MAU HUMOR COM FISCAL CONTINUA, VOLTA A PUXAR JUROS E JOGA BOLSA NOS 93 MIL PONTOS

Blog, Cenário
O mau humor dos investidores com a situação fiscal do Brasil, sobretudo após o governo divulgar suas propostas para financiar o Renda Cidadã, prosseguiu nesta terça-feira. E o pedido de sugestões para o mercado, feito pelo presidente Jair Bolsonaro e visto momentaneamente como um sinal de que o governo poderia voltar atrás em suas ideias, logo foi engolido pela única coisa que os agentes têm em mãos neste momento: a criação de um programa bancado pelo adiamento de uma dívida, a dos precatórios, e com recursos de um fundo destinado à educação que não está dentro do limite de teto de gastos, o Fundeb, a ponto de compararem as propostas com as praticadas durante o governo Dilma. Aliás, em entrevista ao Estadão/Broadcast, o senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator do Orçamento de 2021, afirmou que não vai desistir das medidas apresentadas ontem para financiar o Renda Cidadã. E se isso significa possível aumento da deterioração fiscal, com impacto até mesmo no crescimento do PIB, como mostrou o Citi ao reduzir a projeção de expansão em 2021 para 3%, o resultado não poderia ser outro: juros futuros novamente em alta, Bolsa em queda e dólar, mesmo que de forma contida, mais uma vez com valorização ante o Real. O avanço das taxas dos DIs se concentrou sobretudo nos trecho intermediário da curva, ainda que os longos também tenham subido, em mais um dia de aumento de prêmio de risco. Até porque, a agência de classificação de risco Fitch também já deixou claro, ao comentar o tema, que o programa pressiona ainda mais os gastos obrigatórios e vai contra a intenção inicial desse governo, de ajuste das contas públicas. Enquanto isso, o Ibovespa voltou a cair e, ainda que os pares externos também tenham cedido, o movimento por aqui foi muito mais proeminente, com baixa de 1,15%, aos 93.580,35 pontos - menor nível desde 16 de junho. Já o dólar teve um pregão bastante volátil, mas após a disparada da véspera, hoje o fôlego foi mais curto e a divisa fechou praticamente estável no mercado à vista, com leve alta de 0,07%, a R$ 5,6393. Lá fora, a tarde foi morna, com os investidores em compasso de espera pelo primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden. Ainda assim, as bolsas caíram em Nova York, diante do impasse sobre estímulos nos EUA. Os democratas propuseram um pacote de US$ 2,3 trilhões, mas Casa Branca quer reduzir para US$ 1,5 trilhão.  
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  JUROS A insistência do governo em manter a proposta de financiamento para o programa Renda Cidadã, mesmo diante da forte reação negativa do mercado, manteve os ativos domésticos pressionados nesta terça-feira, com nova rodada de alta para os juros futuros. Desta vez, os contratos mais castigados foram os do miolo da curva, que concentram há meses as grandes posições vendidas dos investidores. Com a permanência do mau humor, o Tesouro acabou por colocar um lote pequeno de NTN-B no leilão, evitando assim adicionar mais pressão sobre a curva, que também já mostra aumento significativo das apostas num aperto monetário este ano.   A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 3,17%, de 3,064% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 encerrou em 4,66%, de 4,545% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 6,62% (6,615% ontem) e o para janeiro de 2027, em 7,60%, de 7,624%.   "O mercado hoje é uma continuidade do que foi ontem e até que está bem comportado para o tamanho do problema", afirmou o sócio-gestor da LAIC-HFM, Vitor Carvalho. Ele explicou que por questões técnicas os vértices intermediários foram os mais penalizados. "O mercado é mais doado nesta região do janeiro de 2022 e janeiro de 2023, por isso o estrago é maior", afirmou.   Segundo o analista político da XP Investimentos, Victor Scalet, os intermediários refletiram o movimento de fundos zerando posições, principalmente nos vencimentos de janeiro de 2023 e 2025, além de algum fluxo estrangeiro. "Hoje foi um dia um pouco mais vazio. Não tem grande novidade para mexer nos preços", afirma Scalet, para quem um recuo do governo sobre o financiamento do Renda Cidadã poderia ter levado a curva a fechar e provocado alívio ao câmbio.   Pela manhã, o mercado chegou a trabalhar com a possibilidade de o governo voltar atrás ainda hoje nas propostas de uso de parte dos recursos do Fundeb e do orçamento destinado ao pagamento de precatórios, depois que o presidente Jair Bolsonaro falou em "buscar alternativas" para custear o programa. Também porque as medidas podem ser contestadas pelo Congresso e pelo Judiciário. "Alguns líderes do Congresso e o TCU já indicaram uma prévia ausência de suporte", comentaram os economistas do UBS Brasil.   No fim da tarde, o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, reconheceu a necessidade de uma discussão jurídica sobre o tema, mas negou que esteja havendo "contabilidade criativa". "Não tem contabilidade criativa. Estamos em um processo de debate e a nossa posição é manutenção do teto de gastos e melhoria da eficiência dos gastos", afirmou.   A questão é que, mesmo que sucumba às pressões do mercado, o governo tem de encontrar opções viáveis politicamente e que, ao mesmo tempo, preservem o teto de gastos, para bancar o programa, mas que parecem escassas. Porém, ficou claro, posteriormente, que o governo pretendia levar a ideia adiante. O senador Márcio Bittar (MDB-AC), relator da PEC emergencial que vai criar o Renda Cidadã e responsável pelo parecer do pacto federativo, afirmou ao Estadão/Broadcast que não vai desistir. "Não me assusto assim tão fácil", afirmou, sobre a recepção negativa do mercado e do mundo político ao modelo de financiamento.   Segundo Paulo Nepomuceno, operador de renda fixa da Terra Investimentos, a curva está inclinada por vários motivos, que incluem juros muito baixos, impacto do choque das commodities, que não é tão transitório quanto o Banco Central tem sinalizado, e a inflação de serviços, que pode voltar a subir em meio à reabertura da economia. E para a curva ficar mais tranquila o BC teria de mudar seu discurso e sinalizar o início de aperto na política monetária. "Tudo depende de como o BC vai se comunicar com o mercado, se é que vai começar uma nova política monetária de aperto. A autoridade tem dito que não é em 2021", diz. Para ele, o cenário de imbróglio fiscal e aumento da inflação forçará o BC a mudar de estratégia já no primeiro semestre de 2021.   De acordo com o Haitong Banco de Investimentos, a curva precifica 28 pontos-base de alta para a Selic até o fim do ano, com 44% de probabilidade de aumento de 0,25 ponto porcentual para a taxa no Copom de outubro e entre 65% e 70% de chance de alta de 0,25 ponto no encontro de dezembro.   Sobre o leilão de NTN-B, nas mesas de renda fixa os profissionais consideraram a oferta de 200 mil títulos muito baixa (850 mil na operação anterior), o que foi avaliado como uma decisão acertada. "Só colocou papel para não ter de cancelar o leilão", disse um gestor. Já Vitor Scalet, da XP, lembra que leilões menores ajudam na dinâmica do mercado, à medida que colocam menos pressão em um cenário já complicado por conta das dúvidas em torno da situação fiscal. (Denise Abarca e Aline Bronzati - [email protected] e [email protected])     17:30   Operação   Último CDB Prefixado 30 dias (%a.a) 1.92 Capital de Giro (%a.a) 5.56 Hot Money (%a.m) 0.42 CDI Over (%a.a) 1.90 Over Selic (%a.a) 1.90         BOLSA   Nestas duas primeiras sessões da semana, o Ibovespa, pressionado pelos temores de que a situação fiscal se agrave por iniciativa do governo - desta vez fora do manual -, perdeu sucessivamente as linhas de suporte de 95 mil e de 93,8 mil, após ter iniciado a semana anterior cedendo outra referência importante, abaixo dos 97 mil. Hoje, fechou em queda de 1,15%, aos 93.580,35 pontos, com mínima a 93.408,17 - menor nível intradia desde 24 de junho (93.259,07) - e máxima a 95.504,78 pontos na sessão. O dia negativo no exterior, em meio à expectativa para o primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden na disputa pela Casa Branca, contribuiu para que a B3 seguisse ao sabor da ventania de ontem.   Agora no menor nível de fechamento desde 16 de junho (93.531,17 pontos), o índice emendou a terceira sessão negativa, hoje com giro financeiro a R$ 23,5 bilhões, após os R$ 27,5 bilhões do dia anterior, quando o governo pareceu jogar gasolina na fogueira ao destacar um líder político, Ricardo Barros (PP-PR), para explicar diretamente ao mercado a ideia de usar recursos destinados a precatórios e ao Fundeb para financiar o futuro Renda Cidadã, programa que deve substituir o auxílio emergencial a partir de 2021. Sem sinais de que o governo voltará atrás, o mal-estar se estendeu à sessão de hoje, conforme se esperava. Na semana, o Ibovespa acumula perda de 3,52%, elevando a do mês a 5,83% e a do ano a 19,08%.   Ontem, a referência do ministro Paulo Guedes ao "timing político" - após ter afirmado recentemente que confia na intuição política do presidente Bolsonaro - e a ausência de integrantes da área econômica na aproximação ao mercado fez acender uma luz amarela: o poder de influência do fiador da política econômica teria encolhido ou, ainda pior, Guedes estaria dando anuência a sugestões da ala política mesmo que ao custo de pilares como o teto de gastos. Assim, a palavra "pedalada", que marcou o fim do governo Dilma Rousseff, em 2016, retornou ontem ao vocabulário corrente - e mesmo outro termo nada eufemístico, "calote".   "Redirecionar verba que seria para dívida não paga é decretar pela segunda vez que a dívida não será paga - e há pareceres de juristas contra isso. Redirecionar recursos do Fundeb para complementar orçamento para os mais carentes é um desvio de finalidade, que não terá apoio de prefeitos e governadores. O que tivemos então, mais uma vez, foi uma proposta ruim em um momento ruim", observa Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura, chamando atenção para o déficit público que tem se acumulado com as medidas excepcionais adotadas durante a pandemia.   "O Ibovespa chegou até a trabalhar no positivo na abertura, com rumores de que o plano seria revisto, mas logo depois o relator da PEC do Pacto Federativo, Márcio Bittar, confirmou que a proposta não será alterada e tem o aval de Bolsonaro", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. "Diante do crescente risco fiscal, os juros futuros voltaram a disparar, já precificando 50% de chance de alta da Selic na próxima reunião do Copom, em 28 de outubro - o que é muito pouco provável, mas revela o nível de estresse do mercado e a preocupação com o rumo da economia. Sem falar da contabilidade criativa utilizada para financiar gastos públicos, que revive antigos fantasmas", acrescenta.   Hoje, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo ao mercado financeiro por sugestões para solucionar possíveis problemas sociais em 2021 e citou um "possível estudo" de vendas de estatais para bancar programas como o Renda Cidadã - mas a indicação não arrefeceu o mercado, acostumado a idas e vindas na retórica presidencial, especialmente sobre empresas públicas. Em conversa na manhã de hoje com apoiadores, o presidente pediu ajuda "com sugestões e não com críticas". Apesar de negar estar mandando um recado ao "pessoal do mercado", Bolsonaro afirmou que "se o Brasil for mal, todo mundo vai mal".   Em contraponto, o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, disse hoje que o Renda Cidadã depende mais de decisões sobre corte de gastos e fontes de financiamento do que do desenho do programa. "À medida que houver fontes sustentáveis, o debate do Renda Cidadã pode evoluir. Mas isso faz parte de uma discussão política e tem vários caminhos para serem seguidos, com pontos negativos e positivos. A cada proposta vamos mostrar esses pontos", afirmou. "Corte de gasto sempre é mais difícil, mas sustenta o processo de consolidação fiscal. Não que outras alternativas não possam ser discutidas", repetiu.   O bom senso dos comentários chegou a contribuir para que o Ibovespa limitasse as perdas do dia, então um pouco abaixo de 1% - ainda assim, o exemplo de cima, ancorado recentemente na ameaça de "cartão vermelho" ao dissenso, leva a pensar que a rubrica "outras alternativas" esteja ganhando o jogo no momento. "Os políticos estão tomando à frente, e isso se mostrou mais forte com a aproximação de Bolsonaro ao Centrão, principalmente depois de questões familiares terem ficado evidentes. Em vez de aceleração das pautas de interesse da equipe econômica - e do mercado - , Guedes virou uma espécie de refém, cada vez mais inclinado a concessões", observa um gestor.   Com a aversão ao risco político, as perdas se distribuíram por empresas e setores na sessão, com algumas exceções notáveis, como WEG (+3,26%), Lojas Americanas (+2,05%) e Natura (+1,97%). Na ponta oposta do Ibovespa, Azul cedeu hoje 7,71%, seguida por Gol (-5,72%), Embraer (-4,09%) e CVC (-3,88%), com dólar à vista a R$ 5,6393 (+0,07%) no fechamento de hoje. Entre as commodities, destaque para queda de 2,82% em Petrobras ON; entre as siderúrgicas, de 2,86% para Usiminas, e entre os bancos, de 2,46% para BB ON. (Luís Eduardo Leal - [email protected])     17:22   Índice Bovespa   Pontos   Var. % Último 93580.35 -1.14721 Máxima 95504.78 +0.89 Mínima 93408.17 -1.33 Volume (R$ Bilhões) 2.35B Volume (US$ Bilhões) 4.15B         17:30   Índ. Bovespa Futuro   INDICE BOVESPA   Var. % Último 93425 -1.13757 Máxima 95520 +1.08 Mínima 93225 -1.35       CÂMBIO O mercado de câmbio teve uma sessão volátil hoje, mas bem menos tensa que a de ontem, quando o dólar fechou no maior nível em quatro meses e investidores estrangeiros elevaram apostas contra o real em US$ 1,3 bilhão no mercado futuro da B3. À espera dos desdobramentos e detalhes sobre o financiamento do Renda Cidadã, programa que vai substituir o Bolsa Família, e ajudado pela queda da divisa dos Estados Unidos nos emergentes e países exportadores de commodities, antes do primeiro debate presidencial no país, o dólar fechou perto da estabilidade.   No encerramento, a moeda americana teve leve alta de 0,07% no mercado à vista, para R$ 5,6393. No mercado futuro, o dólar para outubro, que vence amanhã, recuava 0,39% às 17h, cotado em R$ 5,6395. A diferença de comportamento dos dois mercados reflete uma ajuste em relação aos fechamentos de ontem, quando o dólar futuro terminou em nível mais alto (R$ 5,66) do que o à vista (R$ 5,63). No mercado futuro, já houve também algum efeito da disputa pelo referencial Ptax de setembro, que vence amanhã.   "Ainda está tudo muito obscuro sobre o Renda Cidadã. É tudo o que o mercado não precisava neste momento de elevada incerteza", avalia a economista-chefe da Reag Investimentos, Simone Pasianotto. Entre as principais dúvidas, ela ressalta que os investidores querem saber qual o impacto fiscal do programa e como fica o efeito nos bancos, que têm muitos precatórios em carteira. "O ideal era que ontem já fosse apresentada a proposta concreta, com os detalhes."   Na sessão desta terça-feira, como os detalhes não foram explicados, o câmbio não se distanciou do fechamento de ontem. O presidente Jair Bolsonaro disse que vender estatais para financiar o programa é uma possibilidade a ser avaliada, mas a privatização é um processo que leva tempo, ressaltou. Já o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Pacto Federativo, senador Márcio Bittar (MDB-AC) disse que o governo não vai recuar do uso de precatórios e recursos do Fundeb, que financia a educação, para bancar o novo programa social.   O estrategista da TAG Investimentos, Dan Kawa, comenta que após a forte reação negativa, a expectativa é que parte da proposta - que inclui um “fura teto” e uma “pedalada fiscal” - seja abandonada. "Fica clara a incapacidade deste governo e do Congresso em avançar com medidas de ajuste fiscal focadas na contenção de custos." A esperança, observa Kawa, é que o ajuste fiscal prossiga, mas os sinais são preocupantes. Nesse ambiente, ele espera muita volatilidade nos mercados até o final do ano.   A piora do cenário fiscal já levou o banco americano Citi a reduzir a projeção de crescimento do Brasil em 2021 de 3,5% para 3%. O banco vê o real 15% mais depreciado do que os fundamentos sugerem e o governo rompendo o teto no ano que vem em R$ 75 bilhões. Já o grupo suíço Julius Baer avalia que a credibilidade fiscal do Brasil sofre novo golpe com o anúncio do Renda Cidadã e prevê forte venda de ativos do Brasil se o teto de gastos, principal âncora fiscal do País, for abandonado.   Na movimentação técnica, os investidores estrangeiros fizeram ontem forte reforço em posições compradas no dólar futuro, que apostam na alta da moeda americana, aumentando em 27 mil contratos, o equivalente a US$ 1,35 bilhão, de acordo com dados da B3 monitorados pela corretora Renascença. Já os fundos nacionais, que estão com posições vendidas em dólar futuro, ou seja, acreditando na queda da moeda americana, não fizeram movimentação relevante ontem.   No exterior, o foco está no primeiro debate das eleições presidenciais entre o republicano Donald Trump e democrata Joe Biden, hoje à noite. Até agora, as eleições americanas têm tido pouco efeito no comportamento do dólar, cometam os estrategistas do Commerzbank. A dúvida é se esse efeito pode começar a ganhar força após o debate de hoje, que ocorre em meio ao impasse para aprovar um pacote fiscal em Washington e as denúncias envolvendo o pagamento de impostos por Trump. (Altamiro Silva Junior - [email protected])     17:30   Dólar (spot e futuro)   Último   Var. %   Máxima   Mínima Dólar Comercial (AE) 5.63930 0.071 5.67790 5.60670 Dólar Comercial (BM&F) 5.5527 0 DOLAR COMERCIAL 5654.500 -0.12364 5679.000 5606.000 DOLAR COMERCIAL FUTURO 5659.000 -0.07946 5681.000 5610.000       MERCADOS INTERNACIONAIS A tarde foi de poucas movimentações nos mercados financeiros globais, enquanto investidores aguardam os desdobramentos do primeiro debate presidencial da campanha eleitoral americana, que acontece hoje à noite. Há atenção ainda para as negociações entre democratas e republicanos por uma nova rodada de estímulos fiscais, após a oposição divulgar a proposta de um pacote de US$ 2,2 trilhões, mas a Casa Branca quer reduzir o valor para cerca de US$ 1,5 trilhão. Nesse quadro, as bolsas de Nova York fecharam com perdas moderadas, os juros dos treasuries recuaram e o dólar se desvalorizou na comparação com rivais, o que impulsionou os preços de metais. O petróleo, por outro lado, encerrou em baixa de mais de 3%, com incertezas sobre oferta e demanda no radar.   Às 22h (horário de Brasília) desta noite, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta o oponente democrata, Joe Biden, em debate moderado pelo jornalista Chris Wallace, da Fox News. O "duelo" será dividido em seis blocos, de 15 minutos cada, sobre os seguintes temas: economia; covid-19; questões raciais e violência; integridade das eleições; carreira dos dois candidatos e Suprema Corte. Em entrevista ao repórter Iander Porcella, do Broadcast, o economista-chefe internacional do banco holandês ING, James Knightley, explicou que os mercados financeiros estarão atentos ao desempenho do postulante republicano. "Se Trump tiver um desempenho forte esta noite, poderíamos ver as ações subirem um pouco com o potencial de melhoria para uma vitória de Trump", avaliou.   Em compasso de espera, investidores aproveitaram para impor às bolsas de Nova York um pregão marcado pela realização de lucros, após o forte rali da véspera. O índice Dow Jones terminou a sessão com perda de 0,48%, aos 27.452,66 pontos, o S&P 500 cedeu 0,48%, a 3.335,47 pontos e o Nasdaq caiu 0,29%, a 11.085,25 pontos. A falta de ânimo em Wall Street se traduziu em maior demanda pela renda fixa, o que derrubou os juros dos Treasuries. No fim da tarde, o juro da T-note de 2 anos caía a 0,121%, o da T-bond de 10 anos baixava a 0,644% e o da T-bond de 30 anos cedia a 0,412%.   Entre dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), o presidente da distrital de Nova York, John Williams, se mostrou otimista de que a maior economia do mundo terá uma recuperação "forte e sustentável". No entanto, ele admitiu que uma nova rodada de estímulos fiscais seria importante para acelerar o processo.   O problema é que, em Washington, governo e Congresso não conseguem chegar a um entendimento a respeito das dimensões de uma legislação de assistência. A presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, apresentou uma proposta por um pacote de US$ 2,2 trilhões e disse que menos que isso será inviável. A Casa Branca, contudo, pretende divulgar uma contraproposta entre US$ 1,5 trilhão e US$ 1,6 trilhão, de acordo com reportagem da Fox Bussiness. Não está claro se haverá apetite político para um entendimento, sobretudo em um momento em que o foco de parlamentares está no processo de sucessão da vaga de Ruth Bader Ginsburg na Suprema Corte. "Um acordo certamente é possível, mas ainda improvável, em nossa visão", avalia o BBH.   O elevado nível de incertezas na questão fiscal norte-americana se juntou às dúvidas sobre o equilíbrio entre oferta e demanda e deixou o petróleo sob forte pressão. Circulam entre operadores relatos de que a Líbia retomou a produção em uma de suas plataformas que estavam paralisadas desde o final do ano passado. Com isso, o barril do WTI para novembro recuou 3,24%, a US$ 39,29, enquanto o do Brent para novembro perdeu 3,05%, a US$ 41,56.   Já no mercado cambial, a apreciação do dólar, verificada nos últimos dias, encontrou um ponto de resistência e a divisa dos EUA se desvalorizou. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de seis rivais fortes, encerrou em baixa de 0,41%, a 93,891. Por volta das 17h, o euro avançava a US$ 1,1743 e a libra se fortalecia a US$ 1,2863. Ante emergentes, o dólar apresentava mais ímpeto, se elevando a 76,115 7,8137 liras turcas, em meio ao apoio da Turquia ao Azerbaijão no conflito armado com a Armênia.   O dólar fraco favoreceu os metais: na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro avançou 1,11%, a US$ 1.903,20 a onça-troy, retomando o patamar simbólico acima dos 1.900. Já o cobre para o mesmo mês ficou estável, em aos US$ 2,9900 por libra-peso. (André Marinho - [email protected])            
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