MERCADO FIRMA APOSTA EM DESINFLAÇÃO APÓS IPCA-15 E DIS CAEM, MESMO COM EXTERIOR E ATA

Blog, Cenário

O mercado de renda fixa doméstico focou em fundamentos próprios nesta terça-feira, ignorando uma relativa onda de aversão ao risco no exterior e o salto forte do petróleo. O IPCA-15 perto do piso - e com preços de abertura em leitura benigna - chancelou as apostas de desinflação, fazendo com que os agentes assimilassem sem sustos a repetição do tom duro do comunicado na ata do Comitê de Política Monetária (Copom). A despeito do reforço da mensagem por parte do Banco Central (BC), os investidores seguiram mirando em cortes da Selic já no primeiro semestre de 2023, especificamente a partir de maio. Para o fim do próximo ano, já está no preço taxa ao redor de 11%. No exterior, por sua vez, ainda que tenha havido estabilidade na ponta curta dos Treasuries (2 anos a 4,303%), os longos subiram forte, com a T-note de 10 anos (3,976%) se aproximando dos 4%, nível não visto desde 2010. No prazo mais longo lá fora, pesa a perspectiva de uma inflação resiliente, alertada por dirigentes do Federal Reserve. Uma contribuição também dessa alta veio do petróleo, que subiu forte hoje diante de temores de menor produção por causa da temporada de furacões no Golfo do México e permanência de tensões geopolíticas. Neste ambiente, índices que têm petroleiras com peso importante reduziram as baixas ao longo da tarde, com ações de energia se destacando entre as altas. Ao fim, Dow Jones tinha queda de 0,43% e S&P 500, de 0,21%. Aqui, a subida de Petrobras (ON +0,70% e PN +0,75%) ajudou a aplacar as perdas do Ibovespa, que terminou a sessão em 108.376,35 pontos (-0,68%), o menor nível desde 5 de agosto. No câmbio, o dólar tentou algum refresco após o salto recente, contrariando a leve alta externa do DXY. A moeda americana terminou o dia aos R$ 5,3765, recuo de 0,09%.

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•MERCADOS INTERNACIONAIS

•BOLSA

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JUROS

Os juros futuros encerraram a terça-feira com queda em todos os vencimentos, especialmente nos intermediários que melhor refletem as expectativas para o próximo ciclo da Selic. Devolveram parte dos prêmios acumulados nas últimas sessões estimulados pelo IPCA-15 de setembro, que veio perto do piso das projeções e com leitura benigna dos preços de abertura. A ata do Copom repetiu o tom duro do comunicado, mas não conseguiu demover o mercado da ideia de alívio da Selic nos próximos meses, mantidas na curva as apostas de corte já no primeiro semestre de 2023. A melhora do câmbio também favoreceu a trajetória das taxas. O leilão de NTN-B, mesmo com risco bem maior do que o anterior, foi absorvido sem sustos.

O destaque da sessão foi o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025, tanto em termos de variação de taxa quanto em volume - hoje foi o mais negociado, com quase 700 mil contratos. A taxa caiu de 11,827% ontem o ajuste para 11,59%, uma diferença de mais de 20 pontos-base. O DI para janeiro de 2024 encerrou a sessão regular em 12,78%, de 12,948% ontem, e o DI para janeiro de 2027, em 11,545%, de 11,688%.

O economista-chefe do Banco Original, Marco Antonio Caruso, destaca que a curva já abriu com "gap" grande, dada a avaliação de que a ata não mudou a percepção de espaço para queda da Selic nos próximos meses, mesmo com os dirigentes tendo sinalizado que o ciclo de baixa não está no horizonte. "A ata repetiu um comunicado que já havia sido ignorado", afirmou. No documento, o Copom reitera que vai perseverar na desinflação e no processo de ancoragem das expectativas.

Na sequência da ata, veio a deflação de 0,37% do IPCA-15, abaixo da mediana (-0,20%) e perto do piso das estimativas (-0,39%), segundo pesquisa do Projeções Broadcast. Em 12 meses, a inflação já está abaixo de 8% (7,96%). Entre os preços de abertura, a média dos núcleos, preços livres, de serviços e serviços subjacentes vieram aquém do esperado, enquanto o índice de difusão caiu abaixo de 60%, a 59,95% (de 65,12% em agosto), reforçando a perspectiva positiva para o cenário inflacionário.

O conjunto dos dados, na avaliação de Carlos Macedo, especialista em alocação de investimentos e sócio da Warren, auxilia o Banco Central em sua estratégia de manutenção da taxa de juros para observar a defasagem da política monetária. "É inegável que o pior da inflação já passou e que há arrefecimento marginal. A dúvida está em qual será a velocidade de queda da inflação nos próximos meses diante de uma atividade econômica aquecida internamente", comentou.

Justamente a percepção de um hiato do produto mais estreito, diante de sinais de um mercado de trabalho mais apertado, é considerado na ata entre os riscos altistas para a inflação, assim como as incertezas sobre os juros globais e advindas do cenário fiscal. Pelo lado baixista, são mencionadas a possibilidade de manutenção das desonerações tributárias em 2023 e a queda das commodities. Os diretores mostraram ainda preocupação com a elevação das expectativas do mercado - via Focus - para 2024, que vinham subindo nas últimas pesquisas e endossou o compromisso de buscar a ancoragem para prazos mais longos.

Na curva, a precificação é de manutenção da Selic em 13,75% até o fim do primeiro trimestre do ano que vem, com chances de corte de 0,50 ponto porcentual aparecendo a partir de maio, segundo a Greenbay Investimentos. O economista-chefe, Flávio Serrano, informou que a curva embute cortes de cerca de 270 pontos-base ao longo do ano que vem, com Selic fechando em 11,05%.

Com relação ao leilão de NTN-B, houve teve demanda integral pelo lote de 2,150 milhões, concentrado no vencimento mais curto (2025), de 1,250 milhão. A oferta foi muito superior à de 800 mil da semana passada, com o DV01 (risco para o mercado) saltando de US$ 311 mil para US$ 1,02 milhão, conforme a Necton Investimentos.

O especialista em renda fixa e professor ligado a Mercado Financeiro na B3, na Anbima e na FIA, Alexandre Cabral, considerou o leilão bom, com taxas em queda e o terceiro maior volume do ano. "Taxas de corte bem altas nos dois primeiros vencimentos. Isso é demanda forte. O Tesouro poderia ter emitido mais", escreveu, no Twitter. (Denise Abarca - [email protected])

17:30

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.65

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

MERCADOS INTERNACIONAIS

A recuperação dos ativos de risco perdeu força durante a tarde, e as bolsas de Nova York fecharam sem sinal único, com o S&P 500 chegando a tocar o menor nível intraday em dois anos, caindo pela sexta sessão seguida. O aperto monetário dos bancos centrais seguiu alvo de atenção, especialmente com discursos de uma série de dirigentes do Federal Reserve (Fed). O presidente da distrital de Minneapolis, Neil Kashkari, previu mais aumento de taxas no curto prazo. Como um dos reflexos, os juros longos dos Treasuries ganharam impulso, com a T-note de 10 anos chegando perto dos 4%. No câmbio, a libra chegou a avançar frente ao dólar, recuperando perda forte recente, mas chegou ao fim do dia praticamente estável. Já o petróleo teve alta de 2%, com investidores atentos aos efeitos do clima no suprimento do Golfo do México.

Para Edward Moya, analista da Oanda, os investidores lutam por ideias sobre onde investir e algumas ações de tecnologia de mega capitalização estão se mostrando atraentes, o que deu algum apoio ao Nasdaq. "As ações reduziram alguns ganhos após um impressionante relatório de confiança do consumidor sugerir que o Fed poderia permanecer agressivo por muito mais tempo", avalia. "O fim do ciclo de aperto do Fed está à vista, a questão é quão restritivas serão as taxas. O apetite por risco pode se manter se o Fed for visto entregando outra alta de 75 pontos-base em novembro, uma redução para meio ponto de aumento em dezembro e uma alta final de 25 pontos em fevereiro", projeta Moya.

Hoje, Kashkari afirmou que a instituição está se movendo "em um ritmo apropriadamente agressivo" na política monetária. Segundo ele, o Fed "precisa ver mais algum progresso na inflação, e não estamos vendo isso ainda". Também participou de evento hoje o presidente Jerome Powell, mas seus comentários focaram em "problemas estruturais" das finanças descentralizadas. Neste cenário, as bolsas de Nova York chegaram a operar em alta, mas terminaram o dia com menos fôlego. Dow Jones recuou 0,43%, a 29.134,99 pontos, S&P 500 caiu 0,21%, a 3.647,29 pontos, e Nasdaq teve alta de 0,25%, a 10.829,50 pontos. Na Europa, o resultado também foi de quedas na maior parte dos casos, com FTSE 100 caindo 0,52% em Londres e DAX recuando 0,72% em Frankfurt.

Nos Treasuries, o juros longos avançaram, com destaque para a T-note de 10 anos na proximidade dos 4%, o que não ocorre desde 2010. O juro da T-note de 2 anos caía a 4,303%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,976% e o do T-bond de 30 anos subia a 3,861%. No Reino Unido, diante da escalada recente nos juros, o rendimento no Gilt de 10 anos subia a 4,514%, de 4,282% no fechamento de ontem.

Já a libra teve mais uma leve desvalorização diante da recente crise econômica britânica, reforçada por planos fiscais do novo governo do país. No fim da tarde, a libra caía a US$ 1,0716. O euro também recuou diante a moeda americana, a US$ 0,9590. O DXY registrou alta de 0,003%, a 114,106 pontos.

O noticiário energético teve uma sessão agitada, com ameaças ao suprimento europeu pelo gasoduto Nord Stream, incluindo uma potencial sabotagem. No Golfo do México, 11% da produção de petróleo foi paralisada por conta da passagem do furacão Ian. O contrato do petróleo WTI para novembro fechou em alta de 2,33% (US$ 1,79), a US$ 78,50 o barril, e o Brent para dezembro subiu 2,43% (US$ 2,01), a US$ 84,87. Diante dos recentes temores, o Julius Baer acredita as tendências de inflação nos EUA e os riscos de energia na Europa estão superestimados. "Portanto, vemos as economias passando por um período de estagnação pronunciada, em vez de entrarem em recessão. As commodities passam por uma fase de choques extremos, sugerindo uma recuperação temporária e não duradoura dos preços", destacou. (Matheus Andrade - [email protected])

BOLSA

Mais alinhado nesta semana à aversão a risco que ainda prevalece no exterior, o Ibovespa emendou a terceira perda ao cair hoje 0,68%, aos 108.376,35 pontos, o menor nível de fechamento desde 5 de agosto (106.471,92). Em setembro, a queda acumulada pelo índice - negativo desde ontem - segue agora a 1,05%, com retração de 2,99% nestas duas primeiras sessões da semana. No ano, os ganhos são limitados a 3,39%. O giro desta terça-feira ficou em R$ 27,1 bilhões. Entre a mínima e a máxima, oscilou entre 108.120,26 e 110.161,07, com abertura a 109.121,86 pontos.

Novo sinal de deflação, pelo IPCA-15 de setembro, divulgado de manhã, não foi o suficiente para colocar o Ibovespa em sentido positivo, mesmo quando as bolsas de Nova York tinham sinal único e subiam, ainda que moderadamente, até o começo da tarde. No fechamento, as perdas em Nova York foram limitadas a 0,43%, no blue chip Dow Jones, com o Nasdaq conseguindo oscilar para o positivo (+0,25%) no encerramento. Na B3, "era para se ver algum alento, alguma recuperação, claro que longe de zerar perdas, mas um dia de recuperação com essa notícia (IPCA-15)", aponta Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest.

Contudo, poucas ações entre as mais líquidas conseguiram se descolar hoje da cautela que se impõe desde o exterior, com destaque para Gerdau PN (+2,59%) e Gerdau Metalúrgica (+1,19%), além de Petrobras (ON +0,70%, PN +0,71%), favorecida pela recuperação parcial do petróleo na sessão, em alta em torno de 3%. Na ponta do Ibovespa, além das duas ações da Gerdau, destaque também para BTG (+2,18%), Suzano (+2,05%) e Cielo (+1,74%).

O Itaú BBA acredita que Cielo e Stone, dois nomes "puros" de maquininhas, devem ter impactos positivos de dois dígitos em seus resultados no ano que vem com as novas regras para as tarifas de intercâmbio dos cartões de débito e pré-pagos, divulgadas ontem pelo Banco Central, reporta o jornalista Matheus Piovesana, do Broadcast.

Na ponta de perdas do Ibovespa nesta terça-feira, Alpargatas (-4,84%), Positivo (-4,82%) e Dexco (-4,60%). O dia foi moderadamente negativo para Vale (ON -0,44%) e para as ações de grandes bancos (Itaú PN -0,94%, Bradesco ON -0,80%).

Na agenda macroeconômica, o recuo de 0,37% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) em setembro corrobora leitura positiva sobre o processo de desinflação no Brasil, avalia o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. "Evidente que grande parte disso vem dos preços administrados", ressalva. Nesta leitura, os administrados caíram 1,66%, ante deflação de 4,28% em agosto.

"O índice de difusão, que mostra o porcentual de itens que aumentaram de preço no mês, ficou abaixo de 60%, o sexto mês consecutivo de queda. Um bom sinal, mas é preciso esperar novos dados", observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.

"O dado de hoje acontece por um fator muito temporário, que são as reduções tributárias. Então, é um dado meio poluído para olhar pra frente, ainda muito afetado por medidas de curto prazo, medidas tributárias", avalia Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital.

Em outro desdobramento importante da agenda do dia, "a ata do Copom teve um tom até neutro, com a mensagem clara de que os juros serão mantidos altos por mais tempo, com o BC perseverando no aperto monetário", diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.

"A ata não trouxe sinalização diferente da que foi dada no comunicado da semana passada, quando o Banco Central levantou o cartão amarelo para as apostas mais agressivas de cortes da Selic já no início de 2023. O BC já tinha feito ali ponderações de que está preocupado com a dinâmica da inflação no próximo ano", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.

No front político, faltando poucos dias para as urnas abrirem, ganha corpo nas mais recentes pesquisas a expectativa de que a eleição, com aparente crescimento do chamado "voto útil" nesta chegada ao domingo, eventualmente seja definida ainda no primeiro turno.

A campanha eleitoral deste ano, embora com pouco impacto até aqui nos preços dos ativos domésticos, entra na reta final com novos apoios públicos à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como os do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, notabilizado durante o processo do 'mensalão', e do economista André Lara Resende, quadro técnico histórico do PSDB - mas do qual se afastou em anos recentes, por divergências teóricas frente a outros economistas com história associada ao partido.

Pouco antes de participar de encontro em que formalizaria publicamente apoio à candidatura Lula, Lara Resende, integrante da equipe que criou o Plano Real, defendeu políticas públicas de apoio à transferência de renda. Ontem, em entrevista ao Roda Vida, da TV Cultura, o ex-presidente do BC na gestão Lula, Henrique Meirelles, que aderiu à candidatura do petista na semana passada, disse ser possível conciliar despesas sociais com o teto de gastos desde que medidas de controle compensatórias sejam adotadas, como uma reforma administrativa.

Economistas brasileiros ortodoxos e de diversas instituições nacionais e do exterior divulgaram hoje um manifesto pelo voto no primeiro turno no ex-presidente Lula. Na maioria, economistas do meio acadêmico, de instituições como PUC-Rio, Insper e FGV, associadas ao pensamento liberal, e do exterior, sem ligação com o PT, que assinaram o documento em defesa da "proteção à democracia". (Luís Eduardo Leal - [email protected], com Marianna Gualter)

17:27

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 108376.35 -0.67618

Máxima 110161.07 +0.96

Mínima 108120.26 -0.91

Volume (R$ Bilhões) 3.11B

Volume (US$ Bilhões) 5.81B

17:30

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 108975 -0.15118

Máxima 111575 +2.23

Mínima 108640 -0.46

CÂMBIO

Após dois pregões consecutivos de forte alta, em que acumulou valorização de 5,22% e chegou a esboçar fechamento acima de R$ 5,40, o dólar ensaiou um refresco no mercado de câmbio doméstico na sessão desta terça-feira (27). Pela manhã, a moeda chegou até a romper o piso de R$ 5,30, ao registrar mínima a R$ 5,2980 (-1,55%). Uma piora do ambiente externo ao longo da tarde, contudo, acabou levando a uma recomposição de posições defensivas. No fim do dia, o dólar - que chegou até a operar pontualmente em terreno positivo - era cotado a R$ 5,3765, em baixa de 0,09%.

A recuperação do real e de seus pares emergentes, como o peso mexicano, foi limitada hoje pelo fortalecimento da moeda americana no exterior e pelo avanço das taxas longas dos Treasuries. O índice DXY - termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes - voltou a superar os 114,000 pontos (máxima aos 114,472 pontos), com novas perdas do euro e do iene. Já a libra, castigada nos últimos dias pela repercussão negativa do anúncio de plano econômico no Reino Unido, teve uma leve alta.

Segundo operadores, a tendência de manutenção de dólar forte no mundo, aliada a uma postura mais cautelosa dos agentes às vésperas do primeiro turno da eleição presidencial no Brasil, acaba inibindo apostas mais contundentes a favor da moeda brasileira neste momento. A deflação de 0,37% do IPCA-15 de setembro, maior que a mediana de Projeções Broadcast (-0,20%), e o tom duro ata do Comitê de Política Monetária (Copom) tiveram influência marginal na formação da taxa de câmbio.

"O dólar subiu muito rapidamente e havia espaço para uma correção no mercado local. Mas a tendência ainda é de um dólar forte no mundo porque os juros vão subir nos Estados Unidos e o quadro não é bom para outras moedas fortes", afirma Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos. "A Europa está beirando uma recessão com a crise de energia, a libra despencou com esse pacote econômico no Reino Unido e o iene continua fraco com a política monetária frouxa no Japão".

Dirigentes do Fed voltaram a reforçar o discurso duro contra a inflação hoje. Tido como maior falcão do BC americano, o presidente do Fed de St Louis, James Bullard, afirmou que é preciso agir enquanto o mercado de trabalho americano está forte. Ele sinalizou que a provável taxa de juros terminal está ao redor de 4,5% e que "há riscos de recessão" nos EUA. Presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari afirmou que Fed move a política monetária "em um ritmo apropriadamente agressivo".

Por aqui, o Copom reforçou, em sua ata, a mensagem do comunicado da semana passada, quando manteve a taxa de juros em 13,75%, mas acenou com possível retomada do ciclo de aperto caso a inflação não arrefeça. Na ata, o Copom diz que "irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas", em um sinal de que pretende manter a taxa Selic inalterada por período prolongado.

Para Veronese, da B.Side Investimentos, o Copom na ata tentou dissuadir o mercado de apostar em um corte da taxa de juros no primeiro semestre de 2023. O colegiado acabou atropelado, contudo, pela deflação do IPCA-15, que mostrou desafogo em preços de alimentos e menor difusão. "O BC não quer essa discussão do corte de juros agora, mas não está conseguindo convencer o mercado", diz Veronese, para quem, mesmo com o aperto monetário nos EUA, o diferencial entre juros interno e externo se manterá elevado, o que tende a dar suporte ao real. "Apesar de a tendência ser de dólar forte no mundo, o comportamento frente ao real não é tão óbvio. Temos um diferencial de juros alto e estamos crescendo. Além disso, quando a eleição for definida, a incerteza diminui."

Em relatório, o Citi pondera que, a despeito da perda de fôlego da inflação, a taxa Selic deve permanecer em dois dígitos por um período prolongado. Para o banco, o ciclo de redução dos juros deve começar apenas no segundo semestre de 2023, com a taxa Selic encerrando o ano que vem em 10,50%. O Citi observa que, apesar de números fiscais correntes positivos, ainda há preocupação com os fundamentos das contas públicas e a perspectiva de aumento da relação dívida/PIB no longo prazo. Segundo o banco, a piora do cenário global reforça o ceticismo com a trajetória fiscal do país - e isso impede uma apreciação relevante do real. O Citi mantém projeção de taxa de câmbio de R$ 5,28 no fim deste ano e em R$ 5,23 em 2023. (Antonio Perez - [email protected])

17:30

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.37650 -0.0911 5.38480 5.29800

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5387.500 -0.213 5390.500 5302.500

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5406.000 -0.46032 5420.500 5405.500

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