MERCADO VÊ CORTE DA SELIC EM AGOSTO E TAXA DE 1 DÍGITO EM 2024 APÓS IPCA-15

Blog, Cenário

O mercado de renda fixa deu extensão na tarde desta quinta-feira ao alívio visto desde a manhã. Os gatilhos foram os dados mais fracos do que o previsto do IPCA-15 e a perspectiva de aprovação célere do arcabouço fiscal no Senado, mas, na segunda etapa, falas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, deram força adicional à queda das taxas. À GloboNews, ele pontuou a surpresa com preços em vestuário e núcleos, embora tenha destacado que a "inflação tem melhorado em um ritmo lento". Salientou que, apesar da desinflação mais lenta, há sinais positivos à frente. Foram as senhas para o mercado consolidar a aposta em corte de Selic em agosto, agora na ordem de quase 70%. Os agentes também passaram a precificar taxa básica de um dígito no final de 2024. O DI para janeiro de 2024, a 13,185% no fechamento, girou quase 2 milhões de contratos. Já o janeiro 2027 (11,025%) cedeu ao menor nível desde abril do ano passado. A perspectiva de juros mais baixos no País deu suporte à compra de ações, com o Ibovespa retomando a linha dos 110 mil pontos. No fechamento, o índice marcava 110.054,38 pontos, elevação de 1,15%. No câmbio, a possibilidade de cortes da Selic se juntou ao fortalecimento do dólar no mercado internacional, levando de volta a moeda americana à casa de R$ 5. No segmento à vista, a divisa subiu 1,65%, aos R$ 5,0355. O pano de fundo é a menor atratividade das operações 'carry trade' em meio a um processo de reprecificação de juros nos Estados Unidos após dados fortes de atividade. As chances de o Fed subir juros em 25 pontos-base em junho se tornaram majoritárias, conforme monitoramento do CME Group e o índice DXY teve elevação a 104,251 pontos (+0,35%). A despeito disso, os índices Nasdaq e S&P 500 tiveram alta (1,71% e 0,88%), com o salto da Nvidia (+24,37%). O Dow Jones teve queda suave, de 0,11%. No radar, segue o impasse do teto da dívida dos Estados Unidos, mais monitorado hoje do que formador de preço.

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

O IPCA-15 de maio melhor do que o esperado renovou o fôlego de queda dos juros futuros, animando as perspectivas do mercado sobre o ciclo de redução da Selic, uma vez também aprovado o texto do novo arcabouço na Câmara, que diminui a incerteza sobre o quadro fiscal. As apostas de que o processo de alívio monetário terá início no Copom de agosto cresceram e se tornaram majoritárias e a precificação da curva já aponta taxa básica em um dígito no fim de 2024. Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, à GloboNews à tarde, reconhecendo a surpresa positiva da inflação, endossaram a devolução nos prêmios de risco. Embora o destaque hoje tenha sido a ponta curta, o fechamento das taxas foi generalizado, completando o terceiro dia consecutivo de baixa.

Com giro explosivo de quase 2 milhões, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,185%, de 13,268% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,62% para 11,47%. O DI para janeiro de 2027 encerrou com taxa de 11,02%, de 11,13% ontem, e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 11,36%, de 11,44%.

Com o IPCA-15 de maio divulgado no início da sessão, as taxas cediam já na largada dos negócios e o recuo foi ganhando corpo ao longo do dia, na medida em que os analistas se aprofundavam sobre os preços de abertura, com destaque para a desaceleração da inflação subjacente, núcleos e serviços. Ao contrário da aceleração prevista, para 0,65%, segundo a mediana da pesquisa do Projeções Broadcast, o IPCA-15 arrefeceu para 0,51%, ante 0,57% em abril. É a menor variação desde outubro de 2022 (0,16%). Em 12 meses, desacelerou de 4,16% para 4,07%. Além do índice cheio ficar perto do piso das estimativas, que iam de 0,48% a 0,72%.

"Não foi só pelo headline, mas a composição como um todo. No desagregado, o que foi ruim era já esperado e que foi bom superou as expectativas", afirmou Rafael Rondinelli, economista do Banco Modal, citando como exemplo para cada um desses casos os segmentos de Alimentos & Bebidas e Transporte, respectivamente.

A leitura dos analistas é de que a inflação, após a pressão de abril, retomou o ritmo de desaceleração, que deve prosseguir no IPCA de maio em junho com a entrada dos efeitos dos reajustes em baixa nos preços da Petrobras anunciados no dia 16, que devem compensar a nova alíquota "ad rem" do ICMS, que passará a valer a partir do próximo dia 1º. Em julho, porém, o ritmo de desinflação pode voltar a ser interrompido pelo impacto da reoneração integral do PIS/Cofins sobre combustíveis.

À GloboNews, Campos Neto reconheceu que o índice veio de fato melhor, com uma grande surpresa em vestuário e núcleos um pouco melhores. "A inflação tem melhorado em um ritmo lento", ponderou. O presidente da autarquia afirmou, porém, que apesar da desinflação mais lenta há sinais positivos à frente. Citou a parte hídrica, com melhora no cenário de energia, e os alimentos, com queda das commodities no atacado, que em breve deve chegar ao varejo, além do crescimento global em desaceleração.

Exaltou ainda a votação do arcabouço fiscal na Câmara, classificando como "estrondosa", e destacou que ao longo do "processo" os juros longos já caíram "bastante". "Taxa de juros longas já caíram bastante, quase 2% nos últimos meses." Após três sessões de queda, as taxas longas hoje fecharam no patamares mais baixo em mais de um ano. A do DI para janeiro de 2027, a 11,02%, é a menor desde 4/4/2022 (10,83%). O desempenho da curva local hoje foi totalmente na contramão dos Treasuries, cujos rendimentos saltaram em meio ao aumento das apostas de nova elevação de juros pelo Federal Reserve na reunião de junho.

Questionado sobre se, no atual contexto, a queda da taxa Selic era uma questão de quando, Campos Neto desconversou e repetiu que é apenas um voto de nove no colegiado. De todo modo, na curva do DI, os 17 pontos-base de queda precificados para o Copom de agosto representam 68% de probabilidade de corte de 25 pontos na Selic ante 32% de chance de manutenção nos atuais 13,75%. Até ontem, o quadro estava dividido, com cerca de 50% de chance para cada lado. Para o fim de 2023, a projeção é de 12,23% e para o fim de 2024, de 9,88%.

O texto do arcabouço fiscal aprovado na Câmara e a surpresa positiva com a inflação pavimentaram o caminho para o Tesouro elevar fortemente a oferta de prefixados no leilão, após a bem sucedida oferta de NTN-B na terça-feira. Foram 19 milhões de LTN e 2,5 milhões de NTN-F absorvidos integralmente. O risco para o mercado, de US$ 855 mil, surpreendeu. "Vemos espaço para uma oferta em torno de U$ 700 mil, como foi a de 15 dias atrás", pontuava Luis Felipe Laudisio dos Santos, da Mesa de Títulos Públicos da Warren Rena, em comentário enviado antes da abertura do mercado. (Denise Abarca - [email protected])

BOLSA

Interrompendo sequência de três perdas - uma pausa relativamente curta, intercalada a 11 ganhos nas 12 sessões anteriores à leve realização de lucros -, o Ibovespa ficou perto de neutralizar o efeito do ajuste ao subir hoje 1,15%, a 110.054,38 pontos, em dia de recuperação de apetite por risco em Nova York. Por lá, os ganhos chegaram a 1,71% (Nasdaq) no fechamento desta quinta-feira, apesar da pendência de solução para o aumento do teto da dívida nos Estados Unidos, com a aproximação da data-limite para evitar default, daqui a uma semana, no início de junho.

Hoje, prevaleceu em Wall Street o otimismo em torno das estratégias de inteligência artificial, o que foi decisivo para o desempenho robusto da Nvidia e das ações de big techs, impulsionando a alta dos índices S&P 500 (+0,88%) e Nasdaq na sessão.

Na B3, o giro financeiro subiu para R$ 27,5 bilhões nesta quinta-feira, em que o Ibovespa oscilou entre mínima de 108.799,60, da abertura, e máxima de 111.114,53. Na semana, o índice da B3 ainda cede 0,62%, mas avança 5,38% no mês e volta ao positivo no ano (+0,29%), após ter oscilado ontem a terreno de contração.

"De meados de 2021 a 2023, no intervalo aproximado de dois anos, o Ibovespa acumulou uma retração de cerca de 25%, muito descontado, antecipando então uma deterioração das condições macro. Saiu de 130 mil para menos de 100 mil, nos piores momentos. O mercado antecipa, e agora o movimento é de descompressão na curva de juros, com percepção mais favorável sobre a condução do fiscal, e projeções melhores para inflação e para o custo de crédito, no segundo semestre", diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.

"Os investidores internacionais se mostraram mais predispostos [a compras] do que antecipávamos, com o argumento de que os 'valuations' no Brasil estão mais atrativos em comparação a outros mercados emergentes, e que o Brasil tende a ter bom desempenho quando houver mais clareza sobre cortes nas taxas de juros", aponta o Itaú BBA em relatório sobre ações brasileiras, divulgado nesta quinta-feira.

No texto, a equipe de análise menciona processo em curso no mercado, de rotação de ações, que tende a prosseguir, com interesse maior por nomes domésticos de "Beta alto", mais voláteis - costumam amplificar a respectiva variação ante referência como o Ibovespa -, e percepção mais cautelosa para commodities, em geral.

As conclusões do relatório do Itaú BBA foram tiradas de conferência realizada entre os dias 9 e 11 deste mês, com a participação de 501 investidores institucionais, de 218 instituições, dos quais 30% eram brasileiros e 70%, internacionais.

Em linha com essa percepção menos favorável a commodities, o minério de ferro mostrou forte correção pelo terceiro dia seguido em Dalian, na China, refletindo as incertezas sobre a demanda no país asiático, mas Vale ON, já muito descontada (em queda de 6,30% na semana, de 10,43% no mês e de 25,43% no ano), conseguiu mostrar movimento discreto na sessão, em baixa de 0,31% no fechamento, a R$ 64,85.

Com o Brent e o WTI em queda de cerca de 3% na sessão, Petrobras ON e PN cederam, respectivamente, 0,74% e 0,75% nesta quinta-feira. Além de Vale, o dia também foi negativo para outros nomes do setor metálico, como CSN (ON -2,30%).

Entre as ações de maior peso e liquidez no Ibovespa, destaque positivo para o setor financeiro, em especial Bradesco (PN +3,60%) e Itaú (PN +3,14%) - exceção entre as grandes instituições para Santander (Unit -1,02%). Na ponta do índice da B3, destaque para Hapvida (+10,99%), MRV (+10,33%), Via (+7,76%), Locaweb (+7,47%) e Azul (+6,19%). No lado oposto, CVC (-4,63%), Braskem (-2,87%) e 3R Petroleum (-2,53%), além de CSN. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

18:02

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 110054.38 1.15335

Máxima 111114.53 +2.13

Mínima 108799.60 0.00

Volume (R$ Bilhões) 2.74B

Volume (US$ Bilhões) 5.49B

18:03

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 110650 0.72368

Máxima 111880 +1.84

Mínima 110275 +0.38

CÂMBIO

O dólar à vista subiu com força no mercado doméstico e voltou a fechar acima de R$ 5,00 pela primeira vez desde 8 de maio. O dia foi marcado por uma onda de fortalecimento global da moeda americana. Ao impasse em torno do aumento do teto da dívida dos EUA, que precisa ter um desenlace até 1º de junho para afastar o risco de calote, somou-se hoje o aumento das chances de nova alta de juros pelo Federal Reserve.

O real apresentou o segundo pior desempenho entre divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes, atrás apenas do rand sul-africano, com perdas superiores a 2%. Analistas atribuem a fraca performance relativa da moeda brasileira ao aumento das apostas de corte da Selic já em agosto, na esteira da desaceleração mais forte que a esperada do IPCA-15 e de declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, à tarde.

A combinação de possibilidade de postura dura do BC americano com cortes da Selic reduz o diferencial de juros interno e externo - o que tende a diminuir a atratividade das operações 'carry trade'. Operadores afirmam que fundos locais correram para reverter operações vendidas em dólar, na tentativa de limitar prejuízos, o que contribuiu para turbinar os ganhos da moeda americana por aqui.

Com máxima a R$ 5,0443 (+1,82%), justamente em meio à fala de Campos Neto, o dólar à vista encerrou a sessão desta quinta-feira, 25, em alta de 1,65%, cotado a R$ 5,0355 - maior valor de fechamento desde 2 de maio (R$ 5,0467). Após a arrancada de hoje, a divisa passou a acumular avanço de 0,79% na semana e de 0,96% no mês. No ano, a moeda ainda tem desvalorização de 4,63%. Principal termômetro do apetite por negócios, o dólar futuro para junho teve giro forte, acima de US$ 16 bilhões.

O IPCA-15 desacelerou de 0,57% em abril para 0,51% em maio, bem abaixo da mediana da pesquisa do Projeções Broadcast (+0,65%) e perto do piso das estimativas (0,48%). Economistas ressaltaram a desaceleração de núcleos e de serviços. À tarde, Campos Neto disse que o IPCA-15 foi de fato positivo, com "núcleos melhores" e comentou a possibilidade de que a queda da inflação de alimentos no atacado se espraie para o varejo "daqui a pouco".

O presidente do BC, como de praxe, desconversou quando questionado a respeito de eventual início de corte da taxa Selic, ao dizer que é "um voto em 9", em referência à composição do Comitê de Política Monetária (Copom). Em afago ao governo, Campos Neto disse que a aprovação do arcabouço fiscal, com votação "estrondosa", diminuiu o risco de descontrole das contas públicas e pode influenciar na formação das expectativas de inflação. No mercado de juros futuros, as apostas em corte da taxa Selic em agosto se tornaram majoritárias.

"A leitura do mercado sobre o IPCA-15 é que abre a porta para que o Banco Central assuma um tom menos duro e possa iniciar o processo de queda dos juros em algum momento mais à frente. E isso pode diminuir o 'carry da moeda", afirma o gestor Bruno Martins, sócio da Armor Capital, ao comentar o desempenho ruim do real em relação a seus pares.

Segundo Martins, pode estar sendo desfeito hoje uma operação bastante "popular entre gestores de multimercados", que combina venda de índice futuro de Ibovespa e de dólar futuro. Isso ajudaria a explicar o movimento simultâneo de alta expressiva da Bolsa e forte depreciação do real.

O gestor da Armor ressalta que a "posição técnica" do mercado "não era boa", dado que os fundos locais haviam aumentado muito nas últimas semanas as posições "vendidas" em dólar, que atingiram US$ 6,6 bilhões ontem. "A performance ruim do real é por conta de uma soma de fatores, como inflação baixa e posição técnica ruim", afirma Martins.

No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - superou a linha dos 104 mil pontos, algo não visto desde meados de março. O euro foi pressionado pela queda de 0,3% do PIB da Alemanha no primeiro trimestre na margem, o que colocou a maior economia da Europa tecnicamente em recessão.

Nos EUA, o Departamento de Comércio informou pela manhã revisão do crescimento do PIB americano para 1,3% no primeiro trimestre (taxa anualizada). O resultado ficou acima da estimativa inicial, de 1,1%, embora tenha superado projeções de analistas (1,6%). O índice de preços de gastos de consumo (PCE) também foi revisado para cima. Monitoramento da CME mostra que as chances de uma alta de 25 pontos-base na reunião do Fed em junho passaram a ser majoritárias. Investidores já mostram menos convicção de que possa haver corte dos juros ainda neste ano.

"Embora o IPCA-15 tenha vindo abaixo das expectativas, o que acaba impactando toda a curva de juros e o câmbio, muito do movimento de alta do dólar hoje está ligado ao exterior. Não é um movimento independente", afirma o líder de alocação da Manchester Investimentos, Rodrigo Ferreira. (Antonio Perez - [email protected])

18:02

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.03550 1.6451 5.04430 4.94570

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5041.000 1.51027 5049.000 4950.000

DOLAR COMERCIAL 5049.500 1.13158 5060.000 4981.500

MERCADOS INTERNACIONAIS

A euforia diante do otimismo com estratégias de inteligência artificial manteve o desempenho robusto da Nvidia e de big techs americanas em Wall Street, impulsionando alta forte dos índices S&P e Nasdaq. Dow Jones, porém, permaneceu pressionado pelas incertezas macroeconômicas, com o prolongamento do impasse sobre o teto da dívida e apostas majoritárias para novo aperto monetário do Federal Reserve (Fed) em junho. Este cenário incentivou o avanço dos juros dos Treasuries e do dólar no exterior, em detrimento de commodities. Acumulando também incertezas sobre oferta e demanda global, o petróleo teve perdas acentuadas e recuou cerca de 3%.

Nesta tarde, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou a comentar sobre o andamento das negociações do teto da dívida. Biden garantiu que democratas e republicanos discutem ajustes orçamentários, não sobre a possibilidade de inadimplência, algo que está fora de questão, na visão dele. O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy, também ressaltou hoje que as negociações estão avançando e que, mesmo com pontos de entrave, sua equipe irá trabalhar de forma incansável 24 horas por dia até que o acordo seja finalizado.

Os comentários renovaram o fôlego em Wall Street, reduzindo parte da perdas do Dow Jones e elevando ganhos dos índices S&P e Nasdaq. Estes últimos já eram suportados desde o início do pregão pelo otimismo com estratégias de inteligência artificial (IA). No fechamento, o índice Dow Jones recuou 0,11%, o S&P 500 subiu 0,88% e o Nasdaq ganhou 1,71%. Entre as ações de destaque, a Nvidia saltou 24,37%, apoiando outras produtoras de semicondutores - como a Advanced Micro Devices (+11,17%) e a Micron (+4,63%) - após reportar resultados fortes no primeiro trimestre e oferecer guidance positivo, envolvendo IA. Assim, as big techs Microsoft, Alphabet e Meta também subiram 3,85%, 2,13% e 1,40%, respectivamente. Por outro lado, a Intel recuou 5,52%, desempenho negativo pode ter sido apoiado pela alta das rivais do setor de semicondutores, conforme especulações de operadores do mercado.

Contudo, o cenário geral ainda era de preocupações com o teto da dívida e macroeconomia dos EUA. Segundo a Bloomberg, a Moody's alertou que um pagamento de juros sobre títulos do Tesouro americano até meados de junho será crítico para manter o rating AAA do país. O aviso ocorre um dia depois da Fitch colocar o rating AAA soberano dos EUA em observação negativa, alegando que o impasse sobre o teto da dívida enfraquece a governança da maior economia do planeta. Neste ambiente, o Credit Default Swap (CDS) de 1 ano dos Estados Unidos, uma espécie de seguro contra o calote do governo, voltou a avançar e subia 4,36%, a 163,2 pontos-base, segundo monitoramento do FactSet. Analista da Oanda, Edward Moya avalia que os mercados deveriam ficar mais nervosos conforme se aproxima a data limite para esgotamento dos recursos financeiros do Tesouro.

Ainda no radar, a revisão para cima do Produto Interno Bruto (PIB) e inflação de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos EUA na segunda leitura no primeiro trimestre, somados à resiliência do mercado de trabalho americano, reforçaram expectativas por mais aperto monetário do Fed. Em relatório, o Citi sinaliza que os dados suportam suas projeções de aumentos de 25 pontos-base em junho e julho para controlar a inflação. Durante o dia, a plataforma de monitoramento do CME Group mostrou avanço nas chances de nova alta de 25 pb em junho (48,2% por volta das 17h45).

A expectativa de maior aperto monetário impulsionou os rendimentos dos Treasuries e o dólar ante outras divisas. Por volta das 17 horas (de Brasília), o retorno da T-note de 2 anos subia a 4,521%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,812% e o do T-bond de 30 anos tinha alta a 3,990%. No horário citado, o dólar avançava a 140,19 ienes, o euro recuava a US$ 1,0721 e a libra tinha baixa a US$ 1,2317. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou ganho de 0,35%, a 104,251 pontos.

Com a força do dólar, os mercados de metais preciosos e energia foram pressionados. O petróleo, em especial, também foi abalado por preocupações de demanda após o recuo no PIB da Alemanha pelo segundo trimestre seguido - o que caracteriza recessão - e por preocupações quando a reabertura da China - ameaçada por uma nova onda de covid-19 no país. Além disso, o vice-primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, indicou que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) pode não renovar cortes produtivos em sua próxima reunião. Assim, o WTI para julho fechou em queda de 3,38% (US$ 2,51) a US$ 71,83 por barril, e o Brent para o mesmo mês caiu 2,68% (US$ 2,10), a US$ 76,26 por barril. Novak, contudo, teria voltado atrás em suas declarações após o petróleo fechar em queda acentuada, de acordo com traders.(Laís Adriana - [email protected])

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