Os mercados locais já tinham performance bem acima dos pares internacionais após a decisão do Federal Reserve e durante a coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell. Mas o gatilho para ganhos ainda maiores veio depois que a S&P Global revisou de estável para positiva a perspectiva do rating BB- do Brasil. O País ainda está distante do "grau de investimento", mas a decisão da agência de classificação de risco de certa forma valida - e fortalece - o rali que os ativos locais vinham experimentando nas últimas semanas. O governo comemorou a decisão e o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, falou em voltar ao "trilho do grau de investimento" até 2026. Para o secretário-executivo do Ministério da Fazenda e indicado à diretoria de Política Monetária do Banco Central, a decisão é uma "validação importante" das políticas adotadas pela pasta. Neste ambiente, o Ibovespa disparou e fechou em 119.068,77 pontos (+1,99%), maior valor de fechamento desde 21 de outubro. O dólar teve forte queda e no, segmento à vista, voltou a renovar mínima em um ano. A moeda americana desceu a R$ 4,8068, recuo de 1,14%. Os juros futuros tiveram forte baixa, com destaque mais pronunciado na ponta longa, mais exposta ao risco. O DI para janeiro de 2027 cedeu a 10,53%. No exterior, uma suavização do discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, durante a entrevista coletiva em que tratou da pausa no aperto monetário trouxe algum alívio aos mercados após uma primeira reação de aversão ao risco diante das projeções hawkish dos dirigentes. Ao ser questionado sobre o movimento a ser feito em julho, para o qual o consenso era de retomada das altas de juros, Powell disse que será uma reunião "com opções em aberto". O índice Dow Jones caiu 0,68%, o S&P 500 subiu 0,08% e o Nasdaq avançou 0,39%. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,38%, a 102,948 pontos. Já o juro da T-note de 2 anos subiu a 4,700%, enquanto o da T-note de 10 anos cedeu a 3,800%.
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BOLSA
Após um movimento de correção na véspera, o Ibovespa retomou a tendência positiva e encerrou a sessão desta quarta-feira, 14, com ganho de 1,99%, a 119.068,77 pontos, acima da linha de 119 mil no fechamento pela primeira vez desde 21 de outubro, às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. O índice operou em alta ao longo do dia, mas teve os ganhos turbinados nas últimas horas do pregão pela mudança na perspectiva da S&P para o rating do Brasil (BB-) de estável para positiva.
O anúncio da agência de classificação de risco favoreceu o otimismo com os ativos do País e aprofundou a queda dos juros futuros domésticos, que já operavam em baixa após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, ter deixado em aberto as próximas decisões de política monetária no país. O sinal do dirigente reduziu o pessimismo após a "pausa hawkish" da autoridade, que manteve os juros na faixa de 5% a 5,25%, mas sinalizou a necessidade de novas altas.
Assim, a chance de uma nova alta da taxa dos Fed Funds em julho, que chegou a tocar 75,5% após a divulgação do comunicado do BC americano, encerrou o dia em 64,5%, conforme a ferramenta de monitoramento do CME Group. A maioria dos índices de Nova York encerrou o dia no azul - com altas de 0,39% do Nasdaq e de 0,08% do S&P 500, contrabalanceadas pela queda de 0,68% do Dow Jones -, o que favoreceu o desempenho do Ibovespa.
A combinação desses fatores fez com que o Ibovespa encerrasse o dia com ganhos em todos os setores, com destaque para os sensíveis aos juro domésticos, como imobiliário (2,29%), consumo (2,04%) e small caps (2,70%). Ações ligadas à economia local lideraram os ganhos da sessão, com destaque para Gol PN (11,80%), Yduqs ON (9,86%), Azul PN (8,66%), Hapvida ON (8,31%) e Locaweb ON (8,01%). Dos 86 papéis que compõem o Ibovespa, apenas 11 cederam.
"Existe um otimismo com países emergentes, onde estamos chegando mais perto de um ciclo de baixa dos juros e as economias seguem crescendo, com o Fed prestes a parar o ciclo. A mudança de perspectiva da S&P lembra ao gringo que o Brasil pode voltar a ser um player relevante na sua carteira", diz o CIO da Alphatree Capital, Rodrigo Jolig. "O principal fator do dia foi essa mudança de perspectiva que deu um impulso à queda dos juros e do dólar, o que é bom para a Bolsa também."
Em um dia positivo para empresas relacionadas a commodities, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras fecharam com alta de 4,30%, nas máximas da sessão, apesar de quedas superiores a 1% nos preços do petróleo. A expectativa de estímulos econômicos na China também favoreceu o setor de mineração e siderurgia, com altas nos papéis de Vale ON (1,75%), CSN ON (3,73%) e Gerdau PN (3,54%), ajudada também pela alta de 1,51% nos preços do minério de ferro na Dalian Commodity Exchange, na China.
"Os preços ligados a commodities acabaram sendo um destaque positivo do dia, com Petrobras e Vale subindo bem, o que tem a ver com a expectativa de que teremos estímulos na China, que vão impulsionar a economia global neste período", afirma o economista-chefe da Frente Corretora, Fabrizio Velloni. Ele lembra que o comportamento dos ativos domésticos ainda vai depender da decisão do Banco Central sobre a taxa Selic da próxima quarta-feira, 21.
Mais cedo, o desempenho melhor do que o esperado das vendas do varejo ampliado já havia sugerido uma atividade econômica um pouco mais forte também no Brasil. O índice recuou 1,6% na passagem de março para abril, menos do que indicava a mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de queda de 2,0%. Após a divulgação dos números, o Itaú Unibanco informou que sua estimativa em tempo real (tracking) para o PIB do segundo trimestre avançou de 0,2% para 0,3%.
Entre as perdas do Ibovespa, os destaques ficaram com Cielo ON (-2,35%), CVC ON (-1,91%), Suzano ON (-0,85%), SLC Agrícola ON (-0,71%) e CCR ON (-0,63%). O Ibovespa oscilou entre mínima de 116.744,58 pontos e máxima de 119.084,50 pontos. O giro financeiro atingiu R$ 71,8 bilhões, turbinado pelo vencimento de opções sobre o índice. (Cícero Cotrim - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 119068.77 1.99247
Máxima 119084.50 +2.01
Mínima 116744.58 0.00
Volume (R$ Bilhões) 7.17B
Volume (US$ Bilhões) 1.48B
18:06
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 118330 0.98571
Máxima 119070 +1.62
Mínima 117220 +0.04
CÂMBIO
O dólar à vista encerrou a sessão desta quarta-feira, 14, em baixa de 1,14%, cotado a R$ 4,8068 - no menor valor de fechamento desde 6 de junho de 2022 (R$ 4,7962) e perto da mínima do dia, registrada na reta final dos negócios. À onda de enfraquecimento da moeda americana no exterior, após decisão do Federal Reserve de manter a taxa de juros inalterada e sinalização amena do chairman Jerome Powell, somou-se o fato de a S&P Global ter anunciado mudança da perspectiva da nota de crédito BB- do Brasil de estável para positivo.
Em seu comunicado, a S&P afirma que essa alteração reflete uma certeza maior de que a política monetária e fiscal possa beneficiar as projeções para o PIB brasileiro, que ainda são baixas. A combinação de crescimento continuado da economia com o novo arcabouço fiscal pode levar a um endividamento menor que o esperado, segundo a agência de classificação de risco.
Em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, disse que a alteração na perspectiva da nota brasileira representa uma validação das políticas adotadas pela pasta. No Twitter, o ministro Fernando Haddad afirmou que "a economia já demonstra grande capacidade de apresentar resultados positivos", com "dólar caindo, PIB crescendo, inflação sob controle e classificação de risco melhorando"
Após o anúncio da S&P, a moeda no mercado à vista, que já vinha em queda firme, renovou sucessivas mínimas, descendo até R$ 4,8058. Com queda em oito dos nove pregões de junho, o dólar acumula baixa de 5,25% no mês. Depois do fechamento do mercado spot, o dólar futuro para julho acentuou o ritmo de baixa e também bateu novas mínimas, com giro expressivo, acima de US$ 16 bilhões - o que sugere mudanças relevantes de posições de investidores e pode abrir espaço para mais apreciação do real.
"O Brasil está super bem posicionado entre emergentes. E a decisão da S&P vai nessa linha. O real tende a se valorizar mais", afirma o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, lembrando que a moeda brasileira ainda está depreciada em termos reais na comparação com outros emergentes.
Oliveira observa que as medidas de risco do país já estavam melhorando. O CDS (Credit Default Swap) de 5 anos do Brasil, espécie de seguro contra calote da dívida, havia caído abaixo de 200 pontos, algo não visto desde o segundo semestre de 2021. Houve também uma queda expressiva da volatilidade implícita do real, que atingiu nesta semana o menor nível desde 2019.
"Devemos ter aumento do fluxo nos próximos meses, seja comercial ou financeiro. Mesmo com a provável queda da Selic, o juro real ainda vai ser alto. E o Brasil oferece oportunidade para investimento direito, já que vai crescer mais do que se esperava", afirma o economista-chefe do Pine.
No exterior, o índice DXY operou em baixa firme a maior parte do dia, rompendo o piso dos 103,000 pontos nas mínimas. A moeda americana também caiu em bloco na comparação com divisas emergentes e de países exportadores de commodities, com destaque para o rand sul-africano e o real.
Antes do anúncio da S&P, a dinâmica da formação da taxa de câmbio estava atrelada basicamente ao comportamento do dólar no exterior. Pela manhã, a divisa desceu até a casa de R$ 4,83, com a deflação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) alimentando as apostas de que o Federal Reserve adotaria uma postura mais construtiva em relação à inflação, limitando o espaço para nova altas de juros.
Como esperado, o BC americano interrompeu o processo de aperto, anunciando manutenção da taxa básica na faixa entre 5,00% e 5,25% ao ano, e manteve a porta aberta para uma alta em julho. Houve desconforto, contudo, com o aumento das projeções do Fed para a taxa de juros neste e nos próximos dois anos. Na contramão da expectativa do mercado de redução dos FedFunds no quarto trimestre, o chamado gráfico de pontos mostrou que a maioria dos integrantes do BC americano projeta taxa básica 50 pontos-base acima do nível atual no fim do ano.
O dólar voltou a perder fôlego em seguida, à medida que investidores digeriam declarações mais amenas de Powell, em entrevista coletiva. Reiterando que a instituição precisa avaliar os efeitos defasados do aperto monetário, o presidente do BC americano afirmou que não houve um "debate inicial" sobre decisão de julho nesta reunião e que "as opções estão em aberto".
"Powell suavizou o discurso e amenizou o risco de ajuste nos juros. Ele reiterou que a próxima decisão é 'data dependent'. E os dados americanos na margem, excluindo o mercado de trabalho, parecem sinalizar que a inflação vai ceder. Ele também falou bastante da defasagem da política monetária", afirma Oliveira, do Pine, para quem o aumento da projeções de juros no 'gráfico de pontos' pode ter sido um recado do Fed de que, diferentemente do aventado pelo mercado, não há espaço para corte da taxa básica neste ano. (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.80680 -1.1435 4.86800 4.80580
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL 4833.000 -0.98341 4883.000 4812.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4904.258 07/06
JUROS
Os juros futuros fecharam a quarta-feira em queda, definida nas duas últimas horas da sessão, coincidindo com a entrevista coletiva do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que suavizou o tom considerado "hawkish" do comunicado da decisão de política monetária, e com a melhora da perspectiva da nota de crédito BB- do Brasil pela S&P, de estável para positiva. Após oscilarem ao redor dos ajustes de ontem até o meio da tarde, as taxas chegaram a subir depois da divulgação do resultado da reunião, acompanhando as máximas dos Treasuries, mas devolveram a alta na reta final quando também houve alívio na curva americana.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fecha com taxa de 13,015%, de 13,063% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 11,16% para 11,075%. A do DI para janeiro de 2027 fechou em 10,530%, de 10,66%, e a do DI para janeiro de 2029 recuou de 11,03% para 10,850%.
A dinâmica do mercado de juros foi concentrada no período da tarde, mais especificamente a partir da decisão do Fed, que ratificou o consenso das apostas e manteve os juros entre 5,00% e 5,25%. Porém, o aumento das projeções para juros nestes e nos próximos anos no gráfico de pontos consolidou o temor que já vinha sendo expressado ontem nos ativos de que a manutenção da taxa em junho teria vida curta. Para este ano, a maioria dos dirigentes vê necessidade de pelo menos mais 50 pontos-base de aperto, o que sugere que a taxa deve ir ao intervalo entre 5,50% e 5,75%.
As taxas na B3, que até então operavam de lado, passaram a subir, mas o impulso durou pouco durante a entrevista de Powell, que buscou contemporizar, afirmando que as opões para a reunião de julho estão em aberto e que os efeitos atrasados do aperto já realizado serão levados em conta nos próximos passos.
O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, vê essa "pausa hawkish" mais como uma tentativa do Fed de abafar a expectativa de cortes de juros pelo mercado do que como uma possível retomada das altas. "Depois de Powell, o mercado acabou não precificando inteiramente mais duas altas indicadas no comunicado e, sim, não há mais apostas de queda até o fim de 2023", disse.
No exterior, os juros dos Treasuries longos também inverteram a alta e passaram a cair, puxando para baixo as taxas locais. O movimento ganhou tração com o anúncio da S&P, que trouxe mínimas em sequência para os principais contratos.
A agência justificou a decisão de melhorar a perspectiva do rating soberano (BB-) para positiva afirmando que a perda de fôlego da inflação e o relaxamento monetário apoiam a perspectiva de crescimento econômico no Brasil. Caso o arcabouço seja aprovado em curto prazo, a medida pode ajudar a reduzir seu elevado déficit fiscal e beneficiar o crescimento no PIB, avalia a S&P Global. "Diante deste quadro de maior certeza fiscal e monetária, seria possível elevar o rating nacional em dois anos", diz a agência.
Os indicadores antecedentes de atividade do segundo trimestre embora ainda fracos não chegam a desautorizar as revisões de PIB para cima promovidas pelos economistas após o resultado do primeiro trimestre que, é bem verdade, foi puxado por um choque de oferta do setor agropecuário. Hoje, saíram dados do varejo de abril, com alta marginal de 0,1% para o conceito restrito na margem, pouco abaixo do aumento de 0,2% apontado pela mediana da pesquisa do Projeções Broadcast. O varejo ampliado recuou 1,6%, menos do que o consenso de queda de 2,0%.
O upgrade da perspectiva pode estender o rali nos ativos domésticos que tem sido visto nos últimos dias, atraindo, no caso da renda fixa, maior demanda por títulos públicos prefixados, especialmente de longo prazo. Amanhã o Tesouro Nacional realiza leilões de LTN e de NTN-F. O secretário Rogério Ceron disse que a decisão da S&P é resultado das medidas do atual governo e que se o arcabouço e a reforma tributária avançarem, o rating do Brasil tem chances de melhorar. "Estamos voltando ao trilho do grau de investimento até 2026", disse. (Denise Abarca - [email protected])
MERCADOS INTERNACIONAIS
A "pausa hawkish" do Federal Reserve (Fed) desenhou um quadro de volatilidade no exterior. A instituição indicou que retomará o aperto monetário nos próximos meses após a manutenção dos juros nesta tarde, mas o presidente do BC americano, Jerome Powell, esclareceu que a decisão de julho ainda não foi tomada. Assim, Nasdaq e S&P 500 zeraram as perdas registradas após o comunicado, enquanto o tombo da UnitedHealth derrubou o Dow Jones. O dólar ante rivais voltou a firmar queda e os rendimentos dos Treasuries operavam mistos, com a T-note de 2 anos em alta após oscilar de forma mais intensa. Já o petróleo manteve queda de 1%, pressionado também por preocupações com possível aumento da oferta global.
Nesta tarde, o Fed manteve os juros básicos americanos na faixa de 5,00% a 5,25%, contudo, estabeleceu em seu comunicado que esta pausa no aperto monetário seria apenas para permitir que os dirigentes analisassem dados da economia americana. Considerado hawkish, o comunicado deixou em aberto a possibilidade de alta nas próximas reuniões monetárias do BC americano.
Além disso, o gráfico de pontos divulgado junto a decisão monetária revelou que nove dirigentes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) projetam que as taxas estejam na faixa de 5,50% e 5,75% em 2023, sugerindo alta de pelo menos 50 pontos-base (pb) ainda neste ano. Outros três esperam juros acima de 5,75% e seis projetam taxas abaixo de 5,50%, segundo o documento.
Para o ING, estas estimativas colocam o mercado de títulos americanos em tendência de alta dos rendimentos. O banco mantém sua projeção de que o juro da T-note de 10 anos deve avançar acima de 4% por algum tempo, embora deva retornar ao nível de 3% até o final do ano, frente a uma possível desaceleração macroeconômica. Por volta das 17h (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 4,700%, o da T-note de 10 anos recuava a 3,800% e o do T-bond de 30 anos cedia a 3,884%.
A Oanda aponta que, com a resiliência do sistema bancário americano e mercado de trabalho forte, o Fed pode precisar entregar mais aperto monetário ainda este ano e isto se reflete nas duas altas de 25 pontos-base sugeridas pelo gráfico de pontos da instituição. Por outro lado, a Capital Economics defende que um possível enfraquecimento da atividade e do emprego, junto a moderação no núcleo da inflação, podem persuadir o Fed de que não será necessário elevar as taxas em setembro, visão que acredita ser compartilhada pelo mercado.
No final da tarde, a ferramenta de monitoramento do CME Group indicava chance majoritária (64,5%) de elevação juros em 25 pb em julho, a 5,25% a 5,50%. Em dezembro, a probabilidade majoritária também era dos juros encerrarem o ano nesta faixa (44,3%), com a possibilidade de manutenção do nível atual em segundo lugar (39,1%).
Em um primeiro momento, os rendimentos dos Treasuries ganharam impulso com a decisão do Fed, porém, o movimento arrefeceu seguindo falas do presidente do BC americano, Jerome Powell. Powell afirmou que a próxima decisão monetária, em julho, ainda estaria em aberto e que os dirigentes devem avaliar os efeitos do aperto cumulativo. Ele também observou que houve moderação na inflação americana em relação ao ano passado, embora as pressões sobre o custo de vida continuem elevadas.
Este cenário permitiu a recuperação dos ganhos nos índices S&P 500 e Nasdaq, enquanto o Dow Jones encerrou no vermelho, pressionado pela queda nos papéis da United Health (-6,40%) - seguindo anúncio de aumento nos custos médicos - e do setor bancário. Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em baixa de 0,68%, o S&P 500 subiu 0,08% e o Nasdaq subiu 0,39%. Entre os destaques do setor bancário, Goldman Sachs caiu 1,19%, JPMorgan perdeu 0,37%, o Citigroup recuou 0,92%, o Bank of America cedeu 0,92%, o Morgan Stanley teve queda de 0,34% e o Wells Fargo recuou 1,34%.
Já o dólar firmou queda ante rivais e boa parte das moedas emergentes. No horário citado, o dólar operava em baixa a 139,86 ienes, o euro subia a US$ 1,0832 e a libra tinha alta a US$ 1,2663. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,38%, a 102,948 pontos. Entre emergentes, o dólar avançava a 247,943 pesos argentinos, após o escritório nacional de estatísticas da Argentina (Indec) informar avanço da inflação de 7,8% em maio e alta de 114% no confronto anual.
Apesar da fraqueza do dólar no exterior, o petróleo caiu mais de 1%. O óleo foi pressionado por preocupações de aumento na oferta global da commodity, em cenário de desaceleração na demanda, como projetado em relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) nesta manhã. A baixa nos preços do óleo se firmou na esteira da divulgação do relatório semanal do Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês) dos EUA, que informou alta robusta nos estoques de petróleo, gasolina e destilados. No fechamento, o petróleo WTI para julho fechou em queda de 1,66% (US$ 1,15), a US$ 68,27 por barril, na Nymex, e o Brent para agosto recuou 1,47% (US$ 1,09), a US$ 73,20 o barril, na ICE. (Laís Adriana - [email protected])