Depois de um semana majoritariamente negativa, os ativos domésticos tiveram um alívio nesta sexta-feira, conduzido em grande medida exterior, onde uma aparente trégua na escalada de críticas dos EUA à China animou os investidores. A alta firme da Bolsa hoje foi insuficiente para apagar as perdas acumuladas na semana, mas colocou o Ibovespa perto do zero a zero, acumulando perda de 0,30% nos últimos cinco pregões. No caso do dólar, após cinco pregões em alta, o recuo de 1,70% diante do real, a R$ 5,7418 no mercado à vista, apenas minimizou um pouco a valorização semanal, que foi de 5,57%, elevando a alta acumulada no ano para 43,12%. O real segue sendo a moeda com o pior desempenho no ano quando comparada a uma cesta de 34 pares. O movimento da divisa nos últimos dias foi pautado pelo aumento da desconfiança em relação ao Brasil, tanto no que diz respeito à política fiscal quanto no que tange à governabilidade. Seja como for, o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter reforçado, ontem, que seguiria a recomendação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e vetaria a possibilidade de reajuste a servidores no projeto de socorro a Estados e municípios seguiu mantendo algum bom humor internamente. Mas foi, de fato, o exterior o fio condutor dos negócios. Com a percepção de que o pior da pandemia de covid-19 já possa ter passado nos EUA e em países europeus, os investidores colocaram nos preços a reabertura econômica, após os dados de emprego dos EUA menos ruins do que o esperado. Assim, as bolsas de Nova York aceleraram a alta à tarde, para perto de 2%, e encerraram a semana com ganhos. O Ibovespa capitalizou em cima desse cenário e, sem tantas notícias locais negativas, subiu 2,75%, aos 80.263,35 pontos. Enquanto isso, com a trégua do câmbio e ainda subsidiados pelo aparente novo respiro dado a Guedes, os investidores em juros voltaram a retirar prêmios das taxas ao longo de toda a curva, ampliando a aposta em corte de 0,50 ponto porcentual na próxima reunião para 75%, contra 25% de possibilidade de redução de 0,25 ponto. Tal movimento reflete ainda, em alguma medida, a bateria de dados fracos sobre a economia brasileira conhecidos hoje, que vão desde a deflação do IPCA em abril, passam pela queda no movimento de veículos em estradas pedagiadas e chega ao ápice com o tombo de 99% na produção de automóveis no mês passado, segundo a Anfavea. Agora, os agentes aguardam os dados de serviços e varejo, além da ata do Copom, na próxima semana.
- MERCADOS INTERNACIONAIS
- BOLSA
- CÂMBIO
- JUROS