercado, a alta firme das taxas dos Treasuries, após discursos duros de dirigentes do Federal Reserve, e o ambiente externo avesso ao risco abriram espaço para um movimento de realização de lucros e ajuste de posições no mercado doméstico de câmbio. Há certa cautela em relação aos possíveis impactos econômicos de nova rodada de sanções de Estados Unidos e União Europeia à Rússia, acusada de crimes de guerra na cidade ucraniana de Bucha. O mercado também monitora o lockdown em Xangai e seus eventuais impactos nas cadeias globais de produção.

Com trocas de sinais, o petróleo tipo Brent para junho, referência para Petrobras, fechou em queda, abaixo da linha de US$ 110 dólares o barril. Não houve negociação de minério de ferro em Qingdao, na China, em razão de feriado nacional. Em Cingapura, a cotação do minério caiu 0,43%. Já as commodities agrícolas (soja, milho e trigo) subiram na bolsa de Chicago. No exterior, as divisas ligadas a commodities, como o rand sul-africano e os pesos mexicano e chileno, perderam força. O índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - operou em alta ao longo do dia e era negociado na casa de 99,400 pontos.

Por aqui, afora uma queda pontual no início dos negócios, quando registrou mínima abaixo a R$ 4,5841 (-0,52%), o dólar operou em alta durante toda a sessão. Com máxima a R$ 4,6728, no fim do dia era cotado a R$ 4,6591, avanço de 1,11%. Mesmo assim, a moeda ainda acumula baixa de 2,14% em abril. No ano, as perdas são de 16,44%. A greve dos servidores do Banco Central, que compromete a divulgação de indicadores, gera desconforto, mas não tem influência relevante na formação da taxa de câmbio, segundo operadores.

"O mercado tanto aqui e como no exterior operou muito em torno da discussão de juros nos Estados Unidos. As taxas [dos Treasuries] subiram afetando o preço do dólar frente a moedas fortes e emergentes", afirma o economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, ressaltando que, longe dos holofotes, já se comenta entre alocadores de recursos no exterior a possibilidade de um choque de juros nos EUA, com alta de 0,75 ponto porcentual ou até de 1 ponto porcentual nos Fed Funds. "Ocorre uma discussão intensa sobre até que nível a taxa de juros americana tem de ir para estancar o processo inflacionário."

A indicada a vice-presidente do Fed, Lael Brainard, falou duro hoje em evento virtual. Brainard disse que o BC americano "continuará a apertar a política monetária de modo metódico, com uma série de altas nos juros". O Fed, segundo a dirigente, está preparado "para adotar ações mais fortes" para domar a inflação, que está "muito elevada". Mais: a redução do balanço patrimonial da instituição, que significa tirar dinheiro do sistema, deve ser feita "de modo consideravelmente mais rápido agora". Já a presidente do Federal Reserve (Fed) de Kansas City, Esther George, disse que a alta de 0,50 ponto na taxa dos Fed Funds no encontro do BC americano em maio "é uma opção" entre outras. George pontuou, contudo, que é possível um ajuste monetário em ritmo mais rápido que no ciclo anterior.

As falas das dirigentes alimentam a expectativa do mercado em torno da ata da mais recente reunião do Fed, que é divulgada amanhã às 15h.

Para Miraglia, da Integral Group, se o Fed realmente subir os juros de forma aguda e acelerar a redução de seu balanço patrimonial, pode haver uma alta da moeda americana e queda dos preços das commodities induzida pela percepção de enfraquecimento da demanda, dada a desaceleração da economia americana e global.

"A curva americana está invertida e o mercado está começando a falar na possibilidade de recessão nos Estados Unidos", diz o especialista em renda fixa da Blue 3, Nicolas Giacometti, acrescentando que uma alta dos Fed Funds em 0,50 ponto porcentual, como já precificado, será bem recebida pelo mercado. "Mesmo com a alta dos juros americanos, o diferencial entre a taxa interna e externa segue muito aberto e estimula carry trade. A tendência é o fluxo positivo para o Brasil continuar."

Na visão do economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho, a alta do dólar nessa terça-feira representa um ajuste técnico escorado na aversão ao risco no exterior, e não muda a tendência de apreciação do real no curto prazo. "O fluxo cambial, a despeito da defasagem da divulgação, não apresenta pressão de saídas, com o reforço dos termos de troca e dos preços das commodities", afirma Velho, que estima um suporte de R$ 4,34 para a taxa de câmbio no curtíssimo prazo. (Antonio Perez - [email protected])

17:30

Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.65910 1.1067 4.67280 4.58410
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4687.500 1.26377 4705.000 4614.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4689.000 04/04

JUROS
Os juros percorreram toda a terça-feira influenciados pelas forças do cenário externo, com destaque para as falas de dirigentes do Federal Reserve, consideradas ainda mais "hawkish" do ponto de vista das restrições de liquidez a serem adotadas pelos Estados Unidos no combate à inflação. As declarações catapultaram os rendimentos dos Treasuries e fortaleceram o dólar, levando a reboque a curva doméstica, cujas taxas subiram durante todo o dia.

Internamente, a agenda de ontem e hoje tem sido forçosamente esvaziada pela greve dos funcionários do Banco Central que, segundo profissionais da área de renda fixa, não faz preço diretamente sobre os ativos, mas tem merecido atenção. No Tesouro, servidores decidiram prosseguir com a operação-padrão e o sindicato da categoria alertou sobre o risco para os leilões de títulos públicos.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou a sessão regular na máxima de 12,715% (12,625% ontem no ajuste) e a do DI para janeiro de 2024 subiu de 11,825% para 12,000%. A taxa do DI para janeiro de 2025 terminou na máxima de 11,335%, de 11,094% ontem, e a do DI para janeiro de 2027, e 11,085%, de 10,854%.

Após uma sequência de vários dias perdendo inclinação em razão da queda forte da ponta longa, hoje movimento se reverteu. A percepção negativa sobre o exterior pesou principalmente a partir dos vencimentos de janeiro de 2025, que subiram mais de 20 pontos-base. A do DI janeiro de 2027, por exemplo, conseguiu se manter na casa dos 10% por duas sessões apenas, hoje voltando a superar 11%. O spread em relação ao DI para janeiro de 2024, que ontem fechou em -97 pontos, hoje refluiu para -91 pontos.

O gestor de renda fixa da Warren, Bruno Martins, explica que a curva vinha fechando bem sob a percepção de que a política monetária restritiva do Banco Central já começou a ter efeito, mas hoje o risco externo se impôs, com o discurso mais firme do Fed. "A pressão vinda das commodities como efeito da guerra é algo que o BC pode manejar via juros, mas o Fed é uma variável difícil de controlar", disse Martins, para quem a autoridade monetária brasileira pode ter de esperar por um cenário mais claro do plano de voo do Fed. "Parece que vai se formando um consenso em torno da dose de alta de 50 pontos-base [nos EUA]", completou.

A terça-feira contou com discursos vistos como "hawkish" de vários dirigentes, nesta véspera da divulgação da ata do Fed. Um dos que mais chamaram a atenção foi o da indicada a vice-presidente do Fed, Lael Brainard. Segundo ela, a instituição "continuará a apertar a política monetária de modo metódico, com uma série de altas nos juros". Disse ainda que o balanço do Fed deve ser reduzido "de modo consideravelmente mais rápido agora", em comparação com processos anteriores do tipo.

"Embora este cenário de ajuste monetário mais intenso já esteja em processo de precificação, o tom duro de uma dirigente considerada dovish chama a atenção dos mercados, sugerindo que o Federal Reserve não hesitará em adotar medidas contundentes para reverter o atual quadro de fortes pressões inflacionárias", escreveu o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.

Como resultado, a curva dos Treasuries teve forte abertura. No fim do dia, o yield da T-Note de 2 anos batia 2,518% e o da de 10 anos, 2,553%, de 2,41% para ambos ontem. O dólar teve alta generalizada. No Brasil, a moeda subiu 1,11%, a R$ 4,6591.

No Brasil, com a agenda de indicadores do Banco Central parcialmente comprometida pela greve dos funcionários, o dia não trouxe dados relevantes para a renda fixa. O movimento continuará por tempo indeterminado, disse o presidente do sindicato da categoria, Fabio Faiad. Segundo ele, o governo não apresentou proposta para a reestruturação da carreira e para aumentar os salários e a paralisação deve ser intensificada. Faiad disse ainda que poderão ser interrompidos, parcial ou totalmente, a divulgação do boletim Focus e de diversas Taxas, o monitoramento e a manutenção do Sistema de Pagamentos Brasileiro e da mesa de operações.

No Tesouro, os servidores decidiram manter a operação-padrão nos próximos dias. A categoria também fará nova paralisação total das atividades na quarta-feira, 13. O presidente da Unacon Sindical, Bráulio Santiago, afirmou ao Broadcast que o movimento pode atrasar as divulgações e os leilões de títulos públicos.

No leilão de hoje, a instituição vendeu 937.100, das 950 mil, NTN-B ofertadas e 654.500 LFT, do lote de até 1 milhão, para 1º/9/2028. "O mercado esteve bem tomador de LFT longa ultimamente, mas hoje não absorveu tudo", observou Martins, da Warren. (Denise Abarca - [email protected])

17:05

Operação Último
CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 11.78
Capital de Giro (%a.a) 6.76
Hot Money (%a.m) 0.63
CDI Over (%a.a) 11.65
Over Selic (%a.a) 11.65

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