MERCADO PRECIFICA SELIC FINAL MAIOR APÓS BC, JURO CURTO SOBE E BOLSA CAI 1,67%

Blog, Cenário

O tom mais duro utilizado pelo Banco Central, que admitiu desancoragem das expectativas de inflação e disse que fará o necessário para convergir os preços às metas, trouxe uma reação clássica ao mercado: alta dos juros futuros curtos, com queda dos longos, e recuo da Bolsa. O real até chegou a se fortalecer ante o dólar, com o investidor de olho na possibilidade de carry trade que uma Selic maior pode trazer, mas sucumbiu ao exterior negativo. O investidor em juros não mudou tanto assim a posição para a alta da Selic em fevereiro, mantendo as apostas concentradas num novo aperto de 1,5 ponto porcentual, conforme sinalizado ontem pelo Copom. Mas o mercado já enxerga um ciclo mais longo, com uma taxa terminal maior. E foi isso que passou a embutir nos preços, deslocando prêmios da parte final da curva a termo para a inicial, num movimento de flattening antes do IPCA de novembro, que sai amanhã. E se a renda fixa ganha atratividade, a Bolsa vai no sentido oposto. Até porque, setores que dependem do crédito para a expansão dos seus negócios, como varejo, construção, entre outros, sofrem duplamente, pois também encaram o aumento dos custos dos financiamentos. E o Ibovespa refletiu exatamente isso, ao ceder 1,67%, aos 106.291,24 pontos. Mas não foi só. O exterior vacilante, com commodities em baixa, o avanço superior a 7% acumulado pelo índice nos últimos cinco pregões e declarações do presidente Jair Bolsonaro, que quer usar o espaço fiscal da PEC dos Precatórios para reajustar o salário de servidores, abriram espaço para essa correção em baixa mais pronunciada. Até porque, em Wall Street os movimentos foram mais tímidos: S&P 500 e Nasdaq caíram e o Dow Jones terminou o dia estável. Por lá, os agentes ponderam a cautela com o anúncio de novas medidas de restrição na Europa, diante do aumento de casos de Covid-19, e o otimismo com informações sobre a eficácia das vacinas contra a variante ômicron. Além disso, o mercado trabalhou em compasso de espera pela inflação ao consumidor nos EUA, que também será conhecida nesta sexta e pode reforçar a percepção de que o Fed irá acelerar a redução de estímulos. Até por isso, o dólar ganhou corpo ante as moedas rivais ao longo do pregão e terminou com valorização de 0,70% em relação ao real, a R$ 5,5738 no mercado à vista.

•JUROS

•BOLSA

•CÂMBIO

•MERCADOS INTERNACIONAIS

JUROS

O movimento de flattening da curva de juros a partir da leitura do comunicado do Copom de ontem persistiu durante toda a sessão. As taxas curtas subiram e as longas caíram, com a percepção de que os dados fracos da atividade divulgados desde a semana passada não parecem ter sensibilizado o BC, que no texto deu destaque à desancoragem das expectativas, reiterando que vai perseverar na sua tarefa de fazê-las convergir às metas. Para o Copom de fevereiro, as apostas de Selic, que ontem estavam bem ajustadas para uma alta de 150 pontos-base, não mudaram muito com o texto, mas o mercado parece ver agora maior chance de um ciclo mais extenso. A ponta longa teve alguma volatilidade à tarde, alinhada à variação de humor no exterior. Na reta final da sessão regular, as taxas curtas reduziram a alta e as longas bateram mínimas. Amanhã tem o IPCA de novembro e, até pelo o que vêm trazendo as coletas na ponta, a expectativa é de que o dado mensal deve desacelerar ante os 1,25% de outubro.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou em 11,625% (regular) e 11,62% (estendida), de 11,384% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 subiu de 10,669% para 10,69% na regular, mas na estendida voltou a 10,645%. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 10,60% (regular) e 10,54% (estendida), de 10,682%.

Durante toda a quinta-feira pós-Copom, a curva sustentou a reação considerada clássica quando se tem uma surpresa hawkish com o comunicado, com a desinclinação se estabelecendo logo nos primeiros minutos. No comunicado, o Banco Central já encomendou outra alta de 1,5 ponto porcentual da Selic em fevereiro, o que funciona quase como um piso para o mercado, embora alguns economistas sigam apostando numa desaceleração do ritmo, caso do Banco Inter. "Mantemos nossa expectativa de uma alta menor em fevereiro, de 1 ponto, considerando um impacto maior da queda da atividade na inflação futura, bem como o arrefecimento recente dos preços de matérias-primas que ainda não tiveram impacto nos preços ao consumidor", afirma a economista-chefe Rafaela Vitória.

As dúvidas sobre como e quando a atividade mais fraca vai bater na inflação, as expectativas para o IPCA em 2022 e 2023 já deslocadas das metas e o recado do BC no comunicado fortaleceram a ideia de que o Copom pode optar por estender o ciclo, em vez de elevar as doses. Com a elevação da Selic ontem, o BC brasileiro é destaque entre os bancos centrais que mais subiram juros no ano e agora não é mais visto como "atrás da curva".

Nos cálculos da Greenbay Investimentos, a curva projeta Selic subindo até maio, chegando a 12,75%, e depois, no segundo semestre, embute trajetória de queda para fechar o ano em 12%. Para o Copom de fevereiro, os agora 152 pontos-base precificados indicam pouco menos de 10% de chance de aceleração do ritmo para 1,75 ponto, enquanto ontem a probabilidade era de 100% para 1,5 ponto. Entre os economistas, a previsão é de Selic terminal de 11,75% ou acima para 33 de 43 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast.

Nesta sexta-feira, o IPCA de novembro pode testar o desenho da curva caso traga um número mais baixo do que o esperado. Na pesquisa do Projeções Broadcast, a mediana é de 1,10%, ante 1,25% em outubro, mas a taxa em 12 meses deve acelerar a 10,90% (mediana), de 10,67%. Para a abertura do dado, a previsão é de arrefecimento para a maioria dos preços.

"O mercado está louco para aplicar em função do que têm mostrado os dados de atividade e um IPCA mais fraco pode ser a senha", disse um gestor. Outro profissional lembra que as coletas de preço na ponta têm surpreendido para baixo. "Tinha muita gente comprada em inflação nos meses passados e começaram a desmontar esse mês. Mas se vier um número baixo, vão desovar", opinou.

O Tesouro Nacional elevou os lotes de prefixados no leilão desta quinta-feira, mas não conseguiu vender integralmente a oferta de NTN-F, que era de 1,5 milhão, tendo sido vendidas 945 mil. O lote de 7,5 milhões de LTN foi integralmente absorvido. O risco para o mercado (DV01) foi de US$ 280,3 mil, ante US$ 211 mil na semana passada. "Pelo leilão de hoje, percebe-se que o Tesouro deu peso ao movimento de flattening da curva de juros ocorrido nos últimos dias e intensificado pelos efeitos do comunicado do Copom sobre o mercado", afirmou Sérgio Goldenstein, chefe da área de Estratégia da Renascença. (Denise Abarca - [email protected])

18:19

 Operação   Último 

CDB Prefixado dias (%a.a) 9.16

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 9.15

Over Selic (%a.a) 9.15

BOLSA

Em um pregão marcado pela realização de lucros, após cinco dias consecutivos de alta, o Ibovespa desacelerou, sem conseguir sustentar os 108 mil pontos conquistados na véspera. Além disso, os fatores que levaram à alta sustentada nos últimos dias, ou se dissiparam ou tiveram menos força hoje, com as bolsas americanas sem fôlego e as commodities desacelerando.

No cenário doméstico, o investidor também digere o tom mais duro do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) ontem e observa, ainda de forma lateral, com maus olhos a indicação do presidente Jair Bolsonaro de quer usar parte do espaço liberado nos gastos pela PEC dos Precatórios para dar um reajuste aos servidores públicos. Assim, o índice terminou o dia em queda de 1,67%, aos 106.291,24 pontos.

"Era esperado aumento de 150 pontos-base por parte do BC, mas existia uma esperança de que o Copom fosse um pouco menos agressivo nos próximos passos. Isso não aconteceu, o que, na minha opinião, é positivo", afirma Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos, completando: "O mercado reage de forma negativa no curto prazo, porque isso significa uma possibilidade maior de recessão e isso é ruim para a Bolsa. Mas, no médio prazo, ter um BC com mais credibilidade e com a certeza maior de que vai lutar contra a inflação, é algo que deve ser encarado de forma positiva".

O cenário de juro mais alto prejudica o setor de varejo - com desempenho muito atrelado ao crédito -, que cai de forma robusta hoje. O índice setorial de consumo caiu 2,34% hoje, com ambos os papéis das Lojas Americanas (LAME4 e AMER3) e Magazine Luiza entre as principais baixas do índice. O mesmo ocorre com o índice que mede o desempenho das ações do setor imobiliário, que derreteu 2,94%.

Além disso, a Bolsa reflete a percepção de que, com um patamar de juro a dois dígitos por um tempo mais dilatado em 2022, haverá uma migração natural de ativos de risco para renda fixa. "Principal [driver] é o movimento do Copom, que coloca uma trajetória de juro que vai ser, ao menos aos olhos de parte dos analistas de mercado, mais alto. E juro mais alto indica bolsa mais baixa", indica o estrategista da Modalmais, Felipe Sichel.

Em relação à sinalização dada pelo presidente Bolsonaro ontem, de reajuste ao funcionalismo, Sichel explica que o mercado ainda monitora o fato de forma lateral, mas há uma preocupação com a tendência de aumento de gastos pré-eleitoral. "Bolsonaro tem adotado tom mais alinhado à base ideológica, isso se reverte, dado a posição que pesquisas apontam no momento, em medidas de aumento do gasto. Mas a gente precisa entender o que vai realmente se concretizar", completa.

Lá fora, os índices de Nova York, que vinham dando impulso ao Ibovespa nos últimos dias, tiveram um dia misto, mas sem fôlego, com Dow Jones fechando estável após ensair alta modesta durante todo o dia e S&P500 em queda de 0,72%. Nasdaq, por sua vez, teve queda um pouco mais robusta, de 1,43%. As bolsas americanas operam em compasso de cautela, à espera dos dados de inflação ao consumidor, amanhã, e ainda de olho no noticiário sobre a variante ômicron.

As commodities, que também ajudaram o índice brasileiro nos últimos dias, tiveram uma sessão negativa, tanto para o petróleo quanto para o minério de ferro. Pesam o dólar mais forte no exterior e as incertezas em relação à variante ômicron do coronavírus, após o Reino Unido ter imposto novas restrições à mobilidade na Inglaterra.

Assim, Petrobras e Vale recuavam hoje, ainda que, na semana, acumulem altas significativas, com as ações ordinárias da petroleira subindo mais de 3% e a mineradora, acima de 4%. A despeito do comportamento das commodities, a CSN tinha uma das principais altas do Ibovespa hoje, subindo 1,49%.

Apesar da queda de hoje, o Ibovespa ainda acumula alta de 1,16% na semana e 4,29% no mês. Para o CIO e sócio fundador da Kilima Asset, Eduardo Levy, o mercado ainda tem condições de sustentar um rali de fim de ano e afirma que "não se surpreenderia" se a bolsa voltasse ao patamar dos 112 mil pontos em dezembro. Ele ressalta que houve um movimento importante de entrada de estrangeiros, sobretudo nos últimos pregões.

"Houve uma qualidade diferente do comprador (nos últimos dias). Grandes compradores dos 100 aos 108 mil pontos foram estrangeiros, enquanto brasileiros vendiam suas posições. O investidor estrangeiro vem comprando ao longo do ano, a qualidade do investimento tem sido boa, isso mostra que Brasil está barato no olhar do estrangeiro", apontou. (Bárbara Nascimento - [email protected])

18:17

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 106291.24 -1.66916

Máxima :1 -100.00

Mínima 105890.21 -2.04

Volume (R$ Bilhões) 2.78B

Volume (US$ Bilhões) 5.01B

18:19

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 106170 -2.0572

Máxima 107675 -0.67

Mínima 105955 -2.26

CÂMBIO

Após duas sessões de baixa firme, o dólar à vista avançou no pregão desta quinta-feira (9), flertando novamente com o patamar de 5,60, em meio a uma onda global de fortalecimento da moeda americana. Renovadas preocupações com a variante ômicron do coronavírus e uma postura cautelosa na véspera da divulgação do índice de inflação ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos - que pode reforçar a perspectiva de antecipação da alta dos juros americanos - castigaram as divisas emergentes.

Não bastassem os ventos externos desfavoráveis, o real sofreu também com temores de que o governo pise ainda mais no acelerador dos gastos em 2022, após o presidente Jair Bolsonaro acenar, em entrevista ontem à noite, com aumento do salário de servidores públicos. "Reajuste seria de 3%, 4%, 5%, 2%, que seja de 1%", disse Bolsonaro. "Servidor, em grande parte, merece isso", completou. Parte do alívio com a promulgação parcial da PEC dos Precatórios também foi ofuscado pela falta de comprometimento da Câmara dos Deputados em vincular espaço fiscal aberto com a proposta a gastos sociais e previdenciários - o que pode abrir uma janela para novas medidas populistas.

Essa conjunção de fatores negativos, aliada a demanda de importadores por divisa estrangeira e ajustes técnicos de tesourarias, acabou se sobrepondo ao efeito que a alta da taxa Selic anunciada ontem à noite pelo Copom, de 7,75% para 9,25%, e a perspectiva de um aperto monetário ainda mais pronunciado poderiam ter sobre a formação da taxa de câmbio.

Pela manhã, o dólar à vista até chegou a ensaiar um movimento de queda, rompendo a barreira de R$ 5,52 e descendo até a mínima a R$ 5,5187 (-0,29%), ecoando o aumento da atratividade da renda fixa brasileira por conta da escalada da taxa Selic. O fortalecimento do real teve vida curta e, ainda pela manhã, o dólar já se fixava em terreno positivo por aqui, alinhando-se ao comportamento externo. A liquidez reduzida, com giro inferior a US$ 10 bilhões no contrato de dólar futuro para janeiro, contribui para que operações pontuais tenham impacto maior na dinâmica do câmbio.

Com aceleração dos ganhos ao longo da tarde, a taxa quase tocou no patamar de 5,60, registrando máxima a R$ 5,5992 (+1,16%). No fim do dia, a moeda era cotada a R$ 5,5738, em alta de 0,70%. Apesar do avanço hoje, o dólar ainda acumula desvalorização de 1,87% nesta semana, depois de ter subido 1,50% na semana passada.

No exterior, o índice DXY - termômetro do desempenho do dólar frente a seis divisas fortes - operou em alta firme da linha dos 96,200 pontos, sobretudo por conta dos ganhos da moeda americana frente ao euro. O dólar avançou em bloco na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com o rand sul-africano, o real e o peso chileno sendo os mais prejudicados.

Parte da alta do dólar lá fora se deve também à sinais reiterados de robustez da economia americana. Pela manhã, o mercado absorveu a informação de que o número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos teve redução de 42 mil na semana encerrada em 4 de dezembro, para 184 mil, abaixo da expectativa de analistas, que previam 211 mil. Também foi divulgado que o estoques no atacado nos EUA tiveram alta de 2,3% em outubro ante setembro, acima do esperado (2,2%).

O economista-chefe da Western Asset, Adauto Lima, atribui a fraqueza do real nesta quinta-feira, sobretudo, a uma onda global de aversão ao risco. Ele chama a atenção para as incertezas com a evolução da ômicron, dado o aumento de casos na Europa, e para a percepção de que o Federal Reserve vai mudar sua postura. "Tudo isso gera essa pressão internacional sobre as moedas emergentes, com o dólar 'bull' (em tendência de alta) no mundo", diz Lima, acrescentando que os mercados "estavam também tecnicamente esticados".

O comitê de política monetária do BC americano reúne-se na semana que vem (dias 14 e 15) e, a julgar pelas declarações recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, vai haver uma aceleração do ritmo de redução de estímulos (tapering) - tido como pré-requisito para uma alta dos juros nos EUA ainda no primeiro semestre de 2022.

Em relação ao Copom, o economista-chefe da Western ressalta que o BC surpreendeu ontem ao falar de forma mais dura, enfatizando a busca pela ancoragem das expectativas, para evitar que o processo inflacionário se perpetue. O BC não apenas sinalizou com aperto monetário mais forte como deixou claro que a taxa Selic só voltará a ser reduzida quando "ele tiver certeza de que ganhou a batalha das expectativas".

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, também vê o ambiente externo de aversão ao risco e a expectativa pelos dados de inflação nos EUA como os principais indutores da alta do dólar hoje. "O mercado espera mais pressão inflacionária por lá e, por isso, alguma reação do Fed sobre aumento da taxa de juros", diz.

Quartaroli pondera, contudo, que parte da depreciação do real hoje, apesar da elevação da taxa Selic e o tom mais duro do comunicado do Banco Central, está relacionada a temores fiscais. "Um dos motivos da alta do dólar é a preocupação local com discurso das autoridades batendo na tecla sobre reajuste do salário mínimo e dos servidores. Ou seja, mercado precificando risco de mais medidas populistas por conta das eleições de 2022", afirma.

Na B3, às 18h11, o dólar futuro para janeiro era negociado a R$ 5,6030, em alta de 0,77%, com giro de US$ 9,8 bilhões (Antonio Perez - [email protected])

18:19

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.57380 0.7046 5.59920 5.51870

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5602.000 0.7554 5625.500 5544.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5604.473 26/11    

MERCADOS INTERNACIONAIS

Com expectativa pela divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos em novembro amanhã, as bolsas de Nova York fecharam sem direção única, com o índice Nasdaq sentido mais a pressão das expectativas em torno de uma provável aceleração na redução de estímulos por parte do Federal Reserve (Fed). A variante ômicron do coronavírus segue sendo fonte de preocupações, tendo o governo britânico alertado que a nova cepa pode causar até 1 milhão de casos ainda neste ano no Reino Unido. A cautela levou a uma maior busca pela renda fixa, pressionando os juros dos Treasuries. No câmbio, as perspectivas de aperto monetário nos EUA deu força ao dólar, que operou em alta ante a maioria das moedas. Aliado à ômicron, o movimento pesou nos preços das commodities, e o petróleo caiu mais de 1%.

A High Frequency Economics (HFE) acredita que o impulso de crescimento nos EUA permanece, mas o aumento dos casos de covid-19 pode ser um risco negativo. Em sua perspectiva, o CPI do país provavelmente acelerou ainda mais em novembro, sendo impactado por efeitos pandêmicos.

Ao comentar os dados de auxílio-desemprego divulgados hoje, que apontaram o menor número de pedidos desde 1969, o presidente dos EUA, Joe Biden, destacou que há a expectativa de a inflação ao consumidor de novembro se mostre elevada, puxada pelos preços de energia e de carros usados. "As informações que serão divulgadas amanhã sobre energia em novembro não refletem a realidade de hoje, e não refletem as quedas de preços esperadas nas próximas semanas e meses, assim como no mercado automotivo", disse, acrescentando que nos últimos dias os preços de energia e carros usados recuaram.

Para o Citigroup, como resultado do avanço inflacionário, o gráfico de pontos do Fed deve subir na próxima semana, mostrando pelo menos dois aumentos de juros em 2022. "No entanto, isso pode não ser uma surpresa terrível para os mercados que já estão precificando perto de três aumentos de juros no próximo ano. Mais hawkish seria a discussão potencial para um movimento precoce em direção à redução do balanço patrimonial."

Segundo Edward Moya, analista da Oanda, as ações dos EUA caíram hoje com as "expectativas crescentes de um tapering turbinado, potencialmente mais problemas da cadeia de suprimentos e com a variante ômicron atrapalhando o momento de reabertura". Em sua visão, o próximo grande movimento para os mercados acionários provavelmente virá após o relatório de inflação, "que pode inclinar a balança sobre a rapidez com que o Fed diminuirá estímulos e quando podemos esperar a primeira alta de taxa".

As expectativas em torno do aperto monetário nos EUA voltaram a pesar sobre o desempenho das ações de empresas intensivas em tecnologia. Destaque para a Tesla, que caiu 6,10%. Já a Coinbase tombou 8,20%, um dia depois do testemunho de CEOs de companhias de criptomoedas no Capitólio sobre regulamentações do mercado, e em sessão na qual o bitcoin tem importante queda. Neste cenário, o Dow Jones ficou estável, o S&P 500 caiu 0,72% e o Nasdaq recuou 1,71%. Na Europa, a maioria dos principais índices acionários recuou. Segundo a Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, mesmo depois da adoção de restrições, "é provável que (a ômicron) supere a delta e se torne a variante dominante". Em Londres, o FTSE 100 caiu 0,22%, e o Ibex 35 recuou 0,93%, em Madri.

Com este cenário, a Capital Economics nota que a curva de rendimento dos Treasuries "achatou-se drasticamente nas últimas semanas, em meio às notícias sobre a ômicron e um tom cada vez mais agressivo do Fed". Como resultado, a diferença entre os juros de 2 e 10 anos, por exemplo, caiu de um pico de cerca de 160 pontos base (pb) para perto de 80pb, aponta. O achatamento ocorreu em outros momentos de aperto monetário no passado, e a consultoria espera que siga nos próximos anos, mas, em contraste com 2021, a Capital Economics suspeita que virá ao lado de rendimentos de longo prazo gradualmente maiores. No fim da tarde, o retorno da T-note de 2 anos subia a 0,687%, mas o da T-note de 10 anos caía a 1,489% e o da T-bond de 30 anos baixava a 1,868%..

Segundo a Reuters, dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) estudam promover um aumento temporário na compra de títulos na região. Em contraste com o Fed hawkish, a moeda comum se desvalorizava a US$ 1,1296 à tarde. Para a Capital Economics, há obstáculos para uma maior valorização do dólar no curto prazo, e provavelmente seria necessário um sinal muito hawkish do Fed na próxima semana para dar um novo impulso. "No entanto, continuamos esperando que a tendência de um dólar mais forte continue no próximo ano", projeta. O índice DXY, que mede o ativo americano ante seis rivais, subiu 0,39%.

O câmbio forte pressionou o petróleo e outras commodities cotadas na moeda americana. Depois de três altas seguidas, o WTI com entrega para janeiro recuou 1,96% (US$ 1,42), a US$ 70,94, enquanto o Brent para o mês seguinte cedeu 1,85% (US$ 1,40), a US$ 74,42. A ômicron também pesou no movimento, e de acordo com o TD Securities, a alta transmissibilidade da variante pode resultar em mais restrições nas próximas semanas e meses. (Matheus Andrade - [email protected])

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