MELHORA EXTERNA DÁ GÁS ADICIONAL A ATIVOS DOMÉSTICOS, AINDA SOB IMPULSO DE MEIRELLES

Blog, Cenário

Um fôlego no mercado externo na tarde desta segunda-feira se tornou um ingrediente a mais à alta que os ativos brasileiros experimentavam desde a manhã por influência do cenário político. Por lá, a ausência de notícias nesta antevéspera de decisão do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) acabou sendo bem recebida pelos agentes, dando espaço para uma leve correção das perdas recentes, o que fez as bolsas de Nova York virarem para o positivo e o dólar a perder força ante as moedas principais. Em termos de fundamento, contudo, nada mudou: a aposta em alta de 75 pontos-base dos Fed funds segue majoritária (80% na CME) e os juros dos Treasuries se aproximam de máximas em mais de uma década. Neste cenário, o Dow Jones terminou com alta de 0,64%, o S&P 500 com ganho de 0,69% e o Nasdaq com avanço de 0,76%. O DXY cedeu à faixa de 109,6 pontos. Aqui no Brasil, a definição do apoio oficial do ex-ministro Henrique Meirelles ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seguiu animando os agentes. Ao Broadcast Político, o ex-ministro negou que esteja planejando voltar ao comando da equipe econômica, mas deixou a porta do diálogo aberta. "Não estou discutindo programa de governo. Agora, se Lula quiser, no momento adequado, conversar comigo, darei minhas opiniões", afirmou. A percepção no mercado é a de que mesmo que Meirelles não integre a Esplanada, o petista planeja que o Ministério da Fazenda, a ser recriado em caso de sua vitória, não fique nas mãos da "linha dura" do partido. Ao final, o Ibovespa subiu aos 111.823,89 pontos, valorização de 2,33%. O dólar à vista caiu aos R$ 5,1652, recuo de 1,79%. Na curva de juros, os vencimentos médios e longos foram para baixo, ao passo que os curtos rondaram a estabilidade com viés de queda diante do compasso de espera pelo teor do comunicado do Copom de depois de amanhã.

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•BOLSA

•CÂMBIO

•JUROS

MERCADOS INTERNACIONAIS

Ativos no exterior operaram com volatilidade hoje, no primeiro dia de uma semana com decisões de importantes bancos centrais, que em sua maioria devem elevar os juros em algumas das maiores economias do mundo. Na quarta-feira, o Federal Reserve (Fed) voltará a subir os juros nos EUA, e o Banco da Inglaterra (BoE) deve fazer o mesmo no dia seguinte. No caso do Fed, ha ampla chance de outra alta de 75 pontos-base dos juros, enquanto o movimento do BoE é mais difícil de prever, ponderam analistas. Nos mercados, as bolsas de Nova York oscilaram na maior parte do dia e terminaram o pregão em alta moderada, assim como o petróleo no mercado futuro, que ganhou certo impulso do recuo do dólar ante o euro e a libra. Já os juros dos Treasuries encerraram a tarde sem direção única, com os rendimentos dos títulos de prazo mais curto em alta forte, à espera do Fed. Na máxima do dia, o juro da T-note de 2 anos ficou próximo de 4%, patamar atingido pela última vez em outubro de 2007.

Os rendimentos da renda fixa americana, em especial na ponta curta, têm subido sem freios nos últimos dias, antes do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) se reunir e anunciar sua decisão monetária daqui a dois dias. Ao bater máxima intraday de 3,969%, o juro da T-note de 2 anos subiu ao seu maior valor em quase 15 anos. Mais cedo, o rendimento da T-note de 10 anos, espécie de referência do mercado de Treasuries, subiu acima de 3,5%, nível atingido pela última vez em 2011.

No horário de fechamento das bolsas de Nova York, o juro da T-note de 2 anos subia a 3,931%, o da T-note de 10 anos avançava a 3,483% e o do T-bond de 30 anos cedia a 3,507%.

De acordo com o BMO Capital Markets, o movimento dos juros dos Treasuries responde à reprecificação dos mercados ante a provável resposta do Fed ao núcleo da inflação forte - em agosto, o núcleo do CPI mostrou alta mensal de 0,6% e anual de 6,3%, ambas acima do esperado pelo mercado. Segundo análise do CME Group, o mercado continua precificando cerca de 80% de chance para a terceira alta de 74 pontos-base consecutiva dos Fed funds na quarta-feira, com o porcentual restante para alta de 100 pontos-base. Além desta semana, o BMO espera mais uma alta de 0,75 ponto porcentual (pp) em novembro, antes do Fed reavaliar sua política monetária no mês seguinte.

Embora o mercado esteja apreensivo com o aumento dos juros nos EUA, as bolsas de Nova York sustentaram ganhos até o fim do pregão, após sessão volátil. O índice Dow Jones fechou em alta de 0,64%, o S&P 500 avançou 0,69% e o Nasdaq subiu 0,76%.

O mercado acionário devolve um pouco das perdas recentes nos últimos dias, e se prepara para um período que pode ser de mais baixas. Estrategista de pesquisa técnica do Bank of America, Stephen Suttmeier destaca que, com exceção de dezembro, os últimos 10 dias de um mês costumam ser de mais perdas para Wall Street do que os dez primeiros, segundo análise própria que levou em conta dados sazonalmente ajustados coletados a partir de 1928. "Setembro é o único mês com retornos médios e medianos negativos nas primeiras e últimas dez sessões do mês", diz ainda.

Além do Fed, esta semana será marcada por decisões do BoE e do Banco do Japão (BoJ). Enquanto o segundo deve manter os juros negativos, o primeiro pode optar tanto por uma nova alta de meio pp quanto pela aceleração do ritmo do aperto monetário, caso siga o Fed e o Banco Central Europeu (BCE) e suba a Taxa Bancária em 0,75 pp. A libra sustentou ganho ante o dólar no mercado cambial, a US$ 1,1434 no fim da tarde, apesar da possibilidade do BoE subir os juros de forma menos agressiva que o Fed nesta semana.

Para o Rabobank, é mais provável uma alta de 50 pontos-base no Reino Unido, já que a economia está frágil e os planos da primeira-ministra Liz Truss de impor um teto a contas de serviços públicos devem ajudar o BoE em sua tarefa de reduzir a inflação no país.

Entre outras moedas, o euro avançava a US$ 1,0022 no horário citado, enquanto o dólar subia a 143,260 ienes. O índice DXY registrou baixa marginal de 0,02%, a 109,737 pontos.

Sem grandes drivers para o mercado de energia hoje, o petróleo operou volátil e fechou a sessão em alta moderada. Na Nymex, o barril do WTI para novembro subiu 0,71%, a US$ 85,36, e o do Brent para o mesmo mês avançou também 0,71% na ICE, a US$ 92,00. Além do avanço das moedas europeias, operadores observam a flexibilização dos lockdowns na China como um sinal encorajador, embora a perspectiva para a economia global siga ruim.

Outro tema no radar, a Eurasia reduziu de 45% para 30% de chance de que o acordo nuclear de 2015 seja retomado em breve. A casa cita a mudança de postura do Irã, que passou a fazer exigências mais duras para selar o pacto, recebidas com críticas por lideranças ocidentais. (Gabriel Caldeira - [email protected])

BOLSA

O Ibovespa conseguiu se descolar da cautela pré-Fed que manteve a maior parte dos mercados do exterior na defensiva neste começo de semana. Aqui, com dólar a R$ 5,14 na mínima do dia apesar da volatilidade vista no índice DXY lá fora, o Ibovespa correu para os 111.975,94 pontos (+2,47%) na máxima da sessão e conseguiu sustentar a linha dos 111 mil também no fechamento, aos 111.823,89 pontos, em alta de 2,33% nesta segunda-feira. Assim, retorna ao positivo no mês (+2,10%), colocando os ganhos do ano a 6,68%. O giro foi de R$ 28,8 bilhões na sessão, em que o Ibovespa abriu aos 109.282,60 e, na mínima, oscilou para os 108.507,76 pontos.

Apesar do sinal negativo em Nova York - revertido no meio da tarde -, o dia foi de recuperação bem distribuída na B3 desde mais cedo, com ganhos firmes nas ações e nos segmentos de maior peso no Ibovespa, após quatro dias de perdas. Na ponta do índice, destaque para Yduqs (+14,10%), à frente de Cogna (+9,77%), B3 (+6,79%) e Gerdau Metalúrgica (+5,88%). No lado oposto, Positivo (-1,59%), Marfrig (-1,06%), Cielo (-0,94%) e Banco Pan (-0,67%). Entre os grandes bancos, os ganhos chegaram a 3,75% (Itaú PN) no fechamento da sessão.

"Papéis de educação também foram destaque, com a criação de um grupo de trabalho do MEC para propor novas regras para o ensino à distância em alguns cursos e após falas do candidato Lula favoráveis aos programas FIES e Prouni", diz Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos.

"A ressaca da semana passada foi pesada" o que ajuda a compreender o "rali" de recuperação nesta segunda-feira na B3, observa Felipe Castro, especialista em renda variável da Blue3, acrescentando que pela magnitude da próxima "superquarta", com decisões monetárias nos Estados Unidos e no Brasil, o "estresse" pode voltar.

"Por aqui, o mercado segue favorável à tomada de risco apoiado em 'valuation' atrativo e possibilidade do fim do ciclo de alta dos juros. Juros futuros recuaram por toda a curva, com queda das commodities e projeções melhores para a inflação no boletim Focus de hoje, o que favorece a tomada de risco", aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.

Hoje, "a divulgação do apoio de Henrique Meirelles (ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do BC) a Lula contribuiu para o sentimento positivo na Bolsa e no câmbio, mas não explica o movimento todo do dia, de recuperação para Petrobras (ON +1,19%, PN +1,59%) e Vale (ON +3,24%), mais correlacionadas ao mercado externo. Há ainda otimismo estrangeiro com o Brasil, mais adiantado na correção dos juros, onde o BC agiu rápido e bem. E o paciente (a economia) não morreu, segue em recuperação", diz Davi Lelis, economista e sócio da Valor Investimentos.

Ele acrescenta que "o Brasil está em posição melhor do que outros emergentes aos olhos estrangeiros no momento em que ainda persistem dúvidas" nas economias centrais, como a zona do euro, com a aproximação do inverno em meio a incertezas sobre inflação, atividade econômica e suprimento de energia ao velho continente.

O ponto alto da semana virá na quarta-feira com as decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil. "Em ambos os casos, as decisões não são absolutamente tranquilas: podem acontecer surpresas. Há um consenso até mais forte para o Fed, de que pode subir os juros em 75 pontos-base, na mesma reunião em que será feita a atualização das projeções deles para o médio prazo, com o gráfico de pontos, que deve sinalizar taxas de juros terminais maiores, para o final do ciclo de alta de juros", diz Raone Costa, economista-chefe da Alphatree.

"Depois do CPI (índice de preços ao consumidor) da semana passada, as projeções de mercado para a alta (dos fed funds nesta quarta-feira) passaram da faixa de 50 a 75 para a de 75 a 100 pontos-base, com maior probabilidade de que venha 75, não 100. Mas 100, que era risco residual, ganhou probabilidade", diz Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos.

"Para o BC daqui, estamos bem perto da conclusão do processo de elevação de juros, mas ainda há dúvidas se vai parar em 13,75%, onde já está, ou se terá um último aumento nesta reunião, que colocaria a Selic a 14%", diz Raone, da Alphatree. "Os dados correntes têm mostrado melhora da inflação, os índices (de preços) viraram bastante. O que talvez cause alguma preocupação é a atividade econômica, especialmente o mercado de trabalho, que talvez enseje pressões inflacionárias futuras", acrescenta o economista, lembrando que os preços de serviços continuam a subir significativamente, e "demoram para cair". "O BC tem mostrado preocupação com isso."

No noticiário doméstico, a aproximação entre Meirelles e Lula foi bem recebida pelo mercado. Ao Broadcast Político, Meirelles disse que, se o candidato do PT quiser conversar sobre economia, o criador do teto de gastos na gestão Michel Temer (MDB) dará opiniões. Ao jornalista Eduardo Gayer, Meirelles desconversou sobre a possibilidade de retornar à esplanada e minimizou as críticas do PT às reformas que ele liderou no Ministério da Fazenda, na administração Temer.

No melhor momento desta segunda-feira, com os índices de Nova York oscilando para cima e atingindo as máximas do dia, o Ibovespa ficou bem perto de retomar os 112 mil pontos, também no fechamento. Mesmo sem atingir a marca, o de hoje foi o melhor nível de encerramento para a referência da B3 desde o último dia 12, então aos 113,4 mil pontos, mesmo dia em que tocou os 114 mil, na máxima daquela sessão.

Em análise gráfica divulgada na sexta-feira, o Itaú BBA observa que o Ibovespa "encontra resistência importante entre 112.800 e 114.400 pontos". "O cenário ainda está distante para um novo rali acima dos 114 mil pontos, já que os mercados internacionais estão afastados das resistências importantes. Por ora, é momento de avaliar a carteira e posicionar os stops, caso a queda nos mercados internacionais pressione o mercado por aqui", acrescenta a nota de análise técnica. (Luís Eduardo Leal - [email protected])

17:32

 Índice Bovespa   Pontos   Var. % 

Último 111823.89 2.32752

Máxima 111975.94 +2.47

Mínima 108507.76 -0.71

Volume (R$ Bilhões) 2.87B

Volume (US$ Bilhões) 5.49B

17:34

 Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % 

Último 113270 2.55319

Máxima 113295 +2.58

Mínima 108990 -1.32

CÂMBIO

Após uma manhã marcada por volatilidade e troca de sinais, o dólar mergulhou ao longo da tarde e encerrou a sessão desta segunda-feira (19) em queda firme, a despeito do sinal predominante de alta da moeda americana no exterior em boa parte do pregão em meio à expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve, na quarta-feira (21). Segundo profissionais do mercado, a forte onda de apreciação do real hoje pode refletir em parte a perspectiva de redução do risco fiscal em eventual governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera a corrida eleitoral, após o ex-presidente do Banco Central declarar apoio formal à candidatura do petista.

Nas primeiras horas de negócios, o dólar chegou a escalar até o patamar de R$ 5,30 por aqui, acompanhando o azedume externo, que deprimia as Bolsas em Nova York e levava o índice DXY - que mede o desempenho da moeda americana em relação a seis divisas fortes - voltar a superar os 110,000 pontos, no maior patamar de 20 anos. Já no fim da manhã, o dólar reduzia o ritmo de alta no exterior, abrindo espaço para um alívio no mercado doméstico, com a moeda passando a operar em leve baixa. A queda do índice de confiança das construtoras nos Estados Unidos de 49 em agosto para 46 em setembro (abaixo do esperado pelo menor e para o menor nível desde maio de 2014) mostra deterioração da atividade americana e tempera as apostas para a taxa terminal no atual ciclo de aperto monetário.

A onda vendedora no mercado de câmbio local ganhou força no início da tarde, em sintonia com a arrancada do Ibovespa. Com renovação de sucessivas mínimas, a moeda rompeu o piso de R$ 5,15 por volta das 14h. No fim do pregão, o dólar caia 1,79%, cotado a R$ 5,1652, após ter oscilado cerca de quinze centavos entre a máxima (R$ 5,3027) e a mínima (R$ 5,1435).

Na maior parte do pregão, o real era, ao lado do peso mexicano, a única divisa relevante entre países emergentes e de exportadores de commodities a se fortalecer. Detalhe: enquanto a moeda brasileira ganhava quase 2% frente ao dólar, o peso mexicano subiu cerca de 0,60%. Já na última hora de pregão, a moeda americana perdeu força lá fora, com o índice DXY passando a operar em leve baixa, ao redor dos 109,600 pontos.

"Lá fora, o índice DXY abriu em alta e perdeu força com o dado do setor imobiliário nos EUA. Isso mostra que a economia americana está sentindo o aperto do crédito e coloca em dúvida uma alta mais prolongada dos juros nos EUA", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni, ressaltando que a elevação da taxa básica em 75 pontos-base pelo Fed na quarta-feira já parece certa. "O mercado externo melhorou no fim da manhã e aqui teve essa questão do Meirelles. Houve saída forte do estrangeiro da semana passada, mas o real segue mais atraente que os pares porque temos um crescimento melhor".

Operadores lembram que o dólar encerrou a semana passada com valorização de 2,71% e que havia espaço, portanto, para uma recuperação da moeda brasileira nesta segunda-feira. Além disso, a taxa básica de juros doméstica elevada deixa investidores desconfortáveis em carregar posições em dólar. Não se descarta a possibilidade de que o Comitê de Política Monetária (Copom) promova uma alta adicional da taxa Selic no dia 21, na chamada "super quarta".

Presidente do BC na era Lula e ex-ministro da Fazenda no governo Michel Temer, Henrique Meirelles participou hoje de encontro da campanha do lula com ex-candidatos à presidência, como Marina Silva (Rede). Meirelles, fiador do teto de gastos na gestão Temer, deu seu apoio formal ao candidato petista e destacou indicadores econômicos do período em que esteve com Lula, como a geração de empregos e o controle da inflação. Reportagem especial do Broadcast mostrou que a manifestação de Meirelles, que passa a ser cogitado para cargo no alto escalão do governo, reduz temor de deterioração da política fiscal em caso de vitória de Lula. Ao Broadcast Político, o ex-ministro negou que esteja planejando voltar ao comando da equipe econômica, mas deixou a porta do diálogo aberta.

Em entrevista ao repórter Cícero Cotrim, o economista-chefe da Necton, André Perfeito, disse que a participação de Meirelles no evento do candidato petista mostra esforço claro da campanha em sinalizar que a intenção é repetir a fórmula de política econômica ortodoxa observada no primeiro governo. "Essa sinalização eu acho que é bastante adequada, no sentido de tentar apaziguar qualquer desconforto que tenha", disse.

O diretor de produtos de câmbio da Venice Investimentos, André Rolha, observa que o real se apreciava no início da tarde a despeito do sinal ainda predominante de alta da moeda americana no exterior, o que pode ser um sinal de um provável "efeito Meirelles" sobre as cotações. "Ainda estou tentando me convencer de que a participação do Meirelles em evento na campanha de Lula tenha gerado toda essa euforia de otimismo no mercado hoje, mas não tem outro motivo para justificar esse descolamento que aconteceu. Dólar bateu R$ 5,30 na máxima e desceu para menos de R$ 5,17", diz Rolha. (Antonio Perez - [email protected])

17:34

 Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima 

Dólar Comercial (AE) 5.16520 -1.7873 5.30270 5.14350

Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0    

DOLAR COMERCIAL 5175.500 -1.83042 5319.000 5158.000

DOLAR COMERCIAL FUTURO 5316.000 16/09    

JUROS

A semana do Copom começou com juros de médio e longo prazos em queda firme, influenciados pelo bom desempenho do real ante o dólar e melhora na perspectiva de risco fiscal após o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles formalizar seu apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas de intenção de voto, à Presidência. As taxas curtas pouco oscilaram e terminaram perto da estabilidade, com os agentes já em compasso de espera pela decisão sobre a Selic na quarta-feira, que também terá reunião do Federal Reserve. O quadro de apostas para o Copom segue apontando majoritariamente manutenção da taxa em 13,75% e o que desperta maior expectativa é o teor do comunicado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 passou de 13,79% no ajuste de sexta-feira para 13,77% e a do DI para janeiro de 2024 fechou em 13,23%, de 13,22%. A do DI para janeiro de 2025 voltou a furar 12%, fechando em 11,94%, de 12,02% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 11,57%, de 11,69%.

As taxas deram sequência ao movimento de devolução de prêmios iniciada na sexta-feira, mas chegaram a subir pela manhã quando o dólar ainda avançava ante o real e na esteira da piora da mediana das estimativas de IPCA para 2024 no Boletim Focus. Enquanto as previsões para 2022 (6,40% para 6,00%) e 2023 (5,17% para 5,01%) caíram, a de 2024 avançou pela terceira semana seguida, de 3,47% para 3,50%, contra 3,41% há um mês.

Vale lembrar que, no último dia 6, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, admitiu desconforto com o descolamento das expectativas para 2024, ano que vai ganhando cada vez mais importância no horizonte e política monetária, ante o centro da meta de 3,0%. “Nos incomoda bastante esse descolamento para 2024. O BC tem que manter uma postura bastante cautelosa e vigilante nos trimestres à frente”, enfatizou.

No meio da manhã, porém, tanto o dólar quanto os juros inverteram o sinal de alta e passaram a cair com força, na esteira da oficialização do apoio de Meirelles, figura pela qual o mercado financeiro tem grande apreço. "Há percepção de que ele possa vir a fazer parte do governo, até como ministro da Economia", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, para quem o apoio é visto como sinal de pragmatismo econômico de um eventual governo petista, reduzindo as chances de medidas heterodoxas e populistas.

Em entrevista ao Broadcast Político, Meirelles desconversou sobre a possibilidade de retornar à Esplanada dos Ministérios, mas admitiu que "se Lula quiser, no momento adequado, conversar comigo, darei minhas opiniões". Presidente do Banco Central na era Lula, ele defendeu os resultados da política econômica petista e garantiu que Lula “cumpriu o combinado” ao longo dos dois governos.

A ponta curta, no entanto, oscilou entre margens estreitas, na medida em que o investidor prefere aguardar o comunicado do Copom para ajustar suas posições. A aposta majoritária é de Selic estável em 13,75%, mas não é desprezível a parcela que conta com um "ajuste residual", como os próprios dirigentes do BC admitiram semanas atrás. "O ajuste adicional é ferramenta fundamental na transmissão de uma mensagem hawk, que seria especialmente importante no processo de ancoragem das expectativas de inflação no horizonte relevante, dado o ambiente de surpresas positivas de atividade e mercado de trabalho robusto e aquecido", afirmam os profissionais da SulAmérica Investimentos, liderados pela economista-chefe Natalie Victal, cuja expectativa é de aperto de 25 pontos-base, levando a Selic a 14%.

Mesmo em caso de aumento adicional, está mantida a ideia de que o ciclo terá terminado e o mercado vai reforçar o debate sobre o início do período de cortes. Dada a desancoragem das estimativas de inflação, a percepção é de que o comunicado será duro, de forma a dissuadir apostas em alívio monetário já no começo de 2023. "Há dúvida sobre espaço para corte a partir de 2023. Como ainda há muita incerteza, o BC deve ser cauteloso e reforçar o compromisso com o regime de metas até que o cenário de inflação se torne verdadeiramente benigno", disse, Rostagno, que acredita em Selic estável na quarta.

O anúncio de corte nos preços do diesel, de R$ 0,30 a partir de amanhã, não chegou a fazer preço na curva, dado o impacto marginal sobre o IPCA, estimado entre 0,015 e 0,02 ponto porcentual este ano. Analistas do mercado ouvidos pelo Broadcast consideraram a medida "técnica e conservadora", citando que há espaço bem maior para reduções (veja detalhes em matéria das 16h56).

17:33

 Operação   Último 

CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 13.73

Capital de Giro (%a.a) 6.76

Hot Money (%a.m) 0.63

CDI Over (%a.a) 13.65

Over Selic (%a.a) 13.65

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