Dados que apontam atividade econômica mais fraca do que o esperado nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia foram o gatilho para uma fuga do risco nesta sexta-feira. Investidores temem que essa desaceleração deságue em uma recessão econômica, potencializada pelo manutenção do tom duro dos principais formuladores de política monetária pelo mundo. O resultado, em preços de mercado, foi o recuo de taxas de juros, de ações e de ativos relacionados a commodities. O juro da T-note de 10 anos cedeu aos 3,742%, com consequente aumento de preço do título, já que o papel é um dos que tem demanda ampliada pelo mercado em dias de cautela. Entre as bolsas americanas, Dow Jones caiu 0,65%, S&P 500 cedeu 0,77% e Nasdaq recuou 1,01%. Na semana, foram baixas de 1,67%, 1,39% e 1,44%, respectivamente. No Brasil, além da queda dos retornos dos Treasuries, o mercado de renda fixa passou a apostar que o Banco Central vai amenizar o tom de sua comunicação na ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na próxima terça-feira. Assim, a curva não só voltou a zerar aposta de estabilidade em agosto como retomou a de corte de 50 pontos-base - chance precificada em 20%, contra 80% de recuo de 25 pontos. Juros de prazo mais longo também cederam com algum otimismo com a reforma tributária, cujo texto preliminar foi divulgado ontem. O recuo das taxas deu algum alívio a empresas sensíveis aos juros no Ibovespa, como as do setor de consumo e imobiliário. Assim, o índice driblou a queda das ações da Petrobras (ON -3,39% e PN -4,10%) e fechou o dia quase estável aos 118.977,10 pontos (+0,04%). Esse movimento acabou levando a Bolsa à nona alta semanal consecutiva, sequência não vista desde agosto de 2016. O ganho, contudo, foi tímido, de 0,18%. Desde o início desse rali, o índice já subiu 14%. Este ambiente também foi favorável ao real. No segmento à vista, o dólar cedeu 0,87% na comparação com a semana passada e atingiu o quinto recuo semanal. No intradia, terminou em leva alta, de 0,12%, aos R$ 4,7779.
•MERCADOS INTERNACIONAIS
•JUROS
•BOLSA
•CÂMBIO
MERCADOS INTERNACIONAIS
A cautela predominou hoje no mercado acionário em Wall Street, impulsionando a busca por ativos seguros diante de preocupações sobre uma possível recessão global. Investidores monitoram sinais de desaceleração econômica nas principais economias, com o recuo nas leituras preliminares de PMIs de Estados Unidos, Japão e Europa. Assim, o dólar se valorizou ante outras divisas, o ouro teve alta neste pregão e a busca por renda fixa pressionou os juros dos Treasuries, embora, na variação semanal, a T-note de 2 anos tenha registrado ganhos. A fuga de ativos de risco também pesou sobre commodities, com o petróleo recuando mais de 3% na semana.
Após uma semana marcada por preocupações com o aperto monetário global, os holofotes do pregão nesta sexta-feira recaíram sobre temores de desaceleração econômica nas principais economias. Leituras preliminares da S&P Global e empresas parceiras demonstraram recuo nos índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) industriais e de serviços no Japão, Alemanha, zona do euro e Estados Unidos. Neste último, a redução nas leituras levou o PMI composto ao menor nível dos últimos três meses.
Analistas consultados pelo Wall Street Journal apontam que os temores de uma recessão nos Estados Unidos aprofundaram a inversão na curva dos rendimentos dos Treasuries. O juro da T-note de 2 anos opera em pouco mais de 1 ponto porcentual acima do da T-note de 10 anos e, para estes analistas, seria um indicativo de que investidores esperam que os juros básicos continuem subindo no curto prazo, provocando uma piora na economia capaz de levar o Fed a cortar juros no futuro. Por volta das 17h (de Brasília), o juro da T-note de 2 anos cedia a 4,745%, o da T-note de 10 anos baixava a 3,742% e o do T-bond de 30 anos recuava a 3,819%. Na semana, a T-note de 2 anos registrou ganhos, enquanto a ponta longa dos juros recuou cerca de 1%.
Na visão da Oxford Economics, os riscos econômicos não foram só responsáveis por levar os Treasuries a encerrarem mistos na semana, mas também pela queda do mercado acionário. Os indicadores se somam ao cenário de persistência da inflação, o que pode levar o Federal Reserve (Fed) e outros bancos centrais a elevarem juros para controlar os preços, aponta a consultoria. "Mantemos nossa projeção de que não haverá aumento adicional de juros, mas o risco de nova alta em julho é alto, a menos que dados indiquem uma desaceleração acentuada nas pressões inflacionárias", avalia a Oxford.
Segundo a Stifel, a mensagem do Fed parece clara: a decisão de pausar em junho é apenas temporária, uma vez que a inflação continua elevada e existe mais trabalho a ser feito. Hoje, a presidente da distrital do Fed de São Francisco, Mary Daly, afirmou que vê mais duas altas de juros neste ano como uma projeção "muito razoável".
Este cenário pesou sobre as bolsas de Nova York durante o dia, embora o Nasdaq tenha recebido fôlego pontual de uma melhora nas ações de tecnologia e reduzido perdas, movimento que se desfez na reta final do pregão. Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou em queda de 0,65%, o S&P 500 perdeu 0,77% e o Nasdaq recuou 1,01%. Na semana, o Dow Jones caiu 1,67%, o S&P 500 recuou 1,39% e o Nasdaq, 1,44%.
No câmbio, o dólar se valorizou ante outras divisas, encerrando a semana com ganhos no índice DXY. Para a Capital Economics, esta tendência de alta pode continuar "à medida que as perspectivas para a economia global continuam nubladas". No horário citado, o dólar subia a 143,79 ienes, o euro recuava a US$ 1,0891 e a libra tinha baixa a US$ 1,2713. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,50%, a 102,903 pontos, com avanço de 0,65% na comparação semanal.
A alta do dólar no exterior e preocupações sobre economia global levaram o petróleo a amargar perdas de cerca de 3% na semana. No fechamento, o petróleo WTI para agosto fechou em baixa de 0,50% (US$ 0,35), em US$ 69,16 o barril, na Nymex, e o Brent para o setembro recuou 0,46% (US$ 0,34), a US$ 74,01 o barril, na ICE. Na comparação semanal, o WTI caiu 3,85% e o Brent, 3,39%.
Na contramão das bolsas de Nova York e do clima de aversão ao risco, o bitcoin para junho avançava 2,91%, a US$ 31.255,00, por volta das 17h50 (de Brasília), depois de ter alcançado US$ 31.655 na máxima intraday - maior valor desde junho do ano passado. A criptomoeda recebe suporte do otimismo após aceitação do por agentes tradicionais do mercado financeiro, seguindo pedido da BlackRock para emissão de um inédito ETF (fundo negociado em bolsa) à vista de bitcoin. (Laís Adriana - [email protected])
JUROS
Os juros futuros tiveram um rali, com queda nas taxas ao longo da estrutura a termo durante toda a sessão, mais acentuada nos vértices intermediários. O exterior teve grande contribuição para o desenho da curva, uma vez reforçado o receio de recessão global em meio a dados fracos de atividade nos Estados Unidos e Europa, divulgados hoje, somados a discursos e decisões "hawkish" dos bancos centrais nesta semana.
Internamente, notícias de bastidores pós-Copom envolvendo o Planalto e a diretoria do Banco Central agitaram as mesas de renda fixa e estimularam a percepção de que o Copom deve amenizar o tom do comunicado na ata da terça-feira. Ainda, o alívio dos prêmios esteve relacionado ao otimismo sobre a tramitação da reforma tributária. No balanço da semana, a curva perdeu inclinação com as taxas longas caindo ainda mais do que as dos demais trechos.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,005%, na mínima, de 13,069% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025, a 11,01%, de 11,13% ontem. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,395%, de 10,50% ontem. A taxa do DI para janeiro de 2029 cedeu de 10,78% para 10,67%. Na semana, as curtas e intermediárias recuaram em torno de 10 pontos-base e as longas, perto de 20 pontos.
Os juros futuros acompanharam o fechamento das curvas dos Treasuries e dos bônus europeus. Os índices de gerentes de compras (PMIs, em inglês) da zona do euro, Reino Unido e Estados Unidos vieram abaixo do esperado, ampliando o pessimismo sobre a economia mundial dadas as indicações de que o Federal Reserve vai voltar a subir os juros em julho e que o ciclo de aperto monetário pelos bancos centrais na Europa vai continuar.
Do lado doméstico, o mercado voltou a se animar com a possibilidade de o Copom começar a reduzir a Selic em agosto. Na precificação da curva, não só voltou a zerar a aposta de estabilidade em agosto, retomada ontem com o comunicado do Copom, como retomou as de corte de 50 pontos, que no fim da tarde apareciam com cerca de 20% de chance nos DIs, contra 80% de probabilidade de queda de 25 pontos. Para o fim de 2023, a curva projeta Selic perto de 11,75%.
Nos bastidores, o Broadcast apurou que membros da equipe econômica ficaram altamente incomodados com o fato de o comunicado ter pressionado ontem para cima a curva de juros. A visão é de que sem essa "intervenção" a curva continuaria cedendo de forma consistente desde o início da tramitação do arcabouço fiscal no Congresso, refletindo ainda surpresas boas nos dados de inflação. Ainda, aliados do presidente Lula estariam tentando criar uma onda contra Roberto Campos Neto, para pressioná-lo para baixar os juros ou - numa situação limite e, atualmente distante - criar as condições para removê-lo do cargo.
De acordo com a Bloomberg, integrantes do Copom teriam se movimentado para explicar ao Planalto e ao Ministério da Fazenda que o comunicado deixou sim a porta aberta para uma eventual queda dos juros em agosto e que as decisões são técnicas. Isso posto, o mercado passou a atribuir maior probabilidade de que o colegiado use a ata do Copom, na terça-feira, para uma correção de rota em resposta não só ao governo, como também ao mercado.
Em teoria, esse vaivém provocaria um "steepening" da curva, pressionando a ponta longa por uma leitura de possível tentativa de ingerência política sobre o trabalho de um Banco Central que tem autonomia. Mas esse viés acabou sendo relevado, dado também que ninguém quer ficar fora da festa. A melhora do cenário fiscal e de inflação tem resultado em boa performance dos ativos domésticos, enquanto lá fora os mercados se enfraquecem.
"O mercado está querendo acreditar que a porta está aberta para corte da Selic em agosto, especialmente porque o CMN (Conselho Monetário Nacional) deve endossar a meta de inflação de 3%", disse o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cássio Andrade Xavier, que vê um certo exagero neste grau de otimismo dos agentes, destacando que a indicação da curva já é de Selic abaixo de 9,5% no fim do ciclo no último trimestre de 2024. A reunião do CMN para discutir as metas de 2024, 2025 e 2026 será na quinta-feira, quando sai também o Relatório de Inflação (RI).
"A discussão agora passará a ser quando o BC começa a acelerar o passo", disse, explicando que, por este raciocínio, caso o Copom não corte em agosto e deixe para setembro, a redução certamente seria de 50 pontos. "Pelo comunicado, vejo com equilibradas as chances de cortar em agosto ou setembro", acrescentou o gestor, cujo cenário base é de início em setembro.
Outro combustível para o alívio nos prêmios, diz o gestor, são as apostas de evolução da reforma tributária no Congresso. O relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou ontem o texto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC). O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tem reforçado que quer votar o texto no plenário da Câmara na primeira semana de julho. (Denise Abarca - [email protected])
BOLSA
A aversão global ao risco derrubou as ações de empresas exportadoras de commodities, mas não foi suficiente para impedir o Ibovespa de encerrar o dia em alta de 0,04%, aos 118.977,10 pontos. Assim, o índice conseguiu sustentar um ganho de 0,18% na comparação com a última sexta-feira, 16, e alcançou a nona semana consecutiva de valorização, na maior sequência desde as dez altas encerradas em agosto de 2016.
Os ganhos dos setores elétrico (+3,0%), imobiliário (+2,72%) e de consumo (+0,74%) puxaram a Bolsa brasileira nesta sexta-feira, 23, beneficiados pelo noticiário corporativo e pela queda firme dos juros futuros. Em contrapartida, as baixas de Petrobras (-4,10% PN, -3,39% ON) e Vale ON (-1,01%) limitaram o desempenho e chegaram a manter o índice no negativo durante a maior parte da sessão.
Profissionais do mercado atribuem as quedas de Petrobras e Vale à piora da expectativa para o desempenho da economia global e, portanto, da demanda por commodities. Esse ambiente de cautela se instalou após dados de atividade mais fracos do que o esperado nos Estados Unidos, Europa e Japão, que reforçaram temores de recessão um dia após os bancos centrais do Reino Unido, Turquia, Noruega e Suíça terem elevado juros.
Os contratos futuros do petróleo tiveram quedas de 0,50% (WTI) a 0,46% (Brent), em um dia já marcado por uma baixa de 2,34% dos preços do minério de ferro na Bolsa de Cingapura. Em meio à aversão ao risco, os índices acionários de Nova York fecharam em queda generalizada - Nasdaq (-1,01%), S&P 500 (-0,77%) e Dow Jones (-0,65%) - e emitiram sinal negativo para o País.
Mesmo assim, 57 dos 86 papéis listados no Ibovespa conseguiram sustentar alta no dia, contra apenas 27 em queda. Ao final do dia, todos os principais índices setoriais da B3 mostravam ganhos, incluindo o Imat, de materiais básicos, que ganhou 0,07% apesar das perdas observadas na Vale.
"De maneira geral, o dia foi de recuperação para as ações, e quem segurou o Ibovespa foram Vale e Petrobras, que caíram por causa da piora no tom internacional", diz o analista da Empiricus Research Matheus Spiess. "Ontem tivemos uma correção pautada em fatores macro e em um ambiente internacional que não tem ajudado, mas, hoje, voltamos à tendência natural, especialmente pela queda dos juros."
Na véspera, o Ibovespa havia cedido 1,23% - com perdas em 76 dos 86 papéis -, seguindo dúvidas sobre o aperto monetário global e sobre o ritmo do afrouxamento no Brasil, após um comunicado mais hawkish do que o esperado do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. Para Spiess, os papéis que mais perderam na sessão anterior foram beneficiados pelo recuo dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) nesta sexta-feira.
As maiores altas do Ibovespa foram registradas em IRB Brasil ON (+7,29%), Assaí ON (+7,04%), SLC Agrícola ON (+6,51%), CPFL Energia ON (+6,24%) e Energisa Unit (+5,99%), com os papéis do setor elétrico beneficiados pela notícia de que o Ministério de Minas e Energia abriu consulta pública para discutir com agentes do setor elétrico a renovação de concessões a vencer de distribuidoras.
Na ponta negativa do Ibovespa, os destaques negativos foram Yduqs ON (-7,99%), Via ON (-4,42%) e Minerva ON (-4,41%), além dos papéis preferenciais e ordinários da Petrobras. Para analistas, há incerteza sobre o desempenho das commodities na segunda-feira, quando os mercados chineses voltam a abrir após um feriado.
Nesta sexta-feira, o Ibovespa oscilou entre a mínima de 118.178,09 pontos (-0,64%) e a máxima de 119.386,09 pontos (+0,38%), em uma sessão que movimentou R$ 26,3 bilhões. O índice acumula ganho de 9,82% no mês e de 8,42% no ano. (Cícero Cotrim - [email protected])
18:02
Índice Bovespa Pontos Var. %
Último 118977.10 0.03607
Máxima 119386.09 +0.38
Mínima 118178.09 -0.64
Volume (R$ Bilhões) 2.62B
Volume (US$ Bilhões) 5.50B
18:04
Índ. Bovespa Futuro INDICE BOVESPA Var. %
Último 121195 -0.27155
Máxima 121595 +0.06
Mínima 120315 -1.00
CÂMBIO
O dólar à vista emendou nesta sexta-feira, 23, a segunda sessão consecutiva de leve alta no mercado doméstico de câmbio, mas encerrou a semana abaixo da linha de R$ 4,80 e com desvalorização de 0,87%. Como ontem, o dia foi marcado por aversão ao risco e fortalecimento da moeda americana no exterior, após dados fracos de atividade na Europa e nos Estados Unidos - que ainda estão em meio a ciclos de aperto monetário - aumentaram os temores de recessão global. O real teve perdas bem mais modestas que seus principais pares, à exceção do peso mexicano.
Tirando uma queda pontual entre o fim da manhã e o início da tarde, quando desceu até mínima a R$ 4,7664 com relatos de fluxo comercial, o dólar à vista operou com sinal positivo no restante da sessão. Após máxima a R$ 4,8071 pela manhã, a moeda fechou cotada a R$ 4,7779, em alta de 0,12%. Termômetro do apetite por negócios, o dólar futuro para julho teve bom giro, ao redor de US$ 12 bilhões.
Com o recuo de 0,87% na semana, o dólar já acumula desvalorização de 5,82% em junho e opera nos menores níveis desde maio do ano passado. No mês, o real apresenta o melhor desempenho entre as moedas latino-americanas e as principais divisas de exportadores de commodities. No ano, porém, a moeda brasileira ainda exibe ganhos inferiores que os pesos mexicano e colombiano.
Analistas ressaltam que o real estava bem depreciado em relação a seus pares e conseguiu se recuperar em meio a uma melhora das expectativas para a economia brasileira, com crescimento acima do esperado e arrefecimento da inflação. Além disso, mesmo com a provável queda da taxa Selic no segundo semestre, os juros reais seguiram muito atraentes no curto prazo para operações de 'carry trade'. Também contam a favor a sazonalidade favorável da balança comercial com a safra recorde e a diminuição da percepção de risco na esteira do avanço do arcabouço fiscal no Congresso.
Para o head de Investimentos da Nomad, Caio Fasanella, a postura cautelosa do Copom no comunicado da última quarta-feira, 21, quando manteve a taxa de juros em 13,75% e não deu um sinal explícito de corte de juros em agosto, contribui para o desempenho dos ativos domésticos ao mostrar compromisso com a estabilidade de preços.
Enquanto as economistas desenvolvidas desaceleram e ainda não terminaram o processo de aperto monetário, o Brasil exibe crescimento acima do esperado e, com a inflação mais comportada, se encaminha para início de ciclo de corte. "Estamos um passo à frente da Europa e dos Estados Unidos. Há claramente uma tendência de valorização do real por essa conjunção de fatores", diz Fasanella.
O time de análise macroeconômica do Safra afirma que o real tem se beneficiado da "redução da incerteza fiscal e da recuperação do consumo das famílias nos próximos trimestres", o que vai favorecer "ingresso de investimentos diretos no país contrabalançado eventual queda de fluxo em carteiras" com o ciclo de cortes da Selic. "A apreciação do câmbio favorecida pelo forte saldo comercial e a melhora do ambiente prospectivo para a economia brasileira nos levou a mudar a projeção de câmbio ao final de 2023 para R$ 4,90", afirma.
No exterior, o índice DXY - que mede o desempenho do dólar em relação a seis divisas fortes, em especial euro e iene - operou em alta firme ao longo do dia e superou a barreira dos 103,000 pontos. Na outra ponta da gangorra, commodities metálicas e petróleo recuarem, mas com perdas inferiores a de ontem. O contrato do petróleo tipo Brent para setembro fechou em baixa de 0,46%, a US$ 74,01 o barril, acumulando desvalorização de quase 3% na semana.
Leituras de índice de gerente de compras de serviços e indústria na zona do euro, Alemanha e Reino Unido mostraram queda acima do esperado em junho. Apesar disso, a perspectiva é de mais aperto monetário na região para conter a inflação, o que sugere deterioração ainda maior da atividade e pune moedas europeias. Nos EUA, o PMI composto, embora ainda esteja acima de 50 e indique expansão, atingiu o menor nível em três meses em junho.
"Recentes indicadores de atividade tanto na zona do euro quanto nos EUA indicam moderada desaceleração da atividade ao mesmo tempo que os BCs mantém o aperto monetário. Com isso, os principais índices acionários perdem valor, e o dólar aprecia contra o euro, iene e libra", afirma o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira. (Antonio Perez - [email protected])
18:02
Dólar (spot e futuro) Último Var. % Máxima Mínima
Dólar Comercial (AE) 4.77790 0.1173 4.80710 4.76640
Dólar Comercial (BM&F) 5.5866 0
DOLAR COMERCIAL 4794.500 0.29286 4812.500 4771.000
DOLAR COMERCIAL FUTURO 4803.500 -0.26991 4812.500 4798.500